Com
todas as vênias, é claro que se trata de um caso de incompetência da Polícia
Civil, que conduziu as investigações.
Por que é
possível afirmar isso? Porque crimes em penca foram
cometidos, mas são crimes sem criminosos
Não quero nem ser nem parecer leviano, até porque não
conheço detalhes, mas leio na Folha que a principal
investigação sobre black blocs acabou sem acusar ninguém. Com a devida
vênia, parece
que estamos diante da soma indesejada da leniência com incompetência. Fazer o quê?
Infelizmente, esse par não é assim tão raro.
Incompetência de quem? Daquela parte da
Polícia Civil que ficou responsável pelo inquérito. Não me parece também, sempre destacando
as exceções, que
o Ministério Público tenha se interessado vivamente pela questão. Os investigados
foram detidos nas manifestações de 2013 e início de 2014. O que a
Polícia Civil tem a oferecer a respeito? Nada! Até mesmo a óbvia associação
entre o Movimento Passe Livre e os black blocs não ficou provada. É mesmo?
Assim, estamos diante de mais um portento parido em Banânia: o crime sem criminosos.
A conclusão da investigação transforma
os black blocs apenas em baderneiros avulsos, sem quaisquer conexões entre si.
Escreve a Folha: “Segundo os policias ouvidos, a maioria dos investigados não tinha
formação política ou linha ideológica e se juntava à quebradeira pelo ‘efeito
manada’”.
É mesmo? Que encantadora essa gente
espontânea!!! Ora, o
fato de os black blocs só aparecerem em manifestações do Movimento Passe Livre
certamente não quer dizer nada. Também é irrelevante que MPL jamais
tenha condenado as depredações e insista que tudo não passa de um complô contra
os movimentos populares. O fato é que a polícia investigou a coisa toda por
dois anos. Os crimes se espalharam pela cidade. Já os criminosos não foram e
não vão ser responsabilizados.
“Estepaiz”, como dizia aquele,
está, a cada dia mais, brincando com o perigo. Também nessa área, vai
começando a se consolidar aquela sensação permanente de impunidade. O MPL é um movimento
pequeno, mixuruca, embora notavelmente truculento. É assim desde que passamos a ter
notícia dele. A ser como as coisas se desenham, é evidente que, num cenário de
crise econômica, que ainda vai piorar muito antes de melhorar, é grande a
chance de que comecem a pipocar aqui e ali manifestações violentas. Afinal,
ninguém vai preso, não é mesmo?
É uma vergonha que assim seja. Marcelo
Barone, promotor que atua no caso, afirma o óbvio: “Como havia
grande articulação entre eles [black blocs], houve a ideia de enquadrá-los no
Artigo 288 A, que vem a ser organizar grupos para praticar qualquer dos crimes
previstos no Código Penal. Isso caía como uma luva, mas muitos delegados não
entenderam assim”.
Então ficamos assim: você pode quebrar,
depredar, botar fogo onde quiser. Mas faça isso em grupo e com máscara. Como será difícil
mesmo individualizar a acusação, nada vai acontecer. Se, em algum
momento, algum grupo de direita resolver quebrar banco, virar carro de
polícia e lançar uma bomba dentro de uma estação do metrô, aí talvez alguém se
lembre de que
essas ações são criminosas e só podem ser praticadas por… criminosos.
Enquanto só as esquerdas forem adeptas
disso que a imprensa chama “tática Black bloc”, então se trata mesmo de
movimento social. Hora dessas eles adquirem o direito até de matar.
É o fim da picada.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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