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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Não gostei dos discursos de Maia; flertam demais com o PT e com as esquerdas

Falas estão excessivamente preocupadas em acenar para a minoria no Congresso; aquelas que não reconhecem um governo legítimo

O que vai ser da presidência da Câmara sob Rodrigo Maia (DEM-RJ)? A ver. Ele chega com o peso de quem representa principalmente as antigas oposições DEM, PSDB, PPS, com o acréscimo do PSB —, mas é visível que teve de abrir o leque do discurso para abrigar outras forças. Embora os seus 285 votos signifiquem, em grande parte, repulsa a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é inequívoco que ele fez acenos à esquerda.

Sim, política supõe conversa e negociação. Mas também implica uma agenda. Quanto mais clara ela for, melhor. Não gostei do discurso de Maia antes, durante e depois da votação, quando já se sagrara vitorioso. Nos três momentos, percebi uma preocupação excessiva em abrigar a minoria, dialogar com a minoria, reconhecer a minoria…

Por minoria, nesse caso, entenda-se o PT. Os que estão ainda à esquerda nem contam. “Ah, política é assim mesmo…” É, sim, mas depende em grande parte de quem está do lado de lá. Se for um bando de delinquentes chamando o estado de direito de “golpista”, aí não vale. Uma coisa é certa: em seu discurso inaugural, Maia saudou, por exemplo, o PCdoB e o PDT. A troco de quê?

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Pregou a união e a concórdia, dizendo que a Casa não aguentava mais tanta crispação. Olhem aqui: eu tenho um compromisso com os fatos. Cunha caiu em desgraça por conta da sua biografia, como todos sabem, mas foi um ótimo presidente da Câmara. Agiu no limite das suas prerrogativas. E depois perdeu a mão no Conselho de Ética. Mas não venham me dizer que se tratava de uma crispação inaceitável ou artificial. Fez a coisa certa.

Maia concedeu uma entrevista a Heraldo Pereira, da Globo, minutos depois da vitória. Disse que obteve o apoio de setores da oposição porque reconhece a necessidade do diálogo e coisa e tal. Até ai, vá lá… Indagado sobre a agenda, falou sobre a necessidade de renegociar a dívida dos Estados, a PEC dos precatórios e até sobre “Reforma da Previdência, que ele classificou de “polêmica”. Disse ser preciso debatê-la com calma, algo como “no interesse das contas e da sociedade…”.

E eu fiquei, não sei por quê, com a impressão de que Maia não acha o assunto tão prioritário assim. Espero que essa avalanche de votos que ele obteve não tenha representado uma espécie de capitulação diante da agenda da esquerda.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo 

 

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