Falas estão excessivamente preocupadas em acenar para a minoria no Congresso; aquelas que não reconhecem um governo legítimo
O que vai
ser da presidência da Câmara sob Rodrigo Maia (DEM-RJ)? A ver. Ele chega
com o peso de quem representa principalmente as antigas oposições —
DEM, PSDB, PPS, com o acréscimo do PSB —, mas é visível que teve de
abrir o leque do discurso para abrigar outras forças. Embora os seus 285
votos signifiquem, em grande parte, repulsa a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é
inequívoco que ele fez acenos à esquerda.
Sim,
política supõe conversa e negociação. Mas também implica uma agenda.
Quanto mais clara ela for, melhor. Não gostei do discurso de Maia antes,
durante e depois da votação, quando já se sagrara vitorioso. Nos três
momentos, percebi uma preocupação excessiva em abrigar a minoria,
dialogar com a minoria, reconhecer a minoria…
Por minoria,
nesse caso, entenda-se o PT. Os que estão ainda à esquerda nem contam.
“Ah, política é assim mesmo…” É, sim, mas depende em grande parte de
quem está do lado de lá. Se for um bando de delinquentes chamando o
estado de direito de “golpista”, aí não vale. Uma coisa é certa: em seu
discurso inaugural, Maia saudou, por exemplo, o PCdoB e o PDT. A troco
de quê?
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Pregou a
união e a concórdia, dizendo que a Casa não aguentava mais tanta
crispação. Olhem aqui: eu tenho um compromisso com os fatos. Cunha caiu
em desgraça por conta da sua biografia, como todos sabem, mas foi um
ótimo presidente da Câmara. Agiu no limite das suas prerrogativas. E
depois perdeu a mão no Conselho de Ética. Mas não venham me dizer que se
tratava de uma crispação inaceitável ou artificial. Fez a coisa certa.
Maia
concedeu uma entrevista a Heraldo Pereira, da Globo, minutos depois da
vitória. Disse que obteve o apoio de setores da oposição porque
reconhece a necessidade do diálogo e coisa e tal. Até ai, vá lá… Indagado
sobre a agenda, falou sobre a necessidade de renegociar a dívida dos
Estados, a PEC dos precatórios e até sobre “Reforma da Previdência, que
ele classificou de “polêmica”. Disse ser preciso debatê-la com calma,
algo como “no interesse das contas e da sociedade…”.
E eu fiquei,
não sei por quê, com a impressão de que Maia não acha o assunto tão
prioritário assim. Espero que essa avalanche de votos que ele obteve não
tenha representado uma espécie de capitulação diante da agenda da
esquerda.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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