Crise na JBS muda o mercado de carnes, abre caminho para outras empresas do setor e pode ser benéfica para os consumidores
O envolvimento da JBS em escândalos de corrupção mudou a dinâmica do mercado de carnes. A delação do presidente da companhia, Joesley Batista, teve impacto direto nos negócios do frigorífico, fez a empresa perder valor de mercado e obrigou-a a rever estratégias. Assim, a gigante nacional deixou enorme espaço para a concorrência avançar. Gigantes como Minerva e Marfrig e também pequenos e médios já começaram a ganhar terreno frente à crise da rival.
Em alguns estados, a queda na compra de matéria-prima pela JBS poderia deixar os produtores em maus lençóis. Em Mato Grosso, ela tem 63% de participação no mercado.A solução, no entanto, já está a caminho. Enquanto a Minerva vai reativar a unidade de Mirassol D’Oeste, que estava parada desde 2015, a Marfrig avalia reabrir a operação de Nova Xamantina, também no estado do centro-oeste.
A ociosidade de plantas, resultado da crise econômica que atingiu todo o País, é o que deve garantir que os concorrentes absorvam a disponibilidade de animais para abate. “Além das plantas fechadas, existem aquelas ativas com alta ociosidade, que tinham capacidade para 1.000 cabeças e trabalhavam com 400”, diz Lygia Pimentel, sócia-diretora da Agrifatto.
Para Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), o espaço da JBS será naturalmente ocupado por outras empresas.
“Isso vai fazer com que haja menos concentração do mercado, o que é benéfico para o produtor e para o consumidor.” É benéfico também para os concorrentes: enquanto as ações da JBS caíram mais de 26% no último mês, Minerva e Marfrig tiveram alta de 9% e 4,9%, respectivamente, e devem faturar ainda mais com a derrocada de Joesley e sua empresa.
Parceria com BNDES
A JBS é líder na produção de carnes no Brasil. A companhia, que teve boa parte de seu crescimento financiado pelo BNDES, é responsável por 25% da produção nacional e por 54% das exportações brasileiras do setor.
Somados, os desempenhos de Minerva e Marfrig ainda são menores que o da empresa de Joesley. Mas é verdade também que a JBS enfrenta problemas financeiros: com uma dívida de R$ 18 bilhões a curto prazo, tem apenas R$ 10 bilhões em caixa, e precisa lidar ainda com a multa de R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência resultante da delação de seus executivos.
Fonte: Revista Isto É
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