Eles sabem que o sistema jurídico e que a própria política não permitirão que os benefícios da delação sejam mantidos. Esse acordo já é letra morta.
Deus do céu!
Joesley Batista e Ricardo Saud tornaram
pública aquela é que, sem dúvida, a nota mais insólita da história das
notas. No texto, eles asseguram ser falso tudo aquilo que dizem num
bate-papo. Mais: aproveitam também para pedir desculpas. Leiam o que
afirmaram. Volto em seguida:
“A todos que tomaram conhecimento da nossa conversa, por
meio de áudio por nós entregue à PGR, em cumprimento ao nosso acordo de
colaboração, esclarecemos que as referências feitas por nós ao
Excelentíssimo Senhor Procurador-Geral da República e aos
Excelentíssimos Senhores e Senhoras Ministros do Supremo Tribunal
Federal não guardam nenhuma conexão com a verdade. Não temos
conhecimento de nenhum ato ilícito cometido por nenhuma dessas
autoridades. O que nós falamos não é verdade, pedimos as mais sinceras
desculpas por este ato desrespeitoso e vergonhoso e reiteramos o nosso
mais profundo respeito aos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal
Federal, ao Procurador-Geral da República e a todos os membros do
Ministério Público.
Joesley Batista e Ricardo Saud”
Joesley Batista e Ricardo Saud”
Entenderam? Os autores da delação
premiada mais ruidosa da história do país; aqueles que, com seus
respectivos testemunhos, aos quais boa parte da imprensa conferiu
seriedade, levaram a tensão política ao grau máximo; os homens que
criaram severos obstáculos a reformas estruturantes; aqueles que diziam
que o presidente da República dava anuência à compra de silêncio de
pessoas presas e que armou com um ex-auxiliar uma operação para
supostamente arrecadar R$ 500 mil por semana… Bem, meus caros, os dois
tornam pública uma nota em que asseguram que nada do que se diz na tal
gravação, que eles são sabiam estar sendo feita, é verdade.
Bem, cabe a pergunta óbvia: se isso que
dizem, sem que tenham conhecimento da gravação, não deve ser levado a
sério, por que se deveria acreditar, então, nas suas respectivas
delações — e, nesse caso, eles sabem, sim, que estão sendo monitorados?
Ora, se o que se fala espontaneamente, sem a ciência prévia do registro,
é mentira, o que dizer de uma fala que, sabe-se, será usada em juízo e
foi previamente organizada para incriminar o presidente e livrar a pele
dos próprios criminosos?
É claro que Joesley e Saud estão com
medo. Eles sabem que o sistema jurídico e que a própria política não
permitirão que os benefícios da delação sejam mantidos. Esse acordo já é
letra morta. E, como resta evidente, o conjunto da obra está
comprometido com ilicitudes. Há crimes a investigar? O Ministério
Público tem a prerrogativa de instaurar processos de investigação. Uma
coisa é certa: o que se produziu até agora contra quem quer que seja
envolvendo a JBS e seus diretores é da mais flagrante, clamorosa e
gritante ilegalidade. E vai cair.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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