O BBB de toga.
O caro leitor chegou à sua casa,
depois de um dia de trabalho, e ligou a TV para saber o placar do
julgamento do habeas corpus preventivo pedido por Lula. Então soube que,
depois de um dia de trabalho, os Supremos Togados estavam ainda
decidindo se era ou não o caso de aceitar julgar o habeas corpus. Enfim,
como mostra o definitivo texto do publicitário goiano Marco Chuahy, “o
STF se reuniu para decidir, mas decidiu que antes precisava decidir se
podia decidir. Decidiu que podia. Mas decidiu não decidir mesmo podendo
decidir, e decidiu que vai decidir outro dia.” E decidiu também que Lula
não pode ser preso antes de outra decisão do STF.
Mas por que, podendo
decidir, não decidiu de uma vez?
É
que um ministro precisava pegar um avião e, embora o STF seja quem lhe
pague, pode esperar. Outros Supremos se cansariam se trabalhassem à
noite. E por que não resolver na sexta, ou no fim de semana, como uma
empresa faria? Porque não é costume trabalhar nesses dias. Na semana que
vem não dá: dia 30 é Sexta-feira Santa e o STF observa a semana toda.
Não
é apenas o hábito de poupar-se de esforços extras. Trata-se de jogar
para o futuro distante a decisão de enfrentar o problema do início do
cumprimento das penas. Este colunista não torce pela prisão em algum
ponto do julgamento nem só após trânsito em julgado, mas pela aplicação
da lei. E essa definição é do Supremo Tribunal Federal. BBB é outra
coisa.
Como está
A
decisão do STF, por 6 votos contra 5, foi receber e julgar o pedido de
habeas corpus preventivo de Lula, que pleiteia o direito de ser preso só
depois de julgados todos os recursos. Até que ocorra o julgamento, Lula
não poderá ser preso após perder os apelos ao TRF 4, que o condenou em
segunda instância no caso do apartamento triplex em Guarujá.
Dúvida cruel
O
caso foi marcado para daqui a um bom tempo, mas o ministro Gilmar
Mendes ainda não sabe se poderá voltar de Portugal para o julgamento do
habeas corpus de Lula. Disse a O Globo que não tem ainda
resposta a dar. Em Portugal, participa de evento do IDP, Instituto de
Direito Público, do qual é sócio. Perder este evento só para um
julgamento importante?
Lembrando
Saudades
de Chico Anysio! Era dele o deputado Justo Veríssimo, igual a muitos,
mas mais sincero do que todos. Foi quem disse a grande frase: “Povo não
pensa, povo vota. Eu quero que o povo se exploda”. Era dele também outro
clássico: “Esta terra que eu amo, este povo que eu piso... quer dizer,
esta terra que eu piso, este povo que eu amo”.
Temer quer bis
Informação exclusiva da última revista IstoÉ:
Michel Temer confirma que é candidato à reeleição. Esta coluna já tinha
cravado a informação: ele tem de ser candidato, ou ficará sem foro
privilegiado. Se for para ser réu, que seja no Supremo, onde as causas
demoram mais e condenar é mais raro, do que nas mãos de Sérgio Moro e
outros juízes de primeira instância.
Mas
há um problema sério: mesmo com a economia mostrando bons índices, o
presidente continua com baixos índices; a intervenção federal no Rio até
agora não provocou qualquer alta na popularidade do presidente. Seus
índices são quase inacreditáveis: 4%, segundo a mais recente pesquisa do
Instituto Ipsos para o Barômetro, de O Estado de S. Paulo. Só alguns índices são bons para ele: os do mau desempenho dos demais candidatos.
Ninguém em alta
Bolsonaro,
que querem alçar à condição de mito? Tem 24% de avaliação positiva e
60% de negativa. Lula? 41% positivos, 57% negativos. Marina? 30% de
aprovação, 59% de desaprovação. Manuela d’Ávila, do PCdoB? Tem 3% de
aprovação e 54% de reprovação. Alckmin, o líder dos tucanos? Tem 22% de
aprovação e 66% de desaprovação. Ciro Gomes e Fernando Haddad batem no
mesmo nível de desaprovação, e outros nomes ficam ainda mais abaixo:
Henrique Meirelles, Fernando Collor, Rodrigo Maia.
Está certo, ainda é cedo para ver quem é quem, mas todos vão bem mal.
Ruivinha na mira
Lembra
da Ruivinha, aquela caríssima refinaria toda enferrujada que a
Petrobras pagou caríssimo em 2005? Segundo a Polícia Federal, houve no
negócio ao menos US$ 15 milhões em propinas. Os peritos pedem a quebra
do sigilo bancário de vários dos envolvidos na compra. É caso quente.
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