Há muito a investigar, punir e ressarcir o erário dos bilhões subtraídos do patrimônio público pelos gestores corruptos das gestões Lula, Dilma e Temer e que não podem cair no esquecimento
Por: José Nêumanne
A recente notícia de que a
Petrobrás concluiu haver sofrido prejuízo de US$ 16 bilhões (cerca de R$ 58 bilhões) na política de “nacionalização” de equipamentos
da estatal trouxe à tona o que se sabia, mas sempre vale a pena recordar para
não repetir: o Partido dos Trabalhadores (PT) montou
uma organização criminosa multidisciplinar de dimensões inimagináveis.
Até agora, verdade seja repetida, muito pouco
dos crimes de corrupção que depauperaram o Estado brasileiro na era federal petista foi apurado. O esquema era
enorme e ainda tem muito por vir, delações premiadas serão fechadas e outras
servirão de base para abertura de novos inquéritos. Recentemente foram
noticiadas a busca e apreensão na casa do ex-ministro da Ciência e
Tecnologia, na gestão Temer, Gilberto Kassab, que, por causa disso,
pediu licença da chefia da Casa Civil do governo João Doria, no Estado de
São Paulo. E na casa da mãe do senador Aécio Neves. O ponto de partida dessas
investigações foi a delação premiada do grupo J&F, dos irmãos Batista de
Anápolis (GO). Isso sem falar nos 1.829 candidatos a político e 28 partidos
citados na delação do mesmo grupo empresarial e constantes da lista do ministro
Edson Fachin com 108 alvos dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da
República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base na
delação dos 78 executivos da Odebrecht.
Em entrevista ao Estado, Roberson
Pozzobon, procurador da Justiça da força-tarefa da Operação Lava Jato, de
Curitiba, disse que o esquema da Petrobrás se repetia nos Estados e que
haverá novidades até o carnaval. Como todos sabemos, ainda não soaram as
cornetas de Momo.
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Palocci fechou o terceiro acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Greenfield, em Brasília, que investiga os desvios nos maiores fundos de pensão. Importantíssimo esse capítulo! Os fundos de pensão foram instrumentos do PT para chegar ao oder e de sua tentativa de nele se perpetuar. Graças ao ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça de Bolsonaro, o objetivo de nunca mais deixar o poder falhou. Mas ainda há muito crime a ser apurado.
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Palocci fechou o terceiro acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Greenfield, em Brasília, que investiga os desvios nos maiores fundos de pensão. Importantíssimo esse capítulo! Os fundos de pensão foram instrumentos do PT para chegar ao oder e de sua tentativa de nele se perpetuar. Graças ao ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça de Bolsonaro, o objetivo de nunca mais deixar o poder falhou. Mas ainda há muito crime a ser apurado.
O conteúdo das delações de Palocci, que não é
um zé-mané qualquer, pois foi ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa
Civil de Dilma, é uma bomba. Mal comparando, ele foi um general civil de cinco
estrelas do neopopulismo lulista e o primeiro petista de alto coturno a delatar
o que viveu e acompanhou na cúpula da gigantesca organização criminosa,
testemunhando suas formação e atuação. Quem viver na certa verá Palocci tocar
fogo no circo e mostrar a outros a via da delação. Convém lembrar que o
Judiciário ainda não entrou na roda. O próprio Palocci já afirmou que o ex-presidente
do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha recebeu suborno de R$ 5
milhões da Construtora Camargo Corrêa para barrar a Castelo de Areia, em
acerto arranjado por Márcio Thomaz Bastos.
A Lava Toga, anunciada pelo
site Antagonista, vem aí. Sérgio Cabral, como anunciou o colunista
do Globo Lauro Jardim, fechará delação premiada e denunciará membros
do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e do STJ. O ex-secretário da Casa Civil de
Cabral Régis Fichtner também abriu a possibilidade de contar “casos” do
Judiciário, incluídos episódios envolvendo o STJ. E foi solto rapidamente.
Ainda segundo Lauro Jardim, o Judiciário é a prioridade número um, dois e três
da Lava Jato no Rio de Janeiro em 2019. “Os procuradores querem mergulhar
nas relações da organização criminosa de Sérgio Cabral com magistrados e com
integrantes do Ministério Público”, ele publicou.
O mais difícil agora está sendo Cabral
arrumar um advogado. Dois contratados pelo
ex-governador largaram a causa quando, sem saída, este resolveu delatar o
Judiciário. Hoje em dia quase não há advogado que tope ficar com o
cliente quando este decide delatar, principalmente quando se propõe a denunciar
tribunais superiores. Os tribunais estaduais são mais vulneráveis, pois sempre
se pode conseguir defensor em outros Estados. Pelo visto, os maiorais das
grandes bancas já foram alertados e não querem meter a mão em cumbuca. Nenhum
deles resiste à retaliação desses tribunais: os
clientes correm deles como o diabo da cruz. O Judiciário não quer saber
desse assunto. Se começar, o incêndio vai longe.
O que, de fato, há a denunciar é a troca de
nomeações por decisões. Em português claro, compra de sentença paga com
promoção. No artigo No Supremo pela porta
dos fundos (https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,no-supremo-pela-porta-dos-fundos,70002657768),
abordei a lambança do ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que, a poucos minutos
do recesso de fim de ano, tentou soltar 169 mil presos, entre os quais Lula. Marco Aurélio e Luiz Fux tiveram filhas nomeadas
desembargadoras por Dilma, por sugestão de Cabral. Se este não for
solto, o mercado persa de nomeações pode bombar.
No mensalão, o ministro do STF Joaquim
Barbosa aliviou a barra de Lula, que o indicou para a Corte. Barbosa e todo
mundo sabiam quem era o chefe da quadrilha, melhor dizendo, que o mensalão
não teria como ocorrer sem Lula. Alô, alô, Sergio Moro, tornado herói nacional
pelo desempenho na Lava Jato, veja se não vai “barbosar” no caso do
Fabrício Queiroz, hein? [antes de qualquer outro
movimento, é essencial aguardar que o Queiroz fale - dar conselhos ao ministro
Moro, antes dele falar, não está entre as práticas mais adequadas.]
Segundo a
revista Crusoé, do site O Antagonista (Edição 37 do
passado dia 11), “ministros de tribunais superiores
têm trocado figurinhas sobre o desenrolar do acordo de delação premiada de
Orlando Diniz, o ex-presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro que despejou
dinheiro em escritórios de advocacia ligados a alguns colegas de toga,
especialmente do Superior Tribunal de Justiça. Há quem veja sinais de que está
em curso uma articulação para que Diniz poupe, em seus depoimentos, figuras
estreladas das altas cortes brasilienses. Em troca, como ‘bois de piranha’, ele
entregará as cabeças de um ministro do Tribunal de Contas da União e de
desembargadores do Tribunal de Justiça fluminense”. Vôte!
Se procuradores e juízes seguirem a cartilha
de Moro, o que não acontece como regra, mas, por enquanto, como exceção, muito desse esquema de corrupção ainda virá à tona. Vamos
convir que o conjunto de provas até agora disponíveis é uma fração pequena do
total de crimes cometidos. Neste momento, convém lembrar uma das mais
célebres máximas de Winston Churchill: “Agora isto não é o fim. Não é
nem o começo do fim. Mas é talvez o fim do começo”. Oxalá, Xangô,
meu pai!
Por último, e não menos importante, o crime
não pode compensar. A ex-ministra-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU)
Grace Mendonça, que será sócia do escritório de advogados Wald (o
Arnoldo da farra de Nova York), ao apagar das luzes da gestão Temer fechou
um perdão com o nome de acordo de leniência com a Andrade Gutierrez. A empreiteira
vai pagar R$ 100 milhões por mês, durante 16 anos, pelos danos
causados à administração pública, e com isso, voltará a fazer contratos com o
poder público. O valor é ínfimo em relação ao dano que causou ao País
tocando obras desnecessárias e superfaturadas.
A empreiteira confessou atos ilícitos
relacionados a 250 pessoas físicas e 100 pessoas jurídicas, envolvendo 64
contratos fraudados.
A prisão
de Cesare Battisti está aí para lembrar que o criminoso italiano
circulou livremente pelo Brasil sob a égide de Lula para pagar favor pessoal do
petista ao ex de Marta Suplicy Luís Favre, que
hospedou sua filha Lurian no apartamento dele com a mulher de então, Marília, filha de Sérgio Andrade, dono da empresa ora
premiada. Só para efeito de comparação: a Petrobrás foi vítima e, ainda
assim, pagou US$ 3,8 bilhões, R$ 14 bilhões ao câmbio atual, em três parcelas,
para acabar com o inquérito aberto por seus acionistas minoritários nos
EUA. A firma do pai de Marília, corruptora, beneficiária do esquema,
pagará menos de 1% por ano do montante que a estatal teve de pagar de
indenização por não avisar aos acionistas que estava sendo roubada.
Até agora a Operação Lava Jato é
altamente deficitária para os cofres da viúva com a devolução à
Petrobras de R$ 3 bilhões. A indenização que a petroleira pagou aos
acionistas estrangeiros, praticamente à vista, é mais de cinco vezes o valor
que os acordos de leniências arrecadaram. Isso sem falar no prejuízo da
petroleira, muito maior, provocado pelos corruptores. Agora, a dita
acusada afirma que tem todo o interesse em colaborar com
a Justiça. Por que não o fez antes, não fraudando licitações? A AGU
comemora esse citado acordo de leniência e alega que vai usar parte
desses recursos para ressarcir a empresa de economia
mista. Caberia à AGU, já que lhe falta calculadora, usar um lápis para
conferir.
As empreiteiras que causaram prejuízos
ao País, do Oiapoque ao Chuí, teriam de pagar por isso, incluindo os
custos do acordo que a Petrobrás fez com acionistas minoritários, obras que
fizeram sem necessidade e valores repassados pelo BNDES aos países que as
contrataram e que nunca vão pagar. As empresas corruptoras são parte da
organização criminosa que tomou o País de assalto. Assaltaram os cofres
públicos para enriquecer e comprar votos. Os acordos de leniência
sendo anunciados como vitória do Estado estão parecendo obras da Copa e da
Olimpíada, que eram anunciadas para o bem de todos e felicidade geral da Nação,
omitindo-se o que estava acontecendo por baixo dos panos.
Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas
da União (TCU), em seminário organizado pelo site Consultor Jurídico, afirmou que acordos de leniência não podem ter como objetivo
salvar empresas, como apregoava Dilma, e, sim, recuperar o dano causado
à população. De acordo com o ministro, “a sociedade não pode ser
punida duas vezes, primeiro quando foi roubada e, segundo quando quem
roubou foi anistiado”. Bruno Dantas ilustra com o caso da Odebrecht,
que o presidente da empresa confessou fazer parte do esquema de propina e um
diretor estatutário era o responsável por fazer os pagamentos. Para Dantas,
correto é afastar os sócios dessas empresas, como se faz nos EUA: preservando a
empresa, mas demitindo o empresário. Perdoar o dano é “colocar para dentro
da empresa algo que ela roubou do Estado. Isso é o clássico conceito de lavagem
de dinheiro”. E há que distinguir o que é multa, imposta pelo
Ministério Público, e o que terá de ser ressarcido ao erário em razão do dano.
José Nêumanne, Jornalista, poeta e escritor
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