Na noite de quarta-feira, dia 2, o presidente, o ministro da Justiça, o
governador cearense e seu secretário de Segurança foram dormir avisados
sobre episódios de violência nos subúrbios de Fortaleza, onde vivem
quatro milhões de pessoas. Acordaram coma confirmação de ataques em
série, com o caos disseminado. Jair Bolsonaro (PSL), 63 anos, e o governador Camilo Santana (PT), 50
anos, estavam diante da primeira crise de governo. Hesitaram. Adversários, permaneciam reféns de palanque. Bolsonaro ainda rumina a
acachapante derrota no Nordeste, imposta pela coalizão do PT com PDT, PC
do B, PSB e a fração alagoana do MD B de Renan Calheiros, ex-presidente
do Senado. Só conseguiu um de cada três votos válidos dos eleitores
nordestinos. [a crise no Ceará mostra, sem sombra de dúvidas, o desastre que atinge um estado que reeleje um governo petista.
Os petistas são tão estúpidos que consideram uma votação de QUASE (usar o quase, facilita disfarçar muitos números.) suficiente para permitir que tentem esnobar um presidente eleito com quase 58.000.000 de votos = quase 7 vezes a população do Ceará.
Prejudicaram o próprio estado e talvez tenham que sofrer as consequências do primeiro 'estado de sítio' no Brasil dos anos 2.000.]
Reeleito com quase 80% da votação no Ceará, Santana e os governadores do
Nordeste se recusam a conversar com Bolsonaro, que costuma evocar a
lembrança de Lula preso por corrupção: “O presidente deles está em
Curitiba.” Eles boicotaram a posse presidencial. Presidente e governador achavam-se politicamente protegidos pela
distância de 2,2 mil quilômetros. A realidade bateu à porta dos
palácios, com aviso sobre o risco de naufrágio no caos da insegurança
pública.
Na quinta-feira, o governador Santana relutou em enviar (Ofício GG nº
05) um pedido de socorro ao adversário. Quando receberam, Bolsonaro e o
ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança) vacilaram por horas em
decidira ajuda. A improvisada Força Nacional só chegou ao Ceará no
quarto dia de pavor nas ruas, patrocinado por delinquentes presos. A surpresa de Bolsonaro e de Santana expõe mútuas fragilidades. O
governador coleciona fracassos na segurança. O presidente mostrou que a
curadoria militar do seu governo sucumbiu na estreia: não tinha
informação e nem plano para proteger uma população em perigo. Os dois políticos se veem inimigos. Ególatras, remam juntos, mas hesitam
em se entender sobre a sobrevivência nesse barco chamado Brasil. [o eleitorado cearense escolheu, soberanamente, a pior das alternativas - e quem escolhe tem o direito, e a obrigação, de colher os frutos.]
José Casado, jornalista - O Globo
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