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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Planalto avalia que crise da Venezuela vai longe



Os acontecimentos do final de semana deixaram no Planalto uma má impressão sobre Juan Guaidó. Avalia-se que o presidente interino da Venezuela superestimou o potencial da oposição a Nicolás Maduro, subestimando suas dificuldades. Não avançou um milímetro. E ainda montou o palco para que o rival Maduro exibisse uma capacidade de reação que consolida sua aparência de encrenca de longa duração. Na fabulação de Guaidó, legiões de venezuelanos iriam à fronteira com a Colômbia e o Brasil. Sublevados, inibiriam a ação repressiva dos soldados e milicianos a serviço de Maduro. Os caminhões com a comida e os remédios do socorro humanitário chegariam ao seu destino. E haveria uma deserção em massa de militares. Coisa com potencial para trincar a aliança de Maduro com as Forças Armadas venezuelanas.

Deu-se tudo ao avesso. No sábado, havia mais voluntários em Caracas dispostos a enfrentar uma hora e meia de discurso de Maduro do que revoltosos na fronteira com disposição para fugir de balas perdidas. Caminhões e camionetas não chegaram ao outro lado. Inocentes foram passados nas armas ou ficaram feridos. As deserções de militares venezuelanos são contadas, por ora, em menos de duas centenas. E não escalaram o oficialato. No domingo, quando os operadores militares do Planalto esperavam que Juan Guaidó exibisse sangue frio e serenidade, o autoproclamado presidente interino da Venezuela subiu o tom. Na véspera da reunião do Grupo de Lima, encareceu aos países aliados que passem a considerar "todos os cenários possíveis". O flerte com a intervenção militar externa foi visto em Brasília como evidência de fragilidade.

Nesta segunda, ao discursar no encontro do Grupo de Lima, na Colômbia, Guaidó repetiu que é hora de considerar "todos os cenários internacionais possíveis". Ele foi ecoado pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence: "O presidente Donald Trump já deixou claro: todas as opções estão sobre a mesa." Conforme havia sido noticiado aqui, o vice-presidente Hamilton Mourão, que discursou em nome do Brasil, exorcizou a opção bélica. Desancou a ditadura de Maduro. Mas defendeu a busca de saída pacífica para a crise. Em entrevista, pregou a abertura de canais de diálogo com os militares venezuelanos. Reiterou a ideia de abrir uma porta de emergência, para a fuga de Maduro e seu séquito.

A opção pacífica do Brasil prevaleceu. Em comunicado subscrito por dez dos 14 países que integram o colegiado, o Grupo de Lima anotou que a transição democrática na Venezuela deve ser conduzida "pacificamente pelos próprios venezuelanos". Tudo pelas vias políticas e diplomáticas, "sem o uso da força." As palavas de Mourão no encontro desta segunda ajudam a entender porque o Planalto considera que a crise pode ser longeva. Ex-adido militar do Brasil em Caracas, o vice-presidente disse que a Venezuela compra equipamentos militares "sofisticados" desde 2009. Acumula "considerável capacidade ofensiva". Militarizou parte da população, por meio de "milícias ideologizadas". Nesse contexto, Maduro considera-se invulnerável.





 

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