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domingo, 23 de junho de 2019

Nem só de veneno é feito o conta-gotas anti-Moro

Está entendido que Sergio Moro conspirou contra os próprios calos quando se meteu no aperto da troca de mensagens com Deltan Dallagnol. Tisnou sua biografia, debilitou a Lava Jato e colocou em risco a sentença do tríplex ao visitar o aplicativo Telegram para combinar estratégias, cobrar providências e oferecer testemunha à força-tarefa de Curitiba. Dito isso, é preciso reconhecer que nem só de veneno é feito o conta-gotas que umedece a reputação de Moro. As mensagens que a Folha traz à luz neste domingo, em parceria com o site The Intercept Brasil, revelam que havia na 13ª Vara Federal de Curitiba um magistrado que, em meio às impropriedades que colocavam em xeque sua imparcialidade, era capaz de adotar providências que preservavam a higidez da maior operação anticorrupção já deflagrada no país.

Moro irritou-se com um descuido da Polícia Federal, indica o novo lote de mensagens. Deu-se em março de 2016. A PF enfiou dentro de um dos processos da Lava Jato documentos apreendidos numa batida na residência de um executivo da Odebrecht. Fez isso sem atentar para o sigilo do material. O conteúdo virou notícia. "Tremenda bola nas costas da PF", escreveu Moro para Deltan na ocasião. "E vai parecer afronta." Preocupava-se com a reação do então ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, pois havia no material vazado informações relativas a investigados com foro privilegiado.

Conversa daqui, argumenta dali, Moro seguiu o manual: enviou para a Suprema Corte uma ação penal e dois inquéritos estrelados pela Odebrecht. "O ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter os processos apenas diante de indícios mais concretos de que esses pagamentos seriam também ilícitos", escreveu o então juiz em seu despacho. "A cautela recomenda, porém, que a questão seja submetida desde logo ao Egrégio Supremo Tribunal Federal." O grande receio de Moro na ocasião era o de que o Supremo desmembrasse a Lava Jato. Sucedeu o oposto. Dias depois, o ministro Teori, morto num acidente aéreo em janeiro de 2017, decidiu devolver os três processos a Curitiba. Manteve em em Brasília apenas as célebres planilhas da Odebrecht, que relacionavam os políticos beneficiários de propinas. A investigação seguiu o seu curso, com os resultados conhecidos.

Quer dizer: as novas gotas respingam no noticiário menos veneno do que zelo. Vai ficando claro que nem tudo é preto ou branco no caso das mensagens. Há uma zona cinzenta em que a falta de método de juiz e investigadores se mistura ao esforço para evitar que o combate à corrupção escorresse pelo ralo. Por sorte, ainda não apareceu uma gota de evidência de fabricação de provas. Reze-se para que não apareça, pois o material é vasto.


[A 'generosidade' do IntercePT e de sua 'fonte', deixa espaço se interpretar que  a, digamos,  'aliviada' dada no tipo de material divulgado, revelando alguma coisa das  'conversas' que mostra a correção do então juiz  Sérgio Moro, é uma tentativa de dar algum crédito, algum indício de imparcialidade, na 'produção', seleção  e divulgação das mensagens - afinal, o grande 'escândalo' esperado, encolheu e Moro saiu AGIGANTADO do debate no Senado.

Talvez até cogitem em uma das vítimas - seja Deltan ou Moro - reconhecer autenticidade nas conversas 'favoráveis' ao procurador ou ao ex-juiz.

Este truque não convence nem engana ninguém - até que peritos oficiais (da PF ou indicados pela Justiça) confirmem a autenticidade, a não edição das mensagens elas são falsas e obtidas de forma criminosa.
Em que pese o empenho e competência do pessoal da Folha em 'autenticar' o material, falta aos mesmos a necessária fé pública - já que esta é que dá força de FATO, a qualquer conclusão sobre o tema.

RESULTADO: sendo recorrente: são 'o escândalo que encolheu', tanto que até a defesa do Lula foge das mensagens, diz que o HC a ser julgado no próximo dia 25 (provavelmente o julgamento será adiado para agosto) ] antecede a divulgação das 'conversas'.]


 
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