Vocês estão lendo direito. Chefão do departamento diz que os críticos da festa são “conservadores e defensores do estupro”. Veja como a coisa toda foi duplamente financiada com o seu dinheiro
Vejam estas fotos. É espantoso! É
estupefaciente! É grotesco! Mas é tudo verdade. A reitoria da
Universidade Federal Fluminense (UFF) informou que foi criada uma
comissão para apurar a denúncia de uma suposta orgia sadomasoquista
ocorrida no polo da universidade em Rio das Ostras, na região dos Lagos,
no Rio. Conversa mole! Não vai dar em nada![…]
Calma, caros
leitores! Vamos tentar explicar. Houve em tal instituição de ensino,
sustentada com o nosso dinheiro, um evento intitulado “Corpo e
Resistência — 2º Seminário de Investigação & Criação do Grupo de
Pesquisas CNPq Cultura e Cidade Contemporânea”. E isso indica, então,
que você está pagando duas vezes pelo troço:
a) porque o dinheiro que
sustenta as universidades federais é de todos os brasileiros; b) porque
o, digamos, “acontecimento” conta com recursos do Conselho Nacional de
Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Muito bem! E
a tal “orgia”? Não foi bem isso! Antes fosse! Seria muito menos grave. É
que a festa, o happening, que encerrou seminário recebeu o sugestivo
nome de “Xereca Satânik – A Festa”. Por que “satânik”, com essa grafia?
Não sei. Deve haver alguma razão teórica que explique. Até aí, ok. Não
precisamos ficar espantados com palavras, não é?
Um dos
convidados do evento era um dito grupo de teatro que resolveu realizar
performances em que pessoas foram cortadas com estiletes. É pouco! Uma
moça — dita “atriz” — teve a vagina costurada. O nome da fera é Raíssa
Vitral. É aquela que já usou a própria genitália com outra finalidade
durante a missa celebrada pelo papa Francisco em Copacabana: introduziu
na dita-cuja a imagem de uma santa. Uma revolucionária mesmo essa moça!
Delinquências
intelectuais dessa natureza ganham o estatuto de arte de resistência no
vale-tudo em que estão se transformando as nossas universidades,
especialmente na era PT, partido que comanda as instituições federais. O professor
Daniel Caetano, chefe do Departamento de Artes e Estudos Culturais da
UFF, defende com entusiasmo a performance, embora diga não ter assistido
ao espetáculo. Resolveu partir para o ataque em sua página no Facebook,
segundo informa O Globo:
“Reações de censura às performances no Xereca Satânica evidenciaram o
quão conservador, hipócrita, moralista e legalista é o mundo ao nosso
redor. Um mundo que precisa ser abalado em suas estruturas para acabar
com todas as formas de opressão e exploração. Estamos apenas no
começo!”.
Viram só?
Esse cara ganha o pão que come do estado brasileiro, mas ele é contra a
sociedade “legalista” e acha que todo mundo que não concorda que vaginas
sejam costuradas sob o pretexto de fazer arte — ou contestar o sistema —
é “conservador, hipócrita e moralista”. Ele partiu
para as ameaças. Escreveu: “(…) qualquer pessoa em cargo público que
porventura se posicionar contra a performance será por nós inquirida
acerca de suas atitudes prévias contra os estupros em Rio das Ostras”.
Como??? O que quer dizer “será por nós inquirida”??? Quem esse cara
pensa que é para inquirir pessoas?
Atenção,
população de Rio das Ostras! Ele disse contar com a compreensão do
reitor da UFF, Roberto Salles, e do prefeito da cidade, Alcebíades
Sabino. Daniel Caetano tem a pretensão de ser professor de Deus:
“Infelizmente, há pessoas que acreditam que o mundo deve ser moldado à
sua imagem e semelhança, sem permitir qualquer espécie de desvio do
padrão ou mesmo qualquer espécie de afronta à sua sensibilidade
confortável, conformista e preguiçosa”.
É mesmo?
Esse idiota
não sabe o tamanho da sua ignorância. Não tem noção da extensão de sua
burrice. Vaginas costuradas estão, por exemplo, no livro “A Filosofia na
Alcova”, do Marquês de Sade. E já ali se tem claro, numa leitura não
estúpida da obra, que não se trata exatamente de liberdade, mas de
opressão. No reino do vale-tudo, só é proibido ser livre. A liberdade,
ao contrário, é um atributo da disciplina, da contenção, do limite — do
mundo que este senhor deve achar “careta”.
Assistam, se
tiverem algum desprendimento, ao filme “Salò ou Os 120 Dias de Sodoma”,
de Pasolini. É nas tiranias absolutas que tudo é possível. Sade é do
fim do século 18; “Salò” é de 1975. Este senhor, coitado!, está mais
perdido que cachorro caído de mudança em pleno 2014 — e esta é a
hipótese virtuosa: a de que seja ignorante. A não virtuosa é matéria
para o divã. A professora
de Jornalismo do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) da UFF
de Niterói Sylvia Moretzshon não aprova o evento. Disse ao Globo: “Acho
que estamos vivendo tempos meio confusos, com a derivação das
manifestações de junho para atividades pirotécnicas. Acho que a
universidade não deveria abrigar esse tipo de performance. Eles acham
que qualquer performance é válida porque a liberdade é infinita, mas
nenhum direito é absoluto, nem a liberdade. Racismo está aí para provar
isso; é crime inafiançável. E minha liberdade de matar os outros? Os
nazistas faziam performances fantásticas. Daqui a pouco podem abordar o
assassinato como belas-artes. E aí?”.
Endosso cada
linha de sua consideração. É evidente que nada vai acontecer com o
professor que convidou o tal grupo ou com esse coordenador arrogante,
que ainda se dá o direito de intimidar seus críticos.
Ah, sim: o “Xereca Satânik” também emprestou apoio ao “Não Vai ter Copa”, à “Marcha das Vadias” e à “Marcha da Maconha”.
Sobre a censura ao “Cumpâdi Washington”, eles não se manifestaram.
Acreditem:
ou aquela gente sai logo de lá — refiro-me ao Palácio de onde emana a
barbárie — ou não haverá mais ponto de retorno. A próxima etapa será
subir na copa das árvores e começar a andar de… cipó.
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