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terça-feira, 12 de maio de 2020

É preciso apressar os hospitais de campanha – Editorial - O Globo

Pesquisador diz que abertura de leitos de enfermaria poderá salvar vidas, mesmo sem ventiladores

Desde que o novo coronavírus começou a fazer vítimas na China, no fim do ano passado, espalhando-se rapidamente pelo mundo, estava claro que nenhuma rede de saúde, por mais bem estruturada que fosse, conseguiria dar conta da quantidade de doentes que procuram ao mesmo tempo as emergências, muitos com sintomas graves, precisando de cuidados intensivos. Por isso, a construção de hospitais de campanha, planejados para a fase de pico da epidemia, passou a ser estratégia comum dos governos para desafogar o sistema e ampliar o atendimento aos doentes. Tem sido assim no mundo inteiro. [no Brasil a construção e operação de hospitais de campanha é da competência dos governos estaduais.
Nos estados até que vai dentro do razoável  - São Paulo  tem alguns em funcionamento, Rio também e nos demais idem. Goiás construiu alguns e um deles, próximo ao DF, levou menos de um mês para ser construído.

O Distrito Federal é que está em uma situação de alarme devido os hospitais de campanha ainda estarem na fase de promessa - nenhum foi concluído.
No final de março e inicio de abril/20, o secretário de Saúde - o atual, já está no terceiro ou quarto  - anunciou na TV que até meados daquele mês um hospital de campanha que estava sendo construído no Estádio Mané Garrincha estaria seria entregue funcionando para doentes do coronavírus.
Obra relativamente fácil e de custo reduzido por utilizar toda a infraestrutura do complexo esportivo, não necessitando sequer de obras de terraplenagem.
Até hoje, 12 de maio, 45 dias após a promessa, ainda não foi entregue nada para a população - a promessa mais recente é entregar nos próximos dias.
O governador, sempre querendo mostrar serviço e competências - coisas que faltam ao GDF - quis inovar com a ideia absurda de o estádio permanecer funcionando - propôs até alugar para a final do campeonato carioca (teríamos um jogo de futebol lotado, sendo realizado em um local situado na mesma área onde funciona um hospital de campanha), só que a ideia morreu no nascedouro.
A única ação em que o governador Ibaneis é rápido é a de demitir gestores da saúde pública = ontem demitiu a Chefe da UTI do HRAN, que diz ser referência para tratamento da Covid-19.
"Crime" da exonerada: apresentou vários relatórios cobrando leitos de UTI para o HRAN.] 

No Rio, como ocorre em outras partes do país, como os estados do Amazonas, Pará, Ceará e Maranhão, o planejamento dessas instalações parece ter sido atropelado pela realidade de uma doença que acelera rapidamente, levando os sistemas de saúde ao colapso antes do previsto. É nesse cenário que ganham importância ainda maior os hospitais de campanha. Não é admissível que existam hoje no Rio mais de mil pessoas numa fila de espera por um leito para tratamento de Covid-19. Entende-se por que a segunda cidade mais populosa do país apresenta a maior taxa de letalidade da doença. As pessoas estão morrendo antes de conseguir atendimento médico.

Em entrevista ao GLOBO, o infectologista Fernando Bozza, especialista em medicina intensiva e pesquisador da Fiocruz, disse que a abertura imediata de leitos nos hospitais de campanha, mesmo os de baixa complexidade, aliviaria a pressão sobre a rede e reduziria a letalidade da doença. “É essencial abrir os leitos de enfermaria neste momento. A fila do Rio é de 1.300 pessoas. Dessas, entre 70% e 75% precisam de um leito na enfermaria. Isso significa que esses pacientes têm algum grau de deficiência respiratória e oxigenação baixa. Por isso, precisam de oxigênio, mas não de ventilação mecânica”, afirma.

O primeiro hospital de campanha do Rio, o do Leblon, foi inaugurado no dia 25 de abril, uma semana antes do previsto, com capacidade para 200 leitos, sendo cem de UTI. Já foram abertos também o do Riocentro (500 leitos, cem de UTI), o do Maracanã (400 no total) e o do Parque dos Atletas (200, 50 de UTI). Mas é preciso considerar que a ativação das unidades ocorre de forma gradativa, o que significa que elas ainda não estão operando com plena capacidade. A previsão é que até o fim do mês o estado tenha 2.840 vagas em 14 hospitais de campanha.


O rápido avanço da doença no país — já são mais de 160 mil infectados e passou-se dos 11 mil mortos —, as longas filas de espera e as altas taxas de letalidade impõem uma aceleração no processo de instalação desses hospitais de campanha. Quanto antes estiverem prontos e funcionando, mais vidas poderão ser salvas.

Editorial  - O Globo



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