Folha de S. Paulo - O Globo
Ministro sugeriu que fossem mandados para a cadeia ministros do Supremo Tribunal Federal
A divulgação da reunião permitirá
conhecer as exatas palavras do ministro
Segundo o ministro Augusto Heleno, a
divulgação integral da conversa de botequim ocorrida na reunião do conselho de
ministros de 22 de abril pode ser um “ato impatriótico, quase um atentado à
segurança nacional”. De fato, é possível que tenham
sido tratados assuntos sensíveis e seria razoável mantê-los embargados,
assim como foi elegante abreviar o verbo fornicante da fala do presidente. Se
de fato o ministro da Educassão, Abraham Weintraub, sugeriu que fossem mandados
para a cadeia ministros do Supremo Tribunal Federal, seria um ato patriótico
expô-lo, para que responda pela sua proposta na forma da lei.
Pedir
a volta do AI-5 e o fechamento do Supremo numa manifestação popular é uma
coisa. Sugerir a prisão de ministros do Supremo numa reunião ministerial
é bem outra. [a
sugestão dada em uma reunião ministerial, terá pouca repercussão e nenhuma
influência em contornar eventuais dificuldades para implantação;
já nas ruas, apesar da influência ser também
desprezível, pode causar clamor popular.
mais grave seria se o ministro tentasse conchavos
com os que realmente podem implantar a sugestão.]
Esse tipo de arbitrariedade não tem precedente. O marechal Floriano
Peixoto ameaçou, mas não prendeu ministros. Nas ditaduras seguintes, o tribunal
foi coagido e três ministros foram aposentados compulsoriamente, mas nenhum foi
preso. É o caso de se perguntar como é que se faz isso. Só há um caminho,
o da ditadura, enunciado há dois anos por Eduardo Bolsonaro: “Para fechar o Supremo
bastam um cabo e um soldado”. Junto com isso, viriam o fechamento do
Congresso e a censura à imprensa. Daí à reabertura dos DOIs, seria um pequeno
passo.
A
JBS fez, e nós?
Um dia a Covid será passado e o Brasil se lembrará de que quadrilhas de
larápios bicavam as compras emergenciais. Felizmente, restará também a
lembrança de grandes empresas que olharam para o andar de baixo. O
Itaú-Unibanco, com sua doação de R$ 1 bilhão, e a Vale, fretando aviões ou
distribuindo equipamentos, fizeram história. A eles juntou-se, pelo tamanho
da iniciativa, a JBS. Ela anunciou uma doação de R$ 400 milhões. A
maior parte desse dinheiro irá para a construção de hospitais e para a
distribuição de leitos e equipamentos. R$ 50 milhões irão para pesquisas da
área de saúde, e R$ 20 milhões, para organizações sociais sem fins lucrativos.
O ervanário será gerido por três comitês de médicos, professores e
administradores. Entre eles, Roberto Kalil Filho (Incor) e Henrique Sutton
(Einstein) e Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas.
[por se tratar de uma doação para um fim nobre,
poupamos nossos leitores de conhecerem o que realmente pensamos da
generosidade.]
Profecia
A
investigação pedida a partir da denúncia de Sergio Moro tende a virar
limonada por dois motivos: primeiro porque espremendo o
caso, não há como demonstrar que houve crime. [demonstrar que
houve oque não houve, é deveras complicado, impossível mesmo.]
Além disso, pode-se intuir que a vontade do procurador-geral Augusto
Aras de apresentar uma denúncia contra Bolsonaro é próxima de zero, com
viés de baixa.
A zona de conforto dos Bolsonaro termina quando se mexe com dois
fios desencapados: a CPI das Fake News e a
investigação conduzida peloministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal
Federal, relacionada com as mesmas “alopranças”. [mesmo destino da
outra - apesar de conduzida por um ministro, tem que apresentar provas.]
(.....)
Ajuda
aos estudantes
A gloriosa Faculdade Nacional de Direito do Rio tem 244 alunos que
precisam de ajuda, quer para o transporte (R$ 250 mensais), quer para continuar
estudando (R$ 900). De cada quatro, um mora na Baixada Fluminense.
Os ministros Luiz Fux (STF), Luís Felipe Salomão e Benedito
Gonçalves, bem como o desembargador Cezar Rodrigues Costa, organizaram um
webinar para ajudar esses jovens que, como eles, se formaram na rede pública. O
debate se chama “A
Covid e o futuro das Cortes de Direito”.
A inscrição custa R$ 200. Mas quem quiser, pode fazer a
doação inscrevendo-se, mesmo que não os ouça.
Folha de S. Paulo - O Globo -
Elio Gaspari - O Globo
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