BID: ex-presidentes da América Latina protestam contra intenção de Trump de colocar um americano no comando do banco - Míriam Leitão
Marcelo Loureiro - O Globo
Um grupo de cinco ex-presidentes latino-americanos reagiu à intenção dos EUA de indicar um americano para a presidência do BID. No Banco Interamericano de Desenvolvimento, sediado nos EUA, o cargo de presidente sempre foi ocupado por um latino-americano. Assinam a carta Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Lagos (Chile), Julio Maria Sanguinetti (Uruguai), Juan Manoel Santos (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México). Eles tentam que a gestão de Donald Trump reveja sua intenção. [Trump, ignore-os. Os trate como o que são: EX.
Ex é apenas e tão somente um ex e precisa aprender a se recolher à condição de que foi e não pode, nem deve, agir como se fosse.]
A tradição foi iniciada em 1958, quando o presidente americano Dwight Eisenhower defendeu, na ONU, que o sucesso do BID dependia de a instituição ser liderada por um latino-americano. “Essa não é só uma questão de alteração protocolar. É uma quebra, com óbvias derivações políticas na tarefa de um dos instrumentos mais eficazes para a convivência hemisférica. O BID levou adiante sua tarefa desde 1960 com diligência e grande compreensão das condições da região e das diversidades de seu desenvolvimento. (...) A nomeação de um cidadão norte-americano (...) nos leva a expressar nossa consternação por essa nova agressão do governo dos EUA ao sistema multilateral baseado em regras acordadas pelos países membros”, diz a carta.
Desde o início, em 1960, o BID foi presidido por um chileno, um mexicano, um uruguaio e um colombiano. A regra é tratada na carta como uma “norma não-escrita” da instituição. No equilíbrio interno do BID, a vice-presidência sempre foi ocupada por um cidadão dos EUA.
A administração de Donald Trump, sempre crítica a órgãos multilaterais como a OMC e a OMS, agora ataca a tradição também no Banco Interamericano. “Com essa proposta, se levanta outro muro na forma de entender a relação dos EUA com o restante do continente", escreveram os ex-presidentes na carta.
Correio Braziliense
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