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domingo, 28 de junho de 2020

Foi fácil entrar na ditadura, difícil foi sair - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo

Estabilidade se deveu à primeira conciliação nacional partida da oposição, graças à genialidade de Tancredo

O primeiro general entrou no Palácio do Planalto em 1964 e o último (o quinto) saiu por uma porta lateral em 1985. Contada assim, a ditadura durou 21 anos, mas ela se diferenciou de outras latinoamericanas, comunistas, africanas e até mesmo de algumas europeias.

[não nos parece ter sido difícil sair da ditadura, difícil está sendo é consertar o Brasil que a Nova República - iniciado em 85 e destroçada pela roubalheira em todos os governos, mas institucionalizada pelo pt = perda total.
Temer tentou consertar e foi boicotado, agora tentam impedir o presidente Bolsonaro de consertar o que recebeu destroçado.]

Sua maior singularidade esteve na rotação da Presidência. Enquanto pelo mundo afora os ditadores só deixavam o poder mortos ou depostos, no Brasil todos tiveram mandatos. O regime intitulava-se “revolução”. Disso resultou que o governo do marechal Castello Branco (1964-1967) pouco se parece com o de Arthur da Costa e Silva (1967-1969). A Presidência de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) pouco teve a ver com a de Ernesto Geisel (1974-1979). Foi Médici quem escolheu Geisel para sucedê-lo e anos depois diria que, “se arrependimento matasse, eu já teria morrido”. [lamentavelmente os dois melhores presidentes do Brasil, Médici e Geisel, tiveram alguns pequenos pontos divergentes.
Castelo fica à parte, mais foi fenomenal quando começou o enquadramento dos maus brasileiros às novas normas do regime;
Costa e Silva teve um período de governo breve e extremamente complexo, mas deixou um legado precioso para a Nação = o Ato Institucional nº 5.] 

Nenhum dos quatro se pareceu com João Baptista Figueiredo (1979-1985). Quando ele saiu pela porta lateral do Palácio, estava afastado de Geisel, o país estava quebrado, o regime havia perdido a credibilidade. A estabilidade política foi salva pela primeira conciliação nacional partida da oposição, graças à genialidade de Tancredo Neves. (Ele viria a ser eleito indiretamente, mas morreu sem tomar posse.) As duas décadas de ditadura produziram progresso e pleno emprego, bancarrota e recessão, ordem pública, censura e torturas, moralidade e corrupção (numa escala centesimal).

O coronel-deputado Costa Cavalcanti, que construiu a hidrelétrica de Itaipu, morreu com patrimônio irrelevante. Até hoje, as viúvas da ditadura fingem que as ruínas não aconteceram, e seus adversários relutam em admitir que algumas coisas deram certo. Fulanizando: o general Augusto Heleno disse em 2018 que “a Colômbia ficou 50 anos em guerra civil porque não fizeram o que fizemos no Araguaia.” E o que fizeram no Araguaia? Entre outubro de 1973 e o segundo semestre de 1974, a tropa do Exército combatia uma guerrilha do Partido Comunista do Brasil na região do Araguaia.

Matou cerca de 40 combatentes, inclusive aqueles que atenderam aos convites para que se rendessem. Presos, eram interrogados e em seguida, assassinados. Uma guerrilheira achada debaixo de uma árvore à míngua foi presa, alimentada, ouvida e executada. [sugerimos, respeitosamente, que antes de qualquer juízo  sobre eventuais excessos do Governo Militar, procurem ler sobre a forma covarde e cruel  com que  o tenente Mendes,  PM-SP, foi assassinado por guerrilheiros, raça maldita que também assassinou - com explosivos - o soldado Mario Kozel Filho.
O Blog Prontidão Total tem matéria sobre o assunto, mas sugerimos procurar no Google.]A ditadura teve períodos de relativa liberdade de imprensa e de severa censura. A repressão política exacerbou-se a partir de 1968 e declinou depois de 1977. Praticada em nome do combate a um surto terrorista que foi debelado em 1971, gerou uma força militar indisciplinada. A bomba que explodiu na casa do jornalista Roberto Marinho em 1976 foi colocada por oficiais. Eram militares lotados no DOI-Codi o capitão e o sargento que em 1981 levaram outra bomba para o estacionamento do Riocentro na noite em que se realizava um espetáculo musical. (O sargento morreu quando ela explodiu no seu colo.)

Folha de S. Paulo - Elio Gaspari, jornalista - MATÉRIA COMPLETA


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