Apoio a Bolsonaro é sólido, mas deixa claro o espaço limitado do presidente
A nova sondagem do Datafolha sobre a popularidade do presidente Jair
Bolsonaro reforça as evidências de que um grupo minoritário, porém muito
estável, sustenta a aprovação ao seu governo. De acordo com o levantamento, 32% dos brasileiros aprovam o desempenho
do mandatário, 44% o reprovam e 23% o consideram regular. Os números são
semelhantes aos encontrados no fim de maio. [os 32 são instáveis, confiáveis, convictos do acerto de sua opção e confiantes que logo que cessar a pandemia, haverá espaço para adoção de medidas de recuperação - afinal, nem a China conseguiu escapar da recessão advinda da pandemia - e o grupo voltará a crescer.
Os atuais 32 estão com Bolsonaro, os demais contra o presidente,mas dispersos como simpatizantes de outras correntes - tão perdidos, que alguns voltarão ao apoio ao presidente.
A representatividade da pesquisa é mínima - 2.031 pesquisados, por telefone.]
O avanço do coronavírus expôs o despreparo de Bolsonaro e sua equipe
para lidar com a calamidade e suas consequências para a saúde pública e a
economia, levando a um aumento da taxa de reprovação do governo nos
últimos meses. Mas o Datafolha mostra que o apoio ao presidente se manteve no período,
apesar do aumento acelerado do número de mortes, da paralisia da
atividade econômica e do acirramento das tensões entre o Executivo e os
outros Poderes.
Embora muitos eleitores tenham se afastado de Bolsonaro, frustrados com
seu comportamento errático, o instituto informa que novos apoiadores
surgiram durante a pandemia —como os beneficiários do auxílio
emergencial concedido a trabalhadores de baixa renda. Nem mesmo o impacto da prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz, que
assombra Bolsonaro e sua família desde a campanha eleitoral e foi
localizado pela polícia na casa de um advogado do presidente, parece ter
sido forte o bastante para alterar esse quadro.
Quase dois terços dos entrevistados acreditam que Bolsonaro sempre soube
que o amigo estava escondido ali, mas metade duvida que ele esteja
envolvido nos desvios que tornaram Queiroz e o filho do presidente, o
senador Flávio Bolsonaro, alvo de investigações. Ainda assim, acumulam-se indícios de desgaste da imagem pessoal do
mandatário. Segundo o Datafolha, 46% nunca confiam no que ele diz, e a
maioria da população o considera pouco inteligente, incompetente e
autoritário.
Ao conservar uma base de seguidores equivalente a um terço do
eleitorado, Bolsonaro garantiu alguma proteção contra seus adversários.
Isso ajuda a entender por que pedidos de impeachment, por exemplo, não
vêm prosperando. Mas o caráter minoritário desse grupo é também um lembrete das barreiras
que o presidente encontra sempre que desafia os limites estabelecidos
pela Constituição para o exercício do seu poder.
Bolsonaro parece ter se dado conta de como é estreito o espaço em que se
movimenta —e, desde a prisão de Queiroz, tem mantido um bem-vindo
comedimento em atos e palavras. A permanecer assim, a percepção geral
sobre a sua sensatez poderá melhorar.
Editorial - Folha de S. Paulo
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