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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O contrato que ninguém leu - Revista Oeste

Paula Schmitt

Enquanto Bolsonaro era chamado de negacionista genocida, a Fiocruz usava os mesmos argumentos do ex-presidente para justificar a produção acelerada de uma vacina 

Ilustração: Shutterstock

 Ilustração: Shutterstock
De todas as críticas que Bolsonaro recebeu durante a pandemia, talvez a mais frequente tenha sido contra a sua defesa da economia e da sobrevivência de pequenos negócios.  
Bastava mencionar o risco de desemprego ou os danos à indústria nacional, e Bolsonaro era atacado com insistência injustificada, desferida como chutes redundantes dados pelo covarde que não perde um linchamento. 
A conclusão da imprensa cartelizada parecia unânime: Bolsonaro era um negacionista genocida por se preocupar com a economia.

O argumento contra o presidente geralmente se resumia ao uso dessas duas palavras-chaves, negacionista e genocida, condenações rasteiras e despropositadas que serviam como apito nos cérebros mais pavlovianos. Bastava colocá-las numa frase, e o raciocínio lógico se tornava algo desnecessário, porque o julgamento já havia sido feito.

Foto: Reprodução UOL

“Em nova fala negacionista” começa a manchete do UÓ, o presidente comete novamente o erro de se preocupar com a economia. Erro imperdoável, claro, já que o “posicionamento do presidente contraria os principais epidemiologistas do mundo”. Neste artigo do Estadinho, o jornal faz alarde com um deslumbramento e uma inteligência dignos de uma cabeça de alface: “Cientistas e autoridades da área de saúde e do governo dos Estados Unidos veem o Brasil como uma ameaça para o mundo por causa do descontrole da propagação da nova variante do Sars-cov-2 no país”.

Aqui, o jornalista mais bem pago da TV carinhosamente referida como Globbels diz que “Bolsonaro contrariou tudo o que especialistas e autoridades sanitárias do Brasil e do mundo inteiro têm pregado. Bonner, [os dois indivíduos, tanto o leitor de notícias  quanto sua colega são todos emproados, mas com cérebros baldios.] apara quem não se lembra, é aquele amante da ciência que deu uma aula sobre a relação entre o posicionamento dos astros e a invasão do Iraque. Como ele diz neste vídeo histórico, sem nenhum sinal de enrubescimento.

“O que está escrito na terra também está escrito no céu, e Nostradamus previu tudo isso há quatro séculos”, afirmou o apresentador. “De acordo com Nostradamus, justamente na véspera do ano 2000 haveria uma grande invasão maometana sob a liderança do sétimo anti-Cristo. O primeiro foi Nero, na Roma antiga, e o mais importante até agora foi Hitler, na Alemanha nazista. Este novo anti-Cristo já foi confundido com o aiatolá Khomeini, mas parece se encaixar melhor na figura de Saddam Hussein. Nostradamus previu ainda que haveria um eclipse solar antes do momento do conflito. E amanhã, no dia seguinte ao prazo para o início da guerra no Golfo, vai haver um eclipse solar.”

Perdoem-me a digressão, mas não posso ignorar um detalhe dessa obra-prima da propaganda política. Reparem neste trecho: “O novo anti-Cristo já foi confundido com o aiatolá Khomeini, mas parece se encaixar melhor na figura de Saddam Hussein”. Sabe por que Bonner falou isso? Porque o departamento de propaganda da CIA, possível “inspiração” (cof cof) da “reportagem” de Bonner, tinha decidido num passado não muito longínquo que o anti-Cristo era Khomeini líder xiita —, inimigo mortal de Saddam Hussein líder sunita.  
A atualização foi feita para apaziguar a galera que poderia estranhar aquela mudança inexplicável da ciência astrológica.

É impossível afirmar se algum governo estrangeiro ou banco de investimento inspiraram as reportagens em defesa do lockdown, e os exemplos são muitos para caberem aqui. Mas a mensagem ficou clara para todos os teleguiados: a economia a gente vê depois. Essa ideia — que desemprego e estagnação econômica não matam e não escravizam foi sintetizada com perfeição por uma jornalista da Globo, numa fala de frieza indescritível. Sem nenhum sinal de empatia para com os mais pobres, Maju Coutinho virou um emblema nesta pandemia, com uma frase memorável: “O choro é livre”.

Enquanto isso, Bolsonaro falava sozinho: “Queremos a liberdade para poder trabalhar. Queremos o nosso direito de ir e vir. Ninguém pode contestar isso,” disse, numa briga federal contra os Estados — ele lutando para garantir direitos, os Estados se unindo para retirá-los. “De onde nasceu isso, de onde nasceu essa excrescência para dar poderes a governadores e prefeitos e nos prender dentro de casa? Nos condenar à miséria, roubar milhões de empregos. Levar família ao desespero por não poder trabalhar, por não poder se locomover?”

Bolsonaro afirmava que as restrições de lockdown, isolamento social e toque de recolher iriam ter impacto econômico e empobrecer o Brasil mas, como lamenta este artigo, o presidente “não apresentou nenhum dado sobre pobreza ou desigualdade de renda para embasar sua afirmação”. Eu também tenho esse defeito: sempre que me falta dinheiro no fim do mês, consigo prever que vou ficar devendo algumas contas, mesmo sem nenhum estudo embasando minha convicção.

Mas supondo que toda essa unanimidade da imprensa não fosse falsa e estapafúrdia, e não pudesse ser desmentida com uma rápida busca pelos meandros da internet, qual não teria sido minha surpresa ao ler o documento oficial assinado pela mulher que hoje ocupa a cadeira mais importante na área da saúde. Sim, senhores, acomodem-se nos seus assentos, porque a seguir vou lhes mostrar exemplos de um negacionismo e um genocídio indescritíveis. Se estiverem de pé, sentem-se; se estiverem sentados, deitem-se.

“Para além das questões que envolvem a tragédia humana, a Pandemia da COVID-19 ainda gerou graves efeitos econômicos associados às medidas adotadas para o seu enfrentamento”

A Fiocruz e a AstraZeneca assinaram um contrato sobre a fabricação de uma vacina que já custou mais de R$ 1 bilhão dos nossos impostos. 
 Infelizmente, essa vacina provocou tantos efeitos adversos que foi suspensa em vários países europeus e nos EUA
No Brasil, ela continua sendo aplicada normalmente.

Por essa razão, talvez temendo uma revolta popular, a Fiocruz decretou sigilo de 15 anos sobre trechos do contrato com a AstraZeneca, e sua chefe foi devidamente premiada como ministra da Saúde mesmo ela não sendo médica, nem cientista (a não ser, claro, que você considere ciências sociais uma ciência. Neste caso, prazer, Paula Schmitt, cientista; política).

Mas existe um contrato entre a Fiocruz e a AstraZeneca que está liberado para leitura, disponível no site da instituição. O que está descrito nesse contrato como justificativa para a produção acelerada da vacina é praticamente tudo que Bolsonaro falou sobre os efeitos do lockdown, o toque de recolher, o distanciamento social e o famigerado “fique em casa”. Não acredita? Leia você mesmo. Copio aqui, verbatim, alguns trechos desse documento negacio-genocida:

“Para além das questões que envolvem a tragédia humana, a Pandemia da COVID-19 ainda gerou graves efeitos econômicos associados às medidas adotadas para o seu enfrentamento, como o distanciamento social. 
Assim, se apesar de o desenvolvimento de uma nova vacina demandar vultosos investimentos, aproximadamente de R$ 2.000.000.000,00 (2 bilhões de reais), a sua descoberta poderá mitigar consideravelmente os impactos da Pandemia na economia mundial e, consequentemente, na economia brasileira.”

“CONSIDERANDO QUE diferentes países, entre eles o Brasil, tomaram diferentes medidas para conter o avanço do novo coronavírus, mas, em geral, a regra foi o distanciamento social com a proibição do funcionamento de atividades não essenciais. Essas ações levaram ao fechamento de Empresas e ao aumento do desemprego, como consequência: i) cadeias de fornecimento foram rompidas, ii) diminui-se a arrecadação dos governos e iii) uma nova e forte pressão por instrumentos de renda mínima passaram a ditar a agenda política dos países.”

Foto: Shutterstock

“Em razão das medidas de proibição de funcionamento de determinadas atividades econômicas e do estímulo ao distanciamento social, as previsões de crescimento da economia brasileira foram substituídas por cenários de forte retração. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima uma queda de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020, em comparação com o ano anterior. Por outro lado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que, se houver uma nova onda de infecção (segunda onda), a diminuição do PIB brasileiro pode chegar a 9,1%.”

“Os indicadores atualmente disponíveis apontam que, apesar de as grandes empresas, como por exemplo, as que exploram os setores de transporte aéreo e concessionárias de serviços públicos, terem sido fortemente atingidas, o impacto negativo maior recairá sobre micros e pequenas empresas, agravando o impacto social provocado pela crise econômica, haja vista que as micros e pequenas empresas empregam um alto número de mão de obra pouco qualificada, profissionais já vulneráveis na economia brasileira.”

“Se por um lado as ações de distanciamento social, muitas vezes transformadas em lockdown, e o fechamento de atividades econômicas não essenciais têm o poder de diminuir a difusão do vírus e promover um efetivo achatamento da curva de transmissão, por outro causam grave impacto econômico negativo, que mesmo as ações econômicas estatais mais contundentes não são capazes de reverter.”

Leia também “O terrorismo e a certeza do imprevisto”

Paula Schmitt, Colunista - Revista Oeste


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

LULA FOI ENTREVISTADO OU ENTREVISTOU BONNER E RENATA NO JN? - Sérgio Alves de Oliveira

A diferença de tratamento de Willian Bonner e Renata Vasconcellos., prepostos da Globo,nas entrevistas que fizeram, respectivamente,com Jair Bolsonaro, e  Lula da Silva, que polarizam a eleição presidencial de outubro próximo, "disparadamente"" foi para favorecer o ex-presidiário, que conduziu os trabalhos como quis, mais entrevistando  a "dupla" da Globo, e recebendo as respostas que queria, do que sendo entrevistado.
 

Com Lula os entrevistadores fugiriam todo o tempo dos pontos mais polêmicos  que caracterizaram  a má gestão e a roubalheira do erário na "Era" PT , que  foi calculada por órgãos insuspeitos em cerca de  10 trilhões de reais, quantia  superior ao PIB brasileiro.
 
Esse tipo de entrevista para fins eleitorais só bobo não enxerga que as perguntas podem ser colocadas na boca do entrevistador pelo entrevistado, que desse modo passa a responder a si mesmo a pergunta que ele mesmo "se fez". É claro que nessas circunstâncias não haverá a mínima possibilidade de surgir qualquer ponto negativo ao entrevistado.O negativo é previamente "deletado".
 
Lula foi entrevistado com inclusão dos  "senões" dos governos do PT, que não poderiam ser omitidos na entrevista, por serem do domínio público, já devidamente estudados,respondidos, e "amaciados",com as "bênçãos" 
dos entrevistadores, que jamais conseguiram esconder o lado a quem favoreciam, o lado de Lula, óbvio, onde tanto "mamaram" no passado e pretendem voltar a "mamar" a partir de 2023.
Ao contrário do "puxassaquismo"  que fizeram com o candidato Lula,
a quem dedicaram só "generosidades", com Bolsonaro passaram todo o tempo debochando, e com notória  falta de educação  "cortavam" a sua palavra,não deixando que ele completasse os raciocínios desenvolvidos na entrevista.
 
São dois pesos e duas medidas que os eleitores brasileiros deverão avaliar em outubro próximo.
 

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

 

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Bolsonaro no Jornal Nacional: presidente mostrou que sabe se enquadrar quando precisa - O Globo

Malu Gaspar

Para quem se negou a fazer media training, presidente seguiu à risca conselhos de auxiliares da campanha

Nada do que Jair Bolsonaro disse ao longo da entrevista para o Jornal Nacional chegou a surpreender quem acompanha suas aparições em lives, no cercadinho do Palácio da Alvorada e nas longas entrevistas que deu ultimamente a podcasts.  [O presidente Bolsonaro foi perfeito; a única falha - talvez motivada por excesso de tolerância - foi não ter enquadrado o casal entrevistador.
De forma mal educada, deselegante, o casal entrevistador interrompeu o presidente por várias vezes, quando a palavra estava com ele.
Aliás, boas maneiras não costumam ser seguidas por aquela e aquele jornalista. Exemplo claro é que Ivete Sangalo foi cumprimentar o jornalista  e ele a ignorou. 
Bolsonaro desde a primeira interrupção deveria ter interrompido com uma frase simples: calem a boca eu estou falando.] 
 
Em Malu Gaspar - O Globo  MATÉRIA COMPLETA

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

"A alucinação toma de sobressalto a grande mídia", escreve Carlos Sampaio

Depois de afirmar durante meses, baseados nas pesquisas Datafolha e similares, que Bolsonaro derrete em popularidade, a “velha mídia brasileira” tomou uma bofetada nas fuças aplicada pelo povo que saiu às ruas em apoio a Bolsonaro.

Como dizia Michel Tyson:

“Todo mundo tem um plano até levar um murro na boca”.

Alucinados partiram para o contra-ataque. Em seus jornais, pela Internet, na TV iniciaram uma ofensiva digna da “operação tempestade no deserto”:

- Primeiro, afirmaram seguidamente que as pessoas que foram às ruas eram apenas uma pequena parte da população brasileira, não representam quase nada, não representam toda população brasileira. Portanto, o Presidente não poderia dizer que as pessoas que estavam ali eram “o meu povo brasileiro”. Não, nunca poderia dizer isso.

- Depois chamaram os especialistas, entre eles ex-ministros do Supremo, autoridades em diversas áreas, doutores, juristas e políticos esquerdistas e todos explicaram porque o Presidente depois das manifestações, estava mais fraco e que neste 7 de setembro foram às ruas todos os que votam no Presidente, nenhum ficou em casa, “nenhunzinho”, o que dá uma média de 12% dos votantes do país, segundo eles.

Assim, o Presidente perdeu votos e está mais fraco, terá centenas de processos e poderá perder o cargo. Antes do dia 7 ele tinha 25% de apoio, logicamente Lula ficava com 75%. Agora Bolsonaro desceu para 12% e Lula, depois que o povo saiu de suas casas para apoiar Bolsonaro subiu para 88%.

E martelaram, durante horas, a cabeça da população, numa espécie de “frenesi alucinado”, explicando as duas teses descritas acima.

A primeira tese pode ser respondida facilmente: só um sujeito que tomou muita cachaça não é capaz de perceber que população brasileira inteira não poderia estar à frente dos palanques que apoiaram Jair Bolsonaro. Afirmar o contrário é muita estupidez. O que nos leva a pensar que os tais “especialistas” ainda acreditam que o povo brasileiro é tolo e pode ser enganado facilmente com firulas linguísticas.

A segunda tese pode ser rebatida com um exemplo recente, bem recente: Lula saiu em campanha pelo Nordeste pedindo apoio do povo, dos Governadores e dos políticos em geral. O “Consorcio de Imprensa”, divulgava noite e dia a passagem de Lula por diversos estados e municípios nordestinos e relembrava fatos, atos e mais fatos de “como esse homem era bom” e lidera em todas as pesquisas as intenções de voto dos brasileiros.

Ora, multidões deveriam ter saído de suas casas para saudar o “líder único em roubalheiras” que retornava triunfante!  Mas... Que decepção! Meia dúzia de gatos-pingados vestidos de vermelho apareciam para apoiar o ex-presidente e ex-presidiário.

Aplicando o mesmo raciocínio dos “especialistas”, todos os fanáticos que saíram de suas casas para receber Lula são os que votam em Lula. Por esse raciocínio e pelo povo que apareceu para recepcioná-lo ele tem perto de 0,001% dos votos da nação. Então Bonner e sua turma mostraram no Jornal da Globo como eram “organizadas”, “amorosas” e “delicadas” as manifestações dos vermelhos. Eles chegavam alegres, tocando samba, garotas rebolando, além de estarem em um local histórico e pediam em suas faixas, “candidamente”, o afastamento do Presidente, chamando-o de genocida, assassino.

Esses atos, sim, são democráticos! Pedir a morte do Presidente como fazem os jornalistas e repetem os vermelhos, sim, é um ato democrático! Isso não é crime, segundo eles. Para o “Consórcio de Imprensa”, para os Ministros do Supremo, para “os vermelhos”, para os deputados de esquerda, parece que Bolsonaro não é uma autoridade constituída, pois contra ele tudo pode, tudo é democrático!  A favor de Bolsonaro, qualquer ato é antidemocrático.  Se alguém se manifestar contra o Supremo é antidemocrático.

Contra o “Consórcio de Imprensa, os vermelhos, os políticos de esquerda, qualquer manifestação é perseguição e ato antidemocrático”.

Disse Leandro Narloch, neste 8 de setembro em artigo para a Folha intitulado:

“Abusos e ilegalidades do STF dão força ao bolsonarismo:
O STF proibiu o TCU de examinar denúncias de mordomias concedidas pela Itaipu a... ministros do STF.
Proibiu a investigação contra Dias Toffoli, apesar dos fortes indícios de venda de sentenças do TSE (curioso esse fato não ter gerado um clamor na imprensa equivalente ao caso Temer e JBS).”

O STF enterrou a Lava Jato em Brasília, sendo que ele próprio tinha determinado que o lugar dela era no Paraná.

Alexandre de Moraes assopra a brasa do bolsonarismo quando mantém inquéritos ilegais, bloqueia a conta de organizadores de passeatas, desmonetiza canais de humor que o satirizam no YouTube ou prende deputados baseado em termos controversos como o “mandado de prisão em flagrante”.

Rota 2014 - LER NA ÍNTEGRA


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Derrota do voto impresso: Câmara, Senado, STF e TSE, a confraria de “rabos presos” - Sérgio Alves de Oliveira

A rejeição da PEC do voto impresso   e auditável (PEC 135/2019), tanto pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, por 23 votos contra 11, quanto pelo seu “Plenário”, por 218 votos contrários, e  229 favoráveis, [229 = garantia de que os inimigos do presidente = inimigos do Brasil não possuem, nem possuirão os votos necessários para pleitear que a Câmara dos Deputados inicie um processo de impeachment, contra o capitão. Isso com um quórum reduzido. Com os 513, esse número seria maior, talvez até aprovando a PEC, que seria travada no Senado, já que seu presidente, senador Pacheco, sentaria em cima.] atingindo, por conseguinte, o quórum mínimo necessário para aprovação da referida proposta de emenda constitucional, que seria o total de 308 votos, traz à tona com clareza solar os reais motivos desse rejeição.

Em primeiro lugar a mudança do sistema eleitoral das urnas eletrônicas de 1º Geração, assim como está, desde o seu início, em 1996,certamente não favoreceria em nada os parlamentares que não votaram pela sua aprovação, mesmo porque,deles próprios,jamais se ouviu uma só queixa de algum prejuízo eleitoral.  Nenhum  inter esse maior os moveria para aprová-la.

Mas também não pode ser desprezada a circunstância de que os Tribunais Superiores de Brasilia, especialmente o STF e TSE, não só jamais demonstraram qualquer simpatia pela mudança do sistema eleitoral eletrônico vigente, quanto, muito mais que isso, mostraram-se radicalmente contrários a essa proposta.

E “pressionaram” os parlamentares para rejeitá-la, especialmente o Ministro do STF Luis Roberto Barroso,- também Presidente do TSE, que não poucas vezes fez “chacrinhas” com deputados e senadores, dando a entender, para “Suas Excelências”,  nas “entrelinhas”, que o Judiciário mantinha em “banho maria” inúmeros processos contra grande parte deles, e que, eventualmente, se fosse o caso, poderiam ser desengavetados e “disparados”, atingindo  em cheio os que teriam votado a favor da “odiada” PEC.

Mas a “recíproca” também é verdadeira. Vários ministros de Tribunais Superiores estão com processos de impeachment “engavetados” na Câmara, tendo o Poder Legislativo integral autonomia de processá-los e julgá-los, independentemente do Poder Judiciário, porquanto seria um julgamento mais “político” do que “jurídico” propriamente dito. [Tem também o pedido da CPI Lava Toga.] 

Portanto, tanto o Poder Judiciário tem o destino político e jurídico de integrantes do Poder Legislativo na “mão”, como também o inverso é verdadeiro, ou seja,o Parlamento mantém como “reféns”,por pedidos de impeachment,integrantes dos Tribunais Superiores. Resumidamente ,isso chama-se reciprocidade de “rabos presos”.

Mas sem dúvida essa “vitória” da rejeição da PEC 135/19, coincide exatamente com uma derrota para a democracia, para o povo brasileiro ,e para a certeza na lisura das eleições periódicas. Se de fato as eleições são “honestas”, não haveria nenhum motivo para negar um pequeno investimento em urnas eletrônicas que imprimissem o voto e os colocasse numa urna em separado,tão somente para fins de mais segurança e conferência,se necessário.

Ninguém me tira da cabeça que as eleições presidenciais de segundo turno em 2014 não foram fraudadas,favorecendo Dilma Rousseff,em detrimento de Aécio Neves. Nisso dou inteira razão ao Presidente Jair Bolsonaro. Não tenho e ninguém tem “provas” convencionais  dessa fraude. Mas se pegassem o Bonner, da Globo, por exemplo,que na ocasião era o divulgador oficial dos resultados dessa eleição,numa eventual “colaboração (ou delação) premiada”,certamente iria sair “cobras e lagartos” das suas informações.

Ora, não é possível que durante cerca de 90% da apuração e divulgação dos votos dessa eleição Aécio Neves estivesse bem à frente de Dilma para, após uma estranha “pane” de alguns minutos nos computadores centralizados do TSE, começasse uma rápida reação de Dilma, ultrapassando Aécio,e vencendo a eleição.

A grande prova dessa fraude chama-se EVIDÊNCIA. E a evidência não surge de “coisas”, porém da inteligência ,na observação dos fatos. Portanto é preciso ter alguma inteligência e honestidade para enxergar a evidência. Infelizmente nem todos possuem essas qualidades. Por essa razão,”fecho” com o filósofo francês René Descartes,quando ele garante,no “Discurso Sobre o Método”,”que não devemos aceitar nada como verdadeiro se não se apresentar EVIDENTEMENTE como tal”. E a evidência prova a fraude nas eleições de segundo turno de 2014. E também que ela poderá se repetir em qualquer outra eleição.

Mas isso não significa uma programação prévia, antes da eleição, das urnas ou dos computadores, para que apresentem em resultado previamente definido,”x”,ou “y”. Pode ser que o computador não seja “necessário”, não seja “convidado” a fraudar o resultado,dependendo do andamento das “coisas”, enquanto o vitorioso desejado estiver na frente. Por isso a fraude eleitoral nos computadores do TSE  é meramente “circunstancial”, não sendo  acionada enquanto o “desejado” estiver na frente.Tudo é uma questão de mera “programação”. E não me venha o TSE com essa história da segurança absoluta da votação eletrônica, quando se sabe que invasores não convidados penetram nos computadores dos grandes bancos do mundo e até na NASA.

Portanto está muito claro que até o momento da interrupção da apuração e divulgação dos resultados das eleições de segundo turno em 2014 não havia nenhuma fraude “acionada”. O computador foi chamado para atender naquele momento a situação de “emergência” que se instalava,ou seja,”trancar” a vitória de Aécio Neves,”manipulando” informações virtuais. E foi “competente”,sem dúvida !!!

O que diria Ruy Babosa numa situação dessas? Será que ele não mudaria a sua opinião de que “a força do direito deve sempre  prevalecer sobre o direito da força”?  
E quando o direito, a democracia ,e a decência política,“entortam”? 
Não é preciso nessas situações extremas que a força restabeleça o direito,desde que amparada na moral e na verdade? 
Que se substitua o “estado de (anti)direito”, pelo verdadeiro “estado de direito”?

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo