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quarta-feira, 28 de março de 2018

“Crônica de uma casa dividida” e outras notas de Carlos Brickmann

A campanha deixou de lado as ideias de cada candidato e virou disputa de insultos. Mais grave: cada lado quer impedir que o outro se mova pelo país

Lula, como ex-presidente, tem direito a uma escolta pessoal. [escolta composta por um motorista e dois seguranças e, em situações especiais, um outro veículo com mais  dois agentes; a condição de ex-presidente não lhe concede escolta para promover comícios nem  garantir segurança de caravanas.
No caso específico de Lula ele também tem direito a uma escolta formada por policiais com a missão de impedir que se evada - trata-se de preso condenado a mais de dez anos de prisão e por NOVE JUÍZES - tendo em vista que ainda está circulando por força de salvo contudo concedido pelo Supremo com base no principio Lula.] Como líder de um partido de porte, tem voluntários que o acompanham aonde quer que vá. São voluntários com espírito bélico, que se identificam como “exército do Stedile” (o líder do MST), falam em rejeitar decisões judiciais, ameaçam “reagir de armas na mão” a qualquer medida contra Lula. O próprio Lula diz que é da paz mas sabe brigar, ainda mais depois que Stedile “coloque seu exército na rua”. Stedile não hesitaria, por Lula, em usar suas armas brancas, a foice e o martelo, assim que conseguisse distinguir um do outro. E mesmo assim, com tantos adeptos, tão dispostos, tão voluntariosos, tão guerreiros, Lula foi barrado em Santa Maria, Palmeira das Missões, São Borja, Santana do Livramento, Passo Fundo, Bagé, todas no mesmo Rio Grande do Sul que já elegeu os petistas Tarso Genro e Olívio Dutra. Lula mantém o direito de ir e vir, mas não lá.

Os antipetistas levaram a sério a pregação bélica do PT. Além disso, já queriam, há tempos reagir contra a propaganda lulista que os apresenta como ricos, brancos, “da zelite”, tudo galeguinho “di zoio azul”. Eles venceram. Mas, se vencessem os outros, o perdedor seria o mesmo, o Brasil. A campanha deixou de transmitir as ideias de cada candidato (se as têm) e virou disputa de insultos. Mais grave: cada lado quer impedir que o outro se mova pelo país. Ganhe quem ganhar, é fascismo na veia.

Crianças mimadas
Cada lado acusa o outro de ter iniciado a campanha divisionista (e antipatriótica) de demonizar o adversário. Podemos discutir esse tema anos a fio, mas isso é irrelevante: político que se preza não faz provocações desse tipo, político que se preza não aceita as provocações. É como briga de criança, mas sem crianças e com adultos feios e mal intencionados: a mãe nem quer saber quem começou, quer que a briga se encerre ali mesmo. Um lado quer Lula na cadeia, outro acha que Aécio precisa ser julgado com urgência? Pois recorram à Justiça e parem de encher o saco do eleitorado.

Nosso futuro
Josias de Souza, do UOL, fez uma apavorante lista de candidatos à Presidência da República: Lula, já condenado em segunda instância, ficha-suja, portanto inelegível, mas que ainda tenta quebrar o galho; Geraldo Alckmin e Rodrigo Maia, submetidos ambos a inquéritos; Michel Temer, com duas denúncias e dois inquéritos por corrupção; Henrique Meirelles, sem acusações, mas filiando-se agora ao MDB, partido em que o que não falta é inquérito; Bolsonaro, que tem casa em Brasília e recebe auxílio-moradia assim mesmo.[Bolsonaro apenas segue o exemplo do juiz Bretas, do juiz Moro, da desembargadora Maria Fux e dezenas de outros.]  Fora isso, há os de sempre, como o do aerotrem. Se voto não fosse obrigatório, quem votaria?

Lula lá
Este colunista acha que prisão não é a melhor punição para criminosos de colarinho branco: o ideal seria retomar o que foi roubado, acrescido de multa, com a proibição de trabalhar na área de atividade que desonrou. Como disseram Carlos Lyra e Vinícius de Moraes em Maria Moita, é por pra trabalhar gente que nunca trabalhou. Ficar sem dinheiro e obrigados a trabalhar? Haveria gente rezando para ficar na cadeia, ala dos estupradores. Portanto, o colunista não está entre os que torcem pela prisão de Lula, “para responder às aspirações populares”. Aspirações de quem, cara-pálida? Mas é a favor de que se cumpra a lei: se Lula, condenado a 145 meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção, em duas instâncias, com habeas corpus já negado por nove juízes, e a pena para isso é prisão, que seja cumprida, e que a lei, no futuro, seja modificada. Mudá-la para agradar a Lula é coisa esquisita. Pode haver alguém que diga “é górpi”.

A imagem do juiz
O Roda Viva, com a entrevista de Sérgio Moro, bateu o recorde de público da Rede Cultura. Foram quatro pontos de audiência; no Twitter foi um dos temas mais comentados do mundo. Moro se mostrou como é: funcionário público qualificado, sem aspirações de salvar o país, mas pronto a fazer sua parte, na forma da lei. Admite que erra, mas lembra que errar faz parte da profissão, e por isso há instâncias superiores que têm poder de corrigi-lo. Quem não viu e quer ver: Assista aqui a entrevista na íntegra. Vale a pena. E, no link, a análise deste colunista.
Moro saiu do programa maior do que quando entrou.

Passando nos cobres
A família Rocha Loures (à qual pertence o cavalheiro da pizzaria e da mala de dinheiro) colocou à venda sua empresa, a Nutrimental, fabricante de barrinhas de cereal e fornecedora de merenda escolar. A corridinha de Sua Excelência com uma mala de dinheiro prejudica até hoje a reputação da empresa. A Nutrimental, segundo a família, vale R$ 1 bilhão, mas ao que se saiba até agora nenhuma negociação chegou perto desse valor.

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann


 


domingo, 25 de fevereiro de 2018

“Sem querer querendo”

“Sem querer querendo” e outras notas de Carlos Brickmann

Para quem diz que não é nem será candidato, a agenda de Michel Temer é bem movimentada

Há candidatos à Presidência que dizem que são, há candidatos que dizem que não são, há candidatos que dizem que são mas não são, e há Luciano Huck, que diz que é mas não é dependendo das últimas pesquisas. Michel Temer, por exemplo, negou na sexta que seja candidato, mas é, e de certa forma tem de ser (a menos que, num grande acordo, consiga manter o foro privilegiado após deixar o cargo). O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, diz que é e lança sua candidatura dia 8, na convenção do DEM, mas é difícil mantê-la: o DEM teria mais chances indicando o vice de Alckmin ou de Temer, já que qualquer um dos dois desidrata o eleitorado de Maia. Bolsonaro diz que é, e é, mas pode deixar de ser viável no meio da campanha, por falta de tempo na TV. Marina Silva não diz nada, mas é. [apesar de ter chance zero de passar ao segundo turno - ainda que fossem para o segundo embate os dez primeiros colocados.]
 


Há mais gente, como João Amoêdo, do Partido Novo, Manuela d’Ávila, do PCdoB, talvez Guilherme Boulos, do PSOL. É difícil: alguns porque são desconhecidos, outros porque são conhecidos. Henrique Meirelles, PSD? Poderia ser, mas como se candidatar no embalo dos bons resultados da política econômica se o próprio presidente Temer for candidato? E há Lula: quer ser, de todos os citados é o que está melhor nas pesquisas, mas como, já condenado em segunda instância, superar a Lei da Ficha Limpa? [nenhum dos citados neste parágrafo tem chance real; querem apenas ser e nem sempre querer é poder - não foram citados dois dos primeiros entre os escalados para perder: Barbosão e Ciro Gomes.]


Pesquisa DataChute: sem Lula, os favoritos são Temer e Alckmin (que têm partido e governos); zebra, Marina. Com Lula, um dos três, sem zebra.



A ação de Temer


A inflação caiu abaixo da meta, o país volta a crescer (é provável a alta de 3% no Produto Interno Bruto) depois da recessão do Governo Dilma. A taxa básica de juros jamais esteve tão baixa, embora os bancos continuem a cobrar juros estupidamente altos. Há tendência de aumento de emprego. Mas não é apenas nisso que Temer se apoia: é provável que a intervenção militar no Rio provoque, por um determinado período, a queda dos índices de violência no Estado. A verba de propaganda desses fatos, acreditam os estrategistas de Temer, mais o uso da máquina pública, privilegiando os apoiadores do presidente, podem elevar seus índices de popularidade, hoje ridiculamente baixos. E já se conversa com o marqueteiro Duda Mendonça.


Para quem diz que não é nem será candidato, a agenda é movimentada.



A ação de Alckmin


O governador paulista neutralizou seu ex-afilhado João Doria e hoje seu adversário no PSDB é o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Deve vencer. Diz que está na hora de um paulista se eleger presidente, pois o último foi Rodrigues Alves. Erra: Temer é paulista. Fernando Henrique, Washington Luiz e Lula nasceram em outros Estados, mas politicamente são paulistas. Diz (com razão) que São Paulo tem o menor índice de homicídios do país. Diz (sem razão) que é o candidato da privatização. Nas eleições de 2006, quando Lula disse que ele era privatizante, Alckmin usou uma inacreditável jaqueta cheia de logotipos de estatais – tipo piloto de Fórmula Um. Perdeu feio, conseguindo ter menos votos no segundo turno do que no primeiro. [se o PSDB insistir com Alckmin perderá mais uma vez - na quadra atual o DEM, com Ronaldo Caiado, tem alguma chance até de um segundo turno;
insistimos em que Bolsonaro não é carta fora do baralho; em termos de combate a criminalidade e restabelecimento da segurança pública, Bolsonaro será mais eficiente que Temer.

O que pode complicar um pouco para o deputado carioca e favorecer Temer são as melhoras na economia, notadamente, sem limitar, o aumento do crescimento e emprego (desde que não se dê atenção aquela nova fórmula de cálculo divulgada pela TV Globo e que permite, com alguns ajustes, triplicar o número de desempregados - felizmente, sem ser acompanhado pelo desemprego), visto que o 'staff' de Temer é mais confiável.]
 


A voz das armas


Trump levanta a ideia de armar os professores para que possam defender os alunos. É um perigo: com nossa mania de importar dos EUA só aquilo que não presta, a besteira pode vir para cá. Comecemos pelo básico: quem ensinará os mestres a atirar? E é função de professor abrir fogo na classe?



Tudo parado


A reforma da Previdência parou até que termine a intervenção militar no Rio; e não é a única. Outras 536 propostas de emenda constitucional estão paralisadas (na verdade, muitas já estavam, mas apenas porque não era de interesse votá-las). Duas, interessantíssimas: 
a) fim da reeleição:
b) redução do número de senadores e deputados, esta apresentada pelo deputado Clodovil. É difícil votar contra a redução do número de parlamentares, eliminando enormes despesas, mas quem quer dispor de menos vagas?



A nova proposta


Outro projeto de emenda à Constituição é de iniciativa popular, com 2,5 milhões de assinaturas (mais que o da Ficha Limpa). Chegou em cima da intervenção e sua tramitação nem começou. Traz muitas inovações – umas inviáveis, outras interessantes, mas todas tendentes a agradar o eleitor. Proíbe sessões secretas, veda vantagens especiais (como seguro-saúde ilimitado), obriga os congressistas a contribuir para o INSS, que tratará a aposentadoria como a de qualquer pessoa, veta mais de uma reeleição, “porque servir no Congresso é uma honra, não uma carreira”. Vale estudar. [o chato das emendas de iniciativa popular é que muitas vezes querem inserir na Constituição o impossível - nem sempre o popular é o melhor: basta analisar o quanto a criminalidade seria menor no Brasil se não existisse na CF o artigo 5º.]
 


Samba no bolso


A informação é do ex-prefeito José Fortunati, e está no ótimo blog de Fernando Albrecht (http://fernandoalbrecht.blog.br/): o Sambódromo de Porto Alegre, orçado em R$ 10 milhões, já custou R$ 40 milhões e ainda não está pronto. Pular Carnaval na rua? Não custa nada – nem rende nada.

Coluna do Carlos Brickmann 

Veja também:  www.chumbogordo.com.br

 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

“O Brasil que o Brasil largou” e outras notas de Carlos Brickmann

A 200 km da Capital Federal, onde fica o comando das Forças Armadas, o presídio não obedece às autoridades: é exercido por facções do crime organizado


Há territórios, no Rio, em que a Polícia só entra com apoio das Forças Armadas. Há áreas, em São Paulo, em que o Governo garante que a Polícia entra, mas onde não entra, não. Em todo o país, há glebas ocupadas pelos movimentos dos sem-alguma-coisa, com reintegração de posse concedida pela Justiça, em que a Polícia não entra. E há o caso mais escandaloso, que agora ocorreu em Goiás: a presidente do Supremo Tribunal Federal, um dos três Poderes da República, tinha decidido visitar o presídio dos motins. Mas desistiu: segundo sua assessoria, “por questões de segurança”.

A ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo e do Conselho Nacional de Justiça, tem segurança, pode convocar a Polícia Federal, estava com o governador Marconi Perillo, que tem sob seu comando a Polícia Militar de Goiás. Há a guarda do presídio. E a ministra não pôde entrar. A 200 km da Capital Federal, onde fica o comando das Forças Armadas, o presídio não obedece às autoridades: é exercido por facções do crime organizado, que decidem entre si, pelas armas, quem manda naquela área que, como nos foi ensinado, e até agora acreditávamos, pertencia ao Brasil.

O governador Perillo garantiu que a ministra não conversou com ele a respeito da visita ao presídio; e, se quisesse ir, “teria absoluta segurança para fazer a visita”. Sua Excelência só esqueceu de combinar com a equipe da ministra, cuja versão é outra. Em quem o caro leitor prefere acreditar?

Quem pode, pode
Os poderes Executivo e Judiciário não conseguiram garantir o acesso da presidente do Supremo Tribunal Federal a uma prisão goiana onde quem manda é o crime organizado (qual facção? Isso está sendo decidido com muito sangue). E o Poder Executivo acaba de descobrir que não tem poder nem para nomear ministros sem receber ordens de fora: o juiz federal Costa Couceiro, da 4ª Vara de Niterói, suspendeu a nomeação da ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, obrigando o Governo a adiar a posse. Adiar ou desistir: o recurso foi rejeitado pela segunda instância. Mas Temer garantiu que vai até o Supremo para manter a nomeação. Tudo, menos largar o osso.

A causa do bem
Por que insistir tanto em Cristiane Brasil, que não tem grande presença como deputada nem se notabilizou por vastos conhecimentos na área do Trabalho? Simples: Cristiana é filha do deputado Roberto Jefferson, chefão do PTB, que tem vinte votos na Câmara – votos que podem ser essenciais na votação da reforma da Previdência. Como comentou um assíduo leitor desta coluna, Alex Solomon, a negociação sobre a reforma da Previdência segue conforme a rotina: “É pagar ou largar”. [além dos supostos votos dos quais Jefferson é 'dono', Temer não pode, nem deve, desistir de exercer poderes que lhe são conferidos pela Constituição Federal.
O Poder Judiciário não pode, nem deve - ou, nem deveria - impedir que o chefe de outro Poder exerça na plenitude os poderes que a Constituição lhe confere.
Age certo Temer. Se o Judiciário insistir em descumprir a Constituição Federal ficará claro a todos os Poderes - os explícitos no texto constitucional, aqueles que não constam da CF como Poder mas agem como se fosse e o Poder que intervirá quando, e se, necessário, inclusive para garantir o cumprimento da Constituição Federal da República Federativa do Brasil.
Temer, tem uma certa facilidade em recuar, mas, agora ele tem o DEVER de permanecer firme na luta por exercer seus poderes constitucionais.]

Dia D – ou quase D
Com manifestações ou sem elas, sejam favoráveis ou contrárias, e seja qual for o resultado do julgamento, o ex-presidente Lula não será preso no dia 24 de janeiro. De acordo com a assessoria de imprensa do TRF-4, onde deverá ser julgado o recurso de Lula contra a condenação em primeira instância, um condenado só pode ser preso depois de esgotados todos os recursos no segundo grau. Mesmo que nenhum juiz peça vista do processo, o que adiará a decisão até seu voto ser proferido, e Lula seja condenado por unanimidade, há a possibilidade de embargos de declaração, em que a defesa pede esclarecimentos sobre a sentença. Se houver prisão, só depois.[a assessoria de imprensa do TRF 4, pensa diferente da decisão do STF, ainda vigente, sobre prisão imediata do condenado cuja sentença seja ratificada por colegiado - esta decisão só perde a vigência quando o Plenário do STF decidir, por maioria absoluta ou unanimidade, que ela não vale mais.]

Válvula de escape
A notícia é excelente para o PT, que inicialmente ameaçava promover manifestações em todo o país (alguns dirigentes do partido, incluindo José Dirceu, falavam até em revolta). Depois reduziu as manifestações a duas, uma em São Paulo, outra em Porto Alegre, e estava em dificuldades para assegurar que as duas tivessem público ao mesmo tempo. Transporte, comida e hospedagem, mais o cachezinho dos voluntários, exigem quantias que hoje as centrais sindicais têm dificuldades de levantar, sem o imposto sindical e com a dramática redução das bancadas e cargos públicos do PT. [completando: e sem o dinheiro roubado pelo PT e do qual sempre sobrava alguma para as centrais sindicais.]

O incrível Huck
Luciano Huck, da Globo, apareceu no programa do Fausto Silva, como tantos astros da Globo. Se Huck será candidato, não se sabe. Ainda não é.

Hora H
O deputado Jair Bolsonaro, que até agora navegou tranquilo no mar sem candidatos das eleições presidenciais, está prestes a fazer uma descoberta: a de que não tem tempo de televisão, seja qual for o partido pelo qual decida sair. Nos blocos de 30 segundos, terá direito a algo como meio segundo. E nos blocos de 12m 30s, terá pouco mais de 12 segundos. Dá para repetir, sincopadamente, por cinco vezes, a frase “Militar é bom, civil é ruim”. [Bolsonaro não precisa de tempo de propaganda política; basta o povo saber que ele é candidato.
Poucos perdem tempo assistindo a baboseira que chamam de propaganda eleitoral gratuita.]

Desembarque
Não dá tempo nem para responder à reportagem sobre o crescimento de seu patrimônio. O parco horário de que disporá não é tão mau assim.

Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

 

domingo, 2 de abril de 2017

Uma eventual condenação de Temer não passará de uma curiosidade histórica

“Assim é se lhe parece” e outras sete notas de Carlos Brickmann


O Tribunal Superior Eleitoral inicia depois de amanhã o julgamento da chapa Dilma-Temer, acusada de abuso do poder econômico nas eleições de 2014. Se houver condenação, a chapa é cassada; os candidatos perdem o cargo que tenham obtido. Dilma já se foi; Temer perde o mandato.
 
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio cassou o registro da chapa Pezão – Francisco Dornelles. E, portanto, decidiu afastá-los dos cargos que ocupam, governador e vice-governador do Rio.  Pezão e Dornelles foram cassados, mas continuam exercendo o mandato até que o Tribunal Superior Eleitoral julgue seu recurso. Não dá tempo: até o recurso ser julgado, o mandato de ambos estará findo. Algo semelhante deve ocorrer com Michel Temer: o relator do processo, ministro Hermann Benjamin, pode apresentar relatório desfavorável ao presidente. 


Mas, ao que se sabe, ministros favoráveis a Temer estão dispostos a pedir vistas do processo, paralisando tudo. Na prática, não há prazo para devolver os autos, e enquanto isso o julgamento não anda. Mas imaginemos que o processo se mova e Temer seja derrotado. Vai continuar no cargo enquanto todos os recursos não forem julgados. E, em 31 de dezembro de 2018, à meia-noite, seu mandato presidencial se encerra. Depois disso, uma eventual condenação não passará de curiosidade histórica. Como dizia o ex-ministro Roberto Campos, o Brasil não corre o menor risco de dar certo.

Numerologia 1
Da internauta Simone Queiroz, assídua leitora desta coluna:
“13 é o número do PT/ 13 anos no poder
13,5 milhões de desempregados
Está comprovado: 13 é um número azarado.”


Numerologia 2
O juiz Sérgio Moro trabalha na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.


Inflação em queda
A inflação (em parte por maus motivos, como a recessão que obriga os fornecedores a reduzir, ou no máximo manter, seus preços; em parte por bons, já que as medidas antiinflacionárias estão funcionando) mostra tendência de queda – a tal ponto que o ministro Henrique Meirelles pensa em reduzir a meta oficial, em 2018, para 4,25%; e para 4% em 2019. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, já propôs que, a longo prazo, o país busque inflação máxima de 3% ao ano. Hoje a meta é de 4,5%, e o Governo Dilma a ultrapassou todos os anos.


Comércio respirando
A assessoria econômica da Federação do Comércio de São Paulo registra boa recuperação do varejo paulistano em janeiro. É o terceiro aumento seguido nas vendas, que subiram 5,9%, puxadas por concessionárias de veículos, que tiveram alta de 2,8%. Segundo a Federação, o crescimento de vendas de veículos indica a melhora das expectativas dos consumidores paulistanos, já que envolve gastos elevados por um extenso período. Mas os números do desemprego continuam altos.


Ainda falta!
As leves melhoras na economia não foram suficientes para dar uma injeção de popularidade no presidente da República. Uma pesquisa do Ibope, encomendada pela CNI, Confederação Nacional da Indústria, mostra péssimos índices para Michel Temer. Dos entrevistados, 55% consideram seu Governo ruim ou péssimo, contra 10% que o consideram ótimo ou bom. A esperança de Temer está numa recuperação econômica que seja percebida pelos eleitores e os convença de que o desemprego será reduzido.


Falta muito!
De acordo com pesquisa de outro instituto, o Ipsos, sobre a avaliação dos políticos brasileiros, o ex-presidente Lula está na frente: 38%. Mas tem dois grandes obstáculos no caminho para disputar a Presidência: o primeiro é que tem 59% de rejeição. A popularidade não é suficiente para elegê-lo no primeiro turno, e a rejeição é alta demais para permitir-lhe a vitória no segundo. O outro motivo é que o juiz Sérgio Moro e o ministro aposentado do Supremo Joaquim Barbosa são mais populares do que ele, e enfrentam menor rejeição. Moro tem 63% de popularidade; Barbosa, 51%.


Fato novo
Há também um novo possível candidato que pode criar problemas para Lula: o prefeito paulistano João Dória Jr., do PSDB, cuja administração vem sendo muito bem avaliada. Dória diz que não pretende deixar a Prefeitura no meio do mandato e que seu candidato a presidente é o governador Geraldo Alckmin. Mas como se comportará se as pesquisas, no ano que vem, o indicarem como o mais forte candidato entre os tucanos, com possibilidades reais de se eleger presidente? Alckmin, lembremos, já perdeu de Lula, com menos votos no segundo turno do que no primeiro.

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

quinta-feira, 16 de março de 2017

“A verdade, como lhe convém” e outras 5 notas de Carlos Brickmann

Lula seria incapaz de reconhecer Cerveró ─ afinal de contas, por que iria prestar atenção num rosto tão comum, numa empresa tão grande?

Pois eis que agora, tantos anos depois do início da Operação Lava Jato, depois de impiedosamente atacado, Lula começa a repor a verdade dos fatos a verdade dele, claro, mas quem disse que a verdade é apenas uma?  Agora sabemos, por seu depoimento, que Lula há três anos é vítima de um massacre. Pois nenhum político ou empresário, nem os Odebrecht, jamais lhe deu dez reais. E diz a verdade: ninguém lhe deu dez reais.

Acusá-lo de tentar obstruir as investigações da Lava Jato, que absurdo! Afirma Lula que o senador Delcídio do Amaral “disse uma inverdade”, ao afirmar, em delação premiada, que haviam conversado sobre maneiras de convencer Nestor Cerveró a calar-se sobre o que sabia da Petrobras. Lula, aliás, nem conhecia Cerveró. É verdade, claro: é impossível exigir que o presidente da República conheça um funcionário de uma estatal, mesmo que seja de alto escalão, mesmo que a empresa seja a maior do país, mesmo que seja Cerveró. Lula deve tê-lo cumprimentado sem prestar muita atenção. Seria incapaz de reconhecê-lo– afinal de contas, por que iria prestar atenção num rosto tão comum, numa empresa tão grande?

Lula diz também que fica profundamente ofendido com a insinuação de que o PT é organização criminosa. Só porque o “capitão do time” está preso, os três últimos tesoureiros do PT foram condenados, um presidente do partido também? Isso o ofende, claro: pois quem é o Brahma, o nº 1?

A verdade…
No depoimento, Lula disse que passou os oito anos de seu Governo sem participar de jantares e aniversários, “exatamente para não dar pretexto de aparecer àqueles que vêm tirar fotografia com celular para depois explorar essa fotografia”. Os maldosos lembram um belo jantar, em 4 de agosto de 2006, oferecido por ele no Jockey Club de São Paulo a empresários e políticos, para arrecadar fundos. Foram mil convites a R$ 2 mil cada; descontada a despesa, sobraria R$ 1,7 milhão. E, segundo o coordenador da campanha, Ricardo Berzoini, “é evidente que dá a oportunidade de diálogo do presidente com o empresariado e profissionais liberais”. Terá Lula dito uma inverdade? Não: ele disse que não participou de jantares. E esse, preparado pelo ótimo chef Charlô, não foi um jantar, foi um banquete.

…é uma mentira…
Houve também um almoço mais baratinho, em 13 de julho de 2006, no Restaurante São Judas, na rota do Frango com Polenta, no Grande ABC. Foram servidos dois tipos de frango (frito, com polenta frita; e à italiana, com molho de maionese); água, cerveja, refrigerantes. Lucro: R$ 495 mil.É que Lula circula bem em todas as classes”, esclareceu Berzoini.

…que aconteceu
Lula disse, enfim, que não é contra a Operação Lava Jato. “Eu quero que a Lava Jato vá fundo para ver se acaba com a corrupção”. E não é que mais uma vez ele fala a verdade? Lula é a favor da Lava Jato, e só dela discorda num pequeno detalhe: andou pegando políticos companheiros e empresários aliados, que além de aliados sempre foram generosos. Se a Lava Jato esquecesse o PT, Lula seria 100% a favor.

A verdade…
Para completar o elenco de verdades pouco conhecidas, o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ao juiz Sérgio Moro que “nunca falou de propina com Palocci”. Claro que não! Gabrielli sempre foi um executivo preocupado com a empresa. Até hoje, por exemplo, defende a compra pela Petrobras da Ruivinha, uma refinaria toda enferrujada em Pasadena, EUA.  
A empresa belga Astra Oil comprou a refinaria por US$ 42 milhões e a vendeu à Petrobras, pouco depois, por US$ 1,1 bilhão
Segundo o delator Agosthilde Mônaco de Carvalho, já antes da compra Gabrielli tinha indicado a Odebrecht para reformá-la. Um executivo tão preocupado com a empresa que antes mesmo de fechar um negócio já tinha decidido como iniciar a operação não iria conversar sobre propinas e pixulecos com um político importante como Palocci. Talvez tenham discutido a adequada destinação dos parcos recursos disponíveis.

…de cada um
O patriarca da empresa, Emílio Odebrecht, vê Antônio Palocci como um político especial – “não carreirista como a maioria, mas um homem inteligente com visão de estadista”. Emílio Odebrecht, com tantos anos de experiência no mercado, certamente sabe avaliar as pessoas; conhece a diferença entre o que um político acha que vale e seu valor real.
“A gente trocava muitas ideias sobre aquilo que era importante para o nosso Brasil”, narrou. De um lado da mesa, Emílio Odebrecht; de outro, Antônio Palocci. Assistir à troca de ideias entre ambos, conhecedores do mundo e do comportamento dos seres humanos, deve ser instrutivo, uma aula de economia, de gestão e de política. Um privilégio valiosíssimo.

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Oito notas de Carlos Brickmann

Na Política, Temer parece chamar a Lava Jato a cada instante. Perde-se em bobaginhas


Governo faz, desfaz e desfaz
O problema do Brasil definitivamente não é a falta de Governo. Só em Brasília há três, que jamais poderiam conviver se não fossem, os três, presididos simultaneamente pelo mesmo Michel Miguel Elias Temer Lulia. Ou talvez sejam três os Michel Temer, mudando conforme o tema. Na Economia, as coisas andam: pode-se discordar dos seus rumos, mas é certo que há objetivos, e que vêm sendo alcançados sem grandes turbulências, sob o comando de gente do ramo, de boa reputação. Nesse clima, mesmo notícias ruins, como o desemprego em alta, acabam sendo bem aceitas.

Na Política, Temer parece chamar a Lava Jato a cada instante. Perde-se em bobaginhas. O caso Geddel, do ministro que caiu porque queria mexer no gabarito de um prédio na praia, só não é exemplar porque não serviu de exemplo. Temer repete Dilma, que quis nomear Lula ministro para dar-lhe foro privilegiado: nomeia Moreira Franco para salvá-lo de Moro.

O restante do Governo parece descoordenado. Insistir em Edison Lobão, que responde a inquérito autorizado pelo Supremo, para presidir a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, é atrair tempestades. Elevar Alexandre de Moraes ao Supremo, ele que, em sua tese de doutoramento, já deu os argumentos para não ser nomeado? Eleger Eunício, citado em delação, para presidente do Senado, é contratar uma crise futura.
Na disputa dos três Michéis, quem é o Michel verdadeiro?

Sejamos sérios
Esta coluna levantou uma questão para cada leitor examinar e decidir. Mas sem maldade: fica feio dizer que o Michel verdadeiro é o Michelzinho.

Em busca do escorregão
Eunício, Alexandre de Moraes, Édison Lobão? Há mais gente. O PMDB do Mato Grosso do Sul indicou o deputado federal Carlos Marum para presidir a comissão especial sobre a reforma da Previdência. Marum é uma pedra solta aguardando um tropeção: sempre foi o maior defensor de Eduardo Cunha na Câmara. Cunha hoje está preso.

Nesta data querida
Na prática, já é Carnaval. Terminados os festejos, a Operação Lava Jato estará completando três aninhos de vida. Na área empresarial, a Lava Jato entrou como um furacão. Na área política, está bem mais para brisa. Condenou um político de peso, Delcídio do Amaral. Só um. 

Outros políticos, como Eduardo Cunha, aguardam julgamento. Há os que foram condenados em processos anteriores, como José Dirceu. OK, nunca houve clima tão tenso nos meios políticos, nunca houve tantas Excelências atrás das grades, somando Petrolão, Mensalão e Lava Jato. Mas não dá para comparar o andamento dos casos que envolvem políticos com o avanço dos processos contra empresários, a cargo de juízes de primeira instância. Com a homologação das delações (só na Odebrecht, são 78 especialistas que prometem contar cada caso como o caso foi), tudo fica mais lento.

Muitos anos de vida
Imagine que cada delator premiado da Odebrecht entregue só um nome (uma expectativa das mais conservadoras). De repente, caem sobre o Supremo mais 78 inquéritos, que revelarão outros nomes de suspeitos. Como farão os ministros para enfrentar o excesso de trabalho, eles que já têm milhares de processos aguardando decisão? Não haverá o risco de transformar julgamentos importantes, didáticos, em simples estatísticas?

Mais e mais
E, por falar em risco de soterrar o Supremo sob uma avalanche de julgamentos, a delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, gerou quatro pedidos de abertura e inquérito ao Supremo: sobre José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá e o próprio Machado. Imaginemos o que vem das 78 delações da Odebrecht – em que o setor de pixulecos era estabelecido e organizadíssimo – e de outras empreiteiras, além de personalidades como Eike Batista. A menos que seja possível multiplicar a velocidade dos julgamentos, como fazer com que todos se realizem?

Bis repetita
Há poucas semanas, o ex-presidente José Sarney informava que não mais se candidataria ao Senado pelo Amapá. Questão de idade, dizia. Aos 87 anos, teria chegado a hora de se aposentar. Há alguns dias, amigos de Sarney garantiram que a eleição seria facílima e ele não teria de se esforçar para ganhar. Pois é. Será que o pedido do procurador-geral Janot nada tem a ver com a possível mudança de posição de Sarney diante da eleição?

A voz da experiência
Anúncio de Sérgio Cabral nas eleições de 2006: “Sérgio Cabral é o mais preparado para governar o Rio de Janeiro porque tem um compromisso com a eficiência. Compromisso em fazer as coisas bem feitas, falar com as pessoas direito e tratar o dinheiro público com honestidade e respeito”.

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

 

domingo, 30 de outubro de 2016

“Somos todos iguais. Ou mais iguais”

“Somos todos iguais. Ou mais iguais” e outras sete notas de Carlos Brickmann

Tão logo assumiu o poder, Temer aprovou um forte aumento para as 38 carreiras mais organizadas do serviço público. Custo total, R$ 170 bilhões

Nada de hesitações: o importante é combater a crise, com os sacrifícios que isso exige de todos. O Governo propôs emenda constitucional que limita os gastos do próprio Governo, e para aprová-la na Câmara promoveu dois luxuosos e caros banquetes, em palácio, para centenas de deputados. É bonito ver como o povo, unido, se articula para o duro embate.

Tão logo assumiu o poder, Temer aprovou um forte aumento para as 38 carreiras mais organizadas do serviço público. Custo total, R$ 170 bilhões. Estas carreiras já estão prontas pra enfrentar a crise. E aprovou outro aumento, de 47%, para outras carreiras bem organizadas, entre elas a Polícia Federal, no dia seguinte ao da aprovação do limite de gastos do Governo. O funcionalismo desses setores já está apto a enfrentar a crise.

O Governo é que ainda está atrapalhado: em setembro, seu déficit foi de R$ 25,3 bilhões – um recorde, quase o quádruplo de setembro do ano passado. Em 12 meses, o buraco federal já chegou a R$ 138 bilhões. E o orçamento prevê que, em dezembro, o rombo pode bater em R$ 170 bilhões – praticamente o custo daquele primeiro momento de generosidade oficial. Como é duro um Governo preparar seus servidores para a crise!
Os bancos se armaram para a crise jogando os juros ao alto. Cartões, 15,7% ao mês; cheque especial, 324% ao ano. E nós? Que quer, moleza? Ganhando menos na crise, temos é de trabalhar mais. Se houver emprego.

Questão de detalhes
A nova rodada de aumentos foi tão discreta que a líder do Governo no Congresso, senadora Rose de Freitas, de nada sabia. Era contra e decidiu deixar o cargo. A aprovação, por uma comissão da Câmara, ocorreu só oito horas após o plenário aceitar a emenda constitucional que impôs limites aos gastos oficiais. A tática era deixar o aumentão passar despercebido, sob a sombra da emenda. Nem isso deu certo. A base não chegou a rachar, mas muitos parlamentares se sentiram enganados. E vão cobrar.

O equilibrista
Temer deve escolher, para a liderança do Governo no Congresso, o senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima. Jucá é um político de excelente trânsito em todas as áreas: foi presidente da Funai com Figueiredo, governador nomeado de Roraima com Sarney, ministro e vice-líder do Governo com Fernando Henrique, líder do Governo no Congresso com Lula e Dilma, ministro com Temer. Um político de convicções firmes: está sempre com o Governo. Se o Governo muda, problema do Governo.

Serra, Temer, Odebrecht
A delação premiada de Marcelo Odebrecht e de 80 dirigentes de suas empresas está marcada para o dia 8. Mas as informações já começaram a vazar. As mais explosivas se referem ao presidente Michel Temer e ao chanceler José Serra. Serra, o mais atingido pelos vazamentos, teria recebido R$ 23 milhões da Odebrecht, no Brasil e na Suíça, na campanha presidencial de 2010. Ao assinar a delação premiada, a Odebrecht entregaria os comprovantes dos depósitos no Brasil e no Exterior. Serra disse que “não vai se pronunciar sobre vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido em sua campanha”.

Lula, o réu
O juiz Sérgio Moro marcou para 21 de novembro as primeiras audiências do processo contra Lula. Devem ser ouvidos, até o dia 25, Nestor Cerveró, Fernando Baiano, Paulo Roberto Costa, Delcídio do Amaral, Pedro Correia e Alberto Youssef. Depois, Moro deve ouvir Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, sobre o triplex do Guarujá.

As preliminares estão pegando fogo: Lula decidiu abrir processo contra o delegado Felipe Hile Pace, da Polícia Federal, que o identificou como o “Amigo” citado nas  planilhas da Odebrecht. Pede indenização de R$ 100 mil. E insiste em afastar Moro, considerando-o parcial e, portanto, suspeito.

As novidades
Zeca Dirceu, filho de José Dirceu, e Antônio Palocci são agora réus.

Voa, dinheiro!
A Saudi Aramco, uma das maiores empresas petroleiras do mundo, controlada pela família real saudita, informou que um funcionário se envolveu em caso de corrupção com a Embraer. O caso ocorreu durante as negociações para a venda de três jatos EMB-170, em 2010. A Embraer não se manifestou sobre a acusação. O informe saudita não dá detalhes do caso.

Reformar sem reforma
Não leve a sério o noticiário sobre a reforma política, cuja discussão começa nos próximos dias. A reforma é necessária: as campanhas são caras demais, exigindo doações demais (e, depois, há a retribuição); há parlamentares demais; há partidos demais. Mas que parlamentar irá mudar o sistema pelo qual se elegeu? É onde sabe se mover. Mudar, jamais.

Fonte: Blog do Augusto Nunes - VEJA - Publicado na coluna de Carlos Brickmann


domingo, 7 de agosto de 2016

“Quando setembro vier” e outras oito notas de Carlos Brickmann

Dilma, definitivamente afastada, poderá realizar seu projeto de passar algum tempo fora do Brasil, descansando

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

Este é o último mês de confusão institucional: setembro já se inicia com presidente definido ao que tudo indica, Michel Temer, que poderá finalmente aplicar sem entraves seu plano de Governo. Dilma pode ficar, desde que consiga 28 votos dos 81 senadores; as probabilidades são pequenas. A previsão é de 20, ou pouco mais. E Dilma, definitivamente afastada, poderá realizar seu projeto de passar algum tempo fora do Brasil, descansando.

A data exata não pode ser prevista, mas será em agosto. Dilma queria prolongar o processo por mais algum tempo – morar num palácio belíssimo, com ampla criadagem, cozinheiros talentosos, comida e bebida à escolha, carro e seguranças à disposição, jato da FAB, gratuito, para visitar a família, não são mordomias que se rejeitem mas poucos concordaram com o prolongamento da crise. O senador Ronaldo Caiado, DEM de Goiás, foi definitivo quando lhe perguntaram se seria possível encerrar o processo ainda neste mês. “Não é questão de ser possível: ele será encerrado”. Aposte na última semana de agosto, começando no dia 24 e terminando antes do dia 30.

Até lá, Dilma vai perdendo apoio. Rui Falcão, presidente nacional do PT, o partido de Dilma, descarta a ideia da presidente afastada de convocar um plebiscito que antecipe as eleições. “Até convocar um plebiscito e depois as eleições, estaremos em 2018”, desdenha.
Pois 2018 é a data normal das eleições, sem necessidade do plebiscito imaginado por Dilma.

Alternativas
Neste momento, Temer só tem um caminho: fazer o necessário para garantir sua vitória e manter a Presidência, A partir do momento em que seu cargo não mais esteja em jogo, Temer poderá seguir dois caminhos: o de José Linhares, presidente interino após a queda do ditador Getúlio Vargas, e o de Itamar Franco, que substituiu Fernando Collor. 

Linhares passou seu Governo nomeando parentes e amigos. Itamar fez um Governo sério, que culminou com o Plano Real.  Temer pode escolher qual PMDB representa: o de Ulysses Guimarães ou este que está aí, de Eduardo Cunha, Renan e Jader Barbalho.

Erramos
Por falar em Temer, Antônio Lavareda esclarece nota desta coluna que o apontou como um dos Três Marqueteiros que cuidam da imagem do presidente.
Lavareda informa que não trabalha para Temer, nem o assessora.

Imagem do Brasil
Determinação oficial do Governo chinês a seus atletas olímpicos: “Deixem relógios em casa e não falem em celular na rua”. Pelo jeito, os chineses não confiam em nossa segurança pública: devem achar que é muito xing-ling.

Passou do ponto
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tentou agir como de costume, assumindo à força a presidência do Mercosul. Mas a mudança de governo no Brasil e na Argentina não permite mais seus exageros. Maduro declarou a Venezuela presidente do Mercosul, alegando que, conforme as normas, assume o país com nome seguinte ao do líder anterior, por ordem alfabética. Saiu o Uruguai, vem a Venezuela.

Só que a Venezuela ainda não cumpriu mais de cem cláusulas obrigatórias para um membro do Mercosul. Não pode assumir. O chanceler brasileiro José Serra propõe que o Mercosul seja dirigido, nesse período, por uma comissão de embaixadores. Maduro poderá dirigir todos seus esforços para cuidar dos problemas internos da Venezuela.

Alívio
A Justiça dos EUA adiou por tempo indeterminado o julgamento das ações movidas contra a Petrobras por investidores americanos, que consideram seus investimentos prejudicados pelo Petrolão. Só as ações coletivas envolvem US$ 10 bilhões. A decisão levou em conta os recursos da Petrobras contra partes da acusação, como o período em que os queixosos alegam prejuízo. Com isso, a Petrobras ganha fôlego para acertar seus problemas financeiros.

Pressão
Em compensação, associações de trabalhadores e de aposentados da Petrobras decidiram processar a empresa e seu fundo de pensão, o Petros. Cobram R$ 500 milhões em débitos judiciais atrasados. Esta ação é a primeira de uma série, para evitar que os prejuízos do Petros tenham de ser cobertos pelos associados, já que a seu ver foram causados pela empresa.

Não perca
Um belo passeio a uma bela cidade, para um belo programa cultural. A mostra coletiva de artes do Grupo Pigmento, na Galeria Brás Cubas (Avenida Pinheiro Machado, 48, 2º andar) é ótima; e, nela, há as obras de uma boa e talentosa amiga, Cyra de Araújo Moreira. De segunda a sábado, das 11 às 19 horas, até 10 de setembro. Vale a pena.

Imperdível
Frase precisa de Elio Gaspari: “Os tucanos são notáveis políticos, capazes de brigar até mesmo pelo assento de uma cadeira elétrica”.

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sexta-feira, 29 de julho de 2016

“Toma que o apê é seu” e outras quatro notas de Carlos Brickmann

Marisa Letícia abriu processo contra a Bancoop e a empreiteira OAS, pedindo que lhe paguem R$ 300.817,37, referentes à cota de um apartamento no Edifício Solaris


Nada de estranho: você, caro leitor, não é dono de um imóvel; e, aproveitando a oportunidade que não existe, exige que os donos do imóvel que não é seu (e você proclamou que não é seu) lhe paguem por ele.

Pois é: Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abriu processo contra a Bancoop, Cooperativa Habitacional dos Bancários, e a empreiteira OAS, pedindo que lhe paguem, “em parcela única e imediata”, a quantia de R$ 300.817,37, referentes à cota de um apartamento no Edifício Solaris, no Guarujá – sim, sim, o mesmo do famoso triplex que mobilizou a Polícia Federal e o Judiciário.

Há algum tempo, na Europa, uma igreja cristã, situada ao lado de um prostíbulo, promovia rezas diárias (e em alto volume) contra as atividades do vizinho. E, claro, o volume das orações atrapalhava o movimento. Um dia, o prostíbulo foi destruído por um incêndio, e sua proprietária responsabilizou judicialmente as orações da igreja vizinha pelo problema, exigindo indenização. A igreja disse, na defesa, que as orações nada tinham a ver com o incêndio.
Este colunista não se lembra do resultado da disputa, mas nunca esqueceu uma frase do juiz: “Jamais imaginei julgar uma causa em que um prostíbulo culpe as preces do vizinho como causadoras de seu prejuízo; e a igreja afirmar que as orações não têm efeito nenhum”.

O barateiro
Lembra de Fernando Cavendish, da empreiteira Delta? Aquele da Festa dos Guardanapos, em Paris, com hotel fechado para seletos candidatos, como Sérgio Cabral, com mulheres exibindo as solas vermelhas de seus caros calçados Louboutin? Bem, Cavendish apresentou sua defesa no processo da Operação Saqueador, e disse que a Delta “foi responsável por uma economia milionária aos cofres públicos”. Deve ter razão: uma economia tão grande que lhe deve ter permitido financiar a farra parisiense.

Sem essa economia, a conta da festa poderia cair no velho e bom Tesouro.

Turismo
Dilma diz que, se o impeachment for aprovado, vai repousar algum tempo fora do país, no Uruguai ou no Chile. São excelentes pontos turísticos, mas Dilma esquece os amigos: por que não Venezuela e Cuba?

Atenção
O processo contra a senadora Gleisi Hoffmann, do PT paranaense, será animadíssimo e não apenas por Gleisi ser ministra e amiga de Dilma e esposa de outro político petista de importância, o ex-ministro Paulo Bernardo; mas por esbarrar no porto cubano de Mariel, construído pela Odebrecht e financiado pelo BNDES. Pode roubar as manchetes.

Sinal de perigo
Só 37% dos alunos que acabaram recentemente o ensino médio pensam em ir para a Universidade. O número de universitários no último ano caiu 22,4%. A maior parte culpa a crise, que os obriga a trabalhar mais cedo. Resolvem seu problema, mas o desenvolvimento do país fica para trás.

Publicado na coluna de Carlos Brickmann

 

 

domingo, 29 de maio de 2016

Presidente do PT = vidente de circo e “No caminho também era o caos”

Vidente de circo - Presidente do PT garante que os brasileiros logo vão querer piorar de vida

“Vão começar a reclamar, sobretudo aqueles que não são ricos e têm o que perder, os assalariados. Vão refletir: ‘Opa! Estamos numa fria. É bom que a mulher volte porque agora está pior'”. 

(Rui Falcão, presidente do PT, em entrevista à BBC Brasil, jurando que os brasileiros pobres, principalmente os milhões de desempregados, logo vão exigir que a pior governante da história volte ao Planalto para concluir a missão de quebrar o Brasil)

Fonte: Coluna do Augusto Nunes

“No caminho também era o caos” e outras sete notas de Carlos Brickmann

No Brasil, gente de terceiro time abre a boca e derruba figurões; pois figurões e figurinhas são a mesma turma, unida para mamar onde for possível, tanto quanto for possível

No princípio, ensina a Bíblia, era o caos. No Brasil os princípios de há muito foram esquecidos, mas o caos se mantém. Gente de terceiro time abre a boca e derruba figurões; pois figurões e figurinhas são a mesma turma, unida para mamar onde for possível, tanto quanto for possível.

Quem é Pedro Corrêa? Um obscuro parlamentar pernambucano, conhecido por pouquíssima gente. É o depoimento dele que põe Lula no palco, já que o acusa, em delação premiada, aceita pela Justiça, de comandar a distribuição dos pixulecos da Petrobras e a nomear diretores mais compreensivos com as necessidades financeiras dos partidos.

E aquele Sérgio Machado, que conversou com velhos amigos, gravou tudo e entregou as gravações ao Ministério Público? Este acertou um ex-presidente da República, José Sarney, derrubou um ministro importante, Romero Jucá, e atingiu o segundo homem na linha sucessória, Renan Calheiros. Todos os figurões falaram abertamente com o homem do terceiro time. Claro: eram aliados, não tinham segredos uns com os outros.

Há mais caos no futuro. Lembra de Pedro Barusco, o gerente que ficou com uns cem milhões de dólares? Está colaborando agora com a Justiça americana, onde correm processos de quase cem bilhões de dólares contra estatais brasileiras. E falta a delação premiada de Marcelo Odebrecht.

O interminável
Sarney, no finalzinho de 2014, pronunciou seu discurso de despedida da vida pública. OK, todos pensavam saber do que Sarney seria capaz. Mas alguém imaginaria que ele, com quase 86 anos, ex-deputado, senador, presidente, seria capaz de deixar a vida pública para recolher-se à privada?

Mão na massa
Pedro Corrêa confessou (VEJA dá a reportagem na capa, neste fim de semana) que recebia dinheiro de uns 20 órgãos do governo, sempre seguindo ordens do então presidente Lula. Atribui a Lula frases específicas sobre distribuição de propinas. Dá detalhes sobre suas próprias atividades no campo da corrupção, nos últimos quarenta e poucos anos. Fala sobre corrupção de 1970 para cá (Fernando Collor, seguido por Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula, Dilma e Michel Temer), mas o único figurão que cita é Lula.

Tem para todos
Assustado com o déficit gigantesco do Orçamento? Coisa pequena. Em setembro ou outubro a Justiça de Nova York julga ação de dois fundos de pensão contra a Petrobras. A pena máxima possível é de US$ 98 bilhões, como punição pelos prejuízos causados aos acionistas por suas fraudes.

Os novos alvos
Um dos políticos mais próximos da presidente afastada Dilma Rousseff está na linha de tiro: o governador mineiro Fernando Pimentel, do PT. Na delação premiada do empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto (Bené, aquele cujo avião carregado de dinheiro foi vistoriado pela Federal), Pimentel aparece como beneficiário de propinas de 20 empresas, de empreiteiras a uma petroquímica, passando por agências de publicidade e  uma indústria automobilística). As doações a Pimentel envolvem também sua esposa, recentemente nomeada e em seguida afastada, por ele, secretária de Estado.

Agora vai
A Comissão de Artigos Desportivos da Assembleia paulista aprovou projeto que torna obrigatório executar o Hino Estadual, após o Hino Nacional, nos jogos interestaduais realizados em São Paulo. E nem é a marcha Paris Belfort, símbolo da revolução constitucionalista de 1932. Começa assim: Paulista, para um só instante dos teus quatro séculos, Ante tua terra sem fronteiras, O teu São Paulo das “bandeiras”! O autor do projeto é o deputado Igor Soares, do PTN.
Conforme o jogo, pode ser até a parte mais importante.

Mas vai mesmo
Em eleição vale tudo: em São Paulo, por exemplo, o ex-tucano Andrea Matarazzo sai pelo PSD, partido do ministro Gilberto Kassab. Ambos têm sentimentos intensos um pelo outro: adorariam ver o hoje aliado coberto de rodelas de limão e com a maçã na boca. Andrea era oposição a Dilma, em cujo governo Kassab foi ministro. E há quem jure que José Serra, que se dá bem com os dois mas cujo partido tem candidato (o empresário João  Dória Jr.) poderia fechar com eles, para derrotar o governador Alckmin, tucano como Serra mas seu rival para ser candidato à presidência.

Foi!!!
Serra é ministro de Temer e seu aliado firme. Mas o PMDB do presidente Temer tem candidato em São Paulo: a ex-petista Marta Suplicy. Entretanto, não se confunda: aqui não estamos falando de caos, o velho e permanente caos da política nacional. A palavra é outra: confusão.

Fonte: Coluna do Carlos Brickmann - http://www.brickmann.com.br/