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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Em um mês, 23 pessoas morreram de fome em cidade síria

Número foi contabilizado pela organização Médicos Sem Fronteiras desde 1º de dezembro em Madaya, uma dos localidade sitiadas pelas tropas do ditador Bashar Assad

Vinte e três pessoas morreram de fome em Madaya, na Síria, desde o dia 1º de dezembro, informou nesta sexta-feira a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). A cidade, perto de Damasco, é um dos locais que se encontram sitiados por tropas fiéis ao ditador Bashar Assad, que impedem a entrada de alimentos e remédios para forçar rebeldes a se entregarem. Segundo o MSF, entre essas vítimas, seis tinham menos de um ano de idade. A organização ainda contabilizou 13 mortes de pessoas que tentaram fugir em busca de alimentos, mas que morreram depois de pisarem em minas que rodeiam a cidade ou serem atingidas por disparos de franco-atiradores.


 Civis sofrem com desnutrição na cidade síria de Madaya, sitiada pelas forças do presidente Bashar al-Assad (Twitter/Reprodução)
Nesta quinta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou, em um breve comunicado, que se prepara para fornecer ajuda humanitária em três cidades que são alvo do cerco, que já dura desde abril: além de Madaya, Foah e Kefraya. Segundo a ONU, 40.000 pessoas - metade delas crianças - precisam de assistência imediata em Madaya. No entanto, um porta-voz da Cruz Vermelha disse que a cidade síria não poderá receber ajuda até domingo porque trata-se de uma "enorme e complicada operação".

Ainda não está claro como será a ajuda permitida em Madaya, a cidade mais afetada, onde os adultos e crianças, para sobreviverem, tiveram de comer grama, folhas e "sopa" de água com ervas. Com a escassez de alimentos, um quilo de arroz na cidade chega a custar o equivalente a 250 dólares (ou quase 1.000 reais) - quantia exorbitante e inviável para a maioria da população. A última prestação da ajuda humanitária na cidade foi em outubro, e agora há escassez de tudo, inclusive de leite para as crianças e de produtos médicos básicos, como anti-inflamatórios e analgésicos.

A guerra civil na Síria, que matou mais de 220.000 pessoas, já dura quase quatro anos e não há indicações de que o conflito esteja próximo do fim. Os esforços para promover um diálogo entre representantes do regime do ditador Assad estão paralisados. Os protestos contra o regime para tirar Assad do poder se transformaram em uma violenta guerra civil sectária que dividiu ainda mais o país. A oposição síria moderada perdeu espaço com o avanço de diversos grupos extremistas, sendo o Estado Islâmico o mais poderoso deles.

Da redação de VEJA


quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ONU trabalha para salvar cidade síria sitiada da fome

Em Madaya, a cidade mais afetada pela fome extrema, as pessoas têm de comer grama, folhas e “sopa” de água com ervas. 

Um quilo de arroz chega a custar R$ 1.000

 Crianças sofrem com a falta de alimentos na cidade sitiada de Madaya, Síria(Syrian American Medical Society/Reprodução)
O governo da Síria concedeu nesta quinta-feira permissão para a Organização das Nações Unidas (ONU) coordenar a ajuda humanitária a três localidades que se encontram sitiadas, incluindo a cidade de Madaya, perto de Damasco. Madaya está cercada por tropas fiéis ao ditador Bashar Assad e boa parte da população está passando fome. "A ONU se prepara para entregar ajuda humanitária nos próximos dias", informa um breve comunicado das Nações Unidas. Nas outras duas cidades que serão ajudadas, Foah e Kefraya, a população também está resistindo a um cerco debilitante após as tropas sírias cercarem grupos rebeldes que lutam para derrubar Assad. O cerco já dura desde abril.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, os moradores estão céticos de que as entregas de suprimentos vão ser suficientes. Madaya, Foah e Kefraya são apenas os exemplos mais recentes de uma estratégia cruel utilizada pelas tropas de Assad: fazer um cerco para impedir a entrada de alimentos e forçar os rebeldes a se entregarem, não se importando com o sofrimento da população civil. Áreas como Ghouta, nos subúrbios de Damasco, e o campo de refugiados de Yarmouk, ao sul da capital, sofrem bloqueios semelhantes.


Apoio urgente é necessária para Sitiada e esfomeado Civis de Madaya


Ainda não está claro como será a ajuda permitida em Madaya, a cidade mais afetada, onde os adultos e crianças, para sobreviverem, tiveram de comer grama, folhas e "sopa" de água com ervas. Com a escassez de alimentos, um quilo de arroz na cidade chega a custar o equivalente a 250 dólares (ou quase 1.000 reais) - quantia exorbitante e inviável para a maioria da população. A última prestação da ajuda humanitária na cidade foi em outubro, e agora há escassez de tudo, inclusive de leite para as crianças e de produtos médicos básicos, como anti-inflamatórios e analgésicos. Agentes da ONU informam que centenas de pessoas, sobretudo idosos e crianças, já morreram de fome em Madaya.

"Madaya não está à beira de uma catástrofe humanitária, já é uma catástrofe humanitária", disse um agente de saúde. "A visão das ruas é assustadora. Sabemos que as pessoas pensam que estamos exagerando, mas acreditem em mim, é pior do que qualquer exagero", disse o agente ao jornal britânico, temendo se identificar por temer represálias do regime.

A guerra civil na Síria, que matou mais de 220.000 pessoas, já dura quase quatro anos e não há indicações de que o conflito esteja próximo do fim. Os esforços para promover um diálogo entre representantes do regime do ditador Assad estão paralisados. Os protestos contra o regime para tirar Assad do poder se transformaram em uma violenta guerra civil sectária que dividiu ainda mais o país. A oposição síria moderada perdeu espaço com o avanço de diversos grupos extremistas, sendo o Estado Islâmico o mais poderoso deles.

 Fonte: Redação VEJA


domingo, 18 de outubro de 2015

O pianista

Ahmad se decidiu pelo êxodo no dia em que fez 27 anos. Naquela madrugada não conseguira alimentar o filho faminto

Música não precisa de tradução nem visto de entrada. É linguagem universal. Além de suas outras utilidades mil, ela serve de bálsamo para vidas à deriva, atravessa muros e fronteiras, fura bloqueios e não pesa na bagagem. Que o diga o jovem sírio Ayham Ahmad.

Domingo passado, apesar do frio do cão que prenuncia um inclemente inverno europeu, 24 mil pessoas participaram de um concerto ao ar livre na monumental Königsplatz de Munique. Cantaram, dançaram, fizeram selfies e foram felizes durante mais de duas horas na histórica praça traçada dois séculos atrás para concorrer com a Acrópole de Atenas, e de grande serventia para mastodônticos comícios nazistas.

Só que, desta vez, a galera tinha a cara de uma Alemanha nova. Metade era refugiada de guerra exaurida pelo êxodo e recém-aportada na Baviera; a outra metade era de voluntários alemães que os acolheram ou queriam expressar solidariedade. Organizado em menos de duas semanas e intitulado “Danke-Konzert” (concerto de gratidão), o megashow reuniu as bandas indie mais populares do país. O próprio prefeito da cidade se encarregou de empunhar uma guitarra e entoar “Não somos apenas nós”, canção pró-refugiados que o público parecia conhecer. “O mundo é grande o suficiente. Não somos só nós. Alô, Nova York, Rio, Rosenheim (sede administrativa da Baviera), participem também”, incentivou ele, referindo-se à transmissão on-line.

Ahmad nunca tocara para tamanho mar de gente. Muito menos para um mar de caucasianos com cartazes a proclamar que “Nenhum ser humano é ilegal”. Enrolado ao tradicional keffieh palestino no pescoço, ele subiu ao palco como atração principal — seis meses atrás sua imagem tocando um piano detonado entre os escombros de Yarmouk, na Síria, havia corrido mundo. Ele se tornara o cancioneiro do sofrimento sírio e sua música era ouvida como trilha sonora do horror.

Domingo passado, Ahmad tocou canções de sua gente num Yamaha acústico CP de última geração. Todos entenderam o misto de dor e alegria, mesmo quem não entendia árabe. Sua mulher, dois filhos pequenos, o piano carbonizado e o bairro de refugiados palestinos onde nascera haviam ficado para trás. Ele teve sorte. Só no mês passado morreram afogados no Mar Egeu 144 refugiados da mesma travessia — 44 eram crianças. E dois dias atrás morreu a primeira vítima de um dos países europeus que lhes são hostis — foi baleada pelas forças policiais da Bulgária.

A Yarmouk do pianista fora erguida seis décadas atrás nas franjas de Damasco, capital da Síria, como campo de acolhimento para palestinos fugidos de Israel. Consolidada como bairro, chegou a abrigar quase 700 mil pessoas. Hoje, restam no máximo 18 mil a vagar entre ruínas. Ahmad se decidiu pelo arriscado êxodo em abril deste ano, no dia em que completava 27 anos. Naquela madrugada não conseguira alimentar o filho faminto. “Saí de lá porque a vida ali cessou”, explicou à repórter do “Huffington Post” que o perfilou.

Sobrevivera com a família a quatro anos de guerra civil com destruição e morte por toda parte. Primeiro, foram os bombardeios da Síria e o estrangulamento de Yarmouk por bloqueio total, levando os moradores a se alimentarem de plantas, gatos, cachorros e macacos. Depois, já de joelhos, o bairro-cidade foi ocupado pelos homens de preto — os jihadistas do Estado Islâmico (EI). A água acabou, a farinha e o pão sumiram e a música, considerada haram (infiel), foi proibida.

Filho de violinista, Ahmad tocava piano desde os 6 anos de idade e havia estudado música em Homs até a guerra civil inviabilizar qualquer atividade. De volta à Yarmouk destruída, ele decidiu instalar a céu aberto seu surrado piano e passou a tocar entre escombros, para aliviar a alma de quem o ouvisse. Outros músicos de ocasião se juntavam a ele para cantarolar a céu aberto sobre a vida. Com a ocupação do EI, a vida para ele cessou.

Ahmad ainda tentou camuflar o piano numa carreta improvisada coberta por papelão ao partir para Damasco, onde deixou a família. Mas os jihadistas interceptaram o comboio, encharcaram de gasolina o instrumento e o incendiaram à sua frente.  O resto da saga do músico se assemelha a de tantos outros. De Damasco, ele seguiu sozinho a pé, de ônibus, barco inflável, navio grande, trem: Homs, Hama, Dikili, Lesbos, Atenas, Macedônia, Bulgária, Sérvia, Croácia, Áustria e, por fim, Munique, onde chegou em setembro, cinco meses depois de partir.

Como ele mesmo explica, na terra em que morava, a opção era juntar-se a alguma facção ou esperar pela morte. Decidiu esperar pela morte tocando piano e cantando. Agora em terra estrangeira, continua tocando piano e cantando. Espera pela vida ao lado da mulher e filhos. Um dia talvez. “Quero dizer ao mundo que somos apenas civis, que amamos a música”.

Em tempo — Decretado o fim de fotos de mulheres nuas na “Playboy”, quem continuar a comprá-la pode dizer, agora sem cinismo, que o faz para ler as entrevistas de qualidade da revista. Já quem é adepto de obscenidades hard core na vida real basta acompanhar a política praticada em Brasília.

Por: Dorrit Harazim, jornalista


sábado, 25 de abril de 2015

Do inferno na Síria ao recomeço no Brasil

Eles são a nacionalidade com o maior número de refugiados no País. 

Como vivem os milhares de sírios que, amparados por uma resolução que facilita a obtenção do visto, tentam esquecer os horrores da guerra e construir uma nova vida aqui

Foi durante um bombardeio em Damasco, na Síria, em 2013, que Mazen al-Sahli, 45, perdeu sua casa e seu restaurante, na guerra que atormenta o País há quatro anos. Refugiado no Brasil há um ano, ele conta sua história do sofá da casa que alugou em Guarulhos, na Grande São Paulo, sentado de costas a uma parede decorada com frases do Corão. Sahli dá um gole no café, fixa o olhar no vazio, suspira e repete: “Você não sabe o que é a guerra.” Na capital síria, ao se ver rodeado pelos destroços do que um dia foi seu lar, vagou pela cidade ao lado do filho, Mohammad al-Sahli, 16 anos, e da mulher, Halema Helal, 40 anos. Moraram durante sete meses em uma escola e na casa de parentes. 

Solicitaram refúgio na Alemanha, na Suécia e no Brasil, mas a única embaixada que deferiu o pedido foi a brasileira. Desembarcaram aqui no dia 12 de janeiro de 2014, dormiram três dias na mesquita de Guarulhos e se mudaram para uma casa nas redondezas. A fonte de renda são os doces sírios feitos nos fundos de onde vivem. “Estamos reconstruindo a vida aos poucos”, diz. “É difícil recomeçar, mas foi melhor ter vindo para cá do que ficar em um lugar onde não podíamos mais sair por medo de morrer.”

(...)

(...)

Leia a íntegra em ...............IstoÉ


FOTOS: João Castellano/Istoé; Airam Abel


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Guerra síria também se alimenta de anfetaminas

Desde 2013 dispararam a produção e o consumo de estimulantes - Combatentes usam drogas para suportar o desgaste no campo de batalha

Depois de quatro anos de guerra, a Síria se tornou centro produtor e mercado consumidor para o lucrativo negócio do contrabando. Com as forças de segurança sobrecarregadas pelo esforço bélico e pelo menos 40% do território fora do controle do Estado, os senhores da guerra lucram com o comércio de armas e, desde 2013, também com as drogas. Uma anfetamina, popularmente conhecida como Captagon (sua antiga marca comercial), tornou-se a primeira em vendas entre as substâncias ilegais. Sua produção, assim como seu consumo, aumentou vertiginosamente no país, onde os combatentes apelam a esse estimulante para resistir ao desgaste no campo de batalha.

"Em pleno fronte, um comprimido de Captagon permite aguentar até 48 horas sem comer nem dormir nem sentir frio", relata via Skype, do Norte da Síria, Abu Mazen, combatente de seus trinta e tantos anos de uma facção rebelde. "Em um confronto em Alepo meu companheiro foi ferido na perna e não sentiu nada por uma hora", diz o miliciano. Alguns soldados afirmam que, entre as forças regulares sírias, também há o consumo. "É menos habitual, mas às vezes aqueles que perderam um companheiro ou não conseguem administrar o estresse recorrem ao Captagon", diz Elias, ex-membro da Defesa Nacional Síria.

A cobiçada pílula é vendida por 12 a 55 reais a unidade, nada acessível para a paupérrima economia síria. Produzida no Ocidente nos anos sessenta, era usada como remédio para tratamento de hiperatividade e de depressão. Foi proibida nos anos oitenta por gerar dependência. Desapareceu do mercado europeu para ressurgir no Oriente Médio. Os países do Golfo se tornaram seus principais consumidores. A polícia saudita apreende 55 milhões de comprimidos por ano, cerca de 10% do total das vendas, segundo relatórios do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC).

O ano de 2013 é um divisor de águas no tráfico de Captagon. A Síria emerge como exportador regional de uma variação da substância, barata e fácil de fabricar, o que fez cair em cerca de 90% a produção libanesa. As porosas fronteiras com o Líbano e com a Turquia são as rotas preferidas para sua exportação para o Golfo. "Em agosto de 2013 realizamos uma importante operação antidrogas em Bekaa (região de fronteira com a Síria), apreendendo 5 milhões de comprimidos de Captagon produzidos na Síria e escondidos em um caminhão. Vale 100 milhões de dólares (270 milhões de reais) no mercado", diz o general Ghassan Chamseddine, diretor da Unidade Antidrogas das Forças de Segurança Interior libanesas. "Antes de 2013, eram interceptadas pequenas quantidades, de 50.000 unidades. Mas nossa luta na época se concentrava no tráfico de cocaína trazida de países da América Latina e na exportação de haxixe para o Norte da África e para a Europa", acrescenta.

Os senhores da guerra diversificaram suas receitas obtidas com a venda ilegal de petróleo, fazendo do narcotráfico uma importante fonte de financiamento para compensar a desvalorização da libra síria e o encarecimento das armas. Segundo dados do jornal norte-americano Christian Science Monitor, o preço do popular rifle de assalto russo AK-47 passou de cerca de 2.000 reais para mais de 4.500 reais desde o início do conflito, em março de 2011.

O consumo de anfetaminas e antidepressivos se estende também à população civil, exasperada por uma guerra sem fim. "Há boatos sobre o consumo de Captagon, mas normalmente se trata de antidepressivos ou ansiolíticos, como o Prozac. O consumo aumentou muito em Damasco, refúgio da maioria dos deslocados, portadores de graves traumas psicológicos", afirmou em novembro um voluntário de uma ONG local em Damasco.

Fonte: El País