Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
O embaixador do Brasil em Israel, Fred Mayer, afirmou que o Itamaraty está em “compasso de espera” e que “inexiste previsão (por enquanto) do dia de retirada dos brasileiros de Gaza”.
O diplomata deu as declarações em conversa com acoluna. Na nova lista de estrangeiros que podem deixar a Faixa de Gaza nesta quinta, 2 – através da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito -, não constam brasileiros. [Em nossa opinião, NÃO EXISTE A MENOR MOTIVAÇÃO para os brasileiros terem prioridade para voltar ao Brasil. Estavam na região como turistas e devem ser tratados como os turistas dos demais países. Além do mais o desempenho medíocre do Brasil na presidência do CS, só motiva a que os brasileiros não tenham qualquer preferência sobre os demais.Outro absurdo é que nós, os pagadores de impostos, estejamos bancando o regresso dos turistas brasileiros - nos demais países a passagem é cobrada normalmente, aqui é tudo de graça.]
São 576 pessoas autorizadas a atravessar a fronteira,sendo 400 dos Estados Unidos.
Cidadãos do Azerbaijão, Bahrein, Bélgica, Coreia do Sul, Croácia, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Macedônia, México, Suíça, Sri Lanka e Chade também poderão sair da região em guerra.
Segundo a embaixada do Brasil na Cisjordânia, 34 pessoas pediram a ajuda do Brasil para deixar a região controlada peloHamas, sendo 24 brasileiros e dez palestinos que pretendem imigrar para o Brasil. A guerra Israel-Hamas já matou ao menos 10 mil pessoas – em sua maioria civis.
Por que a ‘Rússia’ estaria atacando os computadores
do TSE? Fachin não diz nada
Os
brasileiros devem ao ministro Edson Fachin, mais que a qualquer autoridade
pública deste país, uma situação que não existe em nenhuma sociedade
democrática do mundo – a candidatura para a Presidência da República de um
ladrão condenado pela Justiça em três instâncias sucessivas e por nove
magistrados diferentes, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Fachin
anulou com um único golpe de caneta, sem discutir absolutamente nada sobre
culpa, provas de crime ou qualquer fato relevante, as quatro ações penais que
condenaram o ex-presidente Lula à pena de prisão fechada. Pronto, eis aí o
milagre: um cidadão que a Justiça brasileira declarou oficialmente corrupto, e
expulsou da vida pública,é candidato ao cargo mais elevado do Brasil.
É um portento para encher
qualquer biografia, mas Fachin está longe de se mostrar satisfeito. Não
basta ser o pai e a mãe da candidatura Lula. Ele também quer, na sua
posição no “Tribunal Superior Eleitoral”, que Lula ganhe a eleição – e
acaba de dar um passo que ele julga importante nesta direção, ao criar
um tumulto inédito, deliberado e grosseiro em torno da limpeza das
eleições.
Segundo Fachin, o sistema
eleitoral brasileiro “pode estar”, já neste momento, sob ataque da
“Rússia” – não dos russos em geral, ou de um grupo de malfeitores
russos, mas da “Rússia”, assim mesmo. Por que raios a “Rússia” estaria
atacando os computadores do TSE? Fachin não diz nada. O ministro não
apresentou um átomo de prova para a acusação que fez em público, nem um
raciocínio lógico, nada; falou apenas em “relatórios internacionais”,
sem citar nenhum. A única coisa certa é que fez a sua acusação
justamente durante a visita do presidente da República à Rússia.
Fachin falou também sobre hackers
da “Macedônia do Norte”. E da Macedônia do Sul, o que ele acha? Não se
sabe qual o grau de conhecimento do ministro sobre qualquer Macedônia,
do Norte ou do Sul, emuito menos por que ele resolveu dizer o exato
contrário do que seu colega Barroso vem dizendo, sem parar, com a mesma
fé que o papa tem no Padre Nosso: o sistema eleitoral brasileiro é
“inviolável” e, se alguém duvida disso, é acusado na hora de querer “o
golpe militar”. Cada vez que o presidente cobra “mais segurança do
sistema”,anota-se automaticamente que ele falou “sem apresentar
provas”.E Fachin?
Pode falar uma barbaridade dessas sem prova nenhuma,
num ataque primitivo a uma nação que mantém relações perfeitamente
normais com o Brasil, e pretender ser um juiz imparcial das eleições de
2022?
A acusação de Fachin não é apenas um ato de vadiagem mental.É uma convocação à desordem.
J.R. Guzzo - O Estado de S.Paulo - MATÉRIA COMPLETA
“O presidente da República toma decisões na base do “achismo”, desconsiderando indicadores científicos”
Há casos famosos de líderes que preferiram matar o mensageiro a
reconhecer os próprios erros. Em 335 a.C., o imperador persa Dario III,
em guerra com Alexandre Magno, da Macedônia, ao ser alertado sobre os
possíveis erros de sua estratégia pelo mercenário grego Charidemus,
resolveu estrangulá-lo num ataque de fúria. Acabou derrotado. Também é
famoso o caso do almirante inglês Clowdisley Shovell, que havia
derrotado os franceses no Mediterrâneo e naufragou a sudoeste da
Inglaterra, em meio a um nevoeiro, porque não quis reconhecer que seus
cálculos de navegação estavam errados, perdendo cinco navios e dois mil
homens. Preferiu enforcar o subalterno.
É mais ou menos o que está fazendo o presidente Jair Bolsonaro com o
diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo
Magnus Osório Galvão, a quem acusou de estar “a serviço de alguma ONG”
por divulgar dados que mostram o grande aumento do desmatamento na
Amazônia. Funcionário de carreira, com uma longa folha de serviços
prestados, o pesquisador rebateu as acusações e reafirmou a veracidade
dos dados sobre desmatamento divulgados pelo Inpe, cuja política de
transparência permite o acesso completo aos dados e adota metodologia
reconhecida internacionalmente.
De acordo com números divulgados pelo Inpe no início deste mês, o
desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 km² em junho, um
aumento de 88% em comparação com o mesmo período do ano passado. Áreas
da Amazônia que deveriam ter “desmatamento zero” perderam território
equivalente a seis cidades de São Paulo em três décadas. Fora das áreas
protegidas, a Amazônia perdeu 39,8 milhões de hectares em 30 anos, o que
representa 19% sobre toda a floresta natural não demarcada que existia
em 1985, uma perda equivalente a 262 vezes a área do município de São
Paulo. Nas áreas protegidas, a perda acumulada foi de 0,5%. É óbvio que a
nova política para o meio ambiente já é um fracasso.
Houve protestos de instituições como a Academia Brasileira de Ciência
e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “Críticas
sem fundamento a uma instituição científica, que atua há cerca de 60
anos e com amplo reconhecimento no país e no exterior, são ofensivas,
inaceitáveis e lesivas ao conhecimento científico”, diz a nota da SBPC.
Segundo a entidade, dados podem ser questionados em bases científicas e
não por motivações políticas e ideológicas.
Bolsonaro argumenta que, antes de divulgar dados sobre desmatamento
no Brasil, o diretor do Inpe deveria, no mínimo, procurar o ministro da
Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, ao qual está subordinado, para
informar antecipadamente o conteúdo que seria divulgado. Afirmou que
está acostumado com “hierarquia e disciplina” e questionou a divulgação
de dados sem seu prévio conhecimento. Segundo Bolsonaro, pode haver
algum equívoco na divulgação das informações ambientais sem um crivo
prévio do governo, sob o risco de “um enorme estrago para o Brasil”.
Conselhos
Políticas públicas e indicadores sobre a realidade brasileira, porém,
devem ter transparência e serem acessíveis ao público, pois são
elementos fundamentais para análises e pesquisas. O problema é outro. O
presidente da República toma decisões na base do “achismo”,
desconsiderando indicadores científicos, sem levar em conta que a
inércia do erro num país de dimensões continentais como o Brasil, que
tem uma escala muito grande, pode ser muito desastrosa.
É o que está acontecendo com o desmatamento, em razão do estímulo ao
avanço do agronegócio em áreas de proteção ambiental e das medidas
adotadas contra a política de fiscalização do Ibama. Os números
divulgados pelo Inpe mostram o tamanho do estrago que o governo agora
quer varrer para debaixo do tapete. Na verdade, no Palácio do Planalto, enquanto sobram decisões
intempestivas, falta planejamento. O mesmo fenômeno pode vir a ocorrer
no trânsito, por exemplo, com as mudanças propostas em relação às multas
— não vamos nem considerar as cadeirinhas de bebê e os cintos de
segurança. O endurecimento das regras não ocorreu por acaso, mas em
razão do impacto dos acidentes de trânsito nos indicadores de mortes
violentas e nos custos do sistema de saúde pública.
Ministro da Educação reconhece ‘tragédia’ e diz que investimentos precisam ter ‘qualidade’
Diante dos
resultados desastrosos da Educação brasileira, o ministro Mendonça Filho
reconheceu que se vive uma “tragédia” e ensinou: “Não basta só investir
mais, tem que investir com qualidade”. Até aí tudo bem, mas seria o
caso de ele estudar um fato em que, tendo investido em qualidade, o
governo desmontou um sucesso. (Em tempo: não foi o governo dele, mas o
da doutora Dilma).
Em 2015, o país soube da emocionante história
das trigêmeas Fábia, Fabiele e Fabíola Loterio, de 15 anos, que viviam
em Santa Leopoldina, município de 12 mil habitantes da zona rural do
Espírito Santo. Morando numa casa sem internet, inscreveram-se na
Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas, e duas empataram no
primeiro lugar entre os concorrentes capixabas, levando medalhas de
ouro, a terceira ficou em segundo com a prata.
A garotada da
cidade fez um pedágio e arrecadou dinheiro para custear a viagem das
três ao Rio, onde receberiam suas medalhas no Teatro Municipal. Foi a
primeira vez que entraram num avião. A cereja desse bolo era o
acesso de todos os medalhistas ao Programa de Iniciação Científica
(PIC).Dez vezes por ano elas iam a Vitória, onde durante um dia
assistiam a aulas dadas por professores da Federal do Espírito Santo.
Havia
um detalhe meio girafa nessa iniciativa. Ela nascera de uma ideia da
Sociedade Brasileira de Matemática, mas tanto a Olimpíada quanto o PIC
foram anexados ao Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, um
dos centros de excelência da academia brasileira. O que uma coisa tinha a
ver com a outra, nunca se soube. Em 2016, o orçamento da Olimpíada (R$
53 milhões) ultrapassou em muito o do Impa (R$ 36,5 milhões). O rabo
ficou maior do que o cachorro.
Num passe de mágica, os educatecas
sumiram com a alma do PIC, substituindo-o por um programa de incentivo a
professores. Pode ser a melhor ideia do mundo, mas não tem nada a ver
com o objetivo inicial do PIC. Uma das explicações diz que o programa
era caro (R$ 12 milhões), e a ida dos medalhistas a universidades foi
substituída por aulas em escolas locais. Além disso, criou-se um sistema
de ensino à distância. Esse PIC 2.0 custa R$ 9 milhões.
Neste
ano, as trigêmeas de Santa Leopoldina, hoje matriculadas num Instituto
Federal, não tiveram aulas presenciais, e o gatilho da internet não
ficou à altura do programa anterior. Mesmo assim, na Olimpíada deste ano
Fabiele ganhou mais um ouro, Fabíola teve prata, e Fábia, bronze. Sem o PIC, a Olimpíada de Matemática é apenas um evento, tão ao gosto da marquetagem.
Toda
essa história chega a um grande final quando a coordenação do programa
informa que no ano que vem, com a verba de R$ 9 milhões, o PIC 1.0 será
restabelecido (sem o custeio do transporte, típica malvadeza de
burocrata), convivendo com o 2.0. Daqui a alguns meses o
Instituto de Matemática informará como R$ 12 milhões caberão em R$ 9
milhões. Caso único em que o todo será menor do que a soma das partes.
O MARECHAL FLORIANO E O DOUTOR RENAN Muita
gente não gosta de Floriano Peixoto, o Marechal de Ferro. Em 1892, um
senador-almirante e políticos sediciosos desafiaram-no. Ele avisara:
“Vão discutindo, que eu vou mandando prender”.Encheu a cadeia, e o
advogado Rui Barbosa bateu às portas do Supremo Tribunal Federal para
soltá-los. Floriano avisou:“Se os juízes concederem habeas corpus aos
políticos, eu não sei quem amanhã lhes dará o habeas corpus de que, por
sua vez, necessitarão”.
Patrioticamente, como diria Renan Calheiros, o Supremo negou o habeas corpus por dez votos a um.Renan, como Floriano, é alagoano, e prevaleceu sem comandar um único soldado fardado.
PISCOU Durante
a crise dos mísseis russos colocados em Cuba, o mundo esteve com um pé
na Terceira Guerra Mundial, e, quando Moscou deu meia volta diante do
bloqueio naval imposto pelo presidente John Kennedy, o secretário de
Estado, Dean Rusk, disse: Eles piscaram. Por seis votos a três, o Supremo piscou.
DE PIRRO@EDU Senador Renan. Sou o rei Pirro e ganhei uma grande batalha contra os romanos em 279 A.C. Depois, ferrei-me.
Sua
vitória deu-me inveja. Fiquei a pensar no que o Supremo Tribunal
Federal fará com o senhor quando chegar a hora do julgamento de seus
processos.
Seu amigo solidário, Pirro, rei de Épiro e da Macedônia.
EREMILDO, O IDIOTA Eremildo é um idiota e mora ao lado da Borracharia São Jorge, de seu amigo Geraldão. Ele
acha que Geraldão vai em cana se passar um dia inteiro recusando-se a
assinar um documento trazido por um oficial de Justiça.
BODE O
piso de 65 anos como idade mínima para a aposentadoria das mulheres,
equiparando-as aos homens, é um bode. Está lá para sair da sala.
Quando
o ministro Henrique Meirelles afirmou que “nada é inegociável” no
projeto, não quis dizer que tudo é negociável, mas a idade das mulheres
foi posta lá para ser cavalheirescamente retirada.
REGISTRO O presidente Michel Temer não militou na articulação da anistia do caixa dois. Discutia a possibilidade de vetá-la, caso chegasse à sua mesa.
Ahmad se decidiu pelo êxodo no dia em que fez 27 anos. Naquela madrugada não conseguira alimentar o filho faminto
Música não
precisa de tradução nem visto de entrada. É linguagem universal. Além de
suas outras utilidades mil, ela serve de bálsamo para vidas à deriva,
atravessa muros e fronteiras, fura bloqueios e não pesa na bagagem. Que o
diga o jovem sírio Ayham Ahmad.
Domingo passado, apesar do frio
do cão que prenuncia um inclemente inverno europeu, 24 mil pessoas
participaram de um concerto ao ar livre na monumental Königsplatz de
Munique. Cantaram, dançaram, fizeram selfies e foram felizes durante
mais de duas horas na histórica praça traçada dois séculos atrás para
concorrer com a Acrópole de Atenas, e de grande serventia para
mastodônticos comícios nazistas.
Só que, desta vez, a galera tinha
a cara de uma Alemanha nova. Metade era refugiada de guerra exaurida
pelo êxodo e recém-aportada na Baviera; a outra metade era de
voluntários alemães que os acolheram ou queriam expressar solidariedade. Organizado em menos de duas semanas e intitulado “Danke-Konzert”(concerto de gratidão), o megashow reuniu as bandas indie
mais populares do país. O próprio prefeito da cidade se encarregou de
empunhar uma guitarra e entoar “Não somos apenas nós”, canção
pró-refugiados que o público parecia conhecer. “O mundo é grande o
suficiente. Não somos só nós. Alô, Nova York, Rio, Rosenheim (sede
administrativa da Baviera), participem também”, incentivou ele,
referindo-se à transmissão on-line.
Ahmad nunca tocara para
tamanho mar de gente. Muito menos para um mar de caucasianos com
cartazes a proclamar que “Nenhum ser humano é ilegal”. Enrolado ao
tradicional keffieh palestino no pescoço, ele subiu ao palco
como atração principal — seis meses atrás sua imagem tocando um piano
detonado entre os escombros de Yarmouk, na Síria, havia corrido mundo.
Ele se tornara o cancioneiro do sofrimento sírio e sua música era ouvida
como trilha sonora do horror.
Domingo passado, Ahmad tocou
canções de sua gente num Yamaha acústico CP de última geração. Todos
entenderam o misto de dor e alegria, mesmo quem não entendia árabe. Sua
mulher, dois filhos pequenos, o piano carbonizado e o bairro de
refugiados palestinos onde nascera haviam ficado para trás. Ele teve
sorte. Só no mês passado morreram afogados no Mar Egeu 144 refugiados da
mesma travessia — 44 eram crianças. E dois dias atrás morreu a primeira
vítima de um dos países europeus que lhes são hostis — foi baleada
pelas forças policiais da Bulgária.
A Yarmouk do pianista fora
erguida seis décadas atrás nas franjas de Damasco, capital da Síria,
como campo de acolhimento para palestinos fugidos de Israel. Consolidada
como bairro, chegou a abrigar quase 700 mil pessoas. Hoje, restam no
máximo 18 mil a vagar entre ruínas. Ahmad se decidiu pelo
arriscado êxodo em abril deste ano, no dia em que completava 27 anos.
Naquela madrugada não conseguira alimentar o filho faminto. “Saí de lá
porque a vida ali cessou”, explicou à repórter do “Huffington Post” que o
perfilou.
Sobrevivera com a família a quatro anos de guerra civil
com destruição e morte por toda parte. Primeiro, foram os bombardeios
da Síria e o estrangulamento de Yarmouk por bloqueio total, levando os
moradores a se alimentarem de plantas, gatos, cachorros e macacos.
Depois, já de joelhos, o bairro-cidade foi ocupado pelos homens de preto
— os jihadistas do Estado Islâmico (EI). A água acabou, a farinha e o
pão sumiram e a música, considerada haram (infiel), foi proibida.
Filho
de violinista, Ahmad tocava piano desde os 6 anos de idade e havia
estudado música em Homs até a guerra civil inviabilizar qualquer
atividade. De volta à Yarmouk destruída, ele decidiu instalar a céu
aberto seu surrado piano e passou a tocar entre escombros, para aliviar a
alma de quem o ouvisse. Outros músicos de ocasião se juntavam a ele
para cantarolar a céu aberto sobre a vida. Com a ocupação do EI, a vida
para ele cessou.
Ahmad ainda tentou camuflar o piano numa carreta
improvisada coberta por papelão ao partir para Damasco, onde deixou a
família. Mas os jihadistas interceptaram o comboio, encharcaram de
gasolina o instrumento e o incendiaram à sua frente. O resto da
saga do músico se assemelha a de tantos outros. De Damasco, ele seguiu
sozinho a pé, de ônibus, barco inflável, navio grande, trem: Homs, Hama,
Dikili, Lesbos, Atenas, Macedônia, Bulgária, Sérvia, Croácia, Áustria
e, por fim, Munique, onde chegou em setembro, cinco meses depois de
partir.
Como ele mesmo explica, na terra em que morava, a opção
era juntar-se a alguma facção ou esperar pela morte. Decidiu esperar
pela morte tocando piano e cantando. Agora em terra estrangeira,
continua tocando piano e cantando. Espera pela vida ao lado da mulher e
filhos. Um dia talvez. “Quero dizer ao mundo que somos apenas civis, que
amamos a música”. Em tempo —Decretado o
fim de fotos de mulheres nuas na “Playboy”, quem continuar a comprá-la
pode dizer, agora sem cinismo, que o faz para ler as entrevistas de
qualidade da revista. Já quem é adepto de obscenidades hard core na vida real basta acompanhar a política praticada em Brasília.