Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Na fila na entrada do Hospital de Base, a senhorinha reclama:
— Não sei pra que tanta democracia? Eu quero visitar meu filho e essa
democracia… não pode assim, só pode assado! Se fosse ladrão, num tinha
BO, entrava na manha.
[no Brasil não existe tanta democracia, no sentido de muita democracia, quanto a repórter quis fazer crer;
segundo o atual presidente do Brasil, democracia em abundância existe na Venezuela = óbvio que, sendo o declarante um MENTIROSO PATOLÓGICO não temos motivo para considerar fato o dito.
O que existe no Brasil é o USO EXCESSIVO por alguma autoridades, do recurso de invocar supostos atentados à democracia, os famosos atos antidemocráticos, para violar principios que a democracia estabelece = quer prender alguém e não tem amparo legal, invoca a prática de um ato antidemocrático e joga um inocente na cadeia.
Pouco importa, se está destruindo a democracia a pretexto de conservá-la.]
Devo ter feito cara de paisagem mas logo entendi: a mãe aflita
confundiu a palavra “burocracia” com “democracia”. Eu já tinha ouvido a
mesma confusão numa fila de cartório.
A entrada de acompanhantes e visitantes no Base tem um conjunto de
normas que se demora a entender. A razão é evitar a entrada de muita
gente num ambiente hospitalar, o que não necessita de maiores
explicações.
O desabafo da mãe irritada demonstra, antes de tudo, que a democracia
está na boca do povo – o que já é alguma coisa. E há um fundo de
verdade na confusão semântica: a democracia não é, como supõe o senso
comum, um ambiente onde tudo pode. É muito sofisticada, a democracia. É
burocrática. Exige de cada um paciência e respeito pelas normas
estabelecidas, tem regras intrincadas, complexas, semoventes, algo bem
complicado de entender – como a burocracia que dificultava a visita da
mãe inquieta ao filho doente.
É bem velhinha a democracia ou aquilo que começou a se ensaiar como
sendo a possibilidade de um grande grupo de pessoas dar palpite para a
tomada de decisões de interesse coletivo. A história registra 500 anos
antes de Cristo, nos anfiteatros de Atenas, como a data de surgimento da
democracia ou daquilo que viria a ser a inspiração para a democracia.
Nos dicionários, democracia é o governo popular, a soberania popular, o que acaba quase sendo sinônimo de utopia, aquilo que a gente quer,
precisa querer, mas que sempre vai exigir um pouco mais, o impossível, o
nunca experimentado pelas civilizações que conhecemos ou de que temos
notícia.
Democracia tem muitos adjetivos, muitas versões e está muito longe de
ser o jeito mais igualitário e livre de se habitar coletivamente o
mundo. Mas, como disse Churchill na sua frase mais famosa: “Ninguém
pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Democracia é a
pior forma de governo, salvo todas as demais…”.
Cada um tem a sua própria ideia de democracia. O genial Millôr
Fernandes percebeu direitinho como a ideia de democracia entra
arranhando na nossa garganta: “Democracia é quando eu mando em você.
Ditadura é quando você manda em mim.”
Democracia é eu aceitar que, por mais aflita que eu esteja, tenho de
esperar na fila e cumprir as normas estabelecidas para entrar no Base.
Não poucas vezes me passou pela cabeça algo do tipo: Poxa, eu sou
jornalista, conheço a história do Base desde o começo, por que tenho de
ficar na fila? Logo a vergonha e o simancol me deram uma rasteira e eu
sigo no democrático lugar de esperar e cumprir as exigências do
hospital, entre as quais a revista dos pertences para impedir a entrada
de alimentos.
Democracia é ter um Sistema Único de Saúde, algo inédito no mundo, no
qual todos têm direito gratuitamente ao atendimento médico, desde o
mais básico até os mais complexos. Democracia mais democrática seria
destinar ao SUS recursos, por exemplo, dos impostos sobre as grandes
fortunas. Seria gerir o SUS de modo mais eficiente.
Democracia é o morador de rua todo estropiado ter o direito de
receber o atendimento médico digno e ágil de que precisa. Esperar na
fila e aceitar que assim pode, assim não pode, é o de menos. Ou melhor: é
uma das faces da democracia: a fila nos iguala, do mesmo modo que a
doença e a morte.
Como disse um paciente: “Se até o Pelé morre, por que eu não vou
morrer?”.A morte é terrivelmente democrática, mas antes dela a gente
tem milhões de chances de experimentar a liberdade de ser apenas um no
meio de tantos.
Separar esporte e política é tão importante quanto separar Estado e igreja ou governo e economia
Gwen Berry, esportista norte-americana [o consenso é que ela deveria ser proibida de representar os Estados Unidos da América nos Jogos Olímpicos]
Desde os meus 8 anos, idade da primeira experiência com o sentimento olímpico, quando assisti à Olimpíada de 1980, pus na cabeça que um dia eu representaria o Brasil nos Jogos Olímpicos. A cerimônia de despedida em Moscou, com o inesquecível ursinho Misha chorando numa coreografia feita pelo próprio público nas arquibancadas, foi apenas o começo de um longo namoro e casamento com o esporte.
Décadas se passaram, a Olimpíada de Los Angeles, em 1984, nos deu a geração de prata no vôlei masculino num jogo inesquecível, exatamente contra os donos da casa. Veio Seul, em 1988, e nossa seleção feminina começou a ganhar traços de protagonismo. Barcelona, em 1992, foi a minha primeira Olimpíada e até hoje não sei explicar o que senti no desfile de abertura no maravilhoso estádio olímpico em Montjuïc, onde vimos a pira olímpica ser acendida com uma flecha de fogo. Então chegou 1996, e Atlanta nos colocou na história com a primeira medalha olímpica para o vôlei feminino. Ali, na encruzilhada entre aposentar e continuar, ainda consegui esticar até Atenas, em 2004, e Pequim, em 2008.
E por que essa volta olímpica (com o trocadilho mesmo)? Porque, por mais que um atleta olímpico apaixonado pelo seu esporte e pelo seu país enumere quantas vezes participou de uma Olimpíada, todas são únicas. A idade pode trazer certa maturidade técnica, mas o frio na barriga, o dia que aquela mala de uniformes com a bandeira do Brasil chega à sua casa, o orgulho que é andar pela Vila Olímpica com a nossa bandeira estampada… ouvir nosso hino… tudo isso, por mais experiente que você seja, é único e traz — sempre — a sensação de “primeira vez”. Depois do nascimento do meu filho, ainda não encontrei nenhum sentimento parecido com o de estar no pódio e ouvir nosso hino.
Nessas andanças pelo mundo durante quase 25 anos no esporte, conheci muita gente, fiz bons amigos e mergulhei em outras culturas. Cada uma com sua característica. Mas ali, nos Jogos, por mais apaixonado que você seja pela Itália, pela Grécia ou pelos Estados Unidos, o sentimento de amor profundo pelo seu país — com todos os defeitos que ele tem — é insuperável. E isso não é só do brasileiro, é geral. É como se estivéssemos numa guerra sem violência, sem armas, sem animosidade, mas todos de prontidão em seus exércitos para defender seu país.
Um dos pontos marcantes nesses anos de estrada no esporte sempre foi o orgulho que os norte-americanos tinham por sua pátria, sua bandeira, seu hino. Vê-los orgulhosos de seus símbolos me fez mais brasileira, acredite. Também queria que todos, e principalmente eles, vissem o meu orgulho pelo Brasil. O orgulho mostrado por aqueles ianques era incômodo, bonito, irritante, hipnotizador. Mas foi apenas quando me mudei para os Estados Unidos que pude entender o que era aquilo. Estudei profundamente a história norte-americana e ficou claro. Nada veio fácil para os norte-americanos. Tudo foi construído com trabalho, vidas, guerras, lutas, conflitos e muito sangue derramado. Até uma guerra civil houve, quando uma parte do país disse não à imoralidade da escravidão. É, até hoje, a guerra que mais tirou vidas norte-americanas.
Foi assim que pude entender que o respeito que tinham por mim, ou por qualquer um que chega a este país e trabalha duro, conectava-se com o orgulho que sinto pelo meu país de origem, minha medalha olímpica e minha trajetória de anos de muito trabalho até ela. Mesmo nesse clima de alta competição, o esporte — em especial durante os Jogos Olímpicos — sempre foi um campo no qual diferenças são abandonadas. Qualquer desavença política ou religiosa era tratada como um figurante, que mal aparece num filme bom. Roteiro que, de quatro em quatro anos, deixa histórias de superação e enredos dramáticos de derrotas e vitórias espetaculares. Inimigos geopolíticos dão ao mundo esperança de paz durante aquelas duas semanas de “trégua”. Mas o que mudou? Infelizmente, algo vem atingindo a alma olímpica, o espírito de que o orgulho que pode levar a tantas guerras também pode semear a paz. E isso vem sendo demonstrado da maneira mais estúpida possível.
Com todos os ingredientes de uma nação próspera — próspera porque é livre —, vivendo no país mais democrático do mundo e com riquezas em abundância, é difícil entender o ódio que muitos desta geração afetada têm aos Estados Unidos. A América não é perfeita, nenhuma nação é, mas é livre, é democrática, é viva, é rica em recursos para o real progresso do indivíduo.
Depois de um ciclo político que trouxe a banalização da história e suas palavras, a ressaca desse movimento é a politização de tudo. O esporte já dava sinais de que não iria escapar à “idiotização” política, com frases repetidas como as de papagaios e atletas de importantes campeonatos como a NBA ajoelhando-se —literalmente — para a palhaçada do politicamente correto, e para os sequestradores de almas que precisam entrar em algum balaio coletivista. Agora, essa nova repulsa parece chegar à esfera olímpica.
Depois de vermos atletas da NBA e NFL ajoelhando-se durante o hino nacional norte-americano (e testemunharmos as respectivas audiências despencarem), e empurrando a ideia desmiolada a outros países, atletas que participarão da Olimpíada de Tóquio, que se inicia em 23 de julho, começam a mostrar que os protestos políticos podem chegar aos campos e arenas no Japão. O Comitê Olímpico Internacional atualizou suas diretrizes para os Jogos, e as recomendações sobre a Regra 50 do COI, totalmente endossadas pelo Conselho Executivo da instituição juntamente com a Comissão de Atletas, afirmam que “nenhum tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial será permitida em quaisquer locais ou outras áreas olímpicas”. O COI promete punição a quem infringir essa regra. A ver.
Gwen Berry entrou para a equipe olímpica norte-americana no arremesso de martelo. Depois de terminar em terceiro no último fim de semana, atrás de DeAnna Price e Brooke Anderson, ela atraiu a atenção de todos ao virar de costas para a bandeira norte-americana durante a execução do hino nacional. Ela então colocou sobre a cabeça uma camiseta com os dizeres “atleta ativista” enquanto era tocado The Star-Spangled Banner. Em meio ao escrutínio público e comentários de que Gwen não deveria representar os EUA nos Jogos, ela declarou: “O hino não me representa. Nunca representou. Meu propósito e minha missão são maiores do que o esporte. Estou aqui para representar aqueles que morreram devido ao racismo sistêmico”. O racismo é uma pauta justa na sociedade. Mas o racismo real, não o “racismo sistêmico”que atletas negros milionários acham que existe,“enraizado”em todo homem branco na América. América esta tão racista que colocou um presidente negro na Casa Branca por oito anos.
Gwen Berry atraiu a atenção de todos após virar as costas à bandeira norte-americana durante o hino nacional [ensinaram para a atleta alguns slogans,dizendo serem anti racistas, e a Gwen Berry, estupidamente ou por desconhecimento, deu as costas a um dos "Simbolos" de sua Pátria = o que tornou indigna de representar os Estados Unidos.]
Quite a statement when athletes from OTHER COUNTRIES show more respect to America's National Anthem than political activists like Leftist Gwen Berry. https://t.co/WQeYYQUHos
Vários legisladores democratas e republicanos, assim como veteranos militares, pediram que Gwen fosse removida da equipe olímpica, citando que o único propósito de um atleta olímpico é representar seu país. A alegação dos veteranos de guerra é que, se Berry está tão envergonhada da América, então não há motivo para ela competir pelo país. Apesar de alguns confetes da mídia militante, a atleta também recebeu fortes críticas de atletas negros, como o ex-jogador da NFL Jack Brewer:“Só penso como é crescer como uma criança na escola, quando você ouve o hino nacional, o sentimento que ele dá em você e o respeito que você tem. A bandeira não deve representar a perfeição, mas a bandeira é a família — a família norte-americana —, o país que compartilhamos. Todos estão tentando trabalhar pelo mesmo objetivo. Isso é que seu país representa. É como entrar em sua casa e dar um tapa na sua mãe. Isso não faz sentido. Eu não entendo”. [nos tempos em que o Patriotismo era incentivado, todas as escolas colocavam seus alunos em formas para o hasteamento da BANDEIRA NACIONAL e a execução do HINO NACIONAL.
Tais valores precisam voltar a ser cultuados e se reparar os males que a maldita esquerda fez ao Brasil quando governava, Seus adeptos e fantoches querem voltar, imaginam que o desamor que ensinaram aos nossos jovens prevaleceram e que agora não perderão, perderam em 35, em 64, 68 e voltarão a perder, tão logo tentem dominar o Brasil.
O amor a Pátria, ainda que dos brasileiros mal ensinados por professores que cultuam a traição a Pátria como uma virtude, ressurge e sufoca os que querem nos dominar.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA E LIBERDADE;
BRASIL, ACIMA DE TODOS;
DEUS, ACIMA DE TUDO.]
Faço uma distinção óbvia entre o direito de qualquer esportista de se manifestar politicamente, o que todos podem (sou a primeira a apoiar), e a invasão de agendas político-partidárias em competições esportivas, dividindo um espaço reservado para a união de atletas, torcedores, culturas, povos e nações. Tenho certeza de que o saudoso Barão de Coubertin, pai dos Jogos Olímpicos da era moderna, se revira no túmulo toda vez que o espírito olímpico e esportivo é sequestrado por políticos oportunistas, dirigentes esportivos e atletas desmiolados — muitas vezes podres de ricos —, induzidos ou mal informados, que usam as competições, um território pacificador, como arma puramente política.
Pela imensa força e capacidade do esporte de propagar mensagens, competições e atletas não ficam imunes de ser usados como veículos para pautas políticas e ideológicas. Tem lá sua ironia uma ex-esportista que agora estuda e escreve sobre ciência ser contrária à politização do esporte.Mas acredite: separar esporte e política é tão importante quanto separar Estado e igreja ou governo e economia. Preservar um dos últimos territórios de real e profunda congregação — sem politização — é preservar as boas sementes para um futuro que germinará o diálogo. Deixem os Jogos Olímpicos em paz.
O apodo aplicado ao ministro Gilmar Mendes não poderia ter outro endereço?
Em nota de repúdio às declarações do ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), os comandantes das Forças Armadas e o ministro
da Defesa o acusam de várias coisas. Na ética, a mais grave afiança que
Mendes falou de modo leviano.Para um juiz ou militar que se preze é essencial o recato da linguagem. O modelo do soldado virtuoso começa em Esparta. A vida silente encontra
seu elogio naquela cultura. Mesmo em Atenas, onde o cidadão assumia ao
mesmo tempo a guerra e a segurança interna, a fala excessiva não era
apreciada. Longos discursos seriam reservados para a Assembleia. Ali se
orientava o destino de todos, generais incluídos. A inflação das
palavras, no governo do Estado, foi combatida pelos políticos e
filósofos gregos.
Plutarco, de quem o mundo ocidental recebeu o maior contributo ético –
sobretudo em matéria de moralidade militar –, redigiu tratados sobre o
abuso das palavras e os danos que ele acarreta. No De Garrulitate e em
seu par, o De Curiositate, o pensador adverte – com base em fatos reais –
sobre os perigos da fala sem peias. Comandantes militares que
frequentam barbearias são avisados: a conversa descuidada com o fígaro
pode ser ouvida por espiões e arruinar a defesa coletiva. Guardar o
discurso sóbrio evidencia uma das mais celebradas virtudes militares.
Quando se aponta alguém como leviano é preciso que tal acusação seja
absolutamente certa e comprovada em fatos e lógica. Caso oposto,
trata-se de uma quebra perigosa da ordem pública e privada. O acusado é
atingido no fundamento da ordem civil: a personalidade reta. Em todas as Constituições, mesmo nas ditaduras que marcaram o Brasil no
século 20, a condição para exercer um cargo oficial e garantir negócios
privados reside na reputação ilibada.O leviano não tem tal direito.
Indicá-lo como irresponsável – é o centro da fala emitida pelo
comandantes e ministro da Defesa – significa dele extrair autoridade em
matérias de Estado e poder. Provada tal acusação, todos os atos do
indigitado perdem forca legítima em decisões que envolvem a cidadania.
Pensemos nas consequências: o Supremo Tribunal Federal é um corpo. A
personalidade de seus integrantes só pode viger de forma coletiva, cada
um deles responde pelo todo e vice versa. Se um ministro do STF for
leviano, o fato macula o colegiado. Logo, as decisões assumidas por ele
podem ser legais, mas sem legitimidade.
A fé pública exige decisões legais e legítimas. Sem fé pública o próprio
Estado é corroído. Antes de comunicar ao povo que um ministro da mais
alta Corte de Justiça é leviano, todo servidor do Estado deve refletir
várias vezes, pois se trata de minar a obediência civil, a lei e a
ordem. Tais imperativos valem para os militares que apoiam o governo.
Volto às nossas origens éticas e às virtudes militares ou civis. Somos
herdeiros da Grécia e de Roma. O Direito, a política, a vida militar não
fogem à regra. No Estado moderno, atualizando as formas romanas da vida
pública, as teses de soberania e majestade, contra o exercício
ditatorial ou aristocrático, aplicam-se à totalidade dos cidadãos.
Faltar com o decoro na fala e nos atos é destruir a fé pública.
Nenhum servidor do Estado, civil ou militar, tem o direito de ser
leviano. Seu ofício exige a ponderação, a gravitas. Para os romanos,
“falar ao público dizendo o que ele gostaria de ouvir é apanágio do
homem que se define ao redor da levitas. A gravitas comanda uma atitude
adequada que não se curva em proveito do sucesso político passageiro”
(Yavetz, Z., La Plèbe et le Prince). A “leviandade consiste em obter o
favor do povo desconsiderando o bem geral” (Yavetz). O governante não
pode tratar os cidadãos como tolos ou crianças. Ele deve seguir a
gravitas dicendi (Hellegouarch’h, J., Le Vocabulaire Latin des Relations
et des Partis Politiques sous la République).
Perguntemos aos comandantes e ao ministro: dizer que uma pandemia que já
ceifou a existência de cerca de 80 mil brasileiros é como uma
“gripezinha” é próprio da gravitas? [Para muitos é; o general Heleno - para citar um idoso, faixa de idade que os 'especialistas' consideram grupo de risco - foi acometido da Covid-19 e não teve nenhuma complicação, em uma declaração ele disse que sua temperatura permanecer abaixo dos 36º (talvez oportuno os 'especialistas' observarem se todas as pessoas que vencem o vírus, sem dificuldades, possuem uma temperatura normalmente baixa?);
milhares de brasileiros, e em outros países, tiveram a covid-19 sem complicações.
Portanto, dizer que é uma gripezinha não caracteriza crime nem fere a gravitas.] Louvar certo fármaco para a cura de
tal moléstia, contra advertências de especialistas em medicina, é
próprio da gravitas? Zombar do sofrimento vivido por índios, abandonados
aos matadores ferozes e ao vírus, sem uma palavra de apoio, integra a
gravitas? Vetar o fornecimento de água e cuidados sanitários aos mesmos
indígenas integra a gravitas? Afastar dois ministros médicos da Saúde
porque não aceitaram propagandear a mezinha predileta do governante
integra a gravitas? Desafiar autoridades médicas e sem máscara reunir
multidões, apertar mãos de seguidores que exigem o fechamento do
Congresso e da Justiça integra a gravitas?
Muitas perguntas podem ser feitas sobre o tema. Apenas me dirijo com
respeito aos senhores militares: o apodo aplicado ao ministro Gilmar
Mendes não poderia ter outro endereço? [ainda que sem procuração dos destinatários da pergunta, respondemos: o ministro - na nota tratado como senhor, para desvincular o STF da questão - ofendeu o glorioso Exército brasileiro e por extensão as demais forças da prática de um crime repugnante = genocídio. O silêncio poderia alimentar novas e mais graves declarações - o caso do ex-deputado Márcio Moreira Alves se faz presente.] Decida a sua consciência. Na era
da imprensa livre e das comunicações acessíveis a todos, agir de um modo
e acusar outrem pelos próprios erros não é virtude. O nome da coisa é
diverso, muito diverso.
Toda
manhã, ao ler os jornais, hábito que os mais jovens criticam como próprio da
velhice, consumo minha dose de irritação com o desenvolver dos acontecimentos e
por ver que a periferia do que é relevante é sempre a matéria de maior destaque
nas manchetes jornalísticas. Leia-se,
por exemplo, o caso do ex-presidente Lula. Toda a defesa daquele ex-mandatário
concentra-se em ter, o julgador, conversado de forma inapropriada com os
promotores federais, o que, de rigor, não alterou o amplo direito de defesa que
lhe foi assegurado durante todo o processo nas quatro instâncias. As provas,
todavia, constantes dos autos, que serviram à condenação nas quatro instâncias,
não são objeto das manchetes, tendo-se, inclusive, a impressão de que os
diálogos criminosamente obtidos e conivente e convenientemente veiculados, se
verdadeiros, valeriam mais que o fato material objeto da condenação. Como
advogado há 61 anos, sempre entendi que a advocacia não tem sido bem tratada
por magistrados, imprensa e população, que não percebem a importância do
direito de defesa numa democracia.
No
caso, todavia, o que menos se discute na imprensa é se haveria ou não prova
material condenatória, o que levou um juiz, três desembargadores, cinco
ministros do STJ e seis do STF a entender que haveria crime na conduta do
ex-presidente.
Outra
das minhas irritações reside nas turbulências destes primeiros meses. Aspectos
positivos não têm repercussão na mídia,como o da maior safra de grãos, o da
entrada do capital estrangeiro na casa de quase US$ 100 bilhões, a existência
de saldos altos na balança comercial, a inflação abaixo da média estabelecida,
a possibilidade de queda dos juros, o fato de as reservas serem superiores a
US$ 380 bilhões, o relatório favorável do FMIsobre o estado das contas
públicas, o sucesso nas programações de infraestrutura, a assinatura de um
acordo emperrado há 20 anos entre Mercosul e União Europeia, o avanço e a
liderança entre as nações na defesa dos valores familiares, a manutenção do
combate à corrupção, inclusive até no que demonstra, na linguagem popular, ser
pé quente, a vitória da seleção brasileira na Copa América,após anos de
insucesso internacional.Até a boicotada reforma previdenciária avança.
Reconheço
que a equipe presidencial, sem o traquejo político da anterior, está aprendendo
a “andar de bicicleta andando”, mas a busca, da imprensa, por desacertos em
cada um dos menores incidentes, que ganham, assim, proporções descomunais,
parecem torná-los mais importantes do que alguns dos aspectos relevantíssimos
da evolução do país. De longe, para tais caçadores de insucessos, vale mais o
que vale menos e vale menos o que vale mais.Começo
a ficar intolerante com os que se alegram com o fracasso do país e que se
vangloriam em ver a nação afundar por força de suas, quase sempre, infundadas
críticas.
Outra
das minhas irritações diz respeito à fantástica cobertura que se dá ao crime
cibernético. Um gangster digital invade a privacidade das pessoas, regiamente
financiado, utiliza-se do sigilo da fonte para que um jornalista, a
conta-gotas, vá revelando o produto de seu crime e tal crime e tal parceiro do
criminoso são alcandorados pelos que dizem que a mídia vive das más notícias,
pois as boas não vendem jornal. De tal maneira, nenhuma cobertura se dá à
investigação dos delinquentes da privacidade alheia. Não compartilho da teoria
de que os fins justificam os meios, pois gera uma enorme insegurança jurídica,
e o ideal de justiça, que é o desiderato maior do Direito, fica pisoteado,
transformando-se em uma briga mesquinha pelo poder entre amigos e inimigos.
Tudo
isso para um velho advogado de 84 anos gera desconforto, pois, neste final de
vida, percebo que o país terá ainda que evoluir muito para viver a democracia
que desde os bancos acadêmicos minha turma almejava para o Brasil. “The
last but not the least”, impressiona-me a crítica cerrada de determinada
imprensa a ter o presidente declarado que não financiará um filme que enaltece
a prostituição como meio de vida, por entender que a família é a base da
sociedade e o filme ser corrosivo e deletério aos valores da família. Ora, o
que o presidente declarou é o que está na Constituição, ao dizer que a família
é a base da sociedade (artigo 226 caput) e que os meios de comunicação deverão
ser utilizados para a defesa dos valores éticos da família e da sociedade(artigo 221, inciso IV). Não tem o menor sentido gastar dinheiro do povo para
divulgar prostituição.
É de
se lembrar que a queda das grandes civilizações deu-se quando os costumes se
deterioraram,com as mulheres prostituindo-se nos templos da Babilônia para
conseguirem dotes para seus casamentos, assim como com o relaxamento dos
costumes em Atenas, que terminou perdendo a guerra do Peloponeso para Esparta,
e com a degradação familiar no Império Romano Ocidental, como Políbio
referiu-se em seus escritos. Ora, ao cumprir o que determina a Constituição,
valorizando a família — criou, inclusive, uma Secretaria Nacional da Família —,
está o governo cumprindo rigorosamente a lei suprema. É preferível gastar
dinheiro do povo com a saúde e educação do que com filmes dessa natureza.
Concluo
estas linhas afirmando que em nenhum momento defendo preferências de
magistrados pelos membros do Ministério Público ou desequilíbrio de tratamento
entre o parquet e advocacia, como demonstrei no livro que coordenei com Marcos
da Costa, intitulado A Importância do Direito de Defesa para a Democracia e a
Cidadania, com a colaboração de ilustres advogados e juristas brasileiros.Toda
a verdade deve ser apurada. Entendo, todavia, que os brasileiros deveriam dar
aos fatos conhecidos a sua devida relevância, sem riscos de manipulação, seja
pelos criminosos cibernéticos, seja pelas autoridades dos Três Poderes, pela mídia,
por partidos políticos ou pelos formadores de opinião. Só assim poderemos
entregar a nossos filhos e netos um país melhor do que o que recebemos de
nossos ancestrais.
O “Plano B” do PT para as eleições foi a pique. Espera-se pelo próximo
O PT está com o mesmo problema de Diógenes na Grécia antiga.
O filósofo, como se conta na história, andava pelas ruas de Atenas, em
plena luz do dia, carregando na mão uma lanterna acesa. “Para que essa
lanterna, Diógenes?”, perguntavam os atenienses que cruzavam com ele.
“Para ver se eu acho um homem honesto nesta cidade”, respondia. É o que o
PT está procurando hoje entre os seus grão-senhores ─ um sujeito
honesto, ou, pelo menos, que tenha uma ficha suficientemente limpa para
sair candidato à Presidência da República. Está difícil achar essa
figura. O “Plano A” do partido para as eleições sempre previu a
candidatura do ex-presidente Lula. Quem mais poderia ser? Nunca houve,
desde a fundação do PT, outro candidato que não fosse ele ─ e quem achou
um dia que poderia se apresentar como “opção” jaz há muito tempo no
cemitério dos petistas mortos e excomungados.
Como no momento Lula está condenado a doze anos e tanto de
cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, sem contar outras sentenças
que pode acumular nos próximos meses, sua candidatura ficou difícil. O
“Plano B” previa que em seu lugar entrasse o ex-governador da Bahia,
Jaques Wagner ─ mas o homem acaba de ser indiciado por roubalheira
grossa num inquérito da Polícia Federal, acusado de levar mais de 80
milhões de reais em propina em seu governo. O “Plano C” poderia incluir a
atual presidente do partido. Mas ela também é acusada de ladroagem
pesada, e só está circulando por aí porque tem “foro privilegiado” como
senadora; aguarda, hoje, que o Supremo Tribunal Federal crie coragem
para resolver o seu caso um dia desses. (De qualquer forma, seria um
plano tão ruim que ninguém, nem entre a “militância” mais alucinada,
chegou a pensar a sério no seu nome.) O “Plano D”, ao que parece, é o
ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Ele é uma raridade no PT de
hoje ─não está correndo da polícia, nem cercado por uma manada de
advogados penalistas. Em compensação, tem de lidar com a vida real. O
problema de Haddad não é folha corrida ─ é falta de voto. Na última
eleição que disputou perdeu já no primeiro turno para um estreante, o
atual prefeito João Doria, e de lá para cá não aconteceu nada que o
tivesse transformado num colosso eleitoral.
Um “Plano E” poderia ser o ex-ministro Ciro Gomes. Mas Ciro
não é do PT, os petistas não gostam dele e o seu grau de confiança nos
possíveis aliados é mínimo. “É mais fácil um boi voar do que o PT apoiar
um candidato de outro partido”, disse há pouco. Daí para um “Plano F”,
“G” ou “H” é um pulo. Sempre haverá algum nome para colocar na roda.
Resolve? Não resolve.O problema real é que o PT se transformou há muito
tempo num partido totalmente franqueado ao mesmo tipo de gente,
exatamente o mesmo, que sempre viveu de roubar o Erário em tempo
integral. O partido, hoje, é apenas mais uma entre todas essas gangues
que infestam a política brasileira. A dificuldade eleitoral que o PT
encontra no momento não é o fato de que Lula foi condenado como ladrão
duas vezes, na primeira e na segunda instâncias. É que, tirando o
ex-presidente da campanha, nada muda ─ o sub-mundo ao seu redor continua
igual. Ou seja: o partido não vai se livrar da tradicional maçã
estragada e tornar-se sadio outra vez. A esta altura, o barril todo já
foi para o espaço. De plano em plano, podem ir até a letra “Z” sem
encontrar o justo procurado por Diógenes.
São mais de 786 mil pessoas assassinadas, número maior que o das guerras da Síria e do Iraque
Marisa saiu do trabalho no fim da tarde, como fazia todos os dias.
Grávida de oito meses, dispensou a caminhada sugerida pelas amigas,
pegou um ônibus e chegou ao supermercado minutos antes delas. Dez dias
depois de celebrar o Natal, queria aproveitar a anunciada promoção de
panetones. Uma tentativa de roubo a um carro-forte, um tiroteio entre
assaltantes e seguranças, duas balas que atravessaram intestino, fígado e
útero. As amigas chegaram a tempo de ver Marisa entrar na ambulância.
Mãe e filho morreram no hospital.
— Quando falam de uma pessoa que morreu com um tiro, você nunca imagina
que pode perder alguém da sua casa. Tiro é coisa de confronto com a
polícia, é coisa de quem faz algo errado. Pensamos essas coisas. Minha
irmã estava no supermercado. Mas era o lugar errado. E a hora errada —
diz Margareth Jacinta de Miranda Paula, irmã de Marisa, quase 17 anos
depois.
O crime que levou Marisa à morte aconteceu em 3 de janeiro de 2001, em
Jacareí, interior de São Paulo. Os quatro assassinatos daquela tarde são
parte de uma história ainda mais violenta que se desenvolveria ao longo
do século XXI: 786.870 pessoas foram assassinadas no Brasil entre
janeiro de 2001 e dezembro de 2015, de acordo com dados do Ministério da
Saúde.Um homicídio a cada dez minutos.
[Pessoal ou vai ou racha. Forças Armadas nas ruas só resolve se houver decisão política para resolver o problema e acabar com a criminalidade.
Pedir auxílio das FF AA e não modificar a estrutura de segurança do estado não vai resolver nada.
O Rio há quase um ano conta com a presença das Forças Singulares nas ruas - que já estiveram em outras vezes - mas, nada de definitivo é alcançado.
O motivo é simples: as tropas federais assumem a situação e o governo do Estado considera a situação resolvida, não adota nenhuma medida para melhorar a Segurança Pública e logo tudo começa de novo.
Ou as Forças Armadas vão com autorização para resolver - custe o que custar, com muito ou pouco efeito colateral - contando com o apoio de todas forças de segurança estaduais ou vai ser sempre a mesma situação.
O governo do Estado do Rio - o do Ceará também, que logo vai pedir auxílio federal - e de todos os estados do Brasil, mesmo, e especialmente, os que a situação ainda está sob controle, precisam entender que para combater a criminalidade é preciso PRESTIGIAR a POLÍCIA - não aquele prestígio que se dá a um técnico de futebol na véspera de demiti-lo.
PRESTIGIO mesmo e que contemple, no mínimo, os seguintes itens:
- reequipar ou equipar as forças estaduais com equipamentos modernos, novos, eficiente - tanto em termos de viaturas, armas, munição, meios de comunicação, aumento de efetivo, melhoria salarial para os policiais.
A REFORMA DA SEGURANÇA PÚBLICA é tão ou mais necessária que a da Previdência Social - para se aposentar o cidadão precisa estar vivo.
Novas leis precisam ser editadas, aumentando as penas, criando colônias penais no interior da Floresta Amazônica - custo menor que construir presídios próximo a áreas urbanas, dificuldade de fuga devido a forças adversas da natureza que se somarão à vigilância feita por agentes penitenciários, fim do problema de telefone celular.
Reformar a Constituição Federal - toda cláusula que protege bandido é CLÁUSULA PÉTREA, é uma ironia mas é verdade;
mas, havendo consciência da necessidade é fácil dar o JEITINHO BRASILEIRO e inserir, provisoriamente, pena de morte, prisão perpétua, prisão com trabalhos forçados e deixar a bandidagem com medo.
Tráfico de drogas e/ou armas deve ser punido, no mínimo, com 20 anos de prisão com trabalhos forçados; reincidência prisão perpétua ou mesmo pena de morte.
Acabar com o absurdo de que ocorre um tiroteio em uma operação policial, bandidos ou suspeitos são abatidos e as investigações já começam querendo punir o policial, culpar a polícia.
A investigação tem que ser imparcial, mas, buscando preservar o policial que representa a sociedade.
São medidas drásticas, mas, que resolvem. Se continuar da forma que está a reportagem que está a disposição de todos no LINK abaixo, vai ser modificada: aumentando o número de vítimas inocentes.]
(...)
As mortes no Brasil em 15 anos superam os assassinatos ocorridos no
mesmo período em oito países da América do Sul, somados — o mesmo
acontece em relação às 28 nações da União Europeia. O número de
homicídios é equivalente à população da Guiana e de João Pessoa, capital
da Paraíba — estado onde os assassinatos cresceram 210% neste intervalo
de tempo. As 786.870 vidas perdidas representam mais do que as
populações de Frankfurt, Sevilla, Seattle, Atenas, Helsinque e
Copenhagen, além de significarem uma vez e meia o número de moradores de
Lisboa.
Ariano Suassuna, que deixou de escrever peças de
teatro (gênero “curral & capim”, segundo Paulo Francis) para se
tornar badalado clown de circo eletrônico, acreditava na existência de
dois tipos de preguiça(sexto pecado capital, na Suma Teológica de São
Tomás de Aquino): uma preguiça “boa” e outra “má”. Uma, filha de Deus;
outra, cria do diabo (chegou a escrever uma farsa sobre o tema).
Pois bem. De minha parte, depois de matutar algum tempo sofre o
significado do “populismo”, cheguei à conclusão de que há dois tipos de
populismo: um “bom” e outro “mau”, ambos sistematicamente atacados pelos
que querem impor uma “nova ordem mundial” conduzida e financiada por
figuras como o megaespeculador George Soros, os Rockefeller e a
onipotente gang do Clube Bilderberg que subjugam, na maciota, governos,
instituições e organismos basilares, entre elas, a incorrigível ONU e
penduricalhos nocivos tais como a Unesco e a Unicef, por exemplo.
Em última análise, esses tipos armam a imensa rede do controle
globalista na pretensão de domesticar a população do mundo ocidental
pela força do terror, do medo e da corrupção desenfreada. Basta olhar com apuro. Dia e noite, pela ação remunerada de legiões
de falsos acadêmicos, pseudo cientistas políticos e os chamados
“formadores de opinião”, todos atuando nas mídias, nas universidades e
no âmago das organizações políticas, articulados em bandos, avançam e se
comprazem em servir aos tutores globalistas para reduzir o homem à
condição de gado, tal como preconizava Chigalióv, “cientista social”
visionário saído das páginas de “Os Demônios”, de Dostoiéviski, que
pretendia salvar a humanidade. Dizia Chigalióv:“Partindo da liberdade ilimitada chegaremos ao despotismo total. Não
há outra solução. Para resolver em definitivo a questão social,
proponho que se divida a sociedade em duas partes desiguais. A um décimo
será outorgada liberdade absoluta, a autoridade ilimitada sobre os
outros nove décimos que deverão perder a personalidade, convertendo-se
num rebanho; mantidos numa submissão sem limites, passando por uma série
de transformações, atingirão, por meio de educação progressiva, o
estado de inocência primitiva, qualquer coisa como o Paraíso Terrestre –
sendo, no entanto, obrigados ao trabalho”.
Essa é – em essência, por baixo do pano – a pretensão maquiavélica do
pessoal do Clube Bilderberg e afins, via a praga do globalismo
espalhado pela ONU e seus penduricalhos, para aplainar as “injustiças
do mundo” e restabelecer a felicidade edênica na face da terra.
Naturalmente, as palavras de ordem para atingir tais objetivos são, na
aparência, menos brutais do que as do intelectual de “Os Demônios” (no
entanto, não menos daninhas). Hoje, elas giram em torno da liberação
das drogas, do aborto, em favor do casamento gay, do lesbianismo
escancarado, da invasão descontrolada de imigrantes nos países da
cristandade, para não falar da histeria ambientalista (amparada na
dispendiosa farsa do “aquecimento global”, a prodigalizar US$ bilhões
com milhares de parasitas abonados pela grana de governos permissivos
pressionados por ONGs insaciáveis) – e por ai segue a nau insensata.
De ordinário, os “formadores de opinião” definem o populismo como um
modo de governar que usa de expedientes que têm como meta conquistar
apoio popular, em especial o das “classes subalternas”. Nas campanhas eleitorais, o líder populista procuraria obter a
confiança do povo por meio de um discurso simples, direto e carismático,
dispensando intromissões partidárias. O populista deslegitimaria,
assim, as instituições democráticas apelando, presumivelmente, quando no
poder, para o autoritarismo, legitimado pelo voto popular. Bullshit!
Enfim, de “esquerda” ou de “direita”, o que interessa ao líder
populista é seduzir as massas. No Brasil, citam-se como políticos
populistas, além do ditador Vargas, Ademar de Barros, Jânio Quadros,
Leonel Brizola, Lula “Chacal” da Silva, Garotinho et caterva.
No plano internacional, Donald Trump foi considerado “populista” por ter
se firmado na condição de “antipolítico” – pois lá, como aqui, os
políticos são também execrados pelas massas.
A boa pergunta a se fazer é a seguinte: quem nasceu primeiro? as
massas com suas necessidades e aspirações de melhor qualidade de vida ou
os políticos ideologizados em busca do poder de mando e suas
prerrogativas?
O grande Aristóteles achava a democracia a pior forma de governo caso
degenerasse em “governo de massas”. Ele admitia, porém, uma
democracia-intelectual, republicana, do tipo prevalecente, à sua época,
em Atenas (que se ferrou na mão bélica de Esparta). É evidente que Aristóteles não chegou a conhecer os globalistas nem
intelectuais do porte de um FHC. Se conhecesse, na certa modificaria
seus conceitos. Veria que, hoje, na república democrata, em vez das
massas, quem assumiu o controle absoluto foram as formidáveis elites
político-partidárias coonestadas pela burocracia de Estado com suas
agências reguladoras a despejar sobre a população, em escala colossal, a
cada hora, milhares de leis, decretos, normas, regras e programas
sociais fajutos. Enfim, tudo o mais que limite a liberdade do indivíduo e
da sociedade. No mundo ocidental, eles são agora os beneficiários do
capitalismo, com suas gravatas, foros privilegiados, isonomias e falsas
soluções, abocanhando salários astronômicos sem produzir nada a não ser
papelada, coerção e jugo.
Bem, e o populismo de Bolsonaro?A rigor, não há populismo em
Bolsonaro e, se houver, é o populismo “bom”. Seu discurso direto envolve
o conceito milenar de observar os valores tradicionais de Deus, Pátria e
Família – tríade sobre a qual se ergueu a nossa civilização, agora
execrada por globalistas, comunistas (gramscistas ou leninistas, pouco
importa), a entourage “politicamente correta” e a tropa de choque da mídia amestrada.
Outro dia ouvi da boca de uma autoridade global, dessas que o
considera uma ameaça: –“Bolsonaro não será candidato. Mas, se for, não
ganhará. E, se ganhar, não tomará posse”. Sinal de que o competidor já passou da fase de “pagar placê” e desponta para a reta final! Ipojuca Pontes, cineasta, jornalista, e autor de livros como ‘A Era Lula‘, ‘Cultura e Desenvolvimento‘ e ‘Politicamente Corretíssimos’, é um dos mais antigos colunistas do Mídia Sem Máscara. Também é conferencista e foi secretário Nacional da Cultura
Uma estranha “epidemia” atinge o corpo diplomático russo, escreveu
Alain Rodier, diretor do Centro Francês de Pesquisa e Informação (CF2R),
especialista em terrorismo islâmico e criminalidade organizada, em
artigo para a revista Atlantico. Em menos de um ano, sete diplomatas russos perderam a vida em
circunstâncias pelo menos estranhas. A morte mais conhecida aconteceu em
19 de dezembro de 2016: Andrei Karlov, embaixador russo na Turquia foi assassinado por um fanático islâmico que fingia ser policial.
A ocorrência foi testemunhada e registrada pela imprensa em um museu
da capital turca. O matador alegava querer vingar-se de colegas mortos
em Alepo, Síria. Foi o único caso explicável e esclarecido. Nos outros paira a sombra
da contraespionagem e da polícia secreta russa FSB, também encarregada
de livrar o amo do Kremlin de adversários reais ou potenciais. No mesmo dia, Petr Polshikov, responsável pelo Departamento
Latino-americano do Ministério de Relações Exteriores, foi encontrado
morto em seu departamento moscovita com uma arma na mão. A FSB falou de
suicídio, mas nunca se conheceram os pormenores. No silêncio, todas as
hipóteses ficaram em aberto.
No dia 9 janeiro 2017, Andrei Malanin, cônsul da Rússia em Atenas,
foi achado morto por arma de fogo no toalete de seu apartamento em
circunstâncias misteriosas. Nenhum sinal foi registrado, apesar de a rua
ser habitada por numerosos diplomatas e estreitamente vigiada pela
polícia grega. No caso dos diplomatas, os investigadores locais estão limitados e as
averiguações deveriam ter sido feitas pelos responsáveis russos que,
entretanto, guardaram silêncio. Em 27 de janeiro de 2017, Alexander Kadakin, embaixador da Rússia na
Índia, morreu vítima de uma doença fulminante, segundo o serviço
diplomático moscovita, que não forneceu circunstâncias exatas do drama.
Em 20 de fevereiro de 2017, Vitaly Tchurkin, embaixador
extraordinário de Moscou na ONU, caiu desmaiado em seu escritório de New
York e faleceu após ingressar num pronto socorro. Estreito colaborador de Vladimir Putin, ele era considerado da linha
dura do Kremlin e sucessor potencial do atual ministro de Relações
Exteriores, Serguei Lavrov. Mais recentemente, Mirgayas Shirinsky, embaixador da Rússia no Sudão, foi achado morto na piscina de sua residência.
Quase todos os falecidos estavam na faixa etária em que se extingue a
esperança de vida dos homens russos – 64,37 anos, em 2014 –, nível
baixo atribuído ao generalizado alcoolismo, o mais alto do mundo. O
único fator comum nas ocorrências provém da relação das vítimas com os
serviços russos de espionagem. E essas não foram as únicas mortes estranhas. No dia 8 novembro de 2016, Sergei Krivov foi morto no consulado da
Rússia em New York. Segundo a primeira versão, ele teria caído do teto;
na segunda, a morte teria sido por causa “natural”. Krikov era “oficial
de segurança” do consulado. A função é vaga e esconde muitas vezes
atividades ligadas à espionagem.
O corpo sem vida de Oleg Erovinkin apareceu em Moscou no dia 26 de
dezembro 2016, no bagageiro de um carro da estatal Rosneft. Ele foi
general e serviu na KGB e na FSB antes de tornar-se chefe de gabinete de
Igor Sechin, estreito conselheiro do presidente Putin e oligarca chefe
da Rosneft. As autoridades sugeriram uma crise cardíaca, mas suspeita-se
seriamente que ele teria sido informante das relações de Putin com
Donald Trump. No dia 5 novembro de 2015, Mikhail Lesinne, ex-conselheiro de Putin,
ex-regulador da imprensa russa e fundador do Russia Today, uma joia da
desinformação no exterior, apareceu morto por overdose de álcool em seu
quarto de hotel em New York. Ele exibia numerosos hematomas. A imprensa
americana focou o presidente Putin e seus serviços, mas nada foi
apurado.
Ainda está viva a lembrança do envenenamento com polônio de Alexandre
Litvinenko, opositor de Vladimir Putin, no ano de 2006 em Londres; da
morte de Alexander Perepilichny, refugiado na Grã-Bretanha, em 2012, bem
como a de Boris Berezovsky, estrangulado em sua casa de Berkshire em
2013. Londres concluiu que Litvinenko foi assassinado, mas não quis correr
riscos pronunciando-se sobre os outros dois casos. O alcoolismo é uma
das grandes causas das mortes prematuras na Rússia. Há um segundo fator
muito importante: o crime organizado das “máfias vermelhas”, também
chamadas Bratva, onipresentes desde o tempo da URSS.
Tais máfias – escreve Alain Rodier – penetraram profundamente nas
engrenagens da economia russa e são conhecidas como os Vory v Zakone
(ladrões na lei). Numerosos agentes dos serviços secretos trabalham nelas devido às
suas “qualificações técnicas”, e são largamente pagos pela Nomenklatura
putinista formada nos mesmos ambientes.
Desde o início do ano, dezenas de diplomatas americanos e canadenses
tiveram que abandonar seus postos em Cuba, com estranhos problemas de
audição, e outros relacionados à saúde, atribuídos aos serviços secretos
cubanos alimentados pela Rússia. A Rússia de Putin não abandonou os métodos criminosos desenvolvidos
pela falida URSS. Continua a aplicá-los com a mesma frieza assassina. Se existe alguma diferença entre os tempos da antiga e da “nova
URSS”, ela deve ser procurada na ingenuidade tola dos ocidentais que
acreditaram que o “comunismo morreu”.
Um
relatório do Tribunal de Contas deu o sinal de alerta sobre o atraso do
Plano do Legado da Olimpíada, e fica indefinido o destino das arenas de
competições depois dos Jogos Olímpicos
A exposição planetária da cidade durante as duas semanas de
competições e o legado urbano modernizador compensam largamente o custo
de sediar uma Olimpíada.
O Rio de Janeiro, é claro, aposta nessas
premissas.
Há boa chance de ser isso mesmo, desde que o Comitê Olímpico,
a prefeitura e os governos estadual e federal cumpram o prometido. Mas
(e há sempre um mas) o Tribunal de Contas da União (TCU) já acendeu o
alerta amarelo por meio de um relatório que mostra indefinições
comprometedoras por parte do Ministério do Esporte em relação ao uso
futuro das arenas de competição dos Jogos Olímpicos de 2016. No
documento, de 2 de dezembro de 2015, ao qual a reportagem de VEJA teve
acesso, o ministro Augusto Nardes se diz "muito preocupado"com o atraso
do Plano de Legado do Ministério do Esporte. O plano deveria ter sido
divulgado em abril do ano passado. Nessas circunstâncias, alerta Nardes,
as arenas correm sério risco de virar "elefantes brancos que logo serão
degradados pela ação do tempo". A VEJA, ele reforçou a apreensão:
"Estamos cobrando um plano ao governo desde 2013, e até agora nada".
O custo da Olimpíada do Rio é estimado em 38,1 bilhões de
reais. Desse total, quase 7 bilhões se destinam à construção das
instalações na Zona Oeste do Rio - uma parte no Parque Olímpico, situado
na Barra da Tijuca, a outra no complexo de arenas no subúrbio de
Deodoro. "As instalações integram um legado que é a razão de existir dos
Jogos", diz Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Organizador dos
Jogos Rio 2016. Na distribuição de tarefas para pôr os Jogos de pé,
coube ao governo federal produzir um documento em que estaria delineada a
utilidade de cada espaço pós-Olimpíada, o custo para mantê-lo e a
entidade responsável por arcar com as despesas - justamente o Plano de
Legado que o TCU agora cobra. Em julho, ao fazer um balanço das obras, a
prefeitura antecipou-se e anunciou o destino de algumas construções
(iniciativa que o tribunal, no seu relatório, aprova, mas considera
insuficiente, por não entrar em detalhes essenciais).
Da Arena do
Futuro, prédio em blocos desmontáveis situado na Barra,sairão quatro
escolas municipais; do complexo de natação, no mesmo bairro, serão
feitos dois centros de treinamento de alto nível; em Deodoro, por sua
vez, o gigantesco espaço de 500 000 metros quadrados onde serão
disputadas onze modalidades deve virar um "parque de esportes radicais".De outras imensas e caras estruturas no Parque Olímpico não há menção
de destino futuro: os três estádios interligados batizados de Arenas
Cariocas, palco das competições de basquete, judô e luta livre, entre
outras; as quadras do Centro de Tênis; e o complicado velódromo, o mais
atrasado dos complexos, que abrigará as disputas de ciclismo. São eles,
justamente, os candidatos a elefantes brancos citados no relatório.
Elefante branco é uma expressão consagrada para descrever esse tipo
de fenômeno caracterizado por um alto gasto inicial, um pico de
utilização e um futuro inútil e incômodo. A expressão é originária do
Sião, atual Tailândia, onde esses animais sagrados eram dados de
presente como prova de apreço e se transformavam em dor de cabeça para o
presenteado, pela falta de utilidade e pelo alto custo de manutenção.
Em Londres, o estádio construído para a abertura da Olimpíada de 2012,
ao custo de 620 milhões de dólares e com capacidade para 80 000
pessoas, passou três anos praticamente vazio até ser ocupado, em meados
de 2015, pelo modesto time de futebol West Ham. Em Pequim, o portentoso
Ninho de Pássaro, inaugurado em 2008 ao custo de 500 milhões de dólares,
sedia em média três jogos por ano.Na Grécia, sob a pomposa inscrição
"Glória, riqueza, sabedoria, vitória, triunfo, heroísmo, trabalho", apodrecem as arenas e outras instalações do Complexo Olímpico de Atenas,
sede dos Jogos de 2004.
A elefantíase branca é uma doença contagiosa.Definham a arena
Pantanal e a da Amazônia, estádios construídos longe dos grandes centros
para a Copa de 2014 no Brasil. Diz o economista Maílson da Nóbrega,
ex-ministro da Fazenda e colunista de VEJA: "A gestão do governo federal
é caótica. Não existe um trabalho sistemático de avaliação de projetos
para definir seu uso depois das competições. Em um momento como este, de
crise, a atenção com o gasto público deveria ser redobrada". Bem antes
do Mundial, em 2007, os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro já haviam
produzido sua cota de elefantes brancos. O estádio do Engenhão, fechado
para reformas, nunca foi usado na medida de sua capacidade e o complexo
de natação Maria Lenk viveu às moscas até ser recuperado para a
Olimpíada. Em um único caso, as obras do Pan reverteram em legado
positivo: um estádio ao lado do Parque Olímpico virou a HSBC Arena, uma
bem-sucedida concessão da prefeitura a uma empresa privada, a francesa
GL Events, que faturou com a venda do direito de nomear o espaço e
articulou um intenso calendário de shows e eventos esportivos, entre
eles partidas de equipes da NBA, a liga de basquete americana.
O Plano de Legado não é a única pendência olímpica na conta do
Ministério do Esporte. São tarefas dele, e até agora não foram
cumpridas,miudezas como providenciar cinquenta botes de onde imprensa e
fiscais acompanharão as regatas na Baía de Guanabara, 300 quilômetros
de cercas de metal para demarcar o percurso de corridas de rua, 24 500
bolinhas de tênis e 11 toneladas de gelo para tratar das dores
musculares dos 315 cavalos.
É consenso geral entre os organizadores da
Olimpíada que, cercado de crises por todos os lados, o governo federal
não vem dando a atenção que deveria a um evento de tal magnitude. O
resultado imediato é o atraso em licitações básicas. A consequência de
longo prazo podem ser prédios deteriorando-se e dinheiro jogado no lixo. [Detalhe: se tratando de um governo petista,temos que estar atentos para que os atrasos não sejam apenas fruto da prática preferida dos ladrões dos cofres públicos: "criar dificuldades para vender facilidades."
Ocorrendo a fatalidade para o Brasil e os brasileiros de Dilma não ser detonada via impeachment ou mesmo intervenção militar constitucional, será desencadeada pela corja petralha que aparelha os órgãos públicos uma OPERAÇÃO EM REGIME DE URGÊNCIAque possibilitará que obras da pior qualidade e produtos imprestáveis até mesmo em países do quarto mundo sejam vendidos a preços superfaturados tudo em nome de SALVAR AS OLÍMPIADAS Rio 2016.
Os petralhas em matéria de assalto aos cofres públicos são aloprados, mas, capazes de tudo.]
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Ahmad se decidiu pelo êxodo no dia em que fez 27 anos. Naquela madrugada não conseguira alimentar o filho faminto
Música não
precisa de tradução nem visto de entrada. É linguagem universal. Além de
suas outras utilidades mil, ela serve de bálsamo para vidas à deriva,
atravessa muros e fronteiras, fura bloqueios e não pesa na bagagem. Que o
diga o jovem sírio Ayham Ahmad.
Domingo passado, apesar do frio
do cão que prenuncia um inclemente inverno europeu, 24 mil pessoas
participaram de um concerto ao ar livre na monumental Königsplatz de
Munique. Cantaram, dançaram, fizeram selfies e foram felizes durante
mais de duas horas na histórica praça traçada dois séculos atrás para
concorrer com a Acrópole de Atenas, e de grande serventia para
mastodônticos comícios nazistas.
Só que, desta vez, a galera tinha
a cara de uma Alemanha nova. Metade era refugiada de guerra exaurida
pelo êxodo e recém-aportada na Baviera; a outra metade era de
voluntários alemães que os acolheram ou queriam expressar solidariedade. Organizado em menos de duas semanas e intitulado “Danke-Konzert”(concerto de gratidão), o megashow reuniu as bandas indie
mais populares do país. O próprio prefeito da cidade se encarregou de
empunhar uma guitarra e entoar “Não somos apenas nós”, canção
pró-refugiados que o público parecia conhecer. “O mundo é grande o
suficiente. Não somos só nós. Alô, Nova York, Rio, Rosenheim (sede
administrativa da Baviera), participem também”, incentivou ele,
referindo-se à transmissão on-line.
Ahmad nunca tocara para
tamanho mar de gente. Muito menos para um mar de caucasianos com
cartazes a proclamar que “Nenhum ser humano é ilegal”. Enrolado ao
tradicional keffieh palestino no pescoço, ele subiu ao palco
como atração principal — seis meses atrás sua imagem tocando um piano
detonado entre os escombros de Yarmouk, na Síria, havia corrido mundo.
Ele se tornara o cancioneiro do sofrimento sírio e sua música era ouvida
como trilha sonora do horror.
Domingo passado, Ahmad tocou
canções de sua gente num Yamaha acústico CP de última geração. Todos
entenderam o misto de dor e alegria, mesmo quem não entendia árabe. Sua
mulher, dois filhos pequenos, o piano carbonizado e o bairro de
refugiados palestinos onde nascera haviam ficado para trás. Ele teve
sorte. Só no mês passado morreram afogados no Mar Egeu 144 refugiados da
mesma travessia — 44 eram crianças. E dois dias atrás morreu a primeira
vítima de um dos países europeus que lhes são hostis — foi baleada
pelas forças policiais da Bulgária.
A Yarmouk do pianista fora
erguida seis décadas atrás nas franjas de Damasco, capital da Síria,
como campo de acolhimento para palestinos fugidos de Israel. Consolidada
como bairro, chegou a abrigar quase 700 mil pessoas. Hoje, restam no
máximo 18 mil a vagar entre ruínas. Ahmad se decidiu pelo
arriscado êxodo em abril deste ano, no dia em que completava 27 anos.
Naquela madrugada não conseguira alimentar o filho faminto. “Saí de lá
porque a vida ali cessou”, explicou à repórter do “Huffington Post” que o
perfilou.
Sobrevivera com a família a quatro anos de guerra civil
com destruição e morte por toda parte. Primeiro, foram os bombardeios
da Síria e o estrangulamento de Yarmouk por bloqueio total, levando os
moradores a se alimentarem de plantas, gatos, cachorros e macacos.
Depois, já de joelhos, o bairro-cidade foi ocupado pelos homens de preto
— os jihadistas do Estado Islâmico (EI). A água acabou, a farinha e o
pão sumiram e a música, considerada haram (infiel), foi proibida.
Filho
de violinista, Ahmad tocava piano desde os 6 anos de idade e havia
estudado música em Homs até a guerra civil inviabilizar qualquer
atividade. De volta à Yarmouk destruída, ele decidiu instalar a céu
aberto seu surrado piano e passou a tocar entre escombros, para aliviar a
alma de quem o ouvisse. Outros músicos de ocasião se juntavam a ele
para cantarolar a céu aberto sobre a vida. Com a ocupação do EI, a vida
para ele cessou.
Ahmad ainda tentou camuflar o piano numa carreta
improvisada coberta por papelão ao partir para Damasco, onde deixou a
família. Mas os jihadistas interceptaram o comboio, encharcaram de
gasolina o instrumento e o incendiaram à sua frente. O resto da
saga do músico se assemelha a de tantos outros. De Damasco, ele seguiu
sozinho a pé, de ônibus, barco inflável, navio grande, trem: Homs, Hama,
Dikili, Lesbos, Atenas, Macedônia, Bulgária, Sérvia, Croácia, Áustria
e, por fim, Munique, onde chegou em setembro, cinco meses depois de
partir.
Como ele mesmo explica, na terra em que morava, a opção
era juntar-se a alguma facção ou esperar pela morte. Decidiu esperar
pela morte tocando piano e cantando. Agora em terra estrangeira,
continua tocando piano e cantando. Espera pela vida ao lado da mulher e
filhos. Um dia talvez. “Quero dizer ao mundo que somos apenas civis, que
amamos a música”. Em tempo —Decretado o
fim de fotos de mulheres nuas na “Playboy”, quem continuar a comprá-la
pode dizer, agora sem cinismo, que o faz para ler as entrevistas de
qualidade da revista. Já quem é adepto de obscenidades hard core na vida real basta acompanhar a política praticada em Brasília.