Fundado em 2013, o Vox cultiva uma retórica contra as elites políticas e intelectuais, além de defender políticas migratórias mais duras e não poupar de críticas à União Europeia. Santiago Abascal, líder do partido, tem um discurso parecido com o de Bolsonaro, principalmente contra o que chama de “ditadura progressista”, com ataques à comunidade LGBTI.
Assim como Bolsonaro, Abascal defende a posse de arma: “Tenho uma (pistola) Smith & Wesson em casa. A princípio, era para proteger meu pai do ETA. Agora, meus filhos. Defendo que todo mundo possa ter uma arma”, disse ele.
Já o Jobbik, criado em 2003, é o principal partido da direita nacionalista radical da Hungria, visto por especialistas com a característica de imprimir um populismo com viés autoritário.
Ao se inspirar no partido de Trump, Bolsonaro reforça justamente o lado conservador com que pretende administrar o Aliança. A cada quatro anos, antes da disputa presidencial, os republicanos elegem uma nova plataforma. A última, de 2016, deu uma guinada ainda mais à direita do que a anterior ao se opor ao casamento gay, direito garantido pelo Suprema Corte, e ao defender a inclusão da Bíblia no currículo escolar.
Contra o “sistema”
Há uma iniciativa defendida pelo Vox já implementada por Bolsonaro. O
partido prega, por exemplo, a criação de um Ministério da Família na
Espanha, já colocada em prática no Brasil. Referência internacional em estudo sobre populismo, o cientista político
holandês Cas Mudde diz que um traço singular de Bolsonaro é o fato de
ele ter ascendido ao poder sem uma plataforma política estruturada.
— A extrema direita é cada vez mais generalizada e normalizada, com partidos dessa linha no poder nos principais países (por exemplo, Brasil, Índia, EUA) ou considerados parceiros normais da coalizão em vários outros (por exemplo, Áustria, Dinamarca, Itália). Seus problemas, quadros e posições são frequentemente compartilhados pela mídia e pelos políticos, o que leva os partidos de extrema direita a superarem seu peso eleitoral— analisa Mudde.
O documento do Aliança traz uma enfática defesa de Deus, da religião, do armamentismo e do livre mercado. Assim como partidos da direita populista internacional, a sigla faz uma exaltação do povo contra o “sistema”, visto como corrompido, e contra uma elite cultural, intelectual e burocrática — chamada no programa de “burocratas não eleitos”.
— A direita radical não rejeita completamente as regras da democracia, mas busca combater ou atacar as instituições liberais democráticas e os direitos fundamentais de minorias.
Para Bragança, a inspiração do Aliança vem da direita conservadora americana, mas reconhece similaridades com o Vox. Ambos pregam a exaltação de símbolos e “heróis nacionais”, criticam a “politização” da Justiça, atacam bandeiras progressistas e apoiam a redução da participação da sociedade civil em conselhos estatais.
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