Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Segundo as investigações da PF, o senador Sérgio Moro era um dos alvos do grupo que pretendia crimes de homicídio e extorsão contra autoridades. - Foto: Roque de Sá/Agência Senado
A revelação de um plano da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar autoridades, incluindo o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o promotor paulista Lincoln Gakyia, precisa ser tratada com toda a importância.
O plano, que seria a retaliação por uma decisão que frustrou os planos de resgate do chefão do PCC, Marcos Camacho (o “Marcola”), é a comprovação definitiva de que, ao contrário do que pensam os responsáveis pelo novo Pronasci, preocupados apenas com pautas identitárias,o crime organizado é, sem sombra de dúvida, o principal problema da segurança pública no país e exige ação enérgica e cooperação incansável entre todas as esferas de poder.
Não é à toa que o PCC tenha escolhido Moro como alvo. Quando ministro da Justiça, o ex-juiz e hoje senador elegeu como prioridade o combate ao crime organizado.
Marcola foi apenas um dos líderes de facções criminosas que, por determinação do então ministro, foram isolados em presídios federais, após terem passado anos em cadeias de onde seguiram comandando seus grupos sem serem importunados.
Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal mostraram que a medida havia contrariado profundamente as cúpulas das facções e tinha sido efetiva ao silenciar os principais chefes das organizações criminosas.
Lula se julga um Conde de Monte Cristo do século 21: um inocente vítima de uma conspiração para retirá-lo de um caminho de sucesso. Mas o conjunto probatório levantado pela Lava Jato conta uma outra história
Além disso, Moro ainda endureceu as regras para visitas a líderes do crime organizado que não colaborassem com as investigações, e incluiu vários dispositivos que afetavam facções como o PCC no pacote anticrime.
Durante sua passagem pelo Ministério da Justiça, Moro também aprofundou a cooperação entre a Polícia Federal e os órgãos de investigação estaduais, com um trabalho de inteligência que não apenas resultou na desarticulação de planos como os de resgatar Marcola, mas também impôs pesadas perdas financeiras ao crime organizando, afetando seu financiamento. Como afirmou um dos criminosos grampeados pela PF, “esse Moro aí (...) veio pra atrasar”.
Não há outra palavra para descrever os dias de pânico impostos pelo crime organizado a populações inteiras como a do Rio Grande do Norte ou, em outros tempos, de São Paulo.
Faltava apenas o assassinato de autoridades, que também faz parte do modus operandi do terrorismo, como bem demonstram as Brigadas Vermelhas italianas, que sequestraram e mataram o ex-primeiro-ministro Aldo Moro em 1978.
Infelizmente, o enquadramento dos líderes de facções como terroristas ainda está distante, pois a Lei Antiterrorismo exige“razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião” para que os crimes descritos na lei sejam assim caracterizados – uma mudança legal para contemplar as ações do crime organizado seria muito bem-vinda. Enquanto isso não ocorre, que se use todo o rigor da lei e toda a inteligência possível para seguir desbaratando os planos das facções antes que se tornem realidade.
A descoberta do plano do PCC também é a peça que faltava para igualar as facções criminosas a grupos terroristas.
Não é apenas o PCC, no entanto, que colocou o ex-juiz, ex-ministro e senador na mira por ter feito um bom trabalho.
Em uma coincidência macabra, no dia anterior à deflagração da Operação Sequaz o presidente Lula citou o ex-juiz em entrevista ao portal de esquerda Brasil 247.
"Só vou ficar bem
quando foder com o Moro", dizia Lula
[o petista já começa assumindo um compromisso de quem tem moral,ética e fé - qualidades que não possui.]
Usando um termo chulo que renderia imediatamentecondenação na imprensa, pedidos de impeachment e uma representação de Randolfe Rodrigues no STF se tivesse saído da boca de um certo ex-presidente, Lula recordou o tempo passado na carceragem da PF em Curitiba. “De vez em quando ia um procurador, entrava lá de sábado, dia de semana, para perguntar se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores e perguntavam: ‘está tudo bem?’ ‘[Eu respondia que] não está tudo bem. Só vai estar tudo bem quando eu f... esse Moro”, afirmou.
Lula se julga um Conde de Monte Cristo do século 21: um inocente vítima de uma conspiração para retirá-lo de um caminho de sucesso.
Mas, ao contrário do que ocorrera ao protagonista da trama de Alexandre Dumas, o conjunto probatório levantado pela força-tarefa da Lava Jato e no qual Moro se baseou para condenar Lula em 2018está fartamente documentado, disponível a qualquer um que deseje se inteirar da verdade histórica envolvendo a pilhagem das estatais ocorrida durante a primeira passagem do PT pelo poder. Sim, as condenações foram todas anuladas pelo Supremo, as provas já não poderão ser usadas em tribunal nenhum, mas isso não apaga os fatos que a Lava Jato apurou.
“Bolsonaro enquadrou Mandetta e responsabiliza
governadores e prefeitos pelo desemprego, embora tenham a dura tarefa de
conter a epidemia na ponta”
Escrevo antes do pronunciamento de Bolsonaro de ontem à noite, em
cadeia de tevê. Pela live que compartilhou no Twitter, a conversa que
teve com Luiz Henrique Mandetta obrigou o ministro da Saúde a
flexibilizar geograficamente a política de distanciamento social,
levando em conta a progressão da doença nos estados. É um perigo, mas
Mandetta hasteou a bandeira branca e bateu continência para o presidente
da República. [qualquer cidadão quanto aceita um convite para se tornar ministro, tem ciência de que enquanto ministro é subordinado diretamente do Presidente da República e que permanece com total liberdade para deixar o cargo.] Na entrevista coletiva que deu à tarde, deixou isso
claro: “Quem comanda este time aqui é o presidente Jair Messias
Bolsonaro”, disse. “Tivemos nossas dificuldades internas, isso é
público, mas estamos prontos, cada um ciente de seu papel nesta
história.” Não sei qual o acordo que fizeram, mas essa é a ordem natural das
coisas num sistema de poder no qual o vértice é o presidente da
República. A propósito, Norberto Bobbio, após o assassinato do
primeiro-ministro Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas, escreveu uma série
de artigos sobre a crise italiana, reunidos numa coletânea publicada no
Brasil, intitulada As ideologias e o poder em crise, em tradução de
Marco Aurélio Nogueira. Destaco dois deles: a política não pode absolver
o crime, no capítulo sobre Os fins e os meios, e; Quem governa?, em O
mau governo. A referência a Bobbio veio ao caso devido a uma passagem da
entrevista do ministro Mandetta. Em certo momento, no chamamento que fez
à união de todos contra a epidemia, disse que as autoridades médicas
precisam da ajuda de todos, inclusive das milícias e dos traficantes. O
ministro não é nenhum ingênuo, deve ter algum motivo para ter falado
isso, mesmo sabendo que seria duramente criticado por essa referência ao
crime organizado. A grande dúvida é se fez um apelo dramático por puro
desespero, pois estamos num momento crucial do crescimento exponencial
da epidemia, ou se realmente houve um pacto do governo Bolsonaro com as
milícias e os traficantes. Não seria a primeira que vez que isso aconteceria, com consequências
desastrosas, porque favorece a expansão do crime organizado na sociedade
e sua infiltração na política. Por outro lado, é muito fácil fazê-lo,
pela via das relações perigosas nos sistemas de segurança pública e
penitenciário. Ministro-chefe da Casa Civil, o general Braga Netto,
ex-interventor no Rio de Janeiro, conhece bem essas conexões. Qual é a
lógica perversa por trás desse raciocínio? Todos sabemos que a epidemia
ainda não chegou ao povão, está na classe média alta, e só agora
registra os primeiros casos de mortes nas favelas e periferias das
grandes cidades e regiões metropolitanas conurbadas, principalmente em
São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus. Na prática, isso
significa toque de recolher e dura punição nas favelas e nas periferias,
numa hora em que o presidente da República pressiona pela
flexibilização da política de isolamento social. Quem governa?
Governos monolíticos nas democracias não existem, ainda mais num sistema
federativo e de equilíbrio entre os poderes. Bolsonaro enquadrou
Mandetta e responsabiliza governadores e prefeitos pelo distanciamento
social e o desemprego. Mas sabe também que os governadores e prefeitos,
que têm a dura tarefa de conter a epidemia na ponta, contam com o apoio
do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) para agir com
autonomia, na esfera de suas competências. Por mais que queira, não
existe correlação de forças para Bolsonaro intervir nos estados. É assim
que funciona na democracia. O Estado brasileiro é ampliado, cada ministério é um subgoverno que
se relaciona com os demais poderes e esferas de poder com relativa
autonomia, além de terem imbricações com agências privadas e grandes
setores empresariais. Mas é daí que veio a reação para garantir o
funcionamento do sistema de saúde, com produção de suprimentos de
proteção individual, equipamentos e aparelhos de saúde para ampliar a
capacidade de absorção de pacientes pelos hospitais. Existe um grande
business na área da saúde, cujas políticas públicas foram capturadas por
grande fornecedores, muitos dos quais importadores, e também algumas
máfias, que desviaram recursos ao longo dos anos. Agora, chegou a hora
de verdade: os profissionais de saúde estão no comando, o governo está
sendo obrigado a inventar um novo orçamento da Saúde e a recriar a
indústria do setor. Nesse aspecto, foi patética a constatação de que os hospitais
federais do Rio de Janeiro não têm profissionais para atuar contra a
epidemia, assim como os hospitais universitários. O governo federal é
responsável por 5% da capacidade hospitalar do país, porém, deveria
entrar com mais força, principalmente na montagem de hospitais de
campanha e na contratação de profissionais para atuar junto às
comunidades de periferia e regiões remotas da Amazônia e nos sertões do
Nordeste, resgatando o Programa Mais Médicos. Finalmente, uma homenagem póstuma ao sanitarista Sérgio Arouca,
grande idealizador do SUS, que liderou milhares de profissionais de
saúde que hoje estão na linha de frente do combate à epidemia. Lembro-me
de duas conversas com ele: na primeira, me disse que a emergência era o
ponto mais fraco do sistema, subestimada pela cultura dos sanitaristas;
na segunda, lamentou não ter conseguido levar adiante seu programa de
agentes comunitários de saúde no Rio de Janeiro, sem os quais seria
impossível erradicar a dengue e conter epidemias mais graves nas
comunidades pobres. Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
A aprovação do Projeto de Lei nº
703/2019, que dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por
resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluindo a
indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e de
entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas
de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados é
um grande avanço no sentido de reduzir o financiamento do terrorismo
internacional.
Vale lembrar, que não se trata de uma construção espontânea do
legislativo brasileiro e sim fruto de pressões de parte de organismos
internacionais como o Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi) que
havia estipulado prazo até fevereiro de 2019, para que o Brasil
atendesse as recomendações do órgão sob pena de desvinculação.
Inobstante o projeto vir a complementar aspectos específicos da Lei nº
13.260, de 16 de março de 2016, conhecida como Lei Antiterrorismo,
torna-se ainda necessário uma discussão mais ampla uma vez que existem
inúmeras polêmicas e controvérsias sociais e jurídicas sobre o teor
desta legislação.
Uma das principais controvérsias recai na redação do artigo 2º da
referida lei quando trata das motivações para o terrorismo estabelecendo
razões de xenofobia, discriminação, preconceito de raça, cor, etnia e
religião, associando-o a delitos contra os direitos humanos em uma
abordagem dissonante das demais legislações internacionais. Ademais, tais razões são descritas de maneira genérica exigindo dos
aplicadores da lei elevado grau de discricionariedade para diferenciar
quais ações se configuram como legítimas em defesa de direitos e quais
não se enquadram nesta direção.
Com a exclusão da motivação política do texto da norma, considerada o
cerne da questão, amplia as controvérsias já existentes. Sabemos, a
priori, que um ato de terrorismo é o uso indiscriminado da violência
para se atingir um determinado objetivo que poderá ser político,
religioso ou por vingança e ódio, conforme a causa que motivou o ato.
O grupo Estado Islâmico, por exemplo, atua por causas políticas na
tentativa de estabelecer um califado além de lutar contra a política
ocidental que segundo estes, impede o direito de autodeterminação dos
povos ao impor sua cultura e tradições.
Da mesma forma o Hamas quando apregoa o fim do Estado de Israel e ataca
países simpatizantes. Excursionando pela história, os grupos
terroristas do passado, entre as décadas de 50 a 70 como ETA, IRA, Baden
Main Hoff e Brigadas Vermelhas eram motivados eminentemente por causas
nacionalistas, circunstância que está intimamente relacionada a
política, sendo financiados externamente por países e organizações
não-governamentais de fachada. Para compreendermos melhor os impactos destas motivações, o teor do parágrafo 1º do artigo 2º é bem ilustrativo.
Expressa que “são atos de terrorismo usar ou ameaçar usar, transportar,
guardar, portar ou trazer explosivos, gases tóxicos, venenos, conteúdos
biológicos, químicos, nucleares, consideradas armas de destruição em
massa”.
Contudo, o ato de portar tipos específicos de armas deve
necessariamente obedecer a razões de xenofobia, discriminação,
preconceito de raça, cor, etnia e religião, casos ainda não
identificados no sistema penal brasileiro.
Seguindo este raciocínio, determinadas ações perpetuadas por facções
criminosas, consideradas de natureza grave, como as que estão ocorrendo
no estado do Ceará, dentre outras, estão fora do alcance desta lei e não
poderão ser enquadradas como crimes de terrorismo uma vez que não estão
relacionadas as motivações exigidas.
No mesmo diapasão encontram-se as ações perpetuadas pelos chamados
movimentos populares não havendo dúvidas acerca de sua legitimidade.
Todavia, utilizar-se de explosivos, armas de fogo, promover invasões em
instituições públicas e de serviços essenciais com grave ameaça,
extrapola questão reivindicatória de contestação e protesto, mesmo na
defesa de direitos.
Neste sentido, integrantes destes movimentos que pratiquem tais atos
não poderiam ser uma exceção a norma. Sendo assim, é possível argumentar
que o Projeto de Lei, embora bem fundamentado, tende a ser inócuo uma
vez que o financiamento para a prática do terrorismo com motivações
exclusivamente ligadas aos direitos humanos, tem baixa probabilidade de
ocorrência no Brasil, tampouco o confisco de bens e ativos financeiros.
Na realidade, vivenciamos no Brasil ações do terrorismo nacional ou
doméstico parte de uma guerra híbrida financiada pelo tráfico de drogas
que nada tem a ver com direitos humanos e sim com disputas por
território e mercados.
A gênese deste problema recai no espírito da norma, tema explorado com
maestria por Montesquieu em seu clássico “L Esprit des Loix”,quando
desvirtuada em sua motivação para se adaptar a um contexto
político-ideológico específico .Neste sentido, reabrir o debate acerca desta legislação torna-se um ato
de democracia e um passo essencial para minimizar os problemas de
segurança pública no país. ¹André Luís Woloszyn – Analista de
Assuntos Estratégicos, Mestre em Direito, especialista em Ciências
Penais, diplomado em Inteligência Estratégica pela Escola Superior de
Guerra. - DefesaNet
“Findada essa novela do caso Battisti, o Brasil
precisa encarar a sua própria realidade. A crise de segurança pública no
Ceará continua, desafiando as autoridades, com dezenas de atentados”
Cesare Battisti ficará preso na Sardenha, uma ilha belíssima, num
presídio de segurança máxima, cujas celas não permitem observar o
horizonte no mar Mediterrâneo. É o fim de uma novela diplomática e
jurídica, alimentada em razão de uma decisão equivocada do então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não aceitou o pedido de
extradição feito pelo governo italiano e concedido pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Por ironia, Lula acabou tendo de cumprir pena primeiro
que o ex-terrorista italiano, condenado à prisão perpétua por quatro
homicídios.
O refúgio político concedido a Battisti pelo então ministro da
Justiça, Tarso Genro, foi o clímax da glamourização da luta armada pelo
PT e por outros setores da esquerda brasileira durante sua passagem pelo
poder. A conta chegou com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência.
Battisti praticou seus crimes quando a democracia italiana vivia uma
grave crise, que resultou no assassinato do primeiro-ministro Aldo Moro,
o democrata-cristão que negociava um acordo que poderia levar os
comunistas italianos liderados por Enrico Berlinguer a compartilhar o
poder, o chamado “compromisso histórico”. Foi sequestrado e morto por
militantes das Brigadas Vermelhas, organização terrorista de
ultra-esquerda, como o partido ao qual Battisti dizia pertencer,
Proletários Armados pelo Comunismo.
Cuba carece de relevância, mas desempenhou papel
crucial no plano ideológico.
Castrismo formou uma caverna escura,
santuário para a esquerda latino-americana
No 13 de maio de 1968, meio século atrás, o levante estudantil levou
800 mil às ruas de Paris. No Quartier Latin, os muros falavam: “A
imaginação no poder”, “É proibido proibir”, “Abaixo das ruas de pedra, a
praia”, “O tédio é contrarrevolucionário”, “Seja realista, exija o
impossível”, “Decretado o estado de felicidade permanente”. 1968 não
terminou? Terminou, sim, mas seus estilhaços estão por aí.
A revolta de Paris assinalou a ruptura do controle da juventude pelo
Partido Comunista. A imagem da URSS ruía no espelho da invasão da
Hungria (1956) e da Primavera de Praga, esmagada pelos tanques
soviéticos meses depois. Mas a cisão extinguiu o próprio levante: no
fim, os sindicatos comunistas interromperam a greve geral, isolando os
estudantes. Pouco antes, 30 de maio, algo como um milhão de apoiadores
do general De Gaulle, a “maioria silenciosa”, tomaram os Champs-Elysées.
O 1968 francês foi festa, decepção e silêncio. Na Alemanha Ocidental e
na Itália, as revoltas estudantis deixaram fragmentos letais. Delas, ou
de suas franjas extremas, nasceram o Baader-Meinhof e as Brigadas
Vermelhas, dois grupos terroristas infiltrados pela Stasi, a polícia
política da Alemanha Oriental. A luta armada, escreveu Ulrike Meinhof,
servia para “resgatar o estado de conhecimento” alcançado pelo movimento
de 1968. Qual “conhecimento”? A ideia de que a democracia ocidental não
passava de uma delgada película destinada a ocultar a natureza fascista
do Estado. Eis um estilhaço ideológico do passado que permanece
conosco, no pensamento infértil da extrema-esquerda. A correnteza do 1968 europeu bifurcou-se na encruzilhada da
democracia parlamentar.
Os que não seguiram a trilha da “ação direta”
inventaram a política ecológica. Cohn-Bendit, o Daniel Le Rouge, trocou o
grupo radical autonomista de sua juventude, no qual militara com
Joschka Fischer, que viria a ser ministro do Exterior alemão, pelo
Partido Verde. Eis mais um estilhaço de 1968: o alargamento do discurso
da esquerda moderada e a introdução do conceito de desenvolvimento
sustentável na política contemporânea.O 1968 representou coisas distintas em lugares diferentes. Na
Alemanha Ocidental, abriu caminho à ascensão de uma social-democracia
reformada: Willy Brandt tornou-se chanceler em 1969, interrompendo as
duas décadas de hegemonia conservadora do pós-guerra. Nos EUA, propiciou
a fusão das lutas pelos direitos civis e contra a guerra no Vietnã,
revolucionando por dentro o Partido Democrata. Já na América Latina, não
se repetiu a ruptura europeia entre a juventude e a esquerda stalinista
tradicional. As fotos do corpo sem vida de Che Guevara haviam sido
divulgadas pelo governo boliviano em outubro de 1967. Sob a força
gravitacional da Revolução Cubana, os grupos latino-americanos de
esquerda aderiram ao castrismo e deixaram-se embriagar pela ideia do
“foco revolucionário”. Na Argentina, no Uruguai, no Brasil eclodiram as
lutas armadas.
Caetano e Os Mutantes tocaram “É proibido proibir” numa noite de
domingo, 15 de setembro de 1968, provocando a célebre, irada reação da
plateia estudantil que identificava a guitarra elétrica ao imperialismo.
No Brasil, o 1968 libertário quase se restringiu à Tropicália. Seis
meses antes do happening no festival da canção, um PM matara o
secundarista Edson Luís Lima Souto, no restaurante Calabouço, no Rio.
Três meses depois, no 13 de dezembro, o AI-5 terminou o nosso ano que
supostamente nunca acabou.
Dali em diante, as dissidências armadas do
PCB instalaram seus focos urbanos, enquanto o PCdoB preparava a
guerrilha no Araguaia. Não faz muito sentido conectar o “nosso” 1968 ao
“deles”. Cuba carece de relevância econômica ou geopolítica, mas desempenhou
um papel crucial no plano ideológico. O castrismo formou uma caverna
escura, que serviu de santuário para a esquerda latino-americana. Dentro
dela, protegidos dos clarões que vinham da Europa, os grupos
esquerdistas podiam continuar a rezar pela Bíblia do “socialismo real” e
estudar o Minimanual do Guerrilheiro Urbano de Carlos Marighella. Do
nosso 1968, restou um estilhaço: a atração pelos personagens trágicos da
luta armada, homenageados até hoje em sessões oficiais e celebrados em
filmes ou canções que gotejam vandalismo intelectual.
Jorge Amado, um comunista de carteirinha, terminou a vida abraçado a
Antônio Carlos Magalhães, pedindo que se erigisse uma estátua a
Marighella em Salvador. Caetano cantou Marighella em “Um comunista”, em
2012, sem atinar para a evidência de que seria fuzilado num hipotético
regime comandado pelo guerrilheiro. Na Bahia, em 2010, ainda presidente,
entre um e outro encontro com os Odebrecht, Lula reverenciou a figura
de Marighella, conclamando-nos a elevá-lo ao panteão dos heróis da
pátria e a “valorizar as razões pelas quais fez o que fez”. Os
militantes do PT e do PSOL circulam vestidos em camisetas com a efígie
do Che. A caverna é escura.