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domingo, 5 de novembro de 2023

O Brasil não está no círculo das nações que dão as cartas no mundo

 Geopolítica é para profissionais

Assistimos à intensificação da tensão entre nações, característica de uma guerra fria agravada. Isso não é uma novidade, mas o quadro é complicado por dinâmicas econômicas contraditórias nos EUA, China e Europa. 
Paralelamente, a guerra na Ucrânia se desenrola com uma cascata de efeitos secundários que reverberam globalmente — quadro agravado pelo conflito em Israel.
 
 

 O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em reunião do Conselho de Segurança da ONU (30/10/2023) (ONU/Divulgação)

Deparamos com circunstâncias sem precedentes que podem trazer consequências sérias ao Brasil. Estamos à beira de uma transformação da guerra fria em curso em conflito de proporções globais, considerando a inclinação para a beligerância e a imprevisibilidade dos líderes atuais.

A atual conjuntura guarda paralelos com a década de 1930, ecoando a máxima de que a história tende a se repetir — embora como uma espécie de paródia. 
Para o Brasil, os impactos de um conflito global seriam desastrosamente superiores aos da II Guerra. 
A interconexão global e a interdependência econômica amplificadas deixam-nos em posição mais vulnerável.
 
No período pré-guerra, o Brasil vacilou antes de se posicionar ao lado dos Aliados contra o Eixo. 
 Hoje, observa-se um aparente desvio do país em direção a uma política externa reminiscente do Terceiro Mundo, com um alinhamento mais próximo aos interesses chineses e russos. 
Esse movimento gera questionamentos: por que tomar tal direção?

“Em um contexto complicado, o país oscila entre um protagonismo ilusório e ações relevantes”

Nossa economia está atrelada em grande medida ao comércio de commodities com a China, conferindo a esse parceiro uma influência considerável nas relações comerciais. 
Além disso, nossa dependência dos insumos russos, especialmente fertilizantes e diesel, restringe nossa capacidade de adotar postura mais assertiva com esse parceiro estratégico. 
Simultaneamente, enfrentamos críticas e uma espécie de perseguição por parte dos países europeus no que tange às questões ambientais.
 
A diplomacia dos EUA, marcada pela confusão há algum tempo, carece de narrativa coesa e ferramentas eficazes para reforçar sua presença institucional no Brasil. 
Washington parece nos tratar como “não prioridade”, relegando ao setor privado as relações com o país.

Em um contexto complicado, o Brasil oscila entre um protagonismo ilusório e ações efetivamente relevantes, como as tentativas de mediar um cessar-fogo em Gaza. O país não demonstra o peso de uma grande potência nem atua como tal em um cenário mundial onde a dissimulação e a desinformação são estratégias geopolíticas corriqueiras.
 
A biografia Putin, de Philip Short, revela a intricada teia da geopolítica ao narrar as manobras do líder russo desde o colapso da União Soviética. 
No trabalho de Short, que cobre os principais acontecimentos desde a queda do Muro de Berlim até a invasão da Ucrânia, o Brasil, para o bem ou para o mal, é mencionado apenas uma vez em um contexto singelo: nossa abstenção em uma votação de resolução da ONU em 2011.
Essa menção isolada reflete a posição do Brasil no xadrez geopolítico. Mesmo ostentando o status de uma das maiores economias do mundo, detendo vastos recursos naturais e sendo um dos principais produtores de alimentos, não ascendemos ao círculo das nações que dão as cartas no palco mundial.[para fechar o rol - autêntico e até condescendente -  que aponta as falhas do Brasil na disputa por um desejado, e inalcançável, protagonismo mundial, ainda fazem o L e elegem um Lula presidente, trazendo ao picadeiro  um ministério em que mais de 95% dos integrantes são SUMIDADES EM NADA.
Lula se imagina um estadista, mas, ainda não sabe diferenciar apupos de aplausos, da mesma forma que a primeira dama considera ser apalpada o mesmo que apupada.] 
 
 
 

Publicado em VEJA,  edição nº 2866, de 3 de novembro de 2023

 

sábado, 6 de julho de 2019

"Major Otto: o nazista que não era nazista homenageado pelo Exército"

O Exército brasileiro homenageou na última segunda-feira (1) um major do exército alemão que lutou na Segunda Guerra Mundial pelo exército nazista. Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen foi homenageado como aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). De acordo com o Exército brasileiro, Otto Maximilian foi assassinado no Brasil em 1º de julho de 1968 em um "ato terrorista insano e covarde".




Um dos integrantes do comando que o matou, o ex-sargento da FAB João Lucas Alves, é nome de rua em São Paulo e no Rio. [dar o nome de um dos covardes assassinos, e desertor,  a rua em São Paulo e Rio, pode; mas, dar o nome de um herói, condecorado por bravura, a uma sala de aula na escola militar onde estudava, não pode? - CONFIRA AQUI.]
 

Assassinado por um grupo de esquerda, a história do Major Otto é muito mais complexa do que supõem os que o chamam de nazista.

Assassinado por um grupo de esquerda, a história do Major Otto é muito mais complexa do que supõem os que o chamam de nazista.| Foto: Reprodução

A cerimônia incluiu uma palestra em lembrança aos cinquenta anos do seu assassinato. O evento teve participação do corpo permanente, alunos e oficiais da corporação. Segundo publicação no site do Exército, "a ECEME homenageou todos os Oficiais das Nações Amigas que deixam sua pátria para aqui se autoaperfeiçoarem, reforçando os laços de amizade que unem os países".

A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), porém, emitiu nota de repúdio. "A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro lamenta e repudia veementemente a homenagem prestada pelo Exército Brasileiro ao oficial do exército alemão Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen, no dia 01 de julho de 2019, que integrou as tropas nazistas, responsáveis pela morte de mais de 20 milhões de pessoas, dentre elas negros, judeus, ciganos, homossexuais, deficientes físicos e soldados brasileiros", diz a nota.

Condecorações e “imagem negativa”

Otto foi morto a tiros pelo grupo armado de esquerda Colina (Comando de Libertação Nacional). Mas o atentado tinha outro alvo: o capitão boliviano Gary Prado, que havia participado da captura de Che Guevara em 1967. Prado estava no Brasil em 1968 para realizar o mesmo curso da ECEME e Otto foi confundido com Prado,  pelos covardes executores,  em virtude da grande semelhança física entre eles [o que motivou o covarde assassinato de um inocente - o major alemão, covardemente assassinado para vingar o abate do porco guerrilheiro Che Guevara.]..

Segundo publicação no site do Exército, Otto "tinha a missão de apresentar ao mundo o valor do Exército da Alemanha, tentando desfazer a imagem negativa deixada na 2ª Guerra Mundial". O major foi comandante de um pelotão na Frente Oriental no exército alemão e foi promovido em 1943 por bravura.  A Frente Oriental foi a principal frente europeia durante a guerra, com o exército do Terceiro Reich lutando contra a União Soviética. Na Alemanha, a propaganda oficial a chamava de “uma batalha pela sobrevivência contra o bolchevismo soviético”.
Após o fim da guerra, Otto se refugiou na Argentina – que, durante o regime de Perón, abrigou figuras notórias do nazismo alemão, entre eles o agente especial Otto Skorzeny, que contribuiu para agências de inteligências em operações contra comunistas. De acordo com a Comissão de Esclarecimento de Atividades Nazistas, acredita-se que tenham entrado na Argentina cerca de 100 personalidades diretamente ligadas ao regime nazista.

Uma publicação no site o Exército considera o major um combatente de uma nação amiga. Mas a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial conta uma história diferente: em 1942, o país declarou guerra ao Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão, após uma série de ataques de submarinos alemães a navios brasileiros no Atlântico. [as razões para o Brasil entrar em guerra contra o Eixo, inclusive enviando tropas para o front da Itália, podem ser controversas, mas, a bravura do major Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen é indiscutível, cumpriu com seu dever de soldado e honrou o uniforme do Exército de sua Pátria, merecendo com todas as honras a condecoração.]

Ainda de acordo com o Exército brasileiro, o Major "enfrentou a ameaça terrorista" durante a Guerra Fria e homenageá-lo é reafirmar o compromisso com a liberdade e a democracia. "Ofender a memória de um oficial do Exército da República Federal da Alemanha, que realizava curso no Brasil, rotulando-o como nazista, é desconhecer o processo histórico ocorrido naquele país amigo, no pós-guerra. Essa distorção intelectual, sim, é equivocada", defende o Exército brasileiro.

Nem todos os soldados nazistas eram nazistas
Em 1962 Hannah Arendt aceitou o convite de uma revista americana para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém. O oficial foi um dos principais responsáveis por enviar judeus aos campos de concentração, mas Arendt recebeu com perplexidade os relatos do carrasco. Adolf usava, entre outros, o argumento de que era apenas um funcionário cumprindo ordens para justificar suas ações – ele era um ser humano comum e não odiava judeus. Ali diante de Eichmann, não estávamos diante de um mal sem relação direta com a maldade ou mesmo com uma convicção ideológica, mas sim diante de um mal mais banal, relacionado à prática daqueles encarregados de executar ordens.

Nos Estados Unidos, em 1977, o governo acusou falsamente o imigrante polonês Frank Walus de ter cometido crimes de guerra nazistas, condenando-o por mentir para encobrir um passado na Gestapo. Em 1980, o governo reconheceu o erro e pediu para Walus esquecer o ocorrido. O caso foi documentado no New York Times em 1983.  "Foi um pesadelo horrível", disse Walus. "Meus vizinhos me tratavam de forma terrível. Eles me chamavam de nazista, de Gestapo. Eles jogavam pedras em mim", contou.

O imigrante polonês afirmou que a culpa pelo erro foi dos tribunais dos Estados Unidos, da polícia israelense e da imprensa. Ele também culpou Simon Wiesenthal, caçador de nazistas que vivia em Viena. No tribunal, judeus sobreviventes da ocupação alemã na Polônia testemunharam que o viram assassinar crianças, uma mulher idosa e uma pessoa deficiente. O tribunal o considerou culpado de mentir para esconder seu passado na Gestapo e entrar nos Estados Unidos, e retirou sua cidadania americana. Dois anos após a condenação, um tribunal de apelações ordenou um novo julgamento. Nove meses mais tarde, as acusações contra ele foram retiradas.

"Eles me disseram que cometeram um erro", disse Walus. ''Eles me disseram que eu não era a pessoa que fez aquelas coisas. Eles se desculparam. E me disseram para esquecer isso", completou.

Gazeta do Povo - PR 



domingo, 10 de março de 2019

O modelo dos militares

“A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, defende um amplo programa de privatizações, porém, os militares são nacional-desenvolvimentistas”

Comparar as biografias do ex-senador Amaral Peixoto e do ex-presidente Ernesto Geisel ajuda a entender como os projetos liberal-democrático e nacional-desenvolvimentista se digladiaram, à sombra do populismo, durante a maior parte do período republicano. Genro de Getúlio Vargas, Amaral teve papel decisivo nas articulações com os Estados Unidos para o Brasil entrar na guerra contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e na construção das alianças do governo Juscelino Kubitschek; Geisel presidiu a Petrobras e sucedeu o general Garrastazu Médici na Presidência, sendo responsável pelo desalinhamento da política externa brasileira em relação aos Estados Unidos, com o acordo nuclear com a Alemanha, o reatamento de relações com a China e o reconhecimento da independência de Angola. Foram adversários políticos por toda a vida.

Amaral lançou a candidatura de Juscelino (PSD) à Presidência da República na eleição de 1955, com um discurso desenvolvimentista cujo slogan era “50 anos em 5”, tendo como companheiro de chapa João Goulart (PTB). Com 35,6% dos votos, contra 30,2% de Juarez Távora (UDN), Juscelino somente tomou posse porque o general Henrique Lott, legalista, desencadeou um movimento militar que a garantiu. 

Responsável pela construção de Brasília, atraiu investimentos estrangeiros, promoveu a industrialização, o desenvolvimento do interior e a integração do país, num ambiente de estabilidade política e liberdade. Entretanto, deixou como herança dívidas interna e externa elevadas, aumento da inflação e concentração de renda, que alimentaram a crise política dos anos 1960 e desaguaram no golpe militar de 1964. Geisel herdou a crise do “milagre econômico” do general Médici, idealizado pelos ministros João Paulo dos Reis Velloso e Mário Henrique Simonsen, com o objetivo de preparar a infraestrutura necessária ao desenvolvimento: transportes e telecomunicações, ciência e tecnologia, indústrias naval, siderúrgica e petroquímica. Grandes obras de infraestrutura foram executadas: a hidrelétrica de Itaipu, a Ponte Rio-Niterói e a rodovia Transamazônica. Houve crescimento médio de 11,2% ao ano, com uma inflação inercial de 19%. A crise do petróleo de 1974, porém, interrompeu o ciclo e forçou uma mudança de rumo na economia.

O II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), lançado por Geisel, porém, fracassou. Fora idealizado por Reis Velloso, Simonsen e Severo Gomes para enfrentar a crise internacional provocada pelo “choque do petróleo “ (os países produtores formaram um cartel e passaram a ditar os preços). Geisel fez a maior intervenção estatal na economia da história do país, com medidas de regulação (taxa de câmbio, taxa básica de juros, regras para exportação e importação, tributação, etc.) e um ajuste estrutural na economia, com redução da dependência do petróleo árabe, por meio do investimento em pesquisa, prospecção, exploração e refino de petróleo dentro do Brasil, além de investimento em fontes alternativas de energia, como o álcool e a energia nuclear.

Privatizações
No governo Geisel, graças ao fechamento da economia e subsídios generalizados, o Brasil conseguiu dominar todo o ciclo industrial, porém a dívida externa e a inflação explodiram. O modelo de capitalismo de Estado dos militares naufragou na moratória de 1982, no governo Figueiredo, que sucedeu Geisel. A crise de financiamento do setor público colocou em xeque não só o modelo, mas o próprio regime militar. Após sucessivas derrotas eleitorais, em 1974, 1978, 1982, Tancredo Neves (PMDB), um político liberal-democrata, foi eleito em 1985, em pleito indireto, no embalo de greves de trabalhadores, protestos estudantis e uma campanha por eleições diretas para presidente da República que não vingou no Congresso. Mas a saída da crise só veio com o Plano Real, nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

Nos bastidores do governo Bolsonaro, há uma disputa surda entre dois modelos: a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, defende um amplo programa de privatizações, porém, os militares, que assumiram o comando das empresas estatais e querem o controle das agências reguladoras, são nacional-desenvolvimentistas e não estão muito dispostos a cumprir essa missão. Na semana passada, em Washington, nos Estados Unidos, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, anunciou que a Eletrobras não será privatizada como estava previsto, mas capitalizada com base no mesmo modelo adotado em 1994 pela Embraer, que vendeu 55% das ações ordinárias da companhia, com direito a voto, em leilão na bolsa paulista.

O ministro também quer rediscutir a relação da Eletrobras com a Eletronuclear, a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e a Itaipu Binacional. Bento Albuquerque disputa com Guedes o controle da Petrobras e foi um dos artífices do megaprograma de construção do submarino nuclear brasileiro, cujo estaleiro franco-brasileiro, em Itaguaí, corre o risco de ficar fora do programa de construção das novas corvetas da Marinha (estimado entre US$ 1,6 bilhão e US$ 2 bilhões) e virar um elefante branco.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB