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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

“Bolsonazismo” e a banalização do mal - Revista Oeste

Jornalista Ruy Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Estado
Jornalista Ruy Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Agência Estado 
 
No laboratório da tragédia humana que foi o século 20, o nazismo garantiu para si o protagonismo como a mais abjeta ideologia da história, aglutinando elementos fascistas e racistas que mergulharam o mundo em guerra e genocídio. Em 1962, a filósofa alemã de ascendência judaica Hannah Arendt foi designada pela revista The New Yorker para acompanhar o julgamento de Adolf Eichmann, nazista de alto escalão capturado pela Inteligência israelense na América do Sul. Acusado de crimes contra a humanidade por seu papel no Holocausto, Eichmann foi condenado por todas as acusações e enforcado.

As observações de Arendt sobre esse julgamento constam da obra Eichmann em Jerusalém, cujo subtítulo é “Um relato sobre a banalidade do mal”. Contrariando expectativas, a filósofa descreve que o criminoso de guerra não se portava como um monstro, mas como um burocrata mediano, diligente em seguir ordens, avesso a juízos pessoais sobre a correção de suas ações e alheio às implicações éticas dos atos que executava um autômato moral resignado à mediocridade da não escolha, por vezes voluntária e por vezes compulsória. Era assim que, segundo Arendt, o mal se banalizava na sociedade: não pela maldade inerente às pessoas, mas a partir da ausência de reflexão do indivíduo ao imitar, reproduzir, ecoar ou não se opor a comportamentos nocivos.

Sem entrar no mérito das suas manifestações, há evidências abundantes de que nenhum deles defende ideias supremacistas

Saindo um pouco da filosofia e da sociologia, do ponto de vista semântico, banalizar o mal é torná-lo frequente, normalizá-lo, fazer da sua presença algo comum e trivial. Exemplos não faltam: diante da exposição constante à violência, a opinião pública já não se impressiona com cenas de crimes; o mesmo vale para a retórica hostil e a agressividade verbal, falada ou escrita, que pouco se destaca, tamanha a concorrência pelo mau gosto. É nesse contexto que o uso de nazista como ofensa pessoal se insere no debate público: uma expressão imprópria, que banaliza seu significado, ignora a história e desrespeita a memória de milhões. Salvo raríssimas exceções, chamar alguém de nazista é um insulto tanto ao ofendido quanto às vítimas da Segunda Grande Guerra e, principalmente, do Holocausto.

Recentemente, um podcaster, um parlamentar e um comentarista político se envolveram em polêmicas relacionadas ao nazismo. Sem entrar no mérito das suas manifestações (absurdas, infelizes, ingênuas…), há evidências abundantes de que nenhum deles defende ideias supremacistas. Ainda assim, foram chamados de nazistas por muitos — e tratados de acordo, como se de fato pregassem, em plena democracia liberal, a doutrina totalitária diretamente responsável por dezenas de milhões de mortes. Não são nazistas, assim como não é nazista o presidente da República, alvo preferencial desse tipo de campanha de difamação. Seguem alguns exemplos, literalmente, ilustrativos:

Tuíte de Ricardo Noblat, ex-Globo, ex-Veja e ex-jornalista, reproduzindo uma suástica com a legenda “Crime continuado”, em 14 de junho de 2020:

Capa da revista IstoÉ (15 de outubro de 2021) que chamou Bolsonaro de “mercador da morte” e “genocida”, manipulando sua imagem à semelhança de Adolf Hitler. A publicação alegou que “Bolsonaro patrocinou experiências desumanas inspiradas no horror nazista durante a pandemia” e “reproduziu na medicina métodos comparáveis aos do Terceiro Reich, que levaram a milhares de mortes por meio de ações cruéis”.

Exemplos de analogias com o nazismo e ofensas ao presidente da República não faltam, incluindo artigos de colunistas da comunidade judaica, como Ricardo Kertzman (Ao equiparar Bolsonaro a Hitler, revista chama as coisas pelo nome que têm) e Hélio Schwartsman (Bolsonaro e os judeus). Espanta que o engajamento político desses articulistas prevaleça sobre sua ética profissional e sua responsabilidade moral de não permitir que o Holocausto seja relativizado por comparações absolutamente infundadas.

A essa banalização do nazismo no debate público estabelecida por falsas equivalências repetidas à exaustão pela imprensa militante —, soma-se outra falácia: o reductio ad hitlerum, a desqualificação do adversário pela simples comparação com Hitler e os nazistas, algo que causa repulsa imediata no público e desvia o foco da discussão. Esse tipo de expediente foi levado ao estado da arte na recente generalização de Ruy Castro para a Folha de S.Paulo, que insulta não apenas o presidente da República, mas todos os seus eventuais milhões de eleitores: Como não há mais possibilidade de um apoiador de Bolsonaro ser um democrata, as eleições dirão exatamente quantos brasileiros ergueram o braço dentro da urna— uma  referência ao gesto nazista do Sieg Heil.

Realmente, vivemos tempos de banalização do mal; e também de banalização do mau… do mau jornalismo. 

Leia também “Ódio do bem: uma constatação póstuma”

Caio Coppolla é comentarista político e apresentador do Boletim Coppolla, na Jovem Pan


domingo, 23 de maio de 2021

São os nossos governantes genocidas? - Jorge Serrão

Nos dicionários, a palavra genocídio (do grego genos – tribo, raça; e do latim cide – matar) é usada para fazer referência ao ato de exterminação sistemática de um grupo étnico ou a todo ato deliberado que tenha como objetivo o extermínio de um aspecto cultural fundamental de um povo. Genocida é quem mata ou manda assassinar em massa.
Ultimamente, o termo genocida vem sendo “ressignificado” pela novilíngua esquerdopata. A pergunta-título do artigo se justifica pela vulgarização do uso da palavra genocida na CPI da Covid. Não pode passar despercebido que – numa overdose de expressão – um senador chegou, inclusive, a comparar um determinado administrador público ao carrasco nazista Adolf Eichmann.

A respeito do uso da Cloroquina – o principal motivo da acusação de prática de genocídio – o Senador Marcos Rogério, de Rondônia, apresentou e solicitou a juntada aos documentos da CPI de um vídeo no qual os governadores abaixo listados fizeram as seguintes declarações:

1 – Governador de Alagoas, Renan Filho: ”O que o estado de Alagoas vai fazer é deixar a Cloroquina à disposição do uso médico. Quem decide se o paciente usa ou não Cloroquina ou qualquer outro medicamento em Alagoas é o médico e a ciência”.

 2 – Governador do Pará, Elder Barbalho: “Nós do governo já fizemos a aquisição de 615 mil Hidroxicloroquinas, 940 mil Azitromicinas. Isto significa 188 mil tratamentos e, neste momento, nós estamos levando ao interior e à capital a quarta entrega, que totalizam 75 mil Hidroxicloroquinas e 227 mil Azitromicinas”. [o governador esqueceu de mencionar que também havia adquirido em uma adega respiradores superfaturados em 340%, dos comprados a entrega foi parcial e a maior parte dos entregues não funcionava.]

3 – Governador do Piauí, Wellington Dias:Autorizei ao secretário Florentino e, também, a partir de orientação do COE – Comitê de Organização Emergencial Covid 19, que trata do coronavirus – autorizei uma compra mais elevada de substâncias, a Cloroquina, a Hidroxicloroquina, a Azitromicina, enfim substâncias que estão sendo experimentadas”.

 4 – Governador do Maranhão, Flávio Dino: A Cloroquina integra o tratamento que é feito aos pacientes hospitalizados, sempre a critérios dos profissionais de saúde”.

  – Governador de São Paulo, João Dória: “Quero deixar claro a posição do governo do estado de São Paulo em relação a Cloroquina. Foi o médico infectologista David Uip, coordenador do comitê de saúde do grupo de contingência do Covid 19, que sugeriu, que recomendou, ao ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta que distribuísse o medicamento na rede pública do país”.

Em sua fala, o Senador de Rondônia deixou claro que o objetivo de sua apresentação não era criminalizar os governadores, pois entendia que eles estavam tentando salvar vidas com os meios disponíveis no momento.

Outro ponto: segundo informações levadas à CPI pelo Senador Luis Carlos Heinze, do Rio Grande do Sul, infectologistas e cientistas de renome internacional, inclusive laureados com o prêmio Nobel de Medicina, são apoiadores de tratamento preventivo da pandemia. O Senador Heinze informou, também, que grupos formados por milhares de médicos apoiam o tratamento preventivo, como o Grupo “Médicos pela Vida”. Por fim, após listar incontáveis regiões, do Brasil e do exterior, que estão aplicando com êxito o tratamento preventivo, o Senador fala de seu receio da politização do tratamento.

Uma única certeza: até agora, todo o mundo ainda tem muito a aprender sobre como tratar a pandemia que ora assola a humanidade; os erros e acertos ficarão para a avaliação dos historiadores. A propósito cabe perguntar, o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, deverá ser considerado genocida se, no futuro, ficar demonstrado que ele não deveria ter inibido a população carioca de frequentar as praias e parques?

E o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, deverá ser considerado genocida se, no futuro, ficar demonstrado que ele não deveria ter decretado toque de recolher em Brasília?

Considerando que a própria OMS modificou várias vezes seu entendimento sobre os diferentes aspectos da pandemia, e levando em conta as dúvidas existentes ainda hoje sobre o lockdown, a eficácia de determinadas vacinas, o uso de máscaras (o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, CDC, na sigla em inglês, passou a recomendar o uso de duas máscaras), chega a ser uma desonestidade intelectual acusar de genocida quem, de boa-fé, usou as tentativas disponíveis no momento para minimizar o problema.

Por outro lado, o termo genocida pode ter outra utilidade: designar quem pratica corrupção contra a vida de milhões de habitantes do Brasil. Ele pode ser muito bem aproveitado para aqueles que praticaram superfaturamentos e outras falcatruas com os recursos destinados ao combate à pandemia, como os repasses de dinheiro para instalação de hospitais de campanha, para a compra de respiradores, para a criação de leitos em UTI, etc. Se for por aí, somos a Pátria dos Governantes Genocidas? [Exatamente para evitar que o termo "Pátria dos Governantes Genocidas" se torne voz corrente na CPI do Covidão é que citar governadores se tornou assunto proibido no Circo Parlamentar de Inquérito. 
Confira no penúltimo parágrafo da matéria linkada. 
Não conseguirão evitar. Chegará o momento em que governadores (incluindo os filhos de senadores membros da CPI) será o foco.]
 

“O Grande Mudo”

Trecho de artigo de David Nasser (1917 - 1980) - escrito três meses antes do Movimento Civil-Militar de 1964 - oportunamente lembrado pelo General Luiz Eduardo Rocha Paiva:

"O Exército Brasileiro a tudo assiste, como um leão reumático, um velho leão do circo brasileiro, dentro da jaula, onde prenderam a democracia. 

Cutucam-no os Brizolas et caterva. Os falsos domadores se animam, julgando que o rei perdeu a sua força. 

Súbito, ele eriça a juba, o pelo se eletriza e, num instante, o corpo de pé prepara-se para a reação. 

E daquele animal soberbo, que parecia emudecido para sempre, sai um urro de fogo. O urro democrático.

Assim será com a Marinha. Assim será com a FAB. Assim será, principalmente, com o Exército Brasileiro. 

O Grande Mudo. Porque o velho leão - preso e espezinhado na jaula da legalidade - não está morto, embora o pareça”.

Transcrito do  Alerta Total - Jorge Serrão, editor-chefe 

 


quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Míssil no quarto: Israel tem o direito de matar terroristas? - VEJA - Mundialista

Por Vilma Gryzinski

Desde pasta de dente envenenada até um ataque de alta precisão como o que detonou chefe da Jihad Islâmica, assassinatos em nome da defesa nacional


Como um homem com a cabeça a prêmio, e justamente pelo mais letal dos inimigos, Baha Abu Al-Ata dormia cada hora num esconderijo em Gaza. Não é um lugar muito bom para se esconder, mas o chefão da Jihad Islâmica Palestina, um grupo armado e bancado pelo Irã, não tinha muitas alternativas fora ficar sempre em zonas cheias de civis , inclusive familiares, como escudo humano. Às 4 horas da manhã de terça-feira, um único míssil de alta precisão foi disparado através da janela do quarto onde Abu Ata dormia com a esposa.
Foram as únicas vítimas fatais, no ato.


[Israel executa um inimigo que está dormindo, com a esposa que também é assassinada. 
Não satisfeito, a pretexto de vingar misseis lançados contra o território israelense, atacam com aviões ultramodernos civis palestinos desarmados.
É a batalha do estilingue contra aviões caça.]

Minimizar os “danos colaterais” é sempre politicamente conveniente embora nenhum israelense tenha a menor ilusão de que o país deixaria de ser vergastado em organizações internacionais, mesmo quando o alvo é o dirigente de uma organização armada que prega a eliminação total de Israel. A “morte dirigida” foi aprovada pelas mais altas instâncias jurídicas das forças armadas, da mesma forma que acontece nos Estados Unidos, onde o 11 de Setembro liberou os militares para a prática e o uso de drones facilitou-a enormemente.

Só o presidente Barack Obama autorizou mais de 500 ataques com drones. A tática das “mortes dirigidas” foi endossada pela Suprema Corte de Israel em 2006, depois de anos de debates jurídicos e com várias restrições.  Obviamente, causa enorme controvérsia, inclusive dentro de Israel, apesar do apoio quase total da opinião pública.
Em especial no caso do chefe da Jihad Islâmica, um grupo que é praticamente um poder paralelo em Gaza, competindo com o Hamas no lançamento de foguetes contra a população civil e atentados suicidas em território israelense.
O Hamas assumiu um compromisso, negociado com o Egito, de segurar o foguetório em troca de um alívio nas restrições que Israel impõe a Gaza em represália pelos ataques.

O “alívio” inclui o recebimento de dinheiro vivo para a folha de pagamento de funcionários públicos. Numa única dessas remessas, bancadas pelo Catar, foram 15 milhões de dólares em malas, num carro de luxo.  É claro que o Hamas está fazendo uma grande encenação de revolta pelo assassinato, tem uma gritaria geral de “sangue de um, sangue de todos”, mais uma vez chovem foguetes, mesmo depois de um novo cessar-fogo.Nos bastidores, mais de uma vez pediu a aliados que controlassem Abu Ata e sua turma, que têm arsenal de fabricação própria próprio e total alinhamento com os interesses do Irã.

Como toda política é local, houve reações da oposição israelense acusando interesse politiqueiro de Benjamin Netanyahu.  Bibi chefia o governo em caráter temporário, visto que nenhum dos dois blocos mais votados consegue formar maioria no Parlamento.  Ele também tinha empenho especial em despachar Abu Ata desde que foi retirado pela segurança, em cenas transmitidas ao vivo, quando a Jihad Islâmica disparou foguetes contra o lugar onde fazia um comício, uma semana antes da eleição de 17 de setembro.

O resultado embolado dessa eleição se prolonga até agora: nem Netanyahu nem Benny Gantz, da frente que conseguiu um parlamentar a mais, conseguem a maioria necessária. Gantz, que foi chefe do estado-maior das forças armadas, apoiou a operação contra Abu Ata. Simultânea a outra, em Damasco, onde o número dois da Jihad escapou com ferimentos.  Quando a escalada atingiu um nível mais generalizado, Israel também aproveitou para bombardear o comandante da unidade de foguetes da Jihad Islâmica, Rasmi Abu Malhous.
 
PRÍNCIPE VERMELHO
Mas nenhum primeiro-ministro pode tomar sozinho a decisão de uma “morte dirigida”. A palavra final é do alto comando das Forças de Defesa de Israel, quando é uma ação militar clássica.  Em várias ocasiões, o comando militar vetou o ataque contra Abu Ata, por motivos operacionais e outros, nunca revelados. Os “astros se alinharam”, na definição de um porta-voz, dez dias antes.

O outro modus operandi para as “mortes dirigidas” são ações clandestinas, a cargo de uma unidade especial do Mossad. Seus agentes recebem treinamento à parte do resto do serviço de inteligência, em Cesareia, a cidade portuária construída por Herodes, o Grande, alguns anos antes do advento da era cristã.  Como nos filmes, jamais podem falar com ninguém sobre o “serviço” nem revelar seus nomes verdadeiros, exceto para os cônjuges.
Ao contrário dos filmes e apesar da legendária eficiência do Mossad, as coisas podem dar errado.
Foi assim que um garçom marroquino foi assassinado na Noruega em 1973, erroneamente identificado como Ali Hassan Salameh, o sedutor Príncipe Vermelho, organizador do massacre de Munique, o sequestro e execução de atletas israelenses durante as Olimpíadas.

Além de matarem o homem errado, os agentes israelenses ainda foram identificados por um companheiro que pisou na bola por um motivo absurdo.
A missão dele era abandonar o carro usado no assassinato – com placa anotada, como sabiam os israelenses –, pegar um trem e daí deixar o país de avião, anonimamente.  Como tinha comprado equipamentos hidráulicos, incluindo torneiras, para sua casa, não quis carregar peso e decidiu devolver o carro na agência onde havia sido alugado. A polícia norueguesa já estava esperando por ele.
O escândalo foi recriado em detalhes pelo jornalista Ronen Bergman no livro Rise and Kill.

O título é uma referência a um trecho do Talmude que diz: “Se alguém está vindo para te matar, erga-te e mate primeiro”.
Bergman não tem nenhuma simpatia pela política que guiou, segundo suas contas, mais de cinco mil assassinatos desde bem antes da criação do Estado de Israel.
Segundo ele, agentes do Mossad tiveram duas oportunidades de pegar Josef Megele no Brasil, o Anjo da Morte das experiências monstruosas em Auschwitz, mas deixaram passar.
Numa dessas ocasiões, chegaram a acompanhar seus movimentos na fazenda que tinha em Caieiras, mas receberam ordens de largar a operação e voltar rapidamente porque uma crise maior, a dos mísseis secretos do Egito, estava explodindo.
Mengele morreu afogado em Bertioga, em 1979.

Caçar nazistas não era uma prioridade do Mossad, com exceções notórias como o caso de Adolf Eichmann, sequestrado na Argentina e julgado, condenado e enforcado em Israel.
Motivo? Já não podiam fazer mal a Israel, ao contrário dos chefes de várias organizações armadas palestinas.  O mais importante deles, Yasser Arafat, estava fora da lista por ser uma personalidade importante demais – e a pedido dos Estados Unidos.
Quando Ariel Sharon assumiu como ministro da  Defesa, segundo a reconstituição de Bergman, mandou colocar Arafat na lista de novo. Brigou com altos comandantes que resistiram a planos de assassinato que provocariam a morte de muitos civis inocentes.

Como praticamente todos os palestinos, Bergman mais do que dá a entender que Sharon finalmente conseguiu seu objetivo de forma mais sutil, aparentemente através de intoxicação por algum elemento radiativo.
Cercado em seu bunker, Arafat caiu doente, foi levado para a França e acabou morrendo, em novembro de 2004. A coisa toda aconteceu em um mês. Em 2012, o corpo dele, enterrado em Ramallah, foi exumado para a retirada de vestígios ósseos e devolvido à sepultura em seis horas. Mas não houve nenhum resultado conclusivo.
Sem os constrangimentos da censura militar no caso de Arafat, Bergman dá detalhes do assassinato de Wadie Haddad, da Frente Popular de Libertação da Palestina, em 1978.

Na época, palestinos cristãos como Haddad estavam entre os mais radicais e se alinhavam ideologicamente com o nacionalismo árabe e o comunismo – a onda do novo islamismo fundamentalista acabou totalmente com isso, exceto por alguns bolsões no Líbano. Haddad foi envenenado gradualmente com uma bactéria tóxica colocada em sua pasta de dentes. Morreu gritando de dores horríveis num hospital militar da Alemanha Oriental.
Cientistas iraquianos que viajavam para ampliar o programa nuclear secreto de Saddam Hussein foram orientados a levar sempre escova e pasta próprios quando viajavam para o exterior.
Pelo menos dois acabaram assassinados e o programa explodiu literalmente com o bombardeio do reator de Osirak.

“JUÍZO FINAL”
Vários cientistas iranianos também foram alvos das “mortes dirigidas”, mas o Irã continua avançando rumo a um arsenal nuclear.  A pretexto da saída americana do acordo nuclear internacional, já está enriquecendo urânio a 60%. Diminuiu assim radicalmente a extensão do “corredor de tempo” necessário para produzir a bomba, que demanda urânio enriquecido a 90%.
Vai, assim, aumentando o tamanho da ameaça existencial a Israel.  Apesar de imensamente complicado, um ataque preventivo às instalações nucleares iranianas é viável em termos operacionais.  Existe forte oposição a uma operação assim dentro do establishment militar de Israel.
Em última instância, porém, são os Estados Unidos que seguram a barra e impedem o “ataque do juízo final”.

Foram os Estados Unidos que arrancaram de Menachem Begin a promessa de não matar Arafat quando, derrotado, teve que deixar o Líbano, de navio, em 1982.
Um atirador de elite israelense tirou uma foto com Arafat na mira de seu fuzil e Begin deu-a de presente a Philip Habib, o embaixador americano no Líbano, como prova da palavra cumprida.  Em tempo: Ali Hassan Salameh, o mentor do massacre de Munique confundido com o garçom marroquino na Noruega, foi morto por um carro-bomba em Beirute, quando ia para a festa de aniversário da mãe, em 1979.

Uma agente do Mossad, com codinome de Erika Chambers, usou a legendária queda do Príncipe Vermelho por mulheres bonitas para levantar seus itinerários. Escapou com os outros 16 agentes do Mossad envolvidos na operação. As “mortes dirigidas” e altamente contestáveis, do ponto de vista jurídico, político e pragmático, não mudam os fundamentos dos problemas de Israel.  Primeiro, a população palestina que vive em seu território internacionalmente reconhecido, tendo cidadania e direitos – cerca de 20% –, embora preferisse estar de outro lado.
Segundo, e acima de tudo, os palestinos dos territórios ocupados, cujos líderes não aceitam alternativas para que tenham um Estado próprio, como seria certo e justo.
Mas “matar primeiro aquele que vem para te matar” não é uma prática que vá sumir do mapa tão cedo.
Pelo menos, enquanto os inimigos de Israel desejarem este destino coletivo para o país.
E, enquanto isso, as centrífugas iranianas estão funcionando a mil.

sábado, 6 de julho de 2019

"Major Otto: o nazista que não era nazista homenageado pelo Exército"

O Exército brasileiro homenageou na última segunda-feira (1) um major do exército alemão que lutou na Segunda Guerra Mundial pelo exército nazista. Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen foi homenageado como aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). De acordo com o Exército brasileiro, Otto Maximilian foi assassinado no Brasil em 1º de julho de 1968 em um "ato terrorista insano e covarde".




Um dos integrantes do comando que o matou, o ex-sargento da FAB João Lucas Alves, é nome de rua em São Paulo e no Rio. [dar o nome de um dos covardes assassinos, e desertor,  a rua em São Paulo e Rio, pode; mas, dar o nome de um herói, condecorado por bravura, a uma sala de aula na escola militar onde estudava, não pode? - CONFIRA AQUI.]
 

Assassinado por um grupo de esquerda, a história do Major Otto é muito mais complexa do que supõem os que o chamam de nazista.

Assassinado por um grupo de esquerda, a história do Major Otto é muito mais complexa do que supõem os que o chamam de nazista.| Foto: Reprodução

A cerimônia incluiu uma palestra em lembrança aos cinquenta anos do seu assassinato. O evento teve participação do corpo permanente, alunos e oficiais da corporação. Segundo publicação no site do Exército, "a ECEME homenageou todos os Oficiais das Nações Amigas que deixam sua pátria para aqui se autoaperfeiçoarem, reforçando os laços de amizade que unem os países".

A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro (Fierj), porém, emitiu nota de repúdio. "A Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro lamenta e repudia veementemente a homenagem prestada pelo Exército Brasileiro ao oficial do exército alemão Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen, no dia 01 de julho de 2019, que integrou as tropas nazistas, responsáveis pela morte de mais de 20 milhões de pessoas, dentre elas negros, judeus, ciganos, homossexuais, deficientes físicos e soldados brasileiros", diz a nota.

Condecorações e “imagem negativa”

Otto foi morto a tiros pelo grupo armado de esquerda Colina (Comando de Libertação Nacional). Mas o atentado tinha outro alvo: o capitão boliviano Gary Prado, que havia participado da captura de Che Guevara em 1967. Prado estava no Brasil em 1968 para realizar o mesmo curso da ECEME e Otto foi confundido com Prado,  pelos covardes executores,  em virtude da grande semelhança física entre eles [o que motivou o covarde assassinato de um inocente - o major alemão, covardemente assassinado para vingar o abate do porco guerrilheiro Che Guevara.]..

Segundo publicação no site do Exército, Otto "tinha a missão de apresentar ao mundo o valor do Exército da Alemanha, tentando desfazer a imagem negativa deixada na 2ª Guerra Mundial". O major foi comandante de um pelotão na Frente Oriental no exército alemão e foi promovido em 1943 por bravura.  A Frente Oriental foi a principal frente europeia durante a guerra, com o exército do Terceiro Reich lutando contra a União Soviética. Na Alemanha, a propaganda oficial a chamava de “uma batalha pela sobrevivência contra o bolchevismo soviético”.
Após o fim da guerra, Otto se refugiou na Argentina – que, durante o regime de Perón, abrigou figuras notórias do nazismo alemão, entre eles o agente especial Otto Skorzeny, que contribuiu para agências de inteligências em operações contra comunistas. De acordo com a Comissão de Esclarecimento de Atividades Nazistas, acredita-se que tenham entrado na Argentina cerca de 100 personalidades diretamente ligadas ao regime nazista.

Uma publicação no site o Exército considera o major um combatente de uma nação amiga. Mas a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial conta uma história diferente: em 1942, o país declarou guerra ao Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão, após uma série de ataques de submarinos alemães a navios brasileiros no Atlântico. [as razões para o Brasil entrar em guerra contra o Eixo, inclusive enviando tropas para o front da Itália, podem ser controversas, mas, a bravura do major Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen é indiscutível, cumpriu com seu dever de soldado e honrou o uniforme do Exército de sua Pátria, merecendo com todas as honras a condecoração.]

Ainda de acordo com o Exército brasileiro, o Major "enfrentou a ameaça terrorista" durante a Guerra Fria e homenageá-lo é reafirmar o compromisso com a liberdade e a democracia. "Ofender a memória de um oficial do Exército da República Federal da Alemanha, que realizava curso no Brasil, rotulando-o como nazista, é desconhecer o processo histórico ocorrido naquele país amigo, no pós-guerra. Essa distorção intelectual, sim, é equivocada", defende o Exército brasileiro.

Nem todos os soldados nazistas eram nazistas
Em 1962 Hannah Arendt aceitou o convite de uma revista americana para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém. O oficial foi um dos principais responsáveis por enviar judeus aos campos de concentração, mas Arendt recebeu com perplexidade os relatos do carrasco. Adolf usava, entre outros, o argumento de que era apenas um funcionário cumprindo ordens para justificar suas ações – ele era um ser humano comum e não odiava judeus. Ali diante de Eichmann, não estávamos diante de um mal sem relação direta com a maldade ou mesmo com uma convicção ideológica, mas sim diante de um mal mais banal, relacionado à prática daqueles encarregados de executar ordens.

Nos Estados Unidos, em 1977, o governo acusou falsamente o imigrante polonês Frank Walus de ter cometido crimes de guerra nazistas, condenando-o por mentir para encobrir um passado na Gestapo. Em 1980, o governo reconheceu o erro e pediu para Walus esquecer o ocorrido. O caso foi documentado no New York Times em 1983.  "Foi um pesadelo horrível", disse Walus. "Meus vizinhos me tratavam de forma terrível. Eles me chamavam de nazista, de Gestapo. Eles jogavam pedras em mim", contou.

O imigrante polonês afirmou que a culpa pelo erro foi dos tribunais dos Estados Unidos, da polícia israelense e da imprensa. Ele também culpou Simon Wiesenthal, caçador de nazistas que vivia em Viena. No tribunal, judeus sobreviventes da ocupação alemã na Polônia testemunharam que o viram assassinar crianças, uma mulher idosa e uma pessoa deficiente. O tribunal o considerou culpado de mentir para esconder seu passado na Gestapo e entrar nos Estados Unidos, e retirou sua cidadania americana. Dois anos após a condenação, um tribunal de apelações ordenou um novo julgamento. Nove meses mais tarde, as acusações contra ele foram retiradas.

"Eles me disseram que cometeram um erro", disse Walus. ''Eles me disseram que eu não era a pessoa que fez aquelas coisas. Eles se desculparam. E me disseram para esquecer isso", completou.

Gazeta do Povo - PR 



Mimo póstumo

[NÃO] pegou mal a homenagem do Exército brasileiro a major alemão condecorado por Hitler e morto por engano em 1968, no Rio

[Um dos integrantes do comando que matou o major, o ex-sargento da FAB João Lucas Alves, é nome de rua em São Paulo e no Rio. [dar o nome de um dos covardes assassinos, e desertor,  a rua em São Paulo e Rio, pode; mas, dar o nome de um herói, condecorado por bravura, a uma sala de aula na escola militar onde estudava, não pode? CONFIRA AQUI.]



A primeira vista parecia fake news. “Exército homenageia oficial nazista”, deu nas redes sociais, segunda-feira passada. Mas não era fake, era só news. E ainda mais inacreditável porque o Exército em questão não era o alemão, mas o nosso, aquele que na 2.ª Guerra Mundial enviou 25.700 efetivos para combater as forças armadas nazistas e ajudou a derrotar o 3.º Reich. [as razões que levaram a Alemanha e o Eixo ao combate, são controversas;
mas, a bravura em combate do Major Otto -  honrando o uniforme da sua Pátria e cumprindo os deveres de soldado, é irrefutável, indiscutível.
O motivo da guerra é discutível, mas, a bravura do oficial é incontroversa.]



Estampada no Boletim oficial do Ministério da Defesa, [também a homenagem recebeu o merecido destaque na página do Exército Brasileiro] a notícia nos dava conta de que um antigo major do exército alemão, cujo nome completo consome 52 caracteres no Tweeter: Eduard Ernest Thilo Otto Maximilian von Westernhagen, teria sua memória “perpetuada”, com direito a placa de bronze, por ter sido “um oficial brilhante” e por seu “desempenho profissional” como aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme). [Saiba mais sobre as homenagens prestadas ao major alemão, clicando aqui.]



Motivo sobressalente: naquele dia, 1.º de julho, fazia 50 anos que ele fora assassinado, com dez tiros à queima-roupa, perto da casa em que morava, numa rua do Jardim Botânico, na zona sul do Rio. [o major do Exército alemão foi covardemente assassinado por porcos terroristas;
os nojentos e covardes assassinos pretendiam matar o capitão Gary Prado, do Exército Boliviano, que comandou o abate do porco guerrilheiro Ernesto Che Guevara.
Os dois oficiais cursavam a ECEME e havia grande semelhança física entre eles, o que motivou a confusão dos assassinos - que além de matarem de forma covarde, mataram um inocente;
o capitão   boliviano concluiu o curso e alcançou  o generalato no exército de seu país.]



O crime, na época atribuído a dois anônimos assaltantes, pela polícia, a uma organização antinazista, pelos agentes do Dops, e ao Mossad, o serviço de inteligência israelense, pelos militares, só seria esclarecido 19 anos mais tarde pelo historiador e cientista social Jacob Gorender, no livro Combate nas Trevas. O major fora morto por dois integrantes do Comando de Libertação Nacional (Colina). Por engano. O grupo guerrilheiro de esquerda planejava vingar a morte de Che Guevara, ocorrida um ano antes na Bolívia, mas, em vez de matar o capitão Gary Prado, comandante das tropas que eliminaram Guevara, confundiu-o com seu colega de curso na Eceme. Uma réplica do equivocado atentado a Carlos Lacerda, em 1954, que terminou com a morte de outro major, Rubem Vaz.



O Boletim militar justificou a “justa homenagem” ao major Otto por ele ter sido o primeiro oficial da Alemanha a cursar a Eceme, o que é verdade, um “sobrevivente da 2.ª Guerra Mundial”, outra verdade, e das “prisões totalitárias soviéticas”, o que é lorota, ou mera propaganda anticomunista, típica da Guerra Fria. [o major foi prisioneiros dos soviéticos, que não se destacaram por tratar seus prisioneiros com humanidade.]



Oficial da Wehrmacht, Otto comandou um pelotão de blindados na frente oriental do conflito e acabou promovido a 1.º tenente, por bravura, em 1943. Condecorado por Hitler durante a ocupação da França, ficou ferido quando os russos tomaram Berlim, mas, terminada a guerra, mudou-se para a Argentina, a mais acolhedora Pasárgada de criminosos nazistas, onde trabalhou como fazendeiro, retornando à terra natal para realistar-se no Exército alemão.



Em 1968, chegou às mãos do general Lucídio Arruda, diretor do Dops, um lauto dossiê sobre o major, com cartas e documentos que comprovavam suas ligações com nazistas. Otto não era exatamente um anjo arrependido. Nem merece ser edulcorado com os mesmos argumentos aplicados por Hannah Arendt em seu perfil de Adolf Eichmann, como há dias tentou o diário curitibano Gazeta do Povo. Não se discute que a vida do major “foi encurtada”, como afirma o texto do Boletim, mas qualificar de “insano e covarde o ato terrorista que o vitimou é redundância retórica. Todo ato terrorista é insano e covarde – e só parcialmente covarde se o terrorista chegar ao local do atentado e conceder tempo hábil às suas vítimas em potencial para que deem o fora antes de ele detonar a bomba.



Insano e covarde foi o frustrado atentado à bomba no Riocentro, na véspera do Dia do Trabalho em 1981, executado por um capitão e um sargento ligados à linha dura do Exército contrária à abertura política, que miraculosamente ceifou apenas a vida do sargento e feriu o capitão, estendendo seus danos à reputação do capitão Job Lorena de Sant’Anna, encarregado de mentir oficialmente sobre o ocorrido, por ele imputado a “terroristas de esquerda”. Igualmente insanas e covardes foram as torturas com soberba assumidas pelo ídolo confesso de Bolsonaro, o coronel Brilhante Ustra, [um patriota, um herói nacional, ao qual o Brasil e os brasileiros devem muito.]  por sinal citado em epígrafe em outro boletim.



De todo modo pegou mal a homenagem. E não apenas entre os israelitas que aqui vivem. Os descendentes dos pracinhas da FEB também se incomodaram. Afinal, 450 deles e três pilotos da Força Aérea morreram em combate contra os nazistas, sem contar os milhares que não resistiram com vida a ferimentos e mutilações. [os brasileiros mortos e feridos combatendo os alemães morreram em combate, já os porcos terroristas, inclusive os que tentaram (e foram derrotados) vencer os militares em 64, matavam de forma covarde.]



Para piorar, o mimo póstumo ao major coincidiu com o depoimento do ministro Sérgio Moro à Comissão de Justiça da Câmara, de onde o ex-juiz, por sua tática de passar ao largo de perguntas incômodas, saiu apelidado, nas redes sociais, de “Filinto Moro”, inequívoca referência ao chefe da polícia política do Estado Novo, Filinto Müller. Promotor de prisões arbitrárias e tortura de prisioneiros, sempre esquivo em suas respostas, Müller ganhou fama internacional ao deportar a comunista judia Olga Benário, grávida, para a Alemanha, onde morreria executada num campo de concentração.[quem ler o livro Olga, de Fernando Moraes, vai constatar que ela fugiu da Alemanha para o Brasil. Fuga devido ter sido condenada pelo Judiciário da Alemanha por atos terroristas, foi resgatada de um tribunal alemão - tudo isto bem antes de Adolf Hitler assumir o poder na Alemanha;
criminosos fugitivos são extraditados, foi exatamente isto que o governo brasileiro fez.
A terrorista morreu, mas, sua filha sobreviveu e apareceu em muitas entrevistas, se orgulhando de ser filha do Prestes.]



A ditadura Vargas, não custa lembrar, deu mole para o nazismo. Recusou refugiados judeus, relutou em declarar guerra ao Eixo e promoveu um projeto de nacionalização forçada junto às comunidades de origem teutônica no sul do País, sem no entanto evitar que filhos de alemães que haviam viajado para a Alemanha, para estudar ou buscar trabalho, se alistassem nas forças armadas do 3.º Reich. Cercado de generais simpatizantes de Hitler, como Dutra, Góes Monteiro e Milton Cavalcanti, Getúlio chegou a ter seus próprios soldados “arianos”. No final da década passada, o professor paranaense Dennison de Oliveira publicou, pela Editora Juruá, um estudo pioneiro sobre os “soldados alemães de Vargas”, que talvez ainda esteja em circulação. Sobre o penchant nazista dos imigrantes alemães estabelecidos no interior do Paraná, a fonte mais rica continua sendo o filme de Sylvio Back, Aleluia, Gretchen (1976).