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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Trump 2024 - Valor Econômico

Bruno Carazza

Engana-se quem acredita que Trump seja carta fora do baralho: Biden venceu, mas o trumpismo sai fortalecido

[dois registros:
- a menção, no título, "Trump 2024", não se refere a um terceiro mandato para Donald Trump - a legislação americana só permite dois mandatos = as eleições 2020 estão judicializadas, o que não permite  considerar Trump derrotado por Biden.
Igualmente qualquer menção,   na matéria,  a uma vitória de Biden é consequência do que consideramos  precipitação ou excesso de otimismo do articulista, tendo em vista a judicialização do apuração das eleições, evento que torna, apesar de improvável, uma reversão possível.]

 “I’ll be back”, teria dito o presidente Grover Cleveland ao deixar a Casa Branca depois de perder a reeleição em 1888. E ele cumpriu a promessa. Ao dar a volta por cima em 1892, Cleveland ainda é, até hoje, a única pessoa na história americana a governar o país em dois mandatos não consecutivos (1885-1888 e 1893-1896). Donald Trump pode lhe fazer companhia em 2024.

Cleveland era democrata - e o vínculo partidário não é a única característica que o diferencia de Trump. Discreto, fez da austeridade e da retidão seus principais ativos políticos. Na sua primeira eleição, sofreu uma intensa campanha difamatória na imprensa, com os adversários acusando-o de ter um filho ilegítimo. Ao ser questionado por seus apoiadores sobre qual deveria ser a sua estratégia de defesa, respondeu com uma frase que marcou época: “Tell the truth”. Ao assumir que caiu em tentação e admitir a possibilidade de ser pai da criança, Grover Cleveland mereceu um voto de confiança do puritano eleitorado americano no final do século XIX.

Mas à parte a coloração partidária, a discrição e a postura em relação ao dilema “fato ou fake”, há pontos em comum entre eles. Ambos tiveram uma carreira política meteórica: em apenas dois anos, Cleveland elegeu-se prefeito de Buffalo, governador de Nova York e presidente da República, enquanto Trump... bem, todos sabemos o quão rápida foi sua ascensão.

Os dois presidentes também viveram em mundos muito polarizados. Cleveland chegou ao poder derrotando seu adversário James Blaine por apenas 0,3% dos votos nacionais e se não fosse uma diferença de apenas 1.200 votos no estado de Nova York, teria perdido a disputa no Colégio Eleitoral - assim como Donald Trump venceu Hillary Clinton com margens apertadas e ainda perdendo nacionalmente.

Ao tentarem a reeleição, tanto Cleveland quanto Trump ampliaram seu eleitorado, mas por um triz não conseguiram manter o domínio sobre Estados relevantes, e acabaram sendo derrotados. Em 1888, Nova York e Indiana representaram para Grover Cleveland o que Georgia, Pensilvânia e Michigan foram para Trump em 2020.

Quatro anos depois, o retorno de Cleveland à Casa Branca foi possível pelo agravamento da situação econômica, o acirramento das disputas raciais no país e a ausência de alternativas no seio de seu partido - condições que podem contribuir para a volta de Trump em 2024. A vitória [sic] de Joe Biden vem sendo efusivamente comemorada como o fim de uma era. Analistas chegaram a dizer que “a aventura populista norte-americana chegou ao fim” e que a razoabilidade e a sensatez se impuseram de modo definitivo sobre a truculência das táticas de Donald Trump. Calma lá.

Deixando de lado a teatralidade das acusações de fraude e as ameaças de judicialização do resultado das urnas, Trump poderá deixar a presidência de cabeça erguida. Ele conseguiu mobilizar seu eleitorado para fazer frente à onda azul que se mobilizou desde os protestos em resposta ao assassinato de George Floyd, manteve o domínio republicano em suas bases tradicionais e ainda angariou votos em redutos antes considerados monopólio democrata, como parcelas relevantes do eleitorado latino - tudo isso em meio a uma pandemia e uma crise econômica sem precedentes na história recente.

A derrota trumpista [sic] se deu em margens tão apertadas quanto as de 2016, o que evidencia que os Estados Unidos continuam tão divididos quanto antes, tanto geográfica (litoral x interior, cidades grandes x zonas rurais) quanto demograficamente (brancos x não brancos, homens x mulheres, alta x baixa escolaridade). Não é por outro motivo que tanto Joe Biden quanto Kamala Harris, em seus discursos da vitória, usaram a mesma expressão: “curar o país”, como se ele sangrasse em função de tantas divisões.

Amainar diferenças tão acirradas até 2024 será uma tarefa hercúlea, ainda mais se os democratas não conseguirem o controle do Senado. É bom lembrar que nem Barack Obama, com todo o seu carisma e contando com oito anos de mandato, conseguiu vencer resistências, unificar o país e fazer sua sucessora. Como a Emenda nº 22 da Constituição americana não impede um ex-presidente que perdeu a eleição de candidatar-se de novo, Donald Trump tem à sua frente quatro anos para fazer campanha e azucrinar o governo de Joe Biden pelas redes sociais e manipulando as atenções da mídia.

Outra circunstância que o favorece é a ausência de novas lideranças em ambos os partidos. Do lado republicano, ainda que existam críticas às suas postura e personalidade, nenhum nome lhe faz sombra. Entre os democratas, as primárias deste ano, com um número recorde de pré-candidatos e a escolha recaindo sobre um senhor de 77 anos, dizem muito sobre o deserto de alternativas.

É verdade que o atual presidente tem um passado nebuloso e a perda da imunidade presidencial abre flancos para processos judiciais que podem inviabilizar um plano de retorno ao centro máximo do poder nos Estados Unidos. Nesse caso, ainda lhe restaria um plano B, que atende pelo nome de Donald Trump Jr.

Clãs sempre fizeram parte da política americana: John & John Quincy Adams, no alvorecer da República, e George H. & George W. Bush são duplas de pais e filhos que chegaram à presidência. Outro exemplo é William Harrison (1841-1844) e seu neto Benjamin Harrison, que derrotou Grover Cleveland em 1888. Também tivemos os Dead Kennedys na década de 1960 e o casal Clinton mais recentemente, todos com grande protagonismo. E ainda há Michelle Obama - que nega interesse em entrar no jogo, mas parece ser uma carta guardada na manga dos democratas para o futuro.

Com um perfil super ativo nas redes sociais, papel de comando nas campanhas do pai e tendo participado como consultor na administração que se encerra, não seria surpresa ver Trump Jr., 43 anos, sendo preparado para assumir o bastão do pai caso ele não possa concorrer em 2024. É muito cedo para especular sobre o que vai acontecer nos EUA daqui a quatro anos. Mas engana-se quem acredita que Trump seja carta fora do baralho. [excelente registro: Há a possibilidade de Trump ser beneficiado por um  resultado favorável na judicialização que empreende - o que deixa margem para propor uma mudança de legislação, não impossível, que permita ser candidato a um terceiro mandato em 2024; lhe resta também, caso seja alvo de decisão judicial adversa, se candidatar em 2024.]

Bruno Carazza,  mestre em economia, doutor em direito - Valor Econômico

 

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Já há um derrotado nos Estados Unidos: as pesquisas eleitorais - Matheus Leitão

A credibilidade das sondagens fica abalada porque a folgada margem para Biden não aconteceu, qualquer que seja o resultado

Independentemente de quem ganhar as eleições norte-americanas, o que ainda permanece incerto na manhã desta quarta-feira, 4, as pesquisas eleitorais são o primeiro grande derrotado do pleito de 2020 nos EUA. A credibilidade delas sai, assim como em 2016, chamuscada, mas neste ano será ainda mais grave porque havia um consenso de que os erros de quatro anos atrás haviam sido corrigidos.

Não foram, aparentemente. A metodologia de segurança, de fato, continua a não ser encontrada – podendo se dizer, sem exagero, que é desconhecida dentro deste processo eleitoral complexo e dividido por delegados, que é o dos Estados Unidos. O que as pesquisas mostravam, antes da abertura das urnas, era uma margem grande de probabilidade de vitória de Joe Biden contra Donald Trump. Os institutos garantiram que tinham identificado falhas e corrigido. Terão que voltar às suas planilhas.

O que temos testemunhado desde ontem à noite? Nas pesquisas, o estado do Texas estava apertado, mas com estreita tendência pró-Trump. As pesquisas acertaram. Mas na Flórida, por exemplo, a previsão era empate, mas pró-Biden. Erraram feio. A vitória foi de Trump. Em Ohio, a análise era de empate, mas com um leve movimento pró-Trump. Acertaram. Na Georgia, no entanto, empate pró-Biden. Ou seja, por enquanto estão errando.

Usando apenas esses estados como ponto de partida entendemos a gravidade dos erros das pesquisas eleitorais. São lapsos que, no caso da Flórida e da Georgia, por exemplo, envolvem 45 delegados. É um número considerável se o objetivo é obter 270 delegados para ganhar a eleição. Michigan e Wisconsin, dois estados que eram apontados como vitórias de Biden, estão incertos e podem dar vitória a Trump. Erraram em prever um favoritismo folgado, isso já se sabe. O mesmo foi previsto no estado da Pensilvânia, onde o republicano, neste momento, tem uma vantagem forte, mas são esperados votos enviados pelos correios, que podem ser majoritariamente em favor do candidato democrata.

O quadro real é mais de contagem de condado a condado para decidir o próximo presidente da mais importante potência econômica do mundo. Acontece que algumas pesquisas davam probabilidade de vitória de Biden de até 90%, vendo um mapa bem mais folgado para o candidato democrata do que para o republicano. Alguns estados não fecharam, mas a verdade que centros de pesquisas, como Nate Silver, previam vitórias folgadas para Biden em estados que têm revelado uma outra realidade.

Voltando ao ponto principal, trata-se de uma eleição apertada, decidida voto a voto, em uma contagem que pode varar a semana, olhando condado por condado. Isso porque alguns estados contarão os votos que chegaram pelos correios devagar. Mesmo em caso de viradas nos estados ainda abertos, na direção do que havia sido apontado nas pesquisas, nenhuma delas previu uma disputa tão acirrada em tantos colégios eleitorais norte-americanos.

Matheus Leitão, jornalista - Blog Matheus Leitão - VEJA


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Execuções nos Estados Unidos - EUA têm o menor número de penas de morte desde a década de 1970

Apenas 30 casos foram sentenciados em 2017. Em 1996, foram 315

[a matéria não aborda o outro lado, qual seja: o aumento desenfreado da criminalidade. Enquanto as execuções diminuem,  os crimes, especialmente contra a vida - destaque para latrocínios e homicídios - aumentam.  

Tanto o número quanto  em violência, perversidade.] 

Apenas 30 pessoas foram sentenciadas à morte nos Estados Unidos este ano. É o número mais baixo desde a década de 1970 e um indício de como a aplicação da pena de morte está diminuindo no país.

O número de sentenças em 2016 contrasta com as 49 registradas no ano passado e é uma fração do que foi registrado em 1996, quando chegou-se ao ápice de 315 ocorrências, segundo um levantamento do Centro de Informação de Pena de Morte, uma organização sem fins lucrativos que se opõe a este castigo.  - Creio que estamos no meio de um caminho social de atitudes em relação às execuções e isso se reflete na diminuição da aplicação da pena de morte no país - disse o diretor-geral da entidade, Robert Dunham.

A recente recusa dos jurados em impor a pena de morte é uma das razões pelas quais esta penalidade está desaparecendo.  Vinte pessoas foram executadas este ano, configurando a marca mais baixa desde as 14 contabilizadas em 1991. A incidência mais alta foi em 1999, com 98 mortes.  Entre outros motivos para este quadro estão a escassez das substâncias necessárias para a produção de injeções letais e o melhor desempenho dos advogados que atuam na defesa de casos de pena de morte. [as injeções letais pode, e devem, ser substituídas pela boa e velha forca, pela guilhotina e até mesmo pelo fuzilamento.
A causa real é um maior empenho dos que defendem bandidos e uma leniência dos que acusam.]

Aproximadamente metade dos americanos é a favor da pena de morte, segundo levantamento feito este ano pelo Pew Research Center. Ainda que seja alto, o percentual está em seu nível mais baixo desde 1990, quando 80% da população era favorável.

Mesmo assim, o tema ainda causa muita discórdia. Em referendos realizados no ano passado, iniciativas que visavam a abolir apena de morte em Nebraska e na Califórnia fracassaram. Além disso, estados como Ohio e Oklahoma, que haviam interrompido o uso de injeções letais por problemas técnicos, estão tentando encontrar maneiras de retomá-lo.  Atualmente, a pena de morte é legal em 31 dos 50 estados americanos. Apenas cinco deles aplicaram execuções este ano, número mais baixo desde 1983. Georgia é recordista, com nove casos, seguida por Texas (7), Alabama (2), Missouri (1) e Flórida (1). [quanto menor o número de execuções maior o índice de crimes, especialmente homicídios, estupros e sequestros, seguidos de morte,  e latrocínios.]

Apenas cinco estados sentenciaram mais de uma pessoa à morte em 2016. A Califórnia é a primeira da lista, com nove casos. Na sequência estão Ohio (5), Texas (4), Alabama (3) e Flórida (2). A Califórnia, porém, não executou nenhum dos 741 presos em seu corredor da morte desde 2006, devido a disputas contra o método de injeção letal.

Fonte: O Globo

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Ku Klux Klan: seita chegou a reunir cem mil nos EUA agindo contra negros



Criada em 1866, organização que prega ódio racial ganhou força em 1915 e até conseguiu eleger representantes. Na Era Kennedy, investigação do FBI em meio a assassinatos

A chuva forte que desabou sobre Washington não impediu que 40 mil pessoas fossem, em 8 de agosto de 1925, participar da abertura do primeiro congresso nacional da Ku Klux Klan. Realizado para tirar a seita racista da clandestinidade, mesmo com tanto quórum, o congresso foi um fiasco. Criada em 1866, a organização foi fundada por soldados confederados que queriam afogar a mágoa da derrota para o Norte. No entanto, para que pegassem em armas, foi um pulo. Em seguida, passaram a agir contra os negros. A reação do governo foi suprimir o "habeas corpus".


Ódio. Um membro da Ku Klux Klan (à esquerda) observa a multidão com simpatizantes da seita durante protesto contra imigrantes em Russellville, no Alabama
Ódio. Um membro da Ku Klux Klan (à esquerda) observa a multidão com simpatizantes da seita durante protesto contra imigrantes em Russellville, no Alabama Divulgação / 06/05/2006


Em 1915, depois de anos à sombra, a KKK ganhou fôlego ao ser liderada pelo professor de história William Simmons. Na noite de Ação de Graças, na Geórgia, Simmons, chamado de "bruxo imperial" (dirigente supremo) e 16 seguidores encapuçados, os "cavaleiros invisíveis", participaram de rituais em torno de uma cruz em chamas e prometeram retomar a cruzada pela supremacia branca. Na KKK só eram aceitos americanos brancos que não tivessem sangue judeu ou orientação católica.

Na década de 20, depois do ingresso de Clark Tyler, que trabalhava para levantar fundos, a KKK recrutou cem mil seguidores. Em seguida, os homens passaram a se interessar por política e ingressaram no Partido Democrata. Em 1923, na eleição presidencial, a KKK apoiou o democrata John W. Davis, que perdeu para o republicano Calvin Coolidge.

Mesmo depois do fracasso, em 1925, a KKK conseguiu ter êxito em algumas eleições regionais. E acabou na mira do FBI na Era Kennedy, em meio aos seus métodos brutais e criminosos, incluindo espancamentos e assassinatos cometidos por seus integrantes. Recentemente, membros da KKK no Sul dos Estados Unidos, embora enfraquecidos, sem contar mais com o apoio de dezenas de milhares de adeptos, atacaram decisões da Justiça e a entrada de imigrantes no país. Um dos alvos foi a permissão do casamento homossexual no Alabama.