Olavo ganha mais uma
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto
Heleno, desembarcou em Israel convencido de que o presidente Jair
Bolsonaro não anunciaria sequer a abertura de um escritório de negócios
do Brasil em Jerusalém, quanto mais a transferência para lá da embaixada
que desde sempre funciona em Telavive. Reconhecido como o mais influente general nas cercanias de Bolsonaro,
Heleno perdeu mais essa. Foi surpreendido com o anuncio feito por
Bolsonaro de que o escritório será aberto. O que Heleno tanto temia
começou a acontecer de imediato: o governo palestino chamou seu
embaixador no Brasil para consultas.
Na sequência, os países árabes reagiram com uma nota de protesto. Os
árabes são grandes compradores de produtos brasileiros, os israelenses
não. Bolsonaro segue obediente à ala ideológica do governo liderada pelo
autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, o ET de Virgínia, seu local
de moradia nos Estados Unidos.
Olavo é o guru do capitão, dos filhos do capitão e de uma parcela
expressiva dos devotos do capitão. Foi ele que indicou os ministros das
Relações Exteriores e da Educação. O primeiro defende a tese de que o
nazismo foi um movimento de esquerda. O segundo, por não saber o que
fazer no cargo, está marcado para ser demitido.
Tropa enviou 133 militares para resgate após rompimento em Brumadinho; Bolsonaro comparou trabalho dos militares com operação que participou no Brasil
A honraria é a mais alta condecoração brasileira atribuída a estrangeiros e foi dada à organização como um todo. Autoridades como a rainha Elizabeth II, Nelson Mandela, Bashar Assad, o ex-ditador peruano Alberto Fujimori e o ditador venezuelano Nicolás Maduro já receberam a ordem de governos anteriores.
Na cerimônia de homenagem, que ocorreu na sede da brigada na cidade de Ramla, próxima à Jerusalém, Bolsonaro recordou um resgate que participou quando serviu nas Forças Armadas brasileiras. “Um ônibus caiu em um rio que alimentava uma grande represa. Quinze pessoas haviam perdido suas vidas e estavam no fundo da represa”, contou.
“Como estava de ferias me voluntariei para participar do resgate. A represa tinha profundidade de 25 metros, água barrenta sem visibilidade”, disse, afirmando que chegou a se questionar se os esforços valiam a pena, já que não havia possibilidade de sobreviventes.
“O trabalho de vocês foi muito semelhante aquele prestado por mim no passado”, disse Bolsonaro aos brigadistas. “O trabalho dos senhores foi excepcional e fez com que os nossos laços de amizade se fortalecessem”, completou, agradecendo aos militares e ao premiê Benjamin Netanyahu pelo envio das forças.
(...)
Recebida na cidade mineira sob grande expectativa, a delegação israelense acabou exercendo um papel mais protocolar e estratégico durante os trabalhos de busca, em virtude da falta de expertise para situações como a encontrada e do funcionamento aquém do esperado de equipamentos militares, aguardados com ansiedade pelas famílias e equipes de resgate.
Pela tarde, Bolsonaro deve ir à Igreja do Santo Sepulcro, onde, segundo a tradição, Jesus teria sido crucificado, sepultado e, ao terceiro dia, teria ressuscitado. Também visitará o Muro das Lamentações, em Jerusalém, um dos locais mais sagrados do judaísmo, acompanhado de Netanyahu.
Esta é a primeira vez que o premiê israelense acompanha um chefe de Estado em visita oficial ao local. A decisão do governo também marca uma mudança na política externa brasileira em favor de Israel. O Muro das Lamentações fica no setor leste de Jerusalém, parte do território ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Para muitos, visitar o local ao lado do líder israelense significa reconhecer a soberania do país sobre a região.
O compromisso na agenda de Bolsonaro também foi interpretado como uma tentativa de favorecer a reeleição de Benjamin Netanyahu. O premiê concorrerá a mais um mandato no cargo no próximo dia 9, quando serão realizadas as eleições parlamentares no país. O porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, negou o tom político da visita do presidente ao Muro das Lamentações. “O presidente não está analisando essa visita sob qualquer aspecto que não apenas o emocional e o religioso”, disse. [comentário 2: trata-se de mera coincidência que o presidente brasileiro realize uma visita - apresentada como de caráter emocional e religioso - acompanhado do primeiro ministro do país visitado, candidato a reeleição (serão realizadas ainda este mês) e não tenha caráter político.]
Blog do Noblat - Revista Veja