Representante diplomático da ONU sugeriu negociação entre israelenses e palestinos
Diante da
expectativa de que o presidente americano, Donald Trump, anuncie nesta
quarta-feira o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, o Papa
Francisco apelou que o "status quo" da cidade sagrada seja
respeitado. A intenção do republicano, que deve ocorrer por meio da
transferência da embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv, gerou preocupação
entre líderes da comunidade internacional. Durante a audiência semanal, o
pontífice pediu que se impusesse "a sabedoria e a prudência" para
evitar conflitos na região.
Papa Francisco pediu respeito ao 'status quo' de Jerusalém - MUNIR UZ ZAMAN / AFP
"Rezo
a Deus para que sua identidade seja preservada e fortalecida em benefício da
Terra Santa, Oriente Médio e todo o mundo. E que a sabedoria e a prudência
prevaleçam para evitar novos elementos de tensão em um contexto global já
abalado por muitos conflitos cruéis", destacou o papa.
Apesar da
decisão de Trump, a recolocação de Jerusalém como parte de Israel na política
externa americana deve demorar: só a construção do prédio pode levar quatro
anos. Líder maior da Igreja Católica no mundo, o Papa Francisco destacou que o
diálogo só viria por meio do "reconhecimento dos direitos de todas as
pessoas da região".
O prazo
para decidir se iria transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém venceu na
última segunda-feira. O presidente poderia, então, assinar ou não uma dispensa
que adiaria por mais seis meses a transferência da representação diplomática,
como tem feito todo presidente dos EUA desde que o Congresso aprovou uma lei
sobre a questão em 1995. A mudança por si só já representaria um reconhecimento
americano de que a cidade sagrada é a capital de Israel. Isso reverteria 70
anos de consenso internacional, o que muitos indicam que atrapalharia o
processo de paz.
Segundo
fontes do governo americano, o presidente deve reconhecer nesta quarta-feira
Jerusalém como capital de Israel, ordenando a funcionários que comecem a
planejar a mudança da representação diplomática. A medida frustraria o sonho
palestino de ver a cidade como capital de um futuro Estado e promete acirrar os
ânimos na região: facções palestinas já convocaram "três dias de
cólera" em reação. Trump foi
advertido sobre as perigosas consequências da decisão sobre o processo de paz,
a segurança e a estabilidade na região. Facções palestinas na Cisjordânia
convocaram nesta terça-feira três dias de protestos contra a possível decisão
de Trump.
Os
Estados Unidos pediram nesta terça-feira a seus funcionários que evitem ir à
Cidade Velha de Jerusalém por causa das manifestações, segundo o Departamento
de Estado.
Na Guerra
dos Seis Dias, em 1967, o Exército de Israel, tomou quase 6 mil quilômetros
quadrados da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e de mais de 20 aldeias no
leste da cidade. As forças governamentais israelenses também conquistaram as
Colinas de Golã da Síria, e o Monte Sinai e a Faixa de Gaza do Egito. Hoje, o
governo israelense reclama toda Jerusalém como sua capital indivisível,
enquanto os palestinos pedem que a porção oriental da cidade seja a capital do
seu desejado Estado.
AFP
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