No imaginário de muitos muçulmanos mais conservadores, os EUA são o ápice de tudo o que está errado com o Ocidente
“Eu os amo muito. Eu não
posso viver sem vocês, por favor, voltem para casa!” Esse foi o apelo
dramático feito aos prantos por Akhtar Iqbal na semana passada numa
entrevista coletiva em Bradford, Inglaterra. “Por favor, me liguem para
saber que vocês estão bem, especialmente meu filho de 3 anos Ismail e
minhas três filhas.” Ele é um dos três pais de nove crianças e suas mães
que desapareceram depois de viajar à Arábia Saudita para fazer uma
peregrinação religiosa a Meca. Em vez de voltar para a Inglaterra, as
três mulheres levaram seus filhos para a Turquia e depois para a Síria
para se juntar aos membros do Estado Islâmico (EI). “Eu não estou
zangado. Por favor, voltem. Está tudo bem. Voltem para nossa vida, por
favor! Eles são garotos pequenos, de 7 e 5 anos, e, você sabe, eu te amo
tanto,” disse Mohammed Shoaib, outro pai.
As três mães são
irmãs. Sugra Dawood tem 34 anos; Zohra Dawood, 33; Khadija Dawood, 30.
Seus nove filhos variam de 3 a 14 anos. O que espanta aqui é que todas
elas são de classe média e, de acordo com seus maridos, tinham uma vida
familiar estável e boa, com nenhum sinal de que estavam insatisfeitas a
ponto de planejar a fuga com suas crianças para o EI. Elas certamente
não são as primeiras nem serão as últimas muçulmanas insatisfeitas com
suas vidas em países ocidentais que responderão ao canto da sereia da
vida mais islâmica, justa e completa que o EI prega para atrair cada vez
mais muçulmanos do mundo inteiro. Estima-se que o EI consiga mil novos
recrutas, entre homens , mulheres e suas crianças, a cada mês, vindos de
todos os cantos do mundo para se unir ao que eles acham ser uma utopia
islâmica no Iraque e Síria.
Mas havia um descontentamento com
suas vidas num país liberal como a Inglaterra. Uma das irmãs tinha
comentado com uma amiga, antes de viajar, que não queria que sua filha
crescesse num país como a Inglaterra, que a cada dia se parecia mais com
os Estados Unidos. No imaginário de muitos muçulmanos mais
conservadores, os EUA são o ápice de tudo o que está errado com o
Ocidente: secular demais, muito violento e, sobretudo, liberal demais,
deixando a libertinagem tomar conta das vidas de quase todos os
americanos. Para essas pessoas, a sociedade americana está corrompida
demais com o sexo livre que a revolução feminista dos anos 1960 e 1970
trouxe. [na avaliação do Brasil sob a ótica muçulmana estamos exatamente em uma situação similar à americana; as únicas diferenças entre a destruição dos valores morais, da família e outros entre o Brasil e os Estados Unidos são:
- o Brasil caminha para a miséria, empobrecimento da sua população, devido as drogas que governaram e governam nosso País nos últimos 12 anos;
- a libertinagem, notadamente a sexual, que nos Estados Unidos é na maior parte entre os homens e as mulheres e no Brasil caminha para ser HOMEM com HOMEM e MULHER com MULHER.
A ditadura gay está concluindo a destruição do que ainda resta de bom no nosso Brasil.
Aqui o governo patrocina todeas as iniciativas que visem destruir o que ainda resta de VALORES em nosso Brasil.
Agora mesmo, os ratos que defendem a 'ideologia de gênero' fazem pressão sobre as Câmaras de Vereadores para aprovarem a maldita doutrina que tem como um dos seus pilares, incutir nas crianças que nem são homem nem mulher, não nasceram com sexo - são crianças = sexualmente neutras, indefinidas = só na puberdade é que escolherão ser homem ou mulher.
Nesta ótica nojenta é absolutamente normal, é o desejado, que aos 12, 13 anos, uma menina diga: sou HOMEM; e um menino diga: sou MULHER.]
Mas é exatamente esta propaganda que é tão atraente: uma
nova sociedade está sendo estabelecida pelo EI, um tipo de utopia
islâmica em que muçulmanos sunitas podem viver supostamente felizes e em
paz, sendo governados por líderes que lhes dão segurança e os serviços
públicos básicos como água potável, luz, escolas e hospitais de graça.
Para fazer isso, o EI usa todos os meios de comunicação modernos como a
internet, redes sociais e vídeos mostrando a vida boa em seus
territórios. O grupo também divulga vídeos horríveis, os mais recentes,
esta semana, mostrando 15 supostos traidores sendo mortos por afogamento
e em explosões. Essas imagens bárbaras e sádicas me lembram aqueles
filmes americanos de horror em que um grupo de jovens é capturado por
criminosos diabólicos, que começam a matar cada um de um jeito mais
pervertido e horrível do que o outro. Esses vídeos servem, infelizmente,
para atrair os mais violentos e instáveis entre os muçulmanos.
Então,
o que fazer para combater isso? Os americanos têm tentado monitorar as
redes sociais e bloquear as contas do EI e dos seus seguidores mais
assíduos no Twitter e no Facebook. Isso é um bom primeiro passo, mas
está longe de poder deter a vantagem ideológica que o EI ainda exerce
sobre as mentes de muitos muçulmanos. Usar humor contra esses
extremistas é uma ótima estratégia, como já vimos no Iraque e agora na
Arábia Saudita, onde o comediante famoso Nasser al-Qasabi estreia numa
série cômica chamada “Selfie”, em que ele zomba dos excessos mais
notórios do EI, como manter mulheres como escravas sexuais. Por isso,
ele já recebeu muitas ameaças de morte, mas não se curva diante de tais
perigos, dizendo numa entrevista recente que é um artista e está usando
sua arte para combater as ideias nefastas do EI.
O que mais
podemos fazer para contrariar a mensagem violenta e preconceituosa do
EI? Os acadêmicos americanos Jessica Stern e J.M. Berger, autores do
livro “Estado Islâmico: Estado de terror”, num artigo na revista “Time”
em março 2015 propuseram um plano de seis pontos para contra-atacar a
propaganda do EI:
1 — Parar de exagerar a invencibilidade do EI;
2 — Amplificar as histórias de ex-mulheres de jihadistas que ficaram desencantadas e voltaram para seus países de origem;
3
— Desafiar as interpretações torpes das leis islâmicas pelo EI, usando
contra-argumentos religiosos para atingir os possíveis recrutas do grupo
antes de eles trocarem de lado;
4 — Realçar a hipocrisia do EI,
de, por um lado, matar a pedradas mulheres adúlteras; do outro, estuprar
mulheres capturadas em batalha;
5 — Documentar e divulgar a
violência do EI contra outros sunitas que se negam a cooperar com o
grupo. Enquanto o grupo não tem escrúpulo algum em mostrar a violência
horrível que empregam para matar xiitas e yazidis, nunca mostra o que
faz contra seus próprios irmãos sunitas que não lhe obedecem;
6 —
Fechar sumariamente as contas deles nas redes sociais do grupo. Os
pesquisadores americanos sustentam que isso tem efetivamente limitado a
projeção da propaganda do EI.
Se fizermos tudo isso de um jeito
metódico e constante, veremos resultados bastantes cedo. Não basta
bombardear diariamente o EI e esperar que isso acabe com eles. Mais do
que tudo, essa é uma guerra psicológica, e uma guerra assim nunca foi
ganha somente com violência e força bruta.
Por: Rasheed Abou-Alsamh é jornalista