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sexta-feira, 31 de março de 2023

Massacre trans - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Em alguns casos mais bizarros, os comentaristas resolveram culpar as vítimas! A culpa pelo tiroteio seria dos próprios cristãos, do “clima de intolerância” para com a comunidade trans 

Atirador matou sete crianças na segunda-feira 27, numa escola particular da cidade de Nashville, no Estado do Tennessee | Foto: Montagem Revista Oeste/Departamento de Polícia de Nashville

Atirador matou sete crianças na segunda-feira 27, numa escola particular da cidade de Nashville, no Estado do Tennessee -  Foto: Montagem Revista Oeste/Departamento de Polícia de Nashville  

Indivíduos agem. Logo, indivíduos devem ser responsabilizados por seus atos. Claro que as ideias e os valores disseminados no entorno podem influenciar tais ações, mas, quando deixamos de culpar o próprio indivíduo por seus malfeitos, temos um convite a novos erros. Por isso a impunidade é um mecanismo perverso de incentivo a novos crimes.

Faço esta breve introdução para comentar a nova tragédia numa escola norte-americana. Mais um tiroteio
Uma pessoa abriu fogo contra crianças e professores, matando sete inocentes. 
Tais atos terroristas quase nunca apresentam uma razão simplista. 
Mas fica clara a tentativa de manipulação da mídia e da esquerda.
 
No caso, a atiradora era uma mulher biológica, mas se identificava como homem. Ou seja, era um homem trans
O alvo era uma escola cristã, na qual ela (ou “ele”) já havia estudado. 
A assassina deixou um manifesto, e a polícia disse que havia alvo certo, ou seja, o motivo do atentado era o fato de se tratar de uma escola cristã. Crime de ódio, certamente. Mas não para nossos jornalistas “progressistas”.

Para a patota woke espalhada pela imprensa, só há crime de ódio quando o algoz é homem e branco e a vítima pertence a alguma “minoria”. Existe uma narrativa predeterminada, e, se os fatos não atendem a tal narrativa, então pior para os fatos: ou se abandona a história, ou se muda o foco. 

Ficamos assim: para “proteger” jovens trans da direita tacanha, aceitamos até mesmo que jovens trans matem… crianças!

Foi a escolha neste episódio lamentável. Como uma pessoa transgênero abriu fogo contra crianças cristãs, então a mídia resolveu falar apenas de armas. 
Eis que o objeto inanimado ganha volição e passa a ser o verdadeiro problema. É como quando fundamentalistas islâmicos praticam atos terroristas: carros, caminhões e aviões ganham vida própria, como se fossem os Transformers, para ocultar o sujeito da ação e suas intenções.

Em alguns casos mais bizarros, os comentaristas resolveram culpar as próprias vítimas
A culpa pelo tiroteio seria dos próprios cristãos, do “clima de intolerância” para com a comunidade trans. Se um cristão atira numa pessoa trans, então é prova do preconceito violento da direita; 
mas, se um cristão é alvo de tiros de uma pessoa trans, então isso também é prova do preconceito violento da direita! Cara, eu ganho; coroa, você perde: independentemente do que acontece, a culpa é sempre da direita “intolerante”.
 
Teve comentarista na mídia que ainda trouxe à tona uma decisão recente do Estado onde ocorreu a tragédia proibindo cirurgias em crianças consideradas transgêneros. 
Ou seja, se você é contra permitir a mutilação de crianças confusas ou que sofrem de disforia de gênero, acreditando ter nascido no corpo errado, então você só pode ser um defensor do genocídio de trans. 
 E, para se defender de gente terrível como você, até o terrorismo parece justificável. 
Ficamos assim: para “proteger” jovens trans da direita tacanha, aceitamos até mesmo que jovens trans matem… crianças!

É tudo tão bizarro que dispensa maiores reflexões. Estamos diante da loucura plena. A turma que criou o “ódio do bem” tem ajudado a espalhar um clima de degradação moral enorme no país. Sendo sempre a “vítima” na história, essa gente que se diz “minoria” considera legítimo partir para o ataque em nome de uma suposta legítima defesa.

É a visão amalucada e revolucionária de Marcuse, como explica Theodore Dalrymple: “As ideias de Marcuse eram tão bobas que teriam sido engraçadas se ninguém as tivesse levado a sério. Apesar de ele estar quase esquecido hoje em dia, uma de suas ideias mais tolas e perniciosas, a da tolerância repressiva, está voltando, se não na teoria, na prática. De acordo com esse conceito, a repressão praticada pelos conservadores é intolerável, mas a repressão praticada pela esquerda é na verdade uma forma de libertação, e não representa repressão nenhuma”.

Vamos “libertar” o mundo do ódio e do preconceito, eliminando quem pensa diferente! É por isso que fascistas da Antifa agridem inocentes em nome do combate ao fascismo, enquanto autoritários esquerdistas praticam a censura pelo “crime” de opinião em nome da tolerância e da democracia. Essas ideias têm consequências, e, quando alguém nitidamente perturbado resolve agir com base nelas, não deveríamos ficar tão surpresos assim.

Claro que não seria justo acusar toda pessoa trans de ser potencialmente violenta, mas, quando as narrativas midiáticas fornecem justificativas para a “violência do bem”, devemos esperar que alguns malucos possam agir com base nesse contexto insano. E, como a doença mental é um dos fatores mais negligenciados nesses atentados em escolas, talvez seja um bom ponto de partida buscar suspeitos entre aqueles que juram pertencer ao sexo oposto e ainda bancam as vítimas quando o mundo não se curva diante de seus fetiches ou delírios.

Não podemos incorrer no mesmo erro de generalização em que a imprensa sempre cai para condenar toda a direita quando indivíduos violentos agem em nome de uma ideologia. 

Mas podemose acho que devemos mostrar que essa ideologia de gênero que força a barra para enfiar goela abaixo de todos a ideia de que basta “se sentir” para de fato ser, num subjetivismo radical que desafia a própria natureza, tem produzido mais e mais indivíduos insanos e perigosos.

Três crianças morreram num tiroteio que aconteceu nesta 
segunda-feira (27) numa escola particular da cidade de Nashville, 
no Estado do Tennessee | Foto: Reprodução/Departamento de Polícia 
de Nashville

Leia também “Elos cabulosos” 

 

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Tesla vai ao Texas - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Elon Musk deixa a Califórnia, Estado que caminha para um experimento social fracassado por culpa da elite progressista. Mas quem paga o pato mesmo é o povo

[a matéria mostra com uma crueza intensa, uma verdade chocante: se o Brasil continuar com a política de aumentar direitos sem a contrapartida de deveres, distribuir riquezas antes de criá-las, o resultado será um só:  o narrado nesta matéria será realidade.

Já estamos na situação apresentada nos parágrafos 1, 7 e 8, é só continuar como está e o CAOS CAÓTICO, o fim do BRASIL se apresentará.]

Minha colega Ana Paula Henkel já escreveu um texto espetacular nesta revista sobre a decadência californiana (“Garota, eu não vou para a Califórnia”), que recomendo a todos que se preocupam com o potencial estrago de uma mentalidade “progressista”. Volto ao tema, pois nesta semana o bilionário Elon Musk oficializou sua mudança para o Texas. Trata-se de um marco que ilustra com perfeição o declínio acelerado do “Estado de Ouro” norte-americano.

Ana Paula já havia resumido as principais causas dessa debacle: políticas progressistas tolerantes ao crime, elevados gastos sociais sem planejamento, aumento da população de rua e regulação cara e complexa para negócios
Tudo isso tem provocado o êxodo californiano. O conhecido comentarista conservador Ben Shapiro já tinha anunciado a decisão de levar seu The Daily Wire para Nashville, e o simbolismo não foi pequeno, uma vez que Shapiro nasceu e viveu em Los Angeles sua vida toda. Mas todos têm um limite.

Os motivos apresentados por Shapiro são similares àqueles oferecidos por Musk. O bilionário empreendedor disse que, embora haja “muitas coisas realmente ótimas” no Estado da Costa Oeste, ele achou prudente mudar-se para o Texas, e alertou: “Se uma equipe está vencendo há muito tempo, ela tende a ficar um pouco complacente, cheia de direitos, e então não ganha mais o campeonato. A Califórnia vem ganhando há muito tempo. E acho que eles estão tomando isso como algo garantido”.

Musk ainda possui operações na Califórnia, mas pelo visto está ficando cansado da situação: “Em primeiro lugar, a Tesla e a SpaceX obviamente têm operações massivas na Califórnia. Na verdade, é importante notar que a Tesla é a última empresa automotiva ainda fabricando carros na Califórnia. A SpaceX é a última empresa aeroespacial ainda fazendo uma produção significativa na Califórnia. Costumava haver mais de uma dúzia de fábricas de automóveis na Califórnia. E a Califórnia costumava ser o centro da fabricação aeroespacial! Minhas empresas são as duas últimas que sobraram… Essa é uma observação muito importante a fazer”.

Resta perguntar: até quando? A realidade é que ninguém gosta de deixar dinheiro na mesa, para burocratas do governo. Nem mesmo os “liberais” que costumam defender maiores impostos, diga-se de passagem. A Fox Business relatou que a mudança pessoal de Musk para o Texas significa que ele “aumentará suas chances de evitar um imposto de renda estadual de 13,3% sobre os ganhos de capital que obtém no caso de vender ações da Tesla ou receber bônus”. Quem costuma pregar mais impostos em nome do combate às desigualdades ignora que as riquezas, antes, precisam ser criadas. É a típica mentalidade ­ex-post facto, que olha o bolo feito e quer reparti-lo de forma “mais justa”, ignorando que ele primeiro foi fabricado.

O que aconteceu? Numa frase: muita riqueza e muita pobreza

Em complemento ao brilhante texto de Ana Paula, gostaria de recomendar o pequeno livro do historiador Victor Davis Hanson, The Decline and Fall of California: From Decadence to Destruction. Hanson está numa posição privilegiada para falar do assunto, pois dá aulas na costa cosmopolita e reside no interior, cuidando de sua fazenda. Ele conhece como poucos o abismo que se abriu entre ricos e pobres no Estado, justamente por conta das medidas esquerdistas. E seu diagnóstico é assustador.

Como pegar um dos Estados mais ricos do planeta, repleto de empreendedores de tecnologia, de riquezas naturais, de expoentes da indústria do cinema, e transformá-lo num caos social? 
É preciso adotar por longo período a receita esquerdista: progressismo cultural, relativismo moral e Estado de bem-estar social. Roberto Campos já dizia que uma tragédia como a brasileira não é obra do acaso, mas sim de um esforço determinado de décadas”. O mesmo diagnóstico serve para o caso californiano. “Os californianos sabem que ter dezenas de milhares de desabrigados em suas principais cidades é insustentável. Em alguns lugares, as calçadas tornaram-se esgotos a céu aberto de lixo, agulhas usadas, roedores e doenças infecciosas”, diz Hanson. Não obstante, ninguém ousa questionar o modelo esquerdista vigente.

O Estado tem uma das maiores cargas tributárias do país, os preços de combustível são bem mais altos do que a média, e falta energia, com frequentes apagões. A infraestrutura é cada vez mais abandonada, o trânsito é infernal, mas a moda nas rodas cosmopolitas é elogiar a energia limpa. As escolas públicas estão entre as mais fracas do país, mas a elite é contra as charter schools ou os vouchers, enquanto coloca seus filhos em escolas particulares. “Os californianos sabem que se aventurar na sala de emergência de um hospital municipal é descer ao inferno moderno de Dante. As instalações médicas estão superlotadas. A classe média em extinção precisa enfrentar preços exorbitantes para tratar uma criança ferida ou doente”, escreve Hanson. A criminalidade está em alta também. Mas ninguém se atreve a criticar as leis frouxas de imigração ou de combate ao crime.

A Califórnia é agora um Estado com um partido único. Os democratas têm supermaiorias em ambas as casas do Legislativo. Apenas sete das 53 cadeiras no Congresso do Estado são ocupadas por republicanos. Os três políticos mais poderosos da Califórnia, entre eles a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, são multimilionários. Vivem blindados dos efeitos perversos de suas ideologias progressistas.

O que aconteceu com a Califórnia? Hanson responde em uma frase: muita riqueza e muita pobreza, à medida que o número de multimilionários e bilionários — agora mais de 130 — disparou mesmo com o aumento da porcentagem de pobres. Ambos encontraram isenções de impostos estaduais mais altos e maiores regulamentações, um por sua influência política, conexões e capital, o outro por sua pobreza e dependência.

Hanson apresenta dados estarrecedores, como a dívida estadual gigantesca, e desabafa: “Se ao menos as pessoas tivessem de viver no mundo que sonharam para os outros”. Eis o problema californiano em essência: aqueles utópicos que idealizam seu “novo mundo” imposto de cima para baixo pelo Estado não são os mesmos que costumam pagar o preço de efetivamente viver em tal inferno.

A classe média fica espremida entre ricaços poderosos e pobres que dependem do Estado

Em suma, a Califórnia caminha para um experimento social fracassado por culpa da elite, mas quem paga o pato mesmo é o povo. “Os pobres e as classes médias geralmente arcam com o peso dessas políticas em termos de redução das oportunidades de emprego e economia mais lenta”, explica Hanson.

Sendo especialista em história militar, Hanson faz uma comparação interessante: “Isso me lembra os otomanos na Grécia, que arrancaram os selos de chumbo dos grampos de ferro que mantinham unidos os blocos de mármore dos templos e paredes da Grécia Antiga. Os turcos, que pouco podiam fazer, exceto limpar muito, conseguiram seus poucos gramas de chumbo para as balas. Na troca, os grampos de ferro expostos enferrujaram e se desfizeram, arruinando as antiguidades que até então haviam sobrevivido a 2 mil anos de desgaste natural. Uma civilização constrói e investe, outra completamente diferente destrói e consome”.

O ditador popular já diz: “Pai rico, filho nobre, neto pobre”. Ou seja, os californianos estão consumindo o que herdaram, estão desperdiçando no luxo ao qual só herdeiros irresponsáveis, sem consciência de como a fortuna foi criada, podem se dar.

“Por que nem todo mundo vai embora?”, questiona Hanson. A resposta é simples, segundo ele: para os ricaços do litoral, não há nenhum outro lugar onde o dinheiro seja tão bom e o clima e a paisagem sejam tão agradáveis. E, para a classe baixa do interior, os direitos na Califórnia e os empregos em serviços mal pagos são um paraíso em comparação com Honduras ou o sudeste da Ásia. E, sim, os pequenos agricultores de classe média, donos de lojas de ferragens, aposentados de empresas e eletricistas estão partindo em massa.

A classe média fica espremida entre ricaços poderosos e pobres que dependem do Estado. Mas, se a situação continuar saindo do controle, é questão de tempo até os ricaços perceberem que sua redoma não é absoluta, que o estrago causado do lado de fora produz inevitável impacto no todo. Não quero ser um abutre aqui, mas é uma análise realista. A Flórida, governada por um republicano e que deu vitória a Trump nessas eleições, estará de braços abertos para receber Ana Paula e sua família!

Rodrigo Constantino, jornalista - Revista Oeste

 

domingo, 5 de janeiro de 2020

Sonhos de King - Nas entrelinhas

”’O ethos do ‘destino manifesto’ justificou a expansão territorial e a supremacia branca nos Estados Unidos, cujo eixo era a ideia de que Deus os estaria ajudando a comandar o mundo”

Memphis é uma das três cidades mais importantes da música norte-americana, com Nova Orleans e Nashville, famosa por ser a casa de Elvis Presley entre 1948 e 1977. A mansão Graceland, patrimônio da família Presley, continua sendo um dos pontos mais visitados do estado, atraindo cerca de 600 mil pessoas por ano. Ofusca o fato de que, poucos sabem, foi em Memphis que o pastor batista Martin Luther King Jr., prêmio Nobel da Paz, foi assassinado em março de 1968, aos 39 anos, durante uma visita em apoio aos trabalhadores em greve no serviço de saneamento da cidade.

Martin Luther King reivindicava salários dignos e mais postos de trabalho para a população negra. Além disso, defendia os direitos das mulheres e foi contra a Guerra do Vietnã, que considerava moralmente corrupta. Formado na Universidade de Boston, tornou-se pastor e membro da Associação Nacional para Avanço das Pessoas de Cor. Destacou-se como líder dos direitos civis por organizar protestos por todo o sul dos Estados Unidos, inclusive o boicote ao sistema de ônibus de Montgomery. Em Birmingham, no Alabama, em 1963, foi preso por duas semanas ao participar de um protesto, o que só aumentou seu prestígio.

Quando foi solto, King liderou a Marcha sobre Washington, na qual proferiu seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”, que está entre os dez mais importantes do século XX, no qual afirma: “Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter”. Seu êxito político se deve não somente à sua combatividade e resiliência e, enfim, ao seu martírio, mas à estratégia assentada em três eixos: a luta contra a ignorância, a não violência e o combate às desigualdades.

O pastor batista se inspirou num outro grande líder do século XX, Mahatma Gandhi, que derrotou o Império Britânico com métodos não violentos e muita perseverança na sua campanha pela independência da Índia. A crença de supremacia racial no Sul dos Estados Unidos era muito arraigada, mas não era um fenômeno isolado, mesmo depois da derrota dos nazistas na II Guerra Mundial. Ainda há muita gente que pensa assim. Na lógica da discriminação, crenças fervorosas estimulavam as pessoas a cometerem atos bárbaros, que exigiam uma mudança de atitude como resposta para detê-los. King dizia que “a ignorância sincera” era a ameaça mais perigosa que existe na face da Terra.

O sistema como um todo era racista no Sul dos Estados Unidos; King defendia a ação direta como forma de protesto para romper o bloqueio político-institucional existente, reformar a política e garantir a participação dos negros na democracia americana, o que se tornou, mais tarde, um objetivo alcançado plenamente, com a até então inimaginável eleição de Barack Obama à Presidência da mais poderosa nação do planeta. Na prática, o movimento pelos direitos civis teve que vencer as atitudes das maiorias em relação às minorias, para que essas pudessem usufruir de uma mudança duradoura.

Destino
Ao contrário de Malcolm X e Stokeley Camichael, líderes negros radicais, que defendiam a luta armada, King via a não violência nas ações diretas como uma demonstração de força moral, ainda que isso significasse apanhar da polícia durante os protestos. Foi agredido e ferido algumas vezes, mas nunca revidou fisicamente. Houve situações em que chegou a cancelar protestos e evitar discursos para não estimular mais violências. Entretanto, como até hoje está em nossas memórias, as cenas de ações brutais de policial contra os negros acabaram se transformando em poderoso instrumento de formação de uma opinião pública contrária à discriminação.


Decisiva para a ampliação da luta contra o racismo foi a agenda de King contra as desigualdades, lançada em 1963, com a “Marcha em Washington por Emprego e Liberdade”. Exigia que o governo investisse pesado contra a pobreza, com um programa de três pontos: renda mínima, moradia digna e acesso ao mercado de trabalho. Ele acreditava que a pobreza e a ignorância caminham de mãos dadas, o que é verdade.

King confrontou o ethos do “destino manifesto”, a doutrina do XIX que justificou a expansão territorial e a supremacia branca nos Estados Unidos, cuja ideia central era a de que Deus estaria ajudando os norte-americanos a comandarem o mundo. Expressão cunhada pelo jornalista John Louis O’Sullivan, no ano de 1845, coincidiu com a Marcha para o Oeste. Sustentava que a “providência divina” havia lhes dado o direito de conquista de todo o continente e também a missão de levar a liberdade a todos os povos. Muitos até hoje acreditam nisso, inclusive aqui no Brasil.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB