Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador comentarista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador comentarista. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 27 de maio de 2021

A pandemia do silêncio começa a ceder - Senadores criticam postura de Aziz e dizem que ele está fazendo papel de ‘advogado’ e ‘comentarista’

Afonso Marangoni

Presidente da CPI fez vários contrapontos às falas de senadores aliados ao governo 

Após fazer vários contrapontos às falas de senadores aliados ao Palácio do Planalto na oitiva do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), foi criticado nesta quinta-feira, 27, por integrantes da comissão que o classificaram como “comentarista da comissão” e “advogado de São Paulo”.

As declarações foram dadas após Aziz afirmar que o governo federal não investiu no Instituto Butantan para o desenvolvimento da CoronaVac. O presidente da CPI afirmou que o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), quis dar a entender que foram repassados recursos para esta finalidade. [esse senador que ainda preside a CPI não deveria ter sequer seu nome indicado para participar da CPI Covidão ou de qualquer outra - menos ainda para o cargo de presidente.
A vantagem é que com o 'cabeleira' na relatoria e o senador Omar presidindo fica ainda mais fácil o desmonte da Covidão; 
o passado de ambos, as folhas.... ops ... os currículos dos dois e de familiares, não permitiriam em um país sério, que sequer fossem candidatos a vereadores.
Mas, o relator Calheiros já levou um arrocho em passado recente - para não perder o mandato teve que cair da cadeira de presidente - e  o senador Omar teve familiares encarcerados por corrupção na área de Saúde. Enquanto aqui, na Pindorama, conseguem ocupar os cargos mais importantes de uma CPI criada para 'prender ladrões da saúde pública'. A presença do 'drácula' - vulgo do senador petista Humberto Costa - seria mais útil para o conceito da Covidão, se ele fosse o ocupante do cargo de vice-presidente.]

Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; preside da CPI da Covid, Omar Aziz; e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; preside da CPI da Covid, Omar Aziz; e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Leia mais: “Dimas Covas: cronograma de entrega da CoronaVac vai atrasar”

“Vossa excelência está atuando como comentarista da comissão. Vossa excelência não é analista da fala dos senadores. Presidente de Comissão não tem este papel”, apontou o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que finalizou:Você está atuando como advogado de São Paulo”.  “O senhor está sendo advogado de defesa. Ele [Dimas Covas] está ao lado de dois advogados de defesa, um advogado e um advogado que é o senhor”, criticou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). “Não, eu sou engenheiro”, respondeu Aziz.

O presidente da Comissão afirmou que não estava defendendo o governo de São Paulo, mas o Instituto Butantan, que “não tem politicagem”. Girão ainda alfinetou: “Está ficando feio, senador”. Aziz respondeu: “Pode ficar muito feio, a verdade tem que ser dita, a verdade é uma: não se repassou adiantado nem um real para comprar vacina de ninguém a não ser da AstraZeneca”. “Não dá nem pra disfarçar, presidente”, voltou a criticar Girão.

 Dagomir Marquezi
 
A pandemia do silêncio começa a ceder
Surgem novas evidências de que o novo coronavírus pode mesmo ter sido criado em laboratório. Cientistas e países ocidentais cobram uma investigação transparente 
 
O que aconteceria se um novo vírus mortal paralisasse o mundo a partir de um incidente ocorrido no Brasil? 
O que fariam a Organização Mundial da Saúde e os países mais poderosos do mundo se autoridades brasileiras deixassem que o vírus se espalhasse antes de avisar a comunidade global? 
Em quantos dias teria início uma ampla investigação internacional no nosso território? 
Qual o tamanho da indenização que seria cobrada do governo brasileiro pelo estrago na economia mundial?


Edição de arte Oeste | Foto: Shutterstock

Bem, o Brasil não é a China.A covid-19 explodiu em parte porque o Partido Comunista Chinês foi omisso sobre a saúde em outros países e escondeu a pandemia durante seus meses iniciais ao mentir para organizações internacionais de saúde pública”, escreveu o senador republicano Ben Sasse no Wall Street Journal. “O PCC explorou o sofrimento do mundo em desenvolvimento para fazer avançar seus interesses. Do seu jeito mafioso, Pequim fez com que a distribuição de suas vacinas estivesse vinculada ao rompimento de relações diplomáticas com Taiwan ou à adoção da Huawei — a gigantesca agência de tecnologia e espionagem chinesa — para fornecer serviço de 5G. E está cobrando preços astronômicos por um lixo de vacina.”

Entre 24 e 29 de janeiro de 2020 (segundo o próprio governo chinês), o regime comunista importou uma quantidade massiva de equipamentos de proteção pessoal, incluindo 2 bilhões de máscaras. Só no dia 30 a OMS declarou a emergência médica global, já anunciando que a China não tinha culpa nenhuma. No início de junho de 2020, o ministro de Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que as notícias de adiamento do anúncio da doença eram “completamente mentirosas”.

Ao que tudo indica, enquanto o resto do mundo era devastado pela covid-19, a China se protegia com o equipamento que comprou de outros países antes de dar o alerta. Ou a gente não teria números como estes, hoje:  Como a China, o país mais populoso, onde aparentemente o vírus mais letal dos últimos tempos surgiu e se espalhou antes de ser identificado, está em 99º lugar entre os países mais infectados (90.908 casos), atrás até da Faixa de Gaza?

Perguntas pedem respostas. E o regime do Partido Comunista Chinês resistiu e continua resistindo a dar qualquer satisfação ao mundo sobre seus atos. Depois de muita insistência, o presidente Xi Jinping permitiu, em janeiro deste ano, a entrada de cientistas ligados à Organização Mundial da Saúde para uma investigação sobre as origens da pandemia. A comissão, representando uma organização já submissa a Pequim, enviou 17 cientistas internacionais, estritamente vigiados por igual número de cientistas chineses. Tiveram apenas 14 dias para uma investigação que demandaria meses se fosse séria. O veredicto foi que o vírus havia surgido espontaneamente, como um fruto da natureza. Segundo esse princípio, doenças catastróficas como a covid-19 podem pipocar a qualquer momento em qualquer lugar onde exista vida selvagem.

Aparentemente a pandemia do silêncio começa a ceder. No dia 14 deste mês, um grupo de 18 cientistas (de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Suíça) publicou uma carta aberta na revista Science com um título simples e direto: “Investiguem as origens da covid-19”. Os signatários dizem que “mais investigações são necessárias para determinar a origem da pandemia; as teorias de liberação acidental do vírus de um laboratório ou o transbordamento zoonótico permanecem viáveis”.

O grupo dos 18 revelou um detalhe pouco divulgado da investigação inicial realizada pela OMS: “Informações, dados e amostras para a primeira fase de estudos foram coletados e sumarizados pela metade chinesa da equipe; o resto do time tirou suas conclusões a partir dessa análise. Apenas quatro das 313 páginas do relatório e seus anexos se referem à possibilidade de um acidente de laboratório”.

Os 18 cientistas, ligados a instituições como o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e às universidades de Chicago, Toronto, Basileia e Stanford, não têm receio de dizer o óbvio: “Uma clareza maior sobre as origens desta pandemia é necessária e possível de ser obtida. Devemos desenvolver seriamente hipóteses sobre ambas as possibilidades, o surgimento natural e o vazamento de um laboratório, até que tenhamos dados suficientes. Uma investigação apropriada deveria ser transparente, objetiva, orientada por dados, incluir outros experts, ser sujeita a supervisão independente e gerenciada responsavelmente de forma a minimizar os impactos de conflitos de interesse. Agências de saúde pública e laboratórios precisam abrir seus registros ao público”.

Em março, outro grupo de cientistas já havia divulgado uma carta aberta pedindo uma “investigação legal completa e sem restrições das origens da covid-19”. Essa carta foi além da simples declaração de princípios e listou um manual detalhado de procedimentos técnicos para qualquer investigação do tipo. “Se falharmos em examinar completamente e com coragem as origens desta pandemia, nós nos arriscamos a estar despreparados para uma pandemia potencialmente mais grave no futuro”, completou a carta, que pede à comunidade internacional uma investigação séria e definitiva. Entre os signatários, estão cientistas de França, Austrália, Espanha, Nova Zelândia, EUA, Bélgica, Reino Unido, Áustria e Alemanha.

Os pedidos de mais esclarecimentos não se limitam à comunidade científica. Em 30 de março, governos de 14 países declararam num comunicado conjunto: “Juntos, apoiamos uma análise e uma avaliação transparentes e independentes, livres de interferência e influência indevidas. Expressamos nossas preocupações comuns em relação ao recente estudo convocado pela OMS na China, ao mesmo tempo em que reforçamos a importância de trabalharmos juntos para o desenvolvimento e o uso de um estudo rápido, eficaz, transparente, com base científica e processo independente de avaliação internacional de tais surtos de origem desconhecida no futuro”. Os países signatários, todos democráticos, são: Austrália, Canadá, República Checa, Dinamarca, Estônia, Israel, Japão, Letônia, Lituânia, Noruega, Coreia do Sul, Eslovênia, Reino Unido e Estados Unidos. “Com todos os dados em mãos”, afirma o documento, “a comunidade internacional deve acessar as origens da covid-19 de forma independente, aprender as valiosas lições dessa pandemia e prevenir as devastadoras consequências dos surtos de doenças.”

Laboratórios “brincam de Deus” e criam vírus mais perigosos do que os que já existem na natureza

A pressão por respostas está aumentando. O governo da Austrália é o mais firme na insistência por uma investigação independente, o que azedou a relação entre os dois países. A jornalista Sharri Markson, do canal Sky News australiano, divulgou em 9 de maio uma matéria explosiva sobre um livro escrito por um cientista ligado ao comando das Forças Armadas chinesas, Xu Dezhong, propondo o uso militar do coronavírus — cinco anos antes da atual pandemia. O livro menciona uma “nova era de armas genéticas” por meio da manipulação de vírus, transformados em armas e lançados “de maneira como nunca aconteceu antes”.

A matéria mostra também uma publicação assinada pelo mesmo Xu Dezhong falando abertamente no emprego de coronavírus como arma. Aponta inclusive que elas não devem ser usadas nos períodos mais quentes do dia, o que mataria os vírus antes que entrassem em ação. Vai além, sugerindo que um ataque em larga escala provocaria um colapso no sistema de saúde dos países atingidos, com baixas adicionais. E comenta outra “vantagem”: “Ataques com armas biológicas podem causar doenças psicológicas e mentais agudas e crônicas, como reações de estresse agudo”. Xu Dezhong continua dando aulas para a elite dos militares chineses.

Por citar o livro de Xu Dezhong como um segredo só agora revelado, o texto de Sharri Markson foi classificado de distorcido por “agências checadoras”. E o título está à venda na Amazon, e esgotado. O fato de o livro ser vendido abertamente torna a situação ainda mais preocupante. O uso de coronavírus como arma parece estar sendo discutido sem maiores restrições nos círculos militares chineses.  Por enquanto ninguém leva a sério a teoria do Sars-CoV-2 como arma militar. Mesmo a matéria de Sharri Markson deixa claro que a atual pandemia provavelmente surgiu por acidente. O que nos remete ao texto do autor britânico Nicholas Wade, que escreveu sobre ciências para o New York Times por 30 anos, e já citado aqui na Revista Oeste.

Numa atualização de seu artigo (com o título “Origem da Covid — Seguindo as Pistas”) em 2 de maio, Wade reafirma que não é só o governo da China que teme a conclusão de que o novo coronavírus seja resultado de um vazamento de laboratório. O que está em jogo é toda uma visão da ciência, toda uma cadeia internacional de laboratórios que “brincam de Deus”, criando vírus ainda mais perigosos para o homem do que os que já existem na natureza.

É a pesquisa conhecida como “ganho de função”, ou GOF. Doenças em potencial são criadas para que possam ser combatidas. Nessa linha de ação, o vírus da “gripe espanhola” de 1918 foi recriado em laboratório. Até o vírus da terrível poliomielite, que estava extinto, voltou a existir. Tudo em nome da “ciência”, essa deusa vaga tão adorada ultimamente. Uma descoberta de vazamento em Wuhan poria em xeque toda essa forma irresponsável de “fazer ciência”. Segundo Antonio Regalado, editor da MIT Technology Review, a descoberta poderia “sacudir o edifício científico de alto a baixo”.

Wade coloca em dúvida outra crença do mundo científico. Segundo ele, a manipulação genética era feita realmente de maneira primitiva como “um cortar e colar” de genomas que deixavam marcas evidentes. Não mais. Um novo método, apelidado de seamless (ou “sem costura”), não deixa nenhuma pista de manipulação.

A diretora Shi Zheng-li estava trabalhando no laboratório que dirige, em Wuhan, em vírus chamados de “quimeras”, pois uniam dois vírus naturais para criar um terceiro, artificial. Seguia os estudos e orientações do dr. Ralph S. Baric, pesquisador de coronavírus da Universidade da Carolina do Norte. Nos EUA, a dra. Shi pesquisava em laboratórios de nível de biossegurança 4 (de contenção máxima). Em Wuhan, o nível de biossegurança dos laboratórios era 2 e 3.

Ela teria conseguido criar artificialmente o novo coronavírus como uma “quimera” no seu instituto? Por alguma razão, o vírus teria escapado acidentalmente para o resto do mundo? Não teremos respostas enquanto o governo chinês não permitir uma investigação honesta e completa.

Ditaduras vivem nas sombras, e tornam-se suspeitas mesmo quando não cometem os crimes de que são acusadas. O próprio diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, marxista conhecido pela posição amistosa com o regime chinês, declarou abertamente que a possibilidade de o vírus ter escapado de um laboratório não foi avaliada o suficiente. E defendeu recentemente a formação de “mais missões [à China] envolvendo especialistas”, que ele estaria pronto a lançar.

Enfim, a parte mais livre do mundo começa a sair do torpor e exigir respostas
E o Brasil? Aqui, já temos o veredicto: a covid-19 foi criada pelo presidente Jair Bolsonaro para “matar pretos e pobres”.  
Qualquer crítica ao governo da China é considerada crime de lesa-pátria.  
O Partido Comunista Chinês conta até com o apoio da CPI de Renan Calheiros, que já tem suas musas da submissão: as senadoras Mara Gabrilli (“Eu sinto uma gratidão gigantesca à China”) e Kátia Abreu (“Qualquer um que tiver vacina eu sou capaz de deitar no chão e deixar que pise em cima de mim”).

A pandemia da covid-19 era para ser uma questão sanitária a resolver por critérios técnicos. Mas se transformou numa encruzilhada política. Estamos vivendo um daqueles momentos históricos em que cada cidadão é levado a escolher entre a obediência cega a uma tirania ou à luta pela liberdade. “Nestes tempos especialmente problemáticos, defenda a liberdade”, aconselhou Gordon G. Chang, jornalista e escritor especializado em assuntos chineses. “Nós podemos não ter outra chance.”

Leia também “Como surgiu o novo coronavírus?”


Dagomir Marquezi, nascido em São Paulo, é escritor, roteirista e jornalista. Autor dos livros Auika!, Alma Digital, História Aberta, 50 Pilotos — A Arte de Se Iniciar uma Série e Open Channel D: The Man from U.N.C.L.E. Affair. Prêmio Funarte de dramaturgia com a peça Intervalo. Ligado especialmente a temas relacionados com cultura pop, direitos dos animais e tecnologia.

 


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Tesla vai ao Texas - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Elon Musk deixa a Califórnia, Estado que caminha para um experimento social fracassado por culpa da elite progressista. Mas quem paga o pato mesmo é o povo

[a matéria mostra com uma crueza intensa, uma verdade chocante: se o Brasil continuar com a política de aumentar direitos sem a contrapartida de deveres, distribuir riquezas antes de criá-las, o resultado será um só:  o narrado nesta matéria será realidade.

Já estamos na situação apresentada nos parágrafos 1, 7 e 8, é só continuar como está e o CAOS CAÓTICO, o fim do BRASIL se apresentará.]

Minha colega Ana Paula Henkel já escreveu um texto espetacular nesta revista sobre a decadência californiana (“Garota, eu não vou para a Califórnia”), que recomendo a todos que se preocupam com o potencial estrago de uma mentalidade “progressista”. Volto ao tema, pois nesta semana o bilionário Elon Musk oficializou sua mudança para o Texas. Trata-se de um marco que ilustra com perfeição o declínio acelerado do “Estado de Ouro” norte-americano.

Ana Paula já havia resumido as principais causas dessa debacle: políticas progressistas tolerantes ao crime, elevados gastos sociais sem planejamento, aumento da população de rua e regulação cara e complexa para negócios
Tudo isso tem provocado o êxodo californiano. O conhecido comentarista conservador Ben Shapiro já tinha anunciado a decisão de levar seu The Daily Wire para Nashville, e o simbolismo não foi pequeno, uma vez que Shapiro nasceu e viveu em Los Angeles sua vida toda. Mas todos têm um limite.

Os motivos apresentados por Shapiro são similares àqueles oferecidos por Musk. O bilionário empreendedor disse que, embora haja “muitas coisas realmente ótimas” no Estado da Costa Oeste, ele achou prudente mudar-se para o Texas, e alertou: “Se uma equipe está vencendo há muito tempo, ela tende a ficar um pouco complacente, cheia de direitos, e então não ganha mais o campeonato. A Califórnia vem ganhando há muito tempo. E acho que eles estão tomando isso como algo garantido”.

Musk ainda possui operações na Califórnia, mas pelo visto está ficando cansado da situação: “Em primeiro lugar, a Tesla e a SpaceX obviamente têm operações massivas na Califórnia. Na verdade, é importante notar que a Tesla é a última empresa automotiva ainda fabricando carros na Califórnia. A SpaceX é a última empresa aeroespacial ainda fazendo uma produção significativa na Califórnia. Costumava haver mais de uma dúzia de fábricas de automóveis na Califórnia. E a Califórnia costumava ser o centro da fabricação aeroespacial! Minhas empresas são as duas últimas que sobraram… Essa é uma observação muito importante a fazer”.

Resta perguntar: até quando? A realidade é que ninguém gosta de deixar dinheiro na mesa, para burocratas do governo. Nem mesmo os “liberais” que costumam defender maiores impostos, diga-se de passagem. A Fox Business relatou que a mudança pessoal de Musk para o Texas significa que ele “aumentará suas chances de evitar um imposto de renda estadual de 13,3% sobre os ganhos de capital que obtém no caso de vender ações da Tesla ou receber bônus”. Quem costuma pregar mais impostos em nome do combate às desigualdades ignora que as riquezas, antes, precisam ser criadas. É a típica mentalidade ­ex-post facto, que olha o bolo feito e quer reparti-lo de forma “mais justa”, ignorando que ele primeiro foi fabricado.

O que aconteceu? Numa frase: muita riqueza e muita pobreza

Em complemento ao brilhante texto de Ana Paula, gostaria de recomendar o pequeno livro do historiador Victor Davis Hanson, The Decline and Fall of California: From Decadence to Destruction. Hanson está numa posição privilegiada para falar do assunto, pois dá aulas na costa cosmopolita e reside no interior, cuidando de sua fazenda. Ele conhece como poucos o abismo que se abriu entre ricos e pobres no Estado, justamente por conta das medidas esquerdistas. E seu diagnóstico é assustador.

Como pegar um dos Estados mais ricos do planeta, repleto de empreendedores de tecnologia, de riquezas naturais, de expoentes da indústria do cinema, e transformá-lo num caos social? 
É preciso adotar por longo período a receita esquerdista: progressismo cultural, relativismo moral e Estado de bem-estar social. Roberto Campos já dizia que uma tragédia como a brasileira não é obra do acaso, mas sim de um esforço determinado de décadas”. O mesmo diagnóstico serve para o caso californiano. “Os californianos sabem que ter dezenas de milhares de desabrigados em suas principais cidades é insustentável. Em alguns lugares, as calçadas tornaram-se esgotos a céu aberto de lixo, agulhas usadas, roedores e doenças infecciosas”, diz Hanson. Não obstante, ninguém ousa questionar o modelo esquerdista vigente.

O Estado tem uma das maiores cargas tributárias do país, os preços de combustível são bem mais altos do que a média, e falta energia, com frequentes apagões. A infraestrutura é cada vez mais abandonada, o trânsito é infernal, mas a moda nas rodas cosmopolitas é elogiar a energia limpa. As escolas públicas estão entre as mais fracas do país, mas a elite é contra as charter schools ou os vouchers, enquanto coloca seus filhos em escolas particulares. “Os californianos sabem que se aventurar na sala de emergência de um hospital municipal é descer ao inferno moderno de Dante. As instalações médicas estão superlotadas. A classe média em extinção precisa enfrentar preços exorbitantes para tratar uma criança ferida ou doente”, escreve Hanson. A criminalidade está em alta também. Mas ninguém se atreve a criticar as leis frouxas de imigração ou de combate ao crime.

A Califórnia é agora um Estado com um partido único. Os democratas têm supermaiorias em ambas as casas do Legislativo. Apenas sete das 53 cadeiras no Congresso do Estado são ocupadas por republicanos. Os três políticos mais poderosos da Califórnia, entre eles a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, são multimilionários. Vivem blindados dos efeitos perversos de suas ideologias progressistas.

O que aconteceu com a Califórnia? Hanson responde em uma frase: muita riqueza e muita pobreza, à medida que o número de multimilionários e bilionários — agora mais de 130 — disparou mesmo com o aumento da porcentagem de pobres. Ambos encontraram isenções de impostos estaduais mais altos e maiores regulamentações, um por sua influência política, conexões e capital, o outro por sua pobreza e dependência.

Hanson apresenta dados estarrecedores, como a dívida estadual gigantesca, e desabafa: “Se ao menos as pessoas tivessem de viver no mundo que sonharam para os outros”. Eis o problema californiano em essência: aqueles utópicos que idealizam seu “novo mundo” imposto de cima para baixo pelo Estado não são os mesmos que costumam pagar o preço de efetivamente viver em tal inferno.

A classe média fica espremida entre ricaços poderosos e pobres que dependem do Estado

Em suma, a Califórnia caminha para um experimento social fracassado por culpa da elite, mas quem paga o pato mesmo é o povo. “Os pobres e as classes médias geralmente arcam com o peso dessas políticas em termos de redução das oportunidades de emprego e economia mais lenta”, explica Hanson.

Sendo especialista em história militar, Hanson faz uma comparação interessante: “Isso me lembra os otomanos na Grécia, que arrancaram os selos de chumbo dos grampos de ferro que mantinham unidos os blocos de mármore dos templos e paredes da Grécia Antiga. Os turcos, que pouco podiam fazer, exceto limpar muito, conseguiram seus poucos gramas de chumbo para as balas. Na troca, os grampos de ferro expostos enferrujaram e se desfizeram, arruinando as antiguidades que até então haviam sobrevivido a 2 mil anos de desgaste natural. Uma civilização constrói e investe, outra completamente diferente destrói e consome”.

O ditador popular já diz: “Pai rico, filho nobre, neto pobre”. Ou seja, os californianos estão consumindo o que herdaram, estão desperdiçando no luxo ao qual só herdeiros irresponsáveis, sem consciência de como a fortuna foi criada, podem se dar.

“Por que nem todo mundo vai embora?”, questiona Hanson. A resposta é simples, segundo ele: para os ricaços do litoral, não há nenhum outro lugar onde o dinheiro seja tão bom e o clima e a paisagem sejam tão agradáveis. E, para a classe baixa do interior, os direitos na Califórnia e os empregos em serviços mal pagos são um paraíso em comparação com Honduras ou o sudeste da Ásia. E, sim, os pequenos agricultores de classe média, donos de lojas de ferragens, aposentados de empresas e eletricistas estão partindo em massa.

A classe média fica espremida entre ricaços poderosos e pobres que dependem do Estado. Mas, se a situação continuar saindo do controle, é questão de tempo até os ricaços perceberem que sua redoma não é absoluta, que o estrago causado do lado de fora produz inevitável impacto no todo. Não quero ser um abutre aqui, mas é uma análise realista. A Flórida, governada por um republicano e que deu vitória a Trump nessas eleições, estará de braços abertos para receber Ana Paula e sua família!

Rodrigo Constantino, jornalista - Revista Oeste