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domingo, 7 de agosto de 2022

Crise com a China - Como a visita de Nancy Pelosi a Taiwan prejudicou interesses dos EUA e da Ucrânia - Gazeta do Povo

Vozes - Jogos de Guerra

A visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, enviou uma mensagem anti-imperialista à China. Porém, prejudicou interesses de Washington e de Kiev na guerra na Ucrânia. Isso porque o desafio à China tem potencial para aproximar diplomaticamente ainda mais Pequim e Moscou.

“Por ora, a China está avaliando e tem, sim, neutralidade. Eu serei honesto: essa neutralidade é melhor do que a China se juntar à Rússia.” A afirmação é do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ela chamou a atenção na quarta-feira (3) por destoar do usual tom combativo do líder da Ucrânia. Parece refletir a preocupação com as possíveis consequências do apoio de Pelosi a Taiwan.

A congressista americana Pelosi esteve na ilha de Taiwan nesta semana, entre terça (2) e quarta-feira. Ela se encontrou com a presidente Tsai Ing-wen em Taipei. A visita enfureceu o governo chinês, que entendeu a ação como uma ingerência americana em assuntos internos do país. O governo de Xi Jinping tem entre seus principais objetivos políticos retomar o controle sobre a ilha - que tem um governo democrático autônomo, mas não é reconhecida como independente pela maior parte da comunidade internacional.

Principalmente para dar uma resposta ao público interno, Pequim realizou exercícios militares próximo a Taiwan em uma escala sem precedentes. Ao menos um míssil teria cruzado a ilha e caído no mar. 
Os disparos afetaram ainda a área marítima da zona econômica exclusiva do Japão. 
Participaram das manobras militares ao menos cem aviões e dez navios de guerra.

Na Rússia, a visita de Pelosi a Taiwan foi classificada como uma “provocação” americana contra a China, segundo a porta-voz da chancelaria, Maria Zakharova. Ela afirmou que Moscou apoia o princípio de “uma China” e se opõe a qualquer forma de independência de Taiwan. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os russos expressam “solidariedade absoluta” com a China em relação à ação de Pelosi.

Em 4 de fevereiro, pouco antes do início da invasão russa à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin e o líder chinês, Xi Jinping, haviam anunciado durante a Olimpíada de Inverno de Pequim uma “parceria sem limites” - na qual declaravam apoio mútuo em relação às questões da Ucrânia e de Taiwan. Em uma declaração conjunta, os países discorreram, entre outros temas, sobre multipolaridade e redistribuição de poder no mundo.

A declaração foi interpretada por analistas ocidentais como uma espécie de pacto de não agressão, que teria potencial para levar a um realinhamento da ordem mundial - o que poderia gerar um novo tipo de Guerra Fria.  Após a invasão russa na Ucrânia, a China se disse neutra e evitou participar de movimentos diplomáticos arquitetados pelo Ocidente para condenar o ataque de Moscou nas Nações Unidas.

Mas, enquanto os Estados Unidos e seus aliados tentavam isolar a economia da Rússia por meio de sanções, os chineses aumentavam suas compras de energia russa. Um dos principais objetivos do Ocidente é diminuir a renda de Moscou com a exportação de petróleo para assim enfraquecer o país e diminuir sua capacidade de guerrear.

Em maio, as importações chinesas de petróleo russo subiram 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a rede britânica BBC. Por causa disso, a Rússia desbancou a Arábia Saudita como maior fornecedora de petróleo para a China. No mesmo mês, as exportações de produtos chineses para a Rússia cresceram 14% - fruto de substituições de importações ocidentais feitas pelo Kremlin.

Além disso, está sendo construído um novo gasoduto para ligar os dois países e assim aumentar em 10 bilhões de metros cúbicos por ano as exportações russas para os chineses. Ele deve ficar pronto em dois ou três anos. Um dos maiores temores dos ucranianos era que a China passasse a fornecer equipamentos militares para a Rússia. Porém, isso não tem ocorrido devido à pressão americana.

Da mesma forma, os Estados Unidos vêm intimidando empresas de tecnologia para evitar exportações para a Rússia. Segundo o departamento de comércio americano, as exportações globais de semicondutores para a Rússia caíram 90% desde o início da guerra. Eles são essenciais para a indústria armamentista russa, que depende de chips para fazer armas.

Por outro lado, não parece possível que Washington e seus aliados tenham capacidade de tentar punir Pequim com isolamento econômico. Alguns analistas dizem que a economia chinesa pode suplantar a americana na próxima década. Assim, a parceria entre Rússia e China parece ser, por ora, um “casamento de conveniência”, movido principalmente pelo antagonismo comum em relação aos Estados Unidos.

O que o Ocidente e Zelensky parecem tentar evitar é o aprofundamento dessa parceria. Por isso, o presidente ucraniano baixou o tom e tenta costurar um encontro com Xi Jinping. “A visita de Nancy Pelosi a Taiwan foi ruim para os interesses americanos na Ucrânia. Os Estados Unidos querem isolar a Rússia, mas acabaram dando motivo para os chineses se aproximarem mais dos russos”, disse o coronel da reserva Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em estudos de defesa e estratégia pela Universidade Nacional de Defesa da República Popular da China.

Não se sabe ao certo se a ação de Pelosi, parlamentar conhecida por seu ativismo em relação a Taiwan, foi fruto de sua iniciativa individual ou se foi uma ação orquestrada com o governo democrata de Joe Biden. A visita acabou sendo criticada por membros do Partido Democrata e elogiada por integrantes do Partido Republicano.

Além das manobras militares na região de Taiwan, a visita já está causando deterioração nas relações diplomáticas entre Pequim e Washington. Na sexta-feira (5), a China anunciou paralisações na cooperação entre os dois países nas áreas militar, de combate à mudança climática, imigração e esforços para controlar o tráfico de drogas global.

A possibilidade da China invadir Taiwan ou eventualmente entrar em guerra com os Estados Unidos é considerada remota por analistas. Para invadir a ilha, Pequim teria que fazer uma operação de desembarque anfíbio, considerada extremamente complexa e dispendiosa. Além disso, um ataque direto a cidadãos que partilham com a China as mesmas raízes poderia ser considerado fratricídio - e assim ter um forte impacto negativo na popularidade de Xi Jinping.

Mas não se sabe ainda até que ponto a deterioração das relações diplomáticas entre americanos e chineses gerará maior impacto na guerra da Ucrânia - ou se desencadeará maior suporte econômico chinês aos russos.

Últimas notícias do campo de batalha
Na última semana, a coluna Jogos de Guerra analisou as possíveis consequências políticas de uma contraofensiva ucraniana no sul do país. Ao longo dos últimos dias, combatentes ucranianos no campo de batalha disseram a este colunista ter recebido informações de que a Rússia está enviando entre 20 e 30 mil soldados para tentar conter o contra-ataque na região ocupada de Kherson. A Rússia confirmou o envio de reforços, mas não fornece números.

A troca de fogo de artilharia entre russos e ucranianos no território entre Mykolaiv e Kherson tem sido intensa. Esse é hoje o principal campo de batalha da guerra. Mas não surgiram notícias de avanços significativos da Ucrânia em direção a Kherson.

Em Zaporizhzhia, ucranianos vêm acusando a Rússia de usar a usina nuclear de Enerhodar como um escudo. Moscou teria posicionado diversas peças de artilharia entre os seis reatores nucleares e disparado contra regiões vizinhas defendidas pelo exército ucraniano. O exército de Kyiv não pode revidar para não causar uma catástrofe nuclear.

Na frente informacional, Rússia e Ucrânia debatem quem é o responsável por uma explosão no campo de prisioneiros de guerra de Yelenovka, em Donetsk. No dia 29 de julho, uma detonação matou 53 combatentes ucranianos que eram mantidos detidos no local e deixou dezenas de feridos. Eles eram integrantes do Batalhão Azov que haviam se rendido no cerco à cidade de Mariupol.

A Rússia acusou a Ucrânia de ter causado a explosão ao disparar um foguete Himars contra a prisão de forma acidental.

A Ucrânia diz que está investigando o caso, mas não há por ora processo investigatório independente.

Luis Kawaguti, colunista - Gazeta do Povo - Jogos de Guerra - Vozes


sexta-feira, 5 de agosto de 2022

A IDA DE PELOSI À TAIWAN E A REAÇÃO CHINESA "HISTÉRICA" - Sérgio Alves de Oliveira

O alvoroço feito pelo Governo e pelas Forças Armadas chinesas  em torno   da visita  da Presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos  à Taiwan, ou República da China, Nancy Pelosi, onde aterrissou  em 1º de agosto, mais parece reação de retardados mentais. De gente absolutamente desequilibrada.De gente  "sem noção". De autoridades "arrogantes" e "estúpidas".
 
Minha curiosidade se liga principalmente  ao que poderia estar pensando dessa história toda ,"lá no "fundo", o próprio povo chinês, não ligado à cúpula dos privilegiados do Partido Comunista Chinês, de mais  de  1 bilhão de pessoas, sobre essas ridículas e permanentes ameaças de Xi Jinping de invadir Taiwan militarmente, reclamada indevidamente  como "propriedade" chinesa, "remanescente",que ficou para "trás" da Revolução Comunista Chinesa,ou "Revolução Cultural",liderada por Mao Tsé Tung,em 1949. Será que o povo chinês não fica "envergonhado" dessas ridículas  ameaças do seu governo à Taiwan ? 
E ao seu Povo? Ou talvez "neutralizados" pela lavagem cerebral escravista recebida dos tiranos que os governam desde 1949? 
E agora por uma "coisa" pior do que foi Mao Tsé Tung,? 
O tirano  Xi Jinping? Por que Mao não insistiu na absorção de Taiwan, deixando a Ilha livre, e Xi o faz agora?
 
Talvez dê para entender essa reação exacerbada chinesa contra os Estados Unidos, pela "inconveniente" visita de Pelosi a Taiwan,porque uma ditadura, como a chinesa, jamais iria compreender o sentido da tripartição dos poderes constitucionais no mundo livre,e que o Poder Legislativo dos Estados Unidos,no caso representado  pela Presidente da Câmara,tem absoluta autonomia em relação aos outros Poderes,e por essa razão   a "Casa Branca" não poderia interferir  na decisão e ida  de Pelosi à Taiwan.[Comentário único: aquela senhora não tem entre suas atribuições conduzir a política externa dos Estados Unidos; o 'idoso' pretendia ir, foi alertado pela China e desistiu; mandou sua cúmplice ir em seu lugar, alegando não poder impedi-la de exercer atribuição que é de exclusiva competência do Poder Legislativo; - aquela senhora age da mesma forma que o presidente do TSE - não precisamos inserir 'brasileiro' já que só o Brasil tem Justiça Eleitoral - que convocou embaixadores para expor assuntos internos do Brasil = ato de politica externa que, segundo a Constituição Federal, é de competência  do Poder Executivo.
Pedimos vênia ao ilustre articulista e,  deixando um pouco a 'democracia chinesa', assunto interno deles, aproveitamos para  lembrar que o mundo não pode aceitar vivendo, pensando, agindo  da forma que a Europa e os EUA querem.]
 
Outra questão absolutamente incompreensível é o fato dos Estados Unidos estarem alinhados à maioria dos países, e à própria ONU, que se "acovardam" em reconhecer a independência, a soberania e a  autodeterminação de Taiwan, que se configuram à luz de todas as teorias que presidem a legitimidade dos Estados Independentes.
Dentro dessas teorias merecem destaque:  (1) O PRINCÍPIO DAS NACIONALIDADES,defendido por Mancini, em 1851, no sentido de que as populações ligadas entre si por identidade de raça, lingua, costumes e tradições,formam naturalmente uma nação, e devem se reunir num só Estado. À luz dessa doutrina, a Grécia se tornou independente em 1829, foram separadas a Holanda e a Bélgica, em 1830,e a Itália unificou-se em 1859. A postura dessa doutrina é a "não-intervenção"; 
(2) A TEORIA DAS FRONTEIRAS NATURAIS, defendida por Napoleão Bonaparte,segundo a qual o território seria complemento indispensável da nação.Em nenhum outro lugar do mundo  se aplicaria essa doutrina  tão bem quanto  em Taiwan, uma ilha marítima; e 
(3) A TEORIA DO LIVRE ARBÍTRIO DOS POVOS,segundo a qual somente o livre consentimento do povo pode presidir a existência dos estados.É a defesa da autodeterminação dos povos,com base na filosofia liberal do Século 18,defendida por J.J.Rousseau,adotada na Revolução Francesa ,e na Doutrina de Wilson,em 1919. Será que algum ,um só, taiwanês concordaria com a anexação da sua Ilha  pela soberania chinesa? 
Será que concordaria em  trocar o PIB "per capita",e o  IDH, que têm em  Taiwan, respectivamente,de 36 mil USD,e 0,917,contra os 10,5 mil USD,e 0,761 da China Comunista? 
Será que a inversa não seria verdadeira ,e que o povo chinês é que gostaria  de ser absorvido por Taiwan,bem mais desenvolvida que a China,com liberdade de imprensa,melhor educação,liberdade econômica e outros indicativos socioeconômicos melhores?
 
Na verdade foram os comunistas que separaram  a maior parte, a parte "Continental", do território chinês ,como estava configurado desde a sua fundação,em 1912,mediante o processo "secessionista","remanescendo" a Ilha de Taiwan, também chamada  Ilha Formosa,que por diversas razões não acompanhou os "separatistas".
 
Mas toda essa confusão relativa à conflituosa relação entre a China e Taiwan, deve-se num primeiro plano ao papel "sujo" que a ONU fez ao longo do tempo. 
A "antiga" China,que era integrada  pelo território e povo de Taiwan,foi fundadora da ONU,em 1945. Inclusive integrava o Conselho de Segurança   Permanente dessa organização. Mas tudo mudou com e Revolução Comunista ,de Mao Tsé Tung,de 1949. 
A "antiga " China,um dos fundadores da ONU, foi expulsa da organização,em 1971, tendo sido a seu lugar tomado na "marra",pelos separatistas que formaram a China Comunista,ou República Popular da China. Perante a ONU,Taiwan não existe como país independente e soberano. E tudo não passou de "traição" escancarada da ONU,que alijou Taiwan dos seus quadros,e "cuspiu" na cara do direito internacional.
 
O que teria  a ONU a dizer sobre essa "palhaçada" da "sua" China, com a visita de Pelosi à Taiwan? 
De  lançar mísseis ameaçadores no mar  em volta de Ilha,poluindo as águas, e gastando "rios" de dinheiro que poderia ser usado na melhoria da qualidade de vida dos chineses  não-privilegiados do Partido Comunista?
Que "balaca" ridícula seria essa dos chineses? 
Perderam a vergonha na cara? 
Será que estariam agindo por  inveja e para tentar esconder do mundo as fantásticas realizações de um povo que conseguiu erguer  uma  próspera nação? 
Toda essa parafernália agressiva não seria manifesto "recalque" com a prosperidade dos "outros",que deixaram de escravizar os seus povos para montar um suntuoso aparato bélico não condizente com a pobreza do povo?
 
Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo
 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

China mobiliza tanques anfíbios para o Estreito de Taiwan

Incursões militares se deram em virtude da viagem da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi

Incursão militar chinesa ao longo do Estreito de Taiwan
Incursão militar chinesa ao longo do Estreito de Taiwan | Foto: Reprodução

O Partido Comunista da China mobilizou uma série de tanques anfíbios e caças militares para Xiamen, cidade costeira ao longo do Estreito de Taiwan. As incursões miliares ocorreram na noite de ontem, informou reportagem do jornal britânico Daily Mail, nesta terça-feira, 2.

As manobras do PCC são uma reação à visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, a Taiwan. A democrata desembarcou na capital da ilha, Taipé, na manhã de hoje, para estreitar as relações diplomáticas.

Em um comunicado publicado ontem, o Ministério da Defesa de Taiwan informou que tem “total conhecimento” das atividades militares perto de Taiwan e enviará forças apropriadamente, em reação a “ameaças inimigas”. Imagens compartilhadas na rede social chinesa Weibo mostram tanques anfíbios na costa da Província de Fujian, ao longo do Estreito de Taiwan. Outras imagens mostram equipamentos militares em movimento em Xiamen.

Na semana passada, o secretário-geral do PCC, Xi Jinping, advertiu o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para os perigos da visita de Nancy à ilha. “Quem brinca com fogo se queima”, disse Xi Jinping, ao democrata.

A Rússia saiu em defesa da China hoje, ao acusar os EUA de “desestabilizarem” o mundo, ao permitir a viagem de Nancy. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, advertiu que a visita seria “extremamente provocativa”.

Leia também: “O jogo do gigante”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 58 da Revista Oeste

Revista Oeste 

 

domingo, 13 de março de 2022

Uma tragédia anunciada - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Em apenas 14 meses, a esquerda norte-americana conseguiu o que queria. Como tudo em que mete a mão, o caos

Em 20 de janeiro de 2021, Joe Biden tomou posse na Casa Branca como 46º presidente dos Estados Unidos. Mas não foi apenas o ex-vice de Barack Obama que passou a segurar as rédeas da nação mais poderosa no mundo (até quando, não sabemos…) naquele dia
A esquerda radical norte-americana, representada pelo atual Partido Democrata, também conseguiu o controle da maioria nas duas Casas legislativas do Congresso norte-americano. Joe Biden foi empacotado com o verniz da normalidade democrata moderada dos anos 1990 para, na verdade, forçar uma agenda da extrema esquerda. Para isso, foi preciso um esforço conjunto para empurrar para fora do caminho a reeleição do 45º presidente, Donald Trump, o malvadão do século que mexeu com uma geração hedonista e incapaz de enxergar ações e políticas, apenas sentimentos.
O presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos | Foto: Wikimedia Commons
O presidente Joe Biden, a vice Kamala Harris e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos -  Foto: Wikimedia Commons [trio mais conhecido no submundo da INcompetência como Trio Parada Dura.]

Durante quatro anos, de 2016 a 2020, vimos ações tirânicas, como perseguições e censura, que jamais poderíamos imaginar na América de hoje. Instituições financeiras e econômicas, culturais e de entretenimento e quase toda a mídia desempenharam vários papéis para ver o ex-presidente Donald Trump não apenas derrotado, mas também empurrado para dois processos de impeachment, para depois ser banido das redes sociais e descartado como persona non grata após o fatídico 6 de janeiro. 
Depois de meses de investigações sobre a invasão do Capitólio, nenhuma prova contra Donald Trump foi encontrada e qualquer participação do republicano no incidente foi descartada. Mesmo assim, até hoje há uma resiliência quase olímpica por parte dos democratas em associar a confusão na capital norte-americana ao ex-presidente.
 
Mas, em 20 de janeiro de 2021, não houve apenas uma troca de políticos de partidos distintos numa democracia saudável.  
Houve uma histeria quase bizarra por parte de acadêmicos renomados, grandes corporações, toda a casta de Hollywood, a mídia norte-americana, equipes esportivas profissionais, Wall Street, o Vale do Silício e um número inacreditável de jovens desmiolados que pedem a implementação do socialismo na América. Em comum? 
Todos se gabavam da derrota da “supremacia branca”, juraram que fizeram o que fizeram “para salvar a democracia”, e orgulhosos estavam em fazer parte de legiões de czares da “diversidade, equidade, inclusão e justiça social”. Ahh… a partir daquele momento, a teoria racial crítica seria incorporada para extirpar o racismo e a discriminação endêmicos. Como? Abraçando o racismo e a discriminação.

Os novos guerreiros da justiça social
Com a nova administração voltada apenas para o “bem comum” (não de todos), alguns tipos de crimes deveriam ser vistos principalmente como uma construção criada pela elite para proteger seus próprios privilégios patriarcais, suas prerrogativas opressoras e suas propriedades. Furtos em lojas, saques, baderna e bandidos nas ruas passaram a ser apenas parte da vida normal em uma cidade normal. Os novos guerreiros da justiça social também poderiam substituir a polícia, que passaria a não ter recursos nem investimentos (defund de police), porque são racistas. A maioria das políticas para abordagem policial, encarceramento ou prisão obrigatória deixaria de existir porque criminosos são “vítimas da sociedade”.

A partir de janeiro de 2021, as agendas verdes irreais dos ecochatos transformariam fundamentalmente os Estados Unidos, ao colocar um fim imediato nas “mudanças climáticas” provocadas pelo homem com o início do banimento definitivo dos combustíveis fósseis. Os amantes cegos da teoria monetária moderna nos asseguraram que imprimir dinheiro “espalharia a riqueza” e desvalorizaria as moedas de capitalistas indignos que tinham muito dinheiro. Afinal, para eles, imprimir mais dinheiro jogaria o dinheiro do rico nas mãos dos injustiçados. Inflação? Calma. Ela seria uma boa coisa à medida que aparecesse, um sinal de uma classe de consumidores robusta e recém-empoderada, a que há muito tempo é negada “equidade” pelos capitalistas egoístas.

A partir de janeiro de 2021, a fronteira seria aberta e permaneceria aberta para imigrantes ilegais. Chega de xenofobia. Chega de muros. Como cidadãos do mundo, a esquerda norte-americana acolheu 2 milhões de imigrantes que chegaram ilegalmente aos EUA sem nenhum documento ou comprovante de vacinas durante uma pandemia, enquanto membros das Forças Armadas norte-americanas foram ameaçados de expulsão se não tomassem a picada.

À medida que os radicais da extrema esquerda apavoravam toda uma nação e obrigavam os raros democratas moderados a se esconderem, toda a velha sabedoria sobre a natureza humana desapareceu. Esqueça a obviedade de que criminosos soltos prejudicam mais os pobres, e que a falta de polícia nas ruas é um pesadelo para as comunidades menos favorecidas. Descarte a ideia boba de Martin Luther King Jr. de que nosso caráter, não nossa cor, determina quem somos. E, por favor, ignore a ideia ultrapassada de que inflação corrói os salários da classe trabalhadora. Isso tudo é coisa de gente atrasada.

O retrato de um governo inepto
Mas o que está ruim sempre pode piorar. As cenas no Afeganistão, retrato de um inepto governo, visto poucas vezes dessa maneira na história norte-americana, trouxe à vida monstros maiores. Não podemos afirmar com absoluta certeza que esse pesadelo Ucrânia/Rússia não aconteceria se tivéssemos um presidente forte na Casa Branca, mas fato é que a fraqueza muitas vezes é um convite à agressão, como diria o próprio Ronald Reagan. 
E Biden não pôde escapar do fiasco no Afeganistão. Os militares afegãos treinados pelos norte-americanos nos últimos 20 anos, que sofreram milhares de baixas anteriores, evaporaram em poucas horas no cerco a Cabul, em agosto de 2021. 
O que o Afeganistão indica, no entanto, é que forças mais poderosas do que o Talibã, em lugares muito mais estratégicos, têm sinal verde para avançar, visto que a Casa Branca hoje é apenas uma administração ideológica, mas previsivelmente incompetente, com um Pentágono e comunidades de Inteligência politicamente armadas preocupados com a diversidade e políticas de gênero.

Não vou ser repetitiva aqui sobre as catastróficas políticas de Joe Biden, domésticas e internacionais, em apenas 14 meses. Há mais de um ano venho escrevendo aqui em Oeste sobre não apenas o que leio, pesquiso e estudo, mas o que testemunho in loco: os resultados das irresponsáveis políticas da esquerda radical norte-americana que são capazes de arruinar um Estado lindo e rico como a Califórnia, onde resido.

E o que os eleitores democratas descobriram após 14 meses de Biden e Harris, além da incompetência na área da segurança doméstica e internacional? Que eles desprezam a inflação tanto quanto a recessão, e temem que agora possam obter ambas. As pessoas querem gasolina mais barata, não mais cara. Elas preferem a autossuficiência energética norte-americana, e não ter de implorar a países como Venezuela e Irã para bombear mais petróleo quando a independência foi atingida nos anos anteriores.

Os democratas podem sofrer perdas históricas nas eleições de midterms em novembro.  
Esse desastre para o partido acontecerá não apenas por causa do desastre no Afeganistão, da invasão da Ucrânia pelo presidente russo, Vladimir Putin, da destruição da fronteira sul, da confusão da cadeia de suprimentos ou de seu apoio à demagoga agenda racial e de gênero. 
 A bala de prata que pode ceifar a maioria democrata em ambas as Casas legislativas e causar o aniquilamento político em novembro tem um nome odiado pelos norte-americanos, e com razão: a inflação descontrolada.

Os “novos direitos de redistribuição”
Joe Biden insiste em dizer que os preços ao consumidor estão subindo “apenas” a uma taxa anual de 7,9%, como se o maior aumento em 40 anos não fosse tão ruim assim. No entanto, a classe média sabe que a inflação é muito pior quando se trata das coisas da vida: comprar uma casa, carro, gasolina, carne, grãos, madeira ou materiais de construção. A inflação é um destruidor de oportunidades iguais de sonhos. Ela mina ricos e pobres, democratas e republicanos, conservadores e liberais (EUA). Ela une todas as tribos e ideologias contra aqueles que são nomeados como os que teriam dado à luz o polvo monstruoso cheio de tentáculos e que espreme tudo e todos. A inflação é onipresente, onipotente e humilhante. Destrói a dignidade pessoal. Ao contrário da estúpida teoria racial crítica ou das abjetas políticas de gênero, ela não pode ser evitada por um dia sequer. Você não pode ignorá-la como se faz com a irresponsável bagunça no Afeganistão ou na agora inexistente fronteira sul. A inflação ataca a todos, 24 horas por dia, sete dias por semana, em 360 graus. Sem piedade ou lente racial ou ideológica.

Biden reduziu os Estados Unidos a um mendigo de energia implorando aos sauditas e russos que bombeassem mais petróleo

Acima de pontos econômicos negativos que uma inflação sem controle pode trazer, há a esfera filosófica de uma nação que tem em sua genética a cooperação humana. A inflação como a atual nos EUA é vista como uma mina perigosa para uma sociedade civil e ordenada, desencadeando um egoísmo “cada um por si”. Os norte-americanos sabem que essa inflação é autoinduzida, não um produto de uma guerra no exterior, um terremoto ou o esgotamento dos depósitos de gás e petróleo. Biden ignorou a onda natural de compras inflacionárias de consumidores que foram desacorrentados dos lockdowns por quase dois anos sem poder gastar. Em vez disso, ele incentivou a saciar essa enorme demanda imprimindo trilhões de dólares em dinheiro falso para todos os tipos de “novos direitos de redistribuição”, projetos “verdes” irreais e programas de congressistas de estimação preocupados com uma agenda desconectada da realidade.

O governo Biden corroeu a ética do trabalho norte-americano. Isso é grave e os norte-americanos sabem disso. Manteve altas as taxas de trabalhadores fora dos postos de trabalho com cheques federais para que ficassem em casa. Cortou sem o menor debate a produção de gás e petróleo cancelando arrendamentos federais, campos petrolíferos e oleodutos, enquanto pressionava os bancos a não liberar capital para o fracking. Em apenas um ano, Biden reduziu os Estados Unidos de maior produtor de gás e petróleo da história da civilização a um mendigo de energia implorando aos sauditas e russos que bombeassem mais petróleo porque os Estados Unidos precisam, embora não extraiam para si mesmos de suas fontes.

Os norte-americanos sabem que o polvo da inflação não nasceu voluntariamente. A única dúvida é se essa administração desencadeou esse cenário por incompetência; se tudo é uma ideia neossocialista: corroer o valor da moeda para aqueles que têm dinheiro, enquanto distribuem capital para quem não tem; ou se Biden foi iludido pela “teoria monetária moderna” maluca, o ouro dos tolos que afirmam que imprimir dinheiro garante prosperidade.

Bem, então, o que as pessoas estão concluindo 14 meses depois que a esquerda radical norte-americana promoveu uma agenda de bondades para realizar seus desejos? As pesquisas revelam que os eleitores não gostam de fronteiras abertas, principalmente os latinos que estão legalmente no país. Está claro como a luz do dia que eles desaprovam a imigração ilegal tanto quanto apoiam os imigrantes legais; que os norte-americanos estão preocupados com o aumento dos índices criminais e com o aumento da circulação de drogas; e que eles não querem mais saber da palhaçada segregacionista de agendas raciais e de gênero.

No final, não importa se Biden foi iludido, é apenas mais uma criatura do establishment norte-americano ou se é diabólico como a espinha dorsal do atual Partido Democrata. Em apenas 14 meses, a esquerda conseguiu o que queria. Como tudo em que mete a mão, o caos. E as pessoas não estão apenas cansadas do que estão vendo, mas enojadas. Os norte-americanos estão apavorados que a esquerda não esteja apenas falhando, mas também destruindo o país com eles junto.

A história nos deixa adágios para a crescente raiva do povo norte-americano contra a esquerda arrogante, vil, tirânica e perigosa. O ditado norte-americano diz: What comes around, goes around, ou, no bom português, “Você colhe o que planta”.

Como diria um republicano a um brasileiro perto de eleições: Hey, Brazil, are you watching this?”

Leia também “Os negros e o Partido Republicano”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Tesla vai ao Texas - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Elon Musk deixa a Califórnia, Estado que caminha para um experimento social fracassado por culpa da elite progressista. Mas quem paga o pato mesmo é o povo

[a matéria mostra com uma crueza intensa, uma verdade chocante: se o Brasil continuar com a política de aumentar direitos sem a contrapartida de deveres, distribuir riquezas antes de criá-las, o resultado será um só:  o narrado nesta matéria será realidade.

Já estamos na situação apresentada nos parágrafos 1, 7 e 8, é só continuar como está e o CAOS CAÓTICO, o fim do BRASIL se apresentará.]

Minha colega Ana Paula Henkel já escreveu um texto espetacular nesta revista sobre a decadência californiana (“Garota, eu não vou para a Califórnia”), que recomendo a todos que se preocupam com o potencial estrago de uma mentalidade “progressista”. Volto ao tema, pois nesta semana o bilionário Elon Musk oficializou sua mudança para o Texas. Trata-se de um marco que ilustra com perfeição o declínio acelerado do “Estado de Ouro” norte-americano.

Ana Paula já havia resumido as principais causas dessa debacle: políticas progressistas tolerantes ao crime, elevados gastos sociais sem planejamento, aumento da população de rua e regulação cara e complexa para negócios
Tudo isso tem provocado o êxodo californiano. O conhecido comentarista conservador Ben Shapiro já tinha anunciado a decisão de levar seu The Daily Wire para Nashville, e o simbolismo não foi pequeno, uma vez que Shapiro nasceu e viveu em Los Angeles sua vida toda. Mas todos têm um limite.

Os motivos apresentados por Shapiro são similares àqueles oferecidos por Musk. O bilionário empreendedor disse que, embora haja “muitas coisas realmente ótimas” no Estado da Costa Oeste, ele achou prudente mudar-se para o Texas, e alertou: “Se uma equipe está vencendo há muito tempo, ela tende a ficar um pouco complacente, cheia de direitos, e então não ganha mais o campeonato. A Califórnia vem ganhando há muito tempo. E acho que eles estão tomando isso como algo garantido”.

Musk ainda possui operações na Califórnia, mas pelo visto está ficando cansado da situação: “Em primeiro lugar, a Tesla e a SpaceX obviamente têm operações massivas na Califórnia. Na verdade, é importante notar que a Tesla é a última empresa automotiva ainda fabricando carros na Califórnia. A SpaceX é a última empresa aeroespacial ainda fazendo uma produção significativa na Califórnia. Costumava haver mais de uma dúzia de fábricas de automóveis na Califórnia. E a Califórnia costumava ser o centro da fabricação aeroespacial! Minhas empresas são as duas últimas que sobraram… Essa é uma observação muito importante a fazer”.

Resta perguntar: até quando? A realidade é que ninguém gosta de deixar dinheiro na mesa, para burocratas do governo. Nem mesmo os “liberais” que costumam defender maiores impostos, diga-se de passagem. A Fox Business relatou que a mudança pessoal de Musk para o Texas significa que ele “aumentará suas chances de evitar um imposto de renda estadual de 13,3% sobre os ganhos de capital que obtém no caso de vender ações da Tesla ou receber bônus”. Quem costuma pregar mais impostos em nome do combate às desigualdades ignora que as riquezas, antes, precisam ser criadas. É a típica mentalidade ­ex-post facto, que olha o bolo feito e quer reparti-lo de forma “mais justa”, ignorando que ele primeiro foi fabricado.

O que aconteceu? Numa frase: muita riqueza e muita pobreza

Em complemento ao brilhante texto de Ana Paula, gostaria de recomendar o pequeno livro do historiador Victor Davis Hanson, The Decline and Fall of California: From Decadence to Destruction. Hanson está numa posição privilegiada para falar do assunto, pois dá aulas na costa cosmopolita e reside no interior, cuidando de sua fazenda. Ele conhece como poucos o abismo que se abriu entre ricos e pobres no Estado, justamente por conta das medidas esquerdistas. E seu diagnóstico é assustador.

Como pegar um dos Estados mais ricos do planeta, repleto de empreendedores de tecnologia, de riquezas naturais, de expoentes da indústria do cinema, e transformá-lo num caos social? 
É preciso adotar por longo período a receita esquerdista: progressismo cultural, relativismo moral e Estado de bem-estar social. Roberto Campos já dizia que uma tragédia como a brasileira não é obra do acaso, mas sim de um esforço determinado de décadas”. O mesmo diagnóstico serve para o caso californiano. “Os californianos sabem que ter dezenas de milhares de desabrigados em suas principais cidades é insustentável. Em alguns lugares, as calçadas tornaram-se esgotos a céu aberto de lixo, agulhas usadas, roedores e doenças infecciosas”, diz Hanson. Não obstante, ninguém ousa questionar o modelo esquerdista vigente.

O Estado tem uma das maiores cargas tributárias do país, os preços de combustível são bem mais altos do que a média, e falta energia, com frequentes apagões. A infraestrutura é cada vez mais abandonada, o trânsito é infernal, mas a moda nas rodas cosmopolitas é elogiar a energia limpa. As escolas públicas estão entre as mais fracas do país, mas a elite é contra as charter schools ou os vouchers, enquanto coloca seus filhos em escolas particulares. “Os californianos sabem que se aventurar na sala de emergência de um hospital municipal é descer ao inferno moderno de Dante. As instalações médicas estão superlotadas. A classe média em extinção precisa enfrentar preços exorbitantes para tratar uma criança ferida ou doente”, escreve Hanson. A criminalidade está em alta também. Mas ninguém se atreve a criticar as leis frouxas de imigração ou de combate ao crime.

A Califórnia é agora um Estado com um partido único. Os democratas têm supermaiorias em ambas as casas do Legislativo. Apenas sete das 53 cadeiras no Congresso do Estado são ocupadas por republicanos. Os três políticos mais poderosos da Califórnia, entre eles a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, são multimilionários. Vivem blindados dos efeitos perversos de suas ideologias progressistas.

O que aconteceu com a Califórnia? Hanson responde em uma frase: muita riqueza e muita pobreza, à medida que o número de multimilionários e bilionários — agora mais de 130 — disparou mesmo com o aumento da porcentagem de pobres. Ambos encontraram isenções de impostos estaduais mais altos e maiores regulamentações, um por sua influência política, conexões e capital, o outro por sua pobreza e dependência.

Hanson apresenta dados estarrecedores, como a dívida estadual gigantesca, e desabafa: “Se ao menos as pessoas tivessem de viver no mundo que sonharam para os outros”. Eis o problema californiano em essência: aqueles utópicos que idealizam seu “novo mundo” imposto de cima para baixo pelo Estado não são os mesmos que costumam pagar o preço de efetivamente viver em tal inferno.

A classe média fica espremida entre ricaços poderosos e pobres que dependem do Estado

Em suma, a Califórnia caminha para um experimento social fracassado por culpa da elite, mas quem paga o pato mesmo é o povo. “Os pobres e as classes médias geralmente arcam com o peso dessas políticas em termos de redução das oportunidades de emprego e economia mais lenta”, explica Hanson.

Sendo especialista em história militar, Hanson faz uma comparação interessante: “Isso me lembra os otomanos na Grécia, que arrancaram os selos de chumbo dos grampos de ferro que mantinham unidos os blocos de mármore dos templos e paredes da Grécia Antiga. Os turcos, que pouco podiam fazer, exceto limpar muito, conseguiram seus poucos gramas de chumbo para as balas. Na troca, os grampos de ferro expostos enferrujaram e se desfizeram, arruinando as antiguidades que até então haviam sobrevivido a 2 mil anos de desgaste natural. Uma civilização constrói e investe, outra completamente diferente destrói e consome”.

O ditador popular já diz: “Pai rico, filho nobre, neto pobre”. Ou seja, os californianos estão consumindo o que herdaram, estão desperdiçando no luxo ao qual só herdeiros irresponsáveis, sem consciência de como a fortuna foi criada, podem se dar.

“Por que nem todo mundo vai embora?”, questiona Hanson. A resposta é simples, segundo ele: para os ricaços do litoral, não há nenhum outro lugar onde o dinheiro seja tão bom e o clima e a paisagem sejam tão agradáveis. E, para a classe baixa do interior, os direitos na Califórnia e os empregos em serviços mal pagos são um paraíso em comparação com Honduras ou o sudeste da Ásia. E, sim, os pequenos agricultores de classe média, donos de lojas de ferragens, aposentados de empresas e eletricistas estão partindo em massa.

A classe média fica espremida entre ricaços poderosos e pobres que dependem do Estado. Mas, se a situação continuar saindo do controle, é questão de tempo até os ricaços perceberem que sua redoma não é absoluta, que o estrago causado do lado de fora produz inevitável impacto no todo. Não quero ser um abutre aqui, mas é uma análise realista. A Flórida, governada por um republicano e que deu vitória a Trump nessas eleições, estará de braços abertos para receber Ana Paula e sua família!

Rodrigo Constantino, jornalista - Revista Oeste