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domingo, 28 de maio de 2017

Operação Carne Muito Fraca

O Brasil viu o PT criar o monstro JBS e ficou calado. O Brasil viu o monstro emboscar um presidente e depois voar livre para Nova York. Cadeia para o Brasil.

O que os companheiros Janot e Fachin consideraram suficiente para abrir investigação contra Michel Temer é um soluço diante daquilo que, durante dois anos, acharam insuficiente para abrir investigação contra Dilma Rousseff – a presidente do petrolão. A incrível rapidez dessa operação (que poderia se chamar Carne Muito Fraca) fez surgir nas redes sociais os codinomes de Rodrigo Enganot e Edson Facinho. Que gente má.

Antes dessa mão de areia jogada nos olhos da plateia
, o espetáculo verdadeiro chegava ao coração do escândalo com as revelações de João Santana e Mônica Moura. Ali ficava claro – mais do que nunca que o proverbial assalto exposto pela Lava Jato fora regido de dentro do palácio petista, sem intermediários.  O marqueteiro e sua esposa mostraram como o governo (repetindo: o governo, não o partido) agia para embaraçar as investigações da força-tarefa – inclusive tentando preveni-los da prisão e, consequentemente, evitar sua delação. Coisa de máfia. Acusado de atuar nesses vazamentos está o ex-ministro da Justiça – o mesmo que triangulava com o procurador-geral e o STF no longo período em que Dilma, a idônea, era tornada imune a investigações.

Como até os pedalinhos de Atibaia estão cansados de saber, Lula e sua revolução redentora inventaram os irmãos Batista como potência empresarial. Os subterrâneos do BNDES têm muito a revelar sobre essa história de sucesso, mas a Operação Carne Muito Fraca chegou bem na hora para embaçar a cena. O que se viu foi uma homologação tipo fast-food da espionagem de Joesley e da conclusão quase mediúnica sobre uma suposta autorização do presidente da República para a compra do silêncio de Eduardo Cunha.

Tudo muito grave. Ou o presidente tem de ser afastado e preso – e essa investigação não pode parar antes do fim – ou terá sido um erro de psicografia. Aí quem psicografou vai ter de pagar. Na mesma moeda.  Existirá psicografia seletiva? Fica a dúvida. Porque as mesmas mentes que detectaram crime do presidente na conversa com o campeão do Lula parecem não ter notado os crimes do campeão. Na mesma conversa, ele diz ter subornado meio mundo. Mas aí deu um tchau para os supremos companheiros e foi pousar livre como um pássaro na Quinta Avenida. Será que é normal? Ou seria paranormal?

Deixem os irmãos Batista curtir sua fortuna tranquilos em Nova York. O mais indicado mesmo, neste momento, é o Brasil se entregar e negociar uma delação premiada. Conte tudo, Brasil. Confesse que você viu o monstro sendo criado pelo PT e engordando na sua cara. Admita que desde o mensalão você viu (ninguém te contou) Lula e seu Estado-Maior transformando grandes empresas nacionais em anexos do PT para comprar seus melhores sonhos totalitários. E, por favor, não venha agora fingir surpresa com o fato de a política nacional estar contaminada por esses tubarões. Dizem que quem não recebia PC Farias na era Collor caía em desgraça. PC era uma criança perto dos seus sucessores na era Lula.

O Brasil acordou invocado na semana passada, olhou-se no espelho e se descobriu virtuoso. Decidido terminantemente a ser a virgem do bordel. Tudo bem. O que acontecia antes disso era que um presidente antiquado, de um partido fisiológico, abrira as portas do Estado brasileiro para que as melhores cabeças pudessem saneá-lo, salvá-lo do desastre petista. Por que Temer fez isso? Não interessa. O que interessa é que o seu time de ouro iniciou um milagre e virou todos os indicadores na direção certa – a única que interessa à sua vida real, Brasil.

Mas você estava com saudade de ver heróis da resistência como Lindbergh Farias sabotando as reformas, não é verdade? Bem, então está dando tudo certo para você. O lobista de José Dirceu, condenado a 20 anos de prisão na Lava Jato, também já está solto. Siga apoiando o processo de depuração das instituições deflagrado pelos irmãos Batista. Quem sabe eles não se comovem e criam uma Bolsa Brasil? Aí talvez você possa até largar essa vida corrida e ir descansar para sempre no Guarujá.


Fonte: Guilherme Fiuza - Revista Época


 

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dificuldades da defesa - O impeachment da presidente Dilma

Entre as várias diferenças do processo de impeachment que afastou Fernando Collor do Planalto em 1992 e o que visa a fazer o mesmo com a presidente Dilma está a motivação do pedido de afastamento. No caso de Collor, corrupção embora condenado no julgamento pelo Senado, ele terminou absolvido no Supremo, o que não lhe trouxe o cargo de volta, nem poderia trazê-lo—; no caso de Dilma, crime de responsabilidade por descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e regras orçamentárias.

Trata-se de um assunto bem mais difícil de entender do que as traficâncias feitas em Brasília pelo tesoureiro de Collor na campanha, PC Farias, e as transferências de dinheiro de contas fantasmas administradas por PC para bancar despesas pessoais do então presidente. Inclusive a compra do famoso Fiat Elba.  Mas nem por isso o atropelamento da LRF e da Lei Orçamentária, com a edição de decretos de mais gastos sem a aprovação do Congresso, é menos escandaloso. Na verdade, é pior no caso específico dos crimes de responsabilidade cometidos por Dilma, definidos assim pela Lei 1.079, de 1950, que regula os processos de impedimento, porque o resultado dos delitos foi agravar a crise fiscal em que o país já se encontrava, com mais recessão e um desemprego trágico. Tudo mais danoso que PC, seus fantasmas e Collor.

É provável que as elevadas votações que o pedido de impedimento de Dilma tem recebido até agora nas comissões especiais da Câmara e do Senado e nos plenários das duas Casas também reflitam o conjunto da obra: não apenas o descontrole fiscal, mas os casos de grossa corrupção ocorridos na Petrobras e no setor elétrico, ainda sendo mapeados pela Lava-Jato, em Curitiba. 

Mesmo sem sofrer denúncia direta, Dilma sempre esteve muito próxima dos dois setores: foi ministra de Minas e Energia no primeiro governo Lula, até ir para a Casa Civil, e também presidiu o Conselho Administrativo da Petrobras até ser lançada candidata por Lula à sucessão dele. E do Planalto acompanhava a Petrobras de perto. Por ser um escândalo tóxico, o petrolão em alguma medida contaminou Dilma Rousseff. É inútil seu advogado alertar os senadores, como fez também em vão com os deputados, que eles devem votar com base exclusivamente nas acusações de dolos fiscais praticados apenas em 2015. O conteúdo político desses processos faz o juiz, o parlamentar, julgar com base num avaliação ampla do acusado. Para condenar ou absolver.

Não é tarefa fácil defender Dilma. As “pedaladas” disfarçaram no caixa de bancos públicos um rombo de mais de R$ 50 bilhões, ou 1% do PIB. Ao contrário dos flutuantes saldos devedores do Tesouro com essas instituições na administração FH e no primeiro governo Lula, dessa vez foram enormes somas, configurando uma estratégia de burlar a contabilidade pública. Outra enorme dificuldade é explicar para não militantes e a estrangeiros isentos por que um processo em que há amplo direito de defesa, em curso no Legislativo e sob a vigilância do Supremo, é “golpe”

Fonte: O Globo - Editorial


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

"O ZIRIGUIDUM DE LULA"



Reforma milionária do sítio, decoração no tríplex, elevador privativo, adega climatizada, mimos dignos de clientes exclusivos. Empresários se esmeraram no cortejo a Lula. O ex-presidente hoje dá de ombros. Alega não ter nada a ver com isso. Lança nota indignado. Seu instituto fala em campanha difamatória. Mas, ao mesmo tempo, diz e contradiz os próprios argumentos. A cota na cooperativa Bancoop - que arrasou a poupança de vários mutuários, desviando dinheiro para o PT – era de fato um apartamento padrão. A empreiteira OAS gastou nele mais de R$ 380 mil em mobília. Inclusive eletrodomésticos. 

Foi caprichosa no atendimento ao potencial comprador, como poucas vezes se viu.
Mas o casal Lula da Silva resolveu desistir. Apenas no ano passado, com um atraso de seis anos após o fim do prazo determinado pela construtora para tal opção. Os demais compradores cooperados não tiveram a mesma alternativa. Alguns perderam o que investiram. A investigação vai apurar evidências de privilégio irregular

Na propriedade rural, outra pendenga imobiliária mal explicada. Ali Lula esteve mais de cem vezes em quatro anos. Na média, se aboletava no sítio a cada duas semanas, muitas vezes acompanhado de familiares, filhos e agregados. Hoje garante que não era dono. Agora imagine a benevolência do amigo proprietário que, durante todo esse tempo, cedeu o usufruto da propriedade sem pedir nada em troca. 

O velho rito da busca de favores por quem tem negócios com o poder ganhou traços descarados nos últimos tempos. O ex-ministro José Dirceu, chapa de Lula e presidiário reincidente, foi preciso ao explicar em depoimento na semana passada o que alguns clientes empreiteiros buscavam pagando a ele gordos dividendos: “eu emprestava prestígio”, disse. Já as explicações do ex-presidente para as benesses e gentilezas recebidas dançam prá lá e prá cá, ao ritmo das novas descobertas. No passado, logo ao deixar a presidência, não se preocupava em desmentir quando falavam que o sítio era seu. No momento não é mais conveniente tal versão. Lula e sua mulher, Dona Marisa, foram intimados a depor, em seguida ao carnaval, na terça-feira 16, na condição de investigados. Não como meras testemunhas. 

O Ministério Público apura a participação do ex-casal presidencial em supostos esquemas de lavagem de dinheiro pela transação com o tríplex. É a apoteose melancólica do imbróglio político que enlameia o Partido dos Trabalhadores e seu maior líder. Além de tesoureiros e quadros importantes do PT, Lula viu vários dos seus amigos flagrados em tramoias ir parar atrás das grades. O pecuarista José Carlos Bumlai, que admitiu atuar como laranja na campanha do ex-presidente, é um deles. Lula não vê nada demais nesses laços e nos “regalos” que ganhou.  

Mas lá atrás, quando seu opositor político, também ex-presidente, Fernando Collor, foi flagrado recebendo ajuda do amigo PC Farias para reformar a “Casa da Dinda” e comprar uma Fiat Elba, não se absteve de bradar contra a imoralidade de tal comportamento. Collor, como todos sabem, foi destituído do cargo por esses delitos. Sofreu o impeachment. Lula teve, até aqui, melhor sorte. De uma maneira geral a trajetória dos dois ex-presidentes daria um roteiro digno de enredos carnavalescos.  

Suprema ironia, os antigos adversários - um oriundo da oligarquia nordestina e o outro retirante do sertão miserável - se converteram em aliados, parceiros de palanque e hoje padecem dos mesmos maus hábitos. Seja no gosto por mimos ou na procura de (digamos) más amizades.  

Fonte: Carlos José Marques, diretor editorial


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Não é, mas pode ser



Impeachment não é golpe, mas pode ser. O impedimento de um chefe de Estado faz parte do presidencialismo, desde que sejam cumpridas todas as normas constitucionais. Se fosse apenas por causa de manifestações, ou baixa popularidade do chefe do executivo, seria golpe. [se o chefe do executivo perde as condições de governar – caso presente, em que Dilma não tem condições políticas, intelectuais, éticas e econômicas  para governar – o impeachment é o mecanismo adequado para afastar o primeiro mandatário.
Existe irresponsabilidade maior do que insistir em permanecer presidente sem as menores condições para governar? É lícito um governante permanecer, por mero capricho, ocupando uma cadeira, quando é pacífico que cada dia de permanência naquele assento será pior para o país.] Contra Fernando Collor, foi o ato final de um julgamento no Congresso que o levou a renunciar.

Como votou e se posicionou o PT no Collor? Pela saída do presidente. Ele foi golpista? Não, seguiu o entendimento majoritário, ao fim da investigação, que mostrou recursos de origem escusa no pagamento das contas pessoais do presidente, como na reforma da Casa da Dinda e outras despesas. Não foi por um Fiat Elba. Foi todo um conjunto de ilegalidades e uso de dinheiro do caixa de PC Farias. 

O que fez o PT quando o ex-presidente Fernando Henrique iniciou seu segundo mandato no meio de um desabamento da aprovação por causa da crise cambial? Defendeu oficialmente o impeachment do então presidente no “Fora FHC”. Isso é golpismo? Sim. Porque uma crise econômica, como a que vivemos agora, não justifica o impedimento, apesar de a presidente Dilma estar fazendo o oposto do que disse na campanha, num claro caso de estelionato eleitoral. Collor também disse que o seu adversário prenderia o dinheiro da caderneta de poupança e foi ele que fez isso. Mas não foi o desastrado Plano Collor, ou seja, o estelionato, que o derrubou.

Ninguém falou de qualquer indício de dinheiro escuso nas contas pessoais da presidente, e por isso a comparação com Collor não se coloca. Mas, sim, há ameaças sobre o governo Dilma. Empreiteiros investigados na Operação Lava-Jato e outros envolvidos têm falado, em delações premiadas, de contribuições à sua campanha feitas para se obter vantagens em contratos com a Petrobras. A maior parte desse dinheiro foi entregue em doações declaradas.  

Se restar provado que a doação veio como parte do esquema do superfaturamento de obras e de contratos da Petrobras, caberá à Justiça decidir se a pena para o crime é a perda do mandato. Se forem respeitados todos os procedimentos constitucionais, diante de provas, não será golpe, mas sim um processo previsto em lei de impedimento de presidente. O outro caminho sobre o qual o PSDB tem falado é o da reprovação das contas. Esse é bem mais discutível. O TCU tem nome de tribunal, mas não é. Como todos sabem, ele faz parte da estrutura do poder legislativo e apenas dará um parecer sobre as contas da presidente em 2014. 

Os sinais apontados no relatório preliminar do TCU são suficientemente fortes para que o parecer seja pela rejeição. As pedaladas fiscais chegaram a R$ 40 bilhões. As maquiagens e as ofensas contábeis foram numerosas. Se tudo isso for aceito pelo TCU, ele pode fechar as portas e cuidar da vida porque nunca mais vai dar parecer contrário a qualquer abuso de chefe do executivo federal. Vai sempre fazer ressalvas que nunca serão consideradas. Com isso, também, arquive-se a Lei de Responsabilidade Fiscal, porque ela estabelece claramente que bancos públicos não podem emprestar para seus controladores, e aquelas operações são, de fato, operações de crédito. O que o Congresso decidirá depois é imprevisível.

O presidencialismo prevê o instituto do impeachment. No parlamentarismo, a dissolução de um governo é mais simples. No presidencialismo, é sempre traumático, mas não é golpe se seguir as determinações constitucionais. A Presidência não é invulnerável ao processo legal. Portanto, a presidente Dilma só poderia dizer que seus adversários são “um tanto golpistas” se tentarem apeá-la do poder sem o devido processo legal.

Na sua entrevista à “Folha de S. Paulo”, a presidente demonstra estar um tanto exasperada. Entende-se. Este está sendo um difícil começo de governo. Não por culpa de terceiros, mas dela mesma, da política econômica que praticou no mandato passado e da linha que adotou na campanha eleitoral de “desconstruir” adversários e mentir sobre a conjuntura. A verdade apareceu assim que as urnas foram fechadas e, com isso, veio o desabamento do seu apoio popular.  Nestes primeiros seis meses, o governo pareceu perdido, caótico e contraditório. A mais importante defesa, no momento, seria a presidente governar. E isso não é moleza.

Fonte: Coluna da Miriam Leitão – Globo On Line


terça-feira, 21 de abril de 2015

Tesoureiro do PT é um pouco diferente: tem que ser, ou se tornar, ladrão

O enigma do tesoureiro

Tesoureiros têm a chave do cofre e apenas obedecem. Vaccari não é diferente de Delúbio Soares ou PC Farias

Decifra-me ou te devoro. João Vaccari Neto não é boquirroto, não ergue punho cerrado, fala baixo e sempre arrecadou quieto para o PT.  Bancário e sindicalista, Vaccari é considerado um soldado do Partido dos Trabalhadores. Aos 56 anos, com olhar triste ou resignado e aquela barba branca de ursinho fofinho, o agora ex-tesoureiro do PT, afastado após meses de corda bamba, parece ter a consciência tranquila de quem apenas cumpriu ordens. E com eficiência.

Essa é a sina dos tesoureiros. Eles têm as chaves do caixa e do cofre e apenas obedecem. Vaccari não é diferente de Delúbio Soares, o operador do mensalão. Não é diferente de PC Farias, o tesoureiro de campanha de Fernando Collor nas eleições de 1989. PC Farias foi acusado de ser testa de ferro de Collor em vários esquemas de corrupção. A diferença, a favor (?) de Vaccari, é o valor. PC Farias teria arrecadado de empresários privados o equivalente a US$ 8 milhões em dois anos e meio do governo Collor (1990-1992). O “esquema PC” movimentou mais de US$ 1 bilhão dos cofres públicos. Tudo fichinha diante dos atuais desvios denunciados pela Lava Jato – apenas a Petrobras admite um prejuízo de R$ 6 bilhões.

Vaccari não poderia ser abandonado por Lula e Dilma até cair. Por mais que setores do PT alertassem para afastar o tesoureiro antes da tragédia anunciada, como abandoná-lo sem que ele se sentisse traído? Alguns dirigentes do partido têm medo que Vaccari possa, encarcerado, virar um “homem-granada”, depois de ter adquirido, com razão, a fama de “arrecadador eficiente”. O caixa do PT era um antes dele. E outro depois. Em 2007, o PT arrecadou R$ 8,9 milhões; em 2009, R$ 11,2 milhões. Em 2010, Vaccari passou a comandar a tesouraria. Sucesso absoluto. Em 2011, o PT arrecadou R$ 50,7 milhões; em 2013, R$ 79,8 milhões. 

Presidente do Sindicato dos Bancários desde 1994, Vaccari entrou no Banespa aos 19 anos como escriturário. Sindicalista de alma e ação, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). De lealdade canina ao PT, Vaccari age como os que servem ao chefe e à chefa sem perguntar o que é moral, amoral ou imoral. O tesoureiro não move um músculo do rosto quando acuado, só as rugas de expressão na testa denunciam o desamparo. Disse candidamente à CPI da Petrobras que não sabe por que motivo foi ao encontro do doleiro Alberto Youssef. Em fevereiro, recusou-se a abrir o portão de sua casa para a Polícia Federal. Os policiais pularam o muro para cumprir mandado de busca e apreensão. Vaccari já flertava com o malfeito havia tempos. É um dos réus no Caso Bancoop. Acusado de crime de formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, por desvios milionários e prejuízo a cooperados que não receberam suas casas. [mas entregou o triplex comprado pelo Lula na mesma Bancoop.]

Vaccari foi finalmente preso no dia 15 de abril.
Essa prisão, que envolve acusações à família do tesoureiro – mulher, filha e cunhada –, é mais que simbólica. A história contemporânea dos tesoureiros é prova disso. Eles podem levar a culpa por tudo. Podem fugir para a Europa, para a Tailândia. E até ser assassinados, como PC. O ex-patrão de PC, Collor, tornou-se amigo dos reis. Dá para entender a amizade. É a “nomenklatura”. Eles se reconhecem, se afagam, se solidarizam.

Não sei se Dilma Rousseff hoje se vangloria de ter vencido as eleições. O preço é alto demais. A cada manhã, ela depara com uma nova denúncia. A cada fim de tarde, sofre uma nova derrota. A cada divulgação de números – do PIB à Educação, passando por todos os setores essenciais –, Dilma se confronta com o fracasso de seu primeiro mandato e com o desperdício de anos de irresponsabilidade fiscal e gastos desmesurados da máquina, comprometendo os bancos públicos. Dilma poderia hoje estar apenas pedalando sua bicicleta caso tivesse perdido as eleições. O Brasil deve esquecer essa história de impeachment. A presidente tem de expiar publicamente seus pecados, submeter a economia e a política a ajustes de valores numéricos e morais e recolocar o país num rumo que reverta a herança maldita.

Agora, o tesoureiro está preso. Em entrevista à CNN espanhola, Dilma foi categórica. “Estou segura de que minha campanha não tem dinheiro de suborno.” Dilma tem “certeza” disso porque suas contas da campanha foram todas “auditadas” e “aprovadas”. “Gostaria de dizer o seguinte: se alguma pessoa ganha dinheiro de suborno, essa pessoa será responsável. É assim que deve ser.” Quem será essa pessoa que transformou propina em doação legal? Quem será?

O procurador Deltan Dallagnol disse que
“Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina”. A denúncia foi aceita pela Justiça Federal do Paraná. Vaccari pertence à mesma corrente do PT de Lula, José Dirceu e Antonio Palocci, chamada “Construindo um Novo Brasil”. Ele é hoje a esfinge a ser decifrada.

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época
 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Rosane Malta, ex-Collor, conta em livro tudo que viveu com o ex-presidente

Em livro, Rosane conta sobre vida com Collor: do impeachment a ritual macabro com fetos humanos 

Ex-primeira-dama conta o que viu e viveu com ex-presidente da República

Cortejada pelo então prefeito de Maceió Fernando Collor de Mello, a menina que ainda usava uniforme escolar, aos 15 anos, e vivia sob ordens severas do pai não imaginava que seria a futura esposa do 32º presidente da República do Brasil. Envaidecida e animada com os elogios, ela levou adiante o flerte, consumado anos mais tarde, após um telefonema surpresa. O roteiro que poderia ser apenas de uma garota apaixonada esbarrou no destino atribulado de Rosane. Ela enfrentou, no centro do poder, crises de depressão, medo do suicídio do marido e “humilhações públicas”, segundo diz no livro lançado na quinta-feira, em Maceió. “Tudo o que vi e vivi” (R$ 39,90, editora LeYa) é a versão de Rosane Malta (agora com o nome de divorciada) sobre a sua relação com o ex-presidente apeado do poder.
— É uma história dolorosa e triste. Mas uma história bonita que poderia terminar da melhor forma possível. Eu aprendi desde criança a falar a verdade. Se não pudesse, não falava nada. Então, tudo o que digo no livro é verdade — afirma ela ao GLOBO.
 Rosane e Fernando Collor (Imagem: Sergio Marques / O Globo)
Mesmo vivenciando a conturbada rotina de primeira-dama, com muitas brigas conjugais, Rosane subiu a rampa do Palácio do Planalto após o impeachment, apertou a mão de Collor, e disse: “Levante a cabeça. Não abaixe, não. Seja forte”. Collor é, segundo ela, o maior amor e a maior decepção de sua vida. Em 288 páginas, Rosane relata intrigas familiares, os rituais macabros que eram realizados na Casa da Dinda, os esquemas do ex-tesoureiro de campanha de Collor, além da morte de PC Farias e do destino do dinheiro do esquema de corrupção.

Durante a Presidência da República, ela conta que Collor usava a Casa da Dinda para rituais que pudessem fortalecê-lo politicamente. O relato mais forte sobre as sessões realizadas pela Mãe Cecília, de confiança do ex-marido, envolveu fetos humanos.
“Cecília me contou que, certa vez, fez um trabalho para Fernando envolvendo fetos humanos. Ela pegou filhas de santo grávidas, fez com que abortassem e sacrificou os fetos para dar às entidades. Uma coisa terrível, da qual ela obviamente se arrepende. Quando eu soube disso, chorei copiosamente”.

Um dos primeiros “trabalhos” dos quais Rosane teve notícia ocorreu quando Collor ficou enfurecido com a decisão de Silvio Santos de se candidatar à Presidência em 1989. E ainda mais com o apoio de José Sarney, seu inimigo político. O dono do SBT havia dito a Collor que não concorreria ao cargo, mas descumpriu o acordo. O candidato do PRN, então, encomendou um “trabalho”. Pouco depois, a candidatura de Silvio foi impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Perguntada se tem medo da repercussão e de possíveis processos judiciais por conta das revelações do livro, Rosane responde de forma tranquila: — Estamos muito bem documentados. E não temos preocupação em relação isso. Tudo o que eu falei eu vi e vivi, como diz o título do livro. É realmente isso.

COLLOR E A CUNHADA
“O grande problema de Fernando era com Pedro. E o meu, com Thereza, a mulher dele”. Rosane diz que o irmão caçula do ex-marido tinha ódio do ex-presidente. Segundo ela, Pedro sustentava que Fernando cantava Thereza. “Acredito na tese de que os dois tiveram algo antes do meu casamento e Thereza continuou apaixonada. Eu também não duvido que tenha sido por Thereza, por essa obsessão que ela tinha pelo cunhado, que Pedro resolveu destruir o próprio irmão”, diz ela.

Pedro Collor denunciou à revista “Veja”, em 1992, que PC Farias era testa de ferro do então presidente, e que o jornal Tribuna de Alagoas, que PC queria lançar em Maceió, na verdade pertenceria a seu irmão. No período mais agitado da República desde a redemocratização, ela diz que não tinha dúvidas de que Collor era inocente. “Eu era muito nova, pouco experiente e acreditava no meu marido. Eu achava normal que as pessoas ajudassem Fernando espontaneamente, como fazia PC Farias”. Depois, no entanto, mudou de opinião e relatou que “algumas dúvidas foram surgindo”.

Rosane descreve o deslumbramento da jovem que desfrutou o poder: a dedicação ao figurino e as palavras elogiosas que trocou com a princesa Diana, além da amizade com Cláudia Raia e outras pessoas famosas. Conta que foi elogiada por Fidel Castro:
“Esse presidente do Brasil é muito esperto. Arrumou uma esposa novinha e linda” teria dito o ditador cubano a Collor. Segundo Rosane, mesmo após o impeachment, Fidel continuou a enviar charutos da ilha caribenha ao ex-presidente.

AMIGA DE ROGER ABDELMASSIH
Em busca por tratamento para a gravidez, Rosane, que abortou naturalmente filhos de Collor, procurou Roger Abdelmassih, hoje condenado a 181 anos, 11 meses e 12 dias de reclusão por abusar sexualmente de pacientes. Ele era amigo do casal. “O doutor Roger era nosso amigo. Frequentávamos a casa dele, e ele, a nossa. Houve até um Natal em que assistimos a uma missa em sua casa antes de ir para a festa na residência de Patsy Scarpa (falecida em 2012,aos 82 anos), mãe do Chiquinho Scarpa, onde comemorei a data por três anos. (...) Fiquei muito assustada quando vieram à tona as histórias de mulheres que dizem ter sido abusadas por Roger durante as consultas”.

COLLOR NÃO TEM CARÁTER
Nos últimos oito anos, Rosane briga com Collor no tribunal para que seja reconhecido o direito de ser compensada pelo fato de ter deixado de lado a sua própria vida profissional para acompanhá-lo. Recentemente conseguiu que ele fosse condenado, mas o processo ainda não terminou. — Muitas coisas que aconteciam, como abandonar a carreira, não concordava, com certeza. Mas não ia largá-lo. A mesma dignidade que eu tive com ele, ele não teve comigo. Ele não teve caráter — diz ela, que acrescenta: — Eu amenizei muitas coisas que estão no livro, não passei ódio. Passei, sim, decepção. Eu não guardo ódio. Guardo decepção. Eu lutei para que a Justiça me desse os meus direitos.


Procurada pelo GLOBO sobre os assuntos descritos no livro, a assessoria de Fernando Collor ainda não retornou.

PRIMEIRA-DAMA EM APUROS
Enquanto o marido era presidente, Rosane estava à frente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), um órgão assistencial público. À época, ela foi acusada de envolvimento na compra superfaturada de 1,6 milhão de quilos de leite em pó: cerca de 25% a mais pelo quilo do leite. Além disso uma cunhada sua, que ocupava uma superintendência do órgão, foi acusada de dirigir projetos que nunca saíram do papel.

No livro, ela diz que “sequer precisava assinar a autorização para esses projetos nos Estados. Cada superintendente estadual era indicado por uma liderança política da base aliada do governo”. Sobre o escândalo do leite, diz que “não tinha nada a ver com aquilo, como ficou comprovado depois na Justiça”. Ela relata que Collor ficava preocupado que o escândalo o atingisse.

Rosane também conta que foi acusada pela imprensa de dar uma festa de aniversário para a amiga com dinheiro público. Ela sustenta, no entanto, que apenas convidou-a para um evento de embaixatrizes na mesma data de comemoração. Além dos fatos noticiados sobre a primeira-dama, Collor preocupava-se com irmão de Rosane, “Joãozinho”, que poderia atingir a imagem do presidente. Após saber que o prefeito Canapi, Mauro Fernandes da Costa, havia falado mal de Rosane, Joãozinho foi atrás dele em um bar, sacou um revólver, e atirou contra o prefeito. “Os Malta não levam desaforos para casa e, quando alguém provoca um parente, toda a família se sente atingida”, escreve Rosane.

PC FARIAS E CONTA SECRETA
No início das investigações contra o governo, abertas em 1992 para investigar o chamado esquema PC Farias, o secretário particular de Collor, Cláudio Vieira, afirmou que os gastos pessoais do presidente vinham de um empréstimo para a campanha de US$ 5 milhões feito no Uruguai. A versão foi desmentida após uma secretária relatar que o empréstimo ocorreu depois das eleições, apenas para encobrir o pagamento das contas da Casa da Dinda. "Quando eu ouvia de Fernando que os depósitos que recebíamos não eram fruto de negócios escusos, mas simplesmente de doações de empresas que não foram usadas na campanha, eu não tinha por que duvidar. Parecia normal para mim, talvez por inexperiência, ter recursos de campanha, e que usufruir disso não era errado", conta Rosane.

Sobre a conta no exterior dos restos de campanha, no montante de US$ 50 milhões, como admitiu Collor em 2009 à Globonews, Rosane diz que ouviu "algumas conversas de que essa bolada realmente existia". A versão não oficial era a de que seu irmão, Augusto, a movimentava.

Na segunda metade da década de 1990, Collor teria dito a Rosane que estava tendo dificuldade para acessar uma conta gerida pelo irmão. Ela sugere no texto que era a tal conta do escândalo. "Além do mais, eu conheci o suíço Gerard". Aos 50 anos, Rosane diz que ainda tem muito a contar. Outras histórias podem ficar para um segundo volume. — Quem sabe? Vamos ver como me saio com esse livro. Depois a gente vê.

Leia alguns trechos do livro cedidos pela editora LeYa:
“O grande problema de Fernando era com Pedro. E o meu, com Thereza, a mulher dele. Em seu livro cheio de rancor ‘Passando a Limpo – A Trajetória de um Farsante’, publicado em 1993, sobre a rivalidade entre ele e o irmão, Pedro defende a tese de que Fernando dava em cima da cunhada. Eu não acredito nisso. Acredito na tese de que os dois tiveram algo antes do meu casamento e Thereza continuou apaixonada. Eu também não duvido que tenha sido por Thereza, por essa obsessão que ela tinha pelo cunhado, que Pedro resolveu destruir o próprio irmão”.

“Logo depois de Fernando assumir a presidência, comecei a ser alvo de críticas porque meus gastos aumentaram. Isso é uma bobagem tremenda. É claro que eu estava gastando mais! Afinal, eu passei a ter certas obrigações que não tinha como primeira-dama do Estado ou como esposa de um deputado federal. Uma primeira-dama do país gasta mais do que todas as outras, é óbvio! Até mesmo as roupas do dia a dia têm que ser muito alinhadas. Não se pode, por exemplo, comparecer a uma entrevista com um traje simplesinho. Para cada um dos eventos, é preciso pensar em um figurino diferente. E tem ainda as viagens... Um país diferente requer roupas específicas. E eu sempre gostei de boas marcas”.

“Pela péssima execução daquilo que ficou conhecido como Plano Collor, Zélia, para mim, está associada ao primeiro grande erro de Fernando como presidente. Na minha opinião, ela não estava preparada para o cargo de ministra, apesar de ser uma mulher muito inteligente e de ter ajudado muito na elaboração do programa de governo. Ali eu acredito que o governo perdeu muita credibilidade e tornou-se uma vitrine muito frágil para todas as pedras que foram atiradas depois”.

“Aliado a PC Farias, Fernando começou a criar a Tribuna de Alagoas. Na época, ninguém sabia que se tratava de um jornal do presidente. O que se sabia era que PC e seus irmãos estavam montando um diário que, em teoria, concorreria com o jornal da família Collor. E que, por mais estranho que fosse, Fernando apoiava a iniciativa. Só isso. Mas Fernando estava, sim, envolvido no negócio. Tanto é que discutiu com Pedro diversas vezes por causa disso. Pedro temia que a Tribuna tomasse o mercado e os funcionários da Gazeta, e cobrava do irmão uma postura enérgica, pois sabia que PC era seu braço direito. Fernando se negou a fazer qualquer coisa, o que deixou Pedro furioso.”

“Lembro apenas que, depois de um tempo de governo, Fernando começou a se incomodar um pouco com Itamar. Segundo meu marido, seu vice era uma pessoa demasiadamente sensível, que tem um ego dependente de elogios, de afago. Por qualquer coisinha, Itamar se chateava e, para que isso não acontecesse, alguém precisava sempre elogiá-lo, valorizá-lo. Fernando odiava tal comportamento.”

“Dizem que Fernando ficou devendo meses de aluguel da Casa da Dinda para a mãe, dona Leda, quando era deputado. Não duvido. Ele gastava sem saber se tinha dinheiro para bancar e, depois, tinha que fazer essas maluquices para cobrir a conta.”

“Em 12 de outubro de 1992, um helicóptero que fazia um voo entre São Paulo e Angra dos Reis (RJ) caiu e desapareceu no mar. Dentro dele estavam o deputado Ulysses Guimarães e sua mulher, além de outros passageiros e, claro, o piloto. Apesar de todas as buscas, o seu corpo nunca foi encontrado. Era a primeira manifestação do que ficou conhecido como “a maldição do impeachment”, uma série de mortes estranhas e trágicas de pessoas ligadas a Fernando ou ao seu afastamento da presidência. Além do deputado Ulysses, também Pedro Collor, PC Farias e sua mulher, Elma, supostamente haviam sido atingidos por tal maldição. Todos eles morreram poucos anos depois do impeachment. Todos vítimas de magia negra? Eu não sei quem espalhou esse boato, só sei que ele faz algum sentido.”

“Íamos ao terreiro mais ou menos uma vez por mês, mas, sempre que queria algo, Fernando ligava para a mãe de santo e ela dizia o que precisava ser feito para atingir seus objetivos. Dali até a eleição para a presidência, Fernando não vivia sem as orientações daquela mulher. A Mãe Cecília também passou a frequentar o Palácio, aonde ia para receber as entidades (os espíritos) que falavam com o presidente. Anos depois, em uma entrevista, ela contou que, aos poucos, os santos foram se acostumando com o bom e o melhor. Só queriam champanhe e uísque importado e faziam questão de fumar charuto cubano. Fernando bancava tudo isso, para que os trabalhos espirituais tivessem efeito.”


“O fato é que Fernando foi meu grande amor e também minha grande decepção. Não só por tudo o que ele me fez até hoje, mas por não me deixar viver em paz depois da separação. É claro que só vou conseguir deixá-lo no passado quando essa situação se resolver e eu encontrar um outro amor verdadeiro. Já tive alguns namorados desde a separação, pessoas muito queridas, mas nenhum conseguiu ocupar esse lugar. Mesmo assim, sinto-me bem resolvida no campo do coração.”

“Em 2014, 22 anos depois do impeachment, ele foi absolvido pelo Supremo Tribunal Federal, por falta de provas, das acusações restantes referentes aos anos em que esteve na presidência do país (peculato, falsidade ideológica e corrupção). O que mais ele queria da vida? Por que nada disso lhe deu a tranquilidade para conseguir me deixar em paz, dando-me uma oportunidade para que eu também pudesse reconstruir minha vida? Ele não parecia querer me ver livre. Eu, pelo contrário, não vejo a hora de essa novela acabar. Também escrevi uma carta pedindo a ele, por favor, que parasse, refletisse, que eu aceitava a proposta irrisória só para ter um ponto final, mas não adiantou. Então não me sobrou outra opção a não ser seguir tentando, para ter o que é meu de direito.”

“Enquanto esse problema não se resolve, eu não quero parar minha vida. E este livro é a prova de que a fila anda. Há anos recebo convites para me candidatar à deputada, vereadora e outros cargos, mas não era a hora, ainda. Outros desafios podem surgir, e estou preparada para enfrentá-los. Já venci tantos problemas... Meu futuro promete!”

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