O
Brasil viu o PT criar o monstro JBS e ficou calado. O Brasil viu o
monstro emboscar um presidente e depois voar livre para Nova York.
Cadeia para o Brasil.
O que os companheiros Janot e Fachin
consideraram suficiente para abrir investigação contra Michel Temer é um
soluço diante daquilo que, durante dois anos, acharam insuficiente para
abrir investigação contra Dilma Rousseff – a presidente do petrolão. A
incrível rapidez dessa operação (que poderia se chamar Carne Muito
Fraca) fez surgir nas redes sociais os codinomes de Rodrigo Enganot e
Edson Facinho. Que gente má.
Antes dessa mão de areia jogada nos
olhos da plateia, o espetáculo verdadeiro chegava ao coração do
escândalo com as revelações de João Santana e Mônica Moura. Ali ficava
claro – mais do que nunca – que o proverbial assalto exposto pela Lava
Jato fora regido de dentro do palácio petista, sem intermediários. O
marqueteiro e sua esposa mostraram como o governo (repetindo: o
governo, não o partido) agia para embaraçar as investigações da
força-tarefa – inclusive tentando preveni-los da prisão e,
consequentemente, evitar sua delação. Coisa de máfia. Acusado de atuar
nesses vazamentos está o ex-ministro da Justiça – o mesmo que
triangulava com o procurador-geral e o STF no longo período em que
Dilma, a idônea, era tornada imune a investigações.
Como até os
pedalinhos de Atibaia estão cansados de saber, Lula e sua revolução
redentora inventaram os irmãos Batista como potência empresarial. Os
subterrâneos do BNDES têm muito a revelar sobre essa história de
sucesso, mas a Operação Carne Muito Fraca chegou bem na hora para
embaçar a cena. O que se viu foi uma homologação tipo fast-food da
espionagem de Joesley e da conclusão quase mediúnica sobre uma suposta
autorização do presidente da República para a compra do silêncio de
Eduardo Cunha.
Tudo muito grave. Ou o presidente tem de ser
afastado e preso – e essa investigação não pode parar antes do fim – ou
terá sido um erro de psicografia. Aí quem psicografou vai ter de pagar.
Na mesma moeda. Existirá psicografia seletiva? Fica a dúvida.
Porque as mesmas mentes que detectaram crime do presidente na conversa
com o campeão do Lula parecem não ter notado os crimes do campeão. Na
mesma conversa, ele diz ter subornado meio mundo. Mas aí deu um tchau
para os supremos companheiros e foi pousar livre como um pássaro na
Quinta Avenida. Será que é normal? Ou seria paranormal?
Deixem os
irmãos Batista curtir sua fortuna tranquilos em Nova York. O mais
indicado mesmo, neste momento, é o Brasil se entregar e negociar uma
delação premiada. Conte tudo, Brasil. Confesse que você viu o monstro
sendo criado pelo PT e engordando na sua cara. Admita que desde o
mensalão você viu (ninguém te contou) Lula e seu Estado-Maior
transformando grandes empresas nacionais em anexos do PT para comprar
seus melhores sonhos totalitários. E, por favor, não venha agora fingir
surpresa com o fato de a política nacional estar contaminada por esses
tubarões. Dizem que quem não recebia PC Farias na era Collor caía em
desgraça. PC era uma criança perto dos seus sucessores na era Lula.
O
Brasil acordou invocado na semana passada, olhou-se no espelho e se
descobriu virtuoso. Decidido terminantemente a ser a virgem do bordel.
Tudo bem. O que acontecia antes disso era que um presidente antiquado,
de um partido fisiológico, abrira as portas do Estado brasileiro para
que as melhores cabeças pudessem saneá-lo, salvá-lo do desastre petista.
Por que Temer fez isso? Não interessa. O que interessa é que o seu time
de ouro iniciou um milagre e virou todos os indicadores na direção
certa – a única que interessa à sua vida real, Brasil.
Mas você
estava com saudade de ver heróis da resistência como Lindbergh Farias
sabotando as reformas, não é verdade? Bem, então está dando tudo certo
para você. O lobista de José Dirceu, condenado a 20 anos de prisão na
Lava Jato, também já está solto. Siga apoiando o processo de depuração
das instituições deflagrado pelos irmãos Batista. Quem sabe eles não se
comovem e criam uma Bolsa Brasil? Aí talvez você possa até largar essa
vida corrida e ir descansar para sempre no Guarujá.
Fonte: Guilherme Fiuza - Revista Época
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