Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
O
veredito para Bretas é fruto de seus atos.Ele é culpado por ter
autorizado a deflagração de 68 operações policiais contra corruptos e
lavadores de dinheiro, e recuperado quase R$ 4 bilhões que haviam sido
roubados dos brasileiros por poderosos.
Ele também é culpado por ter
condenado e prendido gente grande que nunca coube nas prisões do Brasil.
Esses criminosos tão graúdos foram espremidos em cubículos, suas celas
nas penitenciárias, algo que certamente foi a maior violação de direitos
humanos da nossa história recente.
E o juiz teve a audácia de fazer
isso reiteradamente, com mais de 300 prisões.
Bretas é um criminoso terrível. Não satisfeito em prender um antigo Rei do Palácio dos Guanabaras, ele prendeu mais um.
Mas
não basta mencionar os grandes números da sua culpa, é preciso dar mais
detalhes dos crimes de Bretas.
O magistrado é culpado, por exemplo, por
ter prendido e condenado Sérgio Cabral.
Apenas no primeiro caso, condenou-o a cumprir mais de 17 anos de prisão
por propinas de cerca de R$ 80 milhões em obras do PAC Favelas,
Maracanã, Arco Metropolitano e Metrô.
Bretas, aliás, é muito culpado
disso porque condenou várias vezes Cabral até que suas penas
ultrapassaram 430 anos.
É culpado ainda por bloquear os 100 milhões de
dólares que o ex-governador mantinha em contas no exterior, além de
barras de ouro, joias luxuosas e diamantes.
Bretas
é um criminoso terrível. Não satisfeito em prender um antigo Rei do
Palácio dos Guanabaras, ele prendeu mais um. O juiz também condenou
outro ex-governador do Rio de Janeiro por corrupção, organização
criminosa e lavagem de dinheiro.
Segundo as acusações, Luiz Fernando Pezão
recebia uma mesada de R$ 150 mil de Cabral, com direito a 13º salário
por integrar a organização criminosa.
Além disso, teria recebido mais de
R$ 11 milhões da Fetransport.
Pezão recebeu a sentença de 98 anos de
prisão. Quanto abuso do juiz.
Bretas é culpado ainda por condenar Eike Batista
a 30 anos por corrupção e lavagem de dinheiro porque, segundo a
sentença, pagou R$ 52 milhões em propinas a Cabral em troca de
benefícios em contratos públicos. Além disso, Bretas é culpado por ter
condenado Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico do
Brasil, por crimes que incluíram a compra de votos de membros do Comitê
Olímpico Internacional para que o Rio fosse escolhido como sede dos
jogos olímpicos. A pena superou 30 anos de prisão, por corrupção, lavagem e organização criminosa.
A
ficha corrida de juiz segue adiante: é culpado por ter condenado Jacob
Barata Filho, conhecido como Rei dos Ônibus, em diferentes processos, a
penas que somaram 40 anos de prisão por corrupção e participação em
organização criminosa. Em um dos processos, as propinas chegavam perto
de R$ 150 milhões.
Mas, mesmo com todas essas condenações, os criminosos estão sendo soltos com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal
de que sua prisão só pode acontecer após o julgamento do último recurso
na última instância.
A soltura mais recente foi a de Sérgio Cabral, um
Rei confesso, perdão, um réu confesso.
Em relação a todos eles, ainda, a
última palavra sobre a sua culpa é da Justiça, e os tribunais vêm anulando os
casos com base em questões formais, em geral, como a interpretação de regras
sobre qual justiça deveria julgá-los.
Enquanto as portas das prisões vêm sendo
abertas para condenados por corrupção de centenas de milhões de reais, Bretas é
o culpado. De fato, há provas consistentes e públicas de seu trabalho contra a
corrupção.
Já em relação às acusações contra ele no
Conselho Nacional de Justiça, o órgão impôs sigilo sobre o procedimento e
a decisão, impedindo que o juiz se defenda publicamente e que a decisão
do Conselho seja escrutinada pela sociedade.
Esse escrutínio é mais
importante quando se trata do afastamento de um juiz, um ato tão
drástico e impactante sobre a independência judicial, ainda mais quando a
decisão dos conselheiros não foi unânime.
Só
o que existe é a prova de um trabalho abnegado e corajoso que incomodou
muitos criminosos poderosos e desarticulou a organização criminosa mais
perigosa que tomou conta do Rio de Janeiro – e não me refiro aos
traficantes.
Mesmo estando o procedimento sob
sigilo, as acusações foram divulgadas por parte da imprensa, mas nada veio a
público de consistente contra o juiz.
Não há triplex, sítio, contas no
exterior, joias, bolsas luxuosas, malas de dinheiro, barras de ouro, diamantes,
farras de guardanapos nem dinheiro na cueca.
Só o que existe é a prova de um
trabalho abnegado e corajoso que incomodou muitos criminosos poderosos e
desarticulou a organização criminosa mais perigosa que tomou conta do Rio de
Janeiro – e não me refiro aos traficantes.
Refiro-me a
criminosos que roubaram, mataram ou prejudicaram milhões, mas fizeram
isso usando gravatas, de dentro de seus palácios. Eles usaram, como
arma, as suas canetas. E cada organização criminosa usa as suas próprias
armas para reagir contra os agentes da lei.
Neste caso, a reação não
vem com balas, mas com a tinta no papel, por meio da reação patrocinada
por caros advogados e apoiada por aliados políticos que influenciam a
própria seleção dos conselheiros do CNJ e do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP).
A
pressão política vem surtindo efeito. Em recente decisão, o CNMP puniu o
procurador coordenador da força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro
com a pena de demissão, que foi convertida em suspensão
De fato, a indicação dos
conselheiros precisa ser aprovada pelo Senado, que, no passado recente, recusou
nomes simpáticos à operação Lava Jato e utilizou as sabatinas para mandar recados
claros.
Numa delas, um senador perguntou: “Vossas excelências estarão daqui a
mais uns dias tomando posse [como conselheiros do CNMP]. Se cair na mão de Vossas
Excelências [o caso envolvendo Deltan], qual seria a conduta, a maneira que os
senhores iriam se posicionar, já que estão fazendo parte de um órgão que é controlador?”
A
pressão política vem surtindo efeito. Em recente decisão, por exemplo, o
CNMP puniu o procurador coordenador da força-tarefa da Lava Jato do Rio
de Janeiro com a pena de demissão, que foi convertida em suspensão.
Qual o seu crime? Nenhum.
Ele foi punido por ter dado divulgação na
imprensa a uma denúncia contra Edison Lobão e Romero Jucá. A denúncia,
por definição, é pública e nada impede sua divulgação.
Contudo, um
assessor a registrou nos sistemas da Justiça, por equívoco, como
sigilosa.
Em questão de dias, o juiz levantou o sigilo, reconhecendo que
deveria ser pública.
O
sistema está em busca de pretextos, está procurando pelos em ovos, para
punir os agentes de lei que trabalharam contra a corrupção política.
Como se vê, o sistema está em
busca de pretextos, está procurando pelos em ovos, para punir os agentes de lei
que trabalharam contra a corrupção política. Ironicamente, Edison Lobão e
Romero Jucá estavam na terça-feira no auditório do CNJ, na cerimônia de
recondução de um dos seus conselheiros, no mesmo dia da punição de Bretas pelo
órgão.
Nunca vou esquecer o recado que
esse mesmo conselheiro, quando estava no CNMP, deu aos procuradores da Lava
Jato quando fez uma visita de cortesia à força-tarefa da operação Lava Jato, em
Curitiba: “Não queremos puni-los, mas vocês têm que me ajudar a ajudar vocês”. A
frase, que ficou famosa na boca de um personagem corrupto do filme Tropa de
Elite, caiu muito mal.
A imprensa anunciou que Cabral
e Pezão comemoraram a punição de Bretas. Reportou-se ainda que as
defesas de variados réus buscarão a anulação das suas condenações na
Lava Jato do Rio de Janeiro.Renan Calheiros comemorou a decisão no Twitter:
O que ele disse, para bom entendedor, foi mais ou menos o seguinte:"No Sermão do Bom Ladrão,
em 1655, Padre Antonio Vieira comparou o tratamento dado aos ladrões de
galinhas e aos governantes ladrões: “Não são só ladrões, diz o santo,
os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher
a roupa: os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título
são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o
governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com
manha, já com força, roubam e despojam os povos. — Os outros ladrões
roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo
do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são
enforcados: estes furtam e enforcam”.
Os verdadeiros
ladrões no Brasil ainda são os governantes ladrões que roubam e
enforcam. Desde 1655, não mudou muita coisa por aqui. Nossa indignação
precisa se transformar em força política – nas redes sociais, nas ações
parlamentares e nos votos – para dizermos: basta!
Os processos à espera de julgamento no Supremo Tribunal Federal não formam uma fila por ordem de chegada. Compõem uma aglomeração — e avançam ou permanecem estacionados de acordo com os humores dos ministros.
Uma decisão pode durar mais de um século:só em 2020 a família real brasileira perdeu oficialmente para a União a posse do Palácio Guanabara, reivindicada em 1895 pela princesa Isabel.
Ou menos de 100 segundos, como a prisão do deputado Daniel Silveira decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Criado para deliberar sobre questões constitucionais, o STF ampliou de tal forma sua esfera de atribuições que, em 2018,decidiu que o campeão brasileiro de futebol na temporada de 1987 não foi o Flamengo, mas o Sport do Recife.
Os 11 superjuízes debitam a morosidade no andamento de muitos casos na conta do acúmulo de processos.
O escândalo do Mensalão, devassado em 2005, só foi julgado em 2012.
Assassino confesso da namorada, o jornalista Pimenta Neves ficou mais de dez anos em liberdade.
Mas todos os ministros são auxiliados por equipes de bom tamanho,[cada ministro tem vários assessores, inclusive há assessor - ou será aspone? - para puxar a cadeira e evitar que sua toga embarace.] e sabem ser rápidos no gatilhosobretudo quando lidam com personagens que não gozam da simpatia da Corte.
Nessa categoria, ninguém supera o presidente Jair Bolsonaro.
Ele é mais que um alvo preferencial. É o inimigo número 1 do Supremo, atesta a assombrosa lista de 124 ações hostis movidas pelos ministros entre março de 2019 e agosto de 2021. Uma a cada sete dias.
A reportagem que reproduz a lista mostra outro assombro. No mesmo período, mais de dez decisões da Corte favoreceram o ex-presidente Lula e outros réus da Lava Jato. Hoje, das mais de 550 pessoas acusadas criminalmente na operação, apenas uma continua atrás das grades: Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, condenado a 390 anos de cadeia. Ele e outros 11 ex-presos da Operação têm sua trajetória resgatada na reportagem de Augusto Nunes.
A justificativa para essa perseguição a Jair Bolsonaro por parte do STF, de grande parte da imprensa e dos autodenominados artistas e intelectuais é o risco de um golpe de Estado encabeçado pelo presidente, com o apoio das Forças Armadas.
A tese é implodida pelo artigo de J. R. Guzzo.“Dar um golpe de Estado, ao contrário do que acham os editoriais, os cientistas políticos de esquerda e o governador João Doria, não é um negócio assim tão simplesinho”,escreve Guzzo. “Então: ‘Bolsonaro’ e os ‘setores antidemocráticos’ dão o golpe — aí o que acontece, na prática? Vão fechar o Supremo e, caso sim, vão fazer o que com os 11 ministros? Prende? Deixa solto? Põe o que no lugar do STF? A máquina da Justiça precisa continuar funcionando; não vão parar as ações de despejo ou de cobrança. Outro problemão é o Congresso. Fecha? Cassa mandato? Joga fora a papelada da ‘CPI’? O que vão fazer com a reforma tributária? Fica tudo igual?!”
As medidas tomadas pelo STF contra o presidente da República e aqueles que o apoiam — ou simplesmente criticam alguns dos 11 ministros — têm gerado precisamente o que o Supremo deveria impedir que existisse: insegurança jurídica.
Ex-governador ainda pode contar segredos do Judiciário
Sérgio Cabral demorou dois anos e três
meses para admitir o que todo mundo já sabia:ele montou uma quadrilha
para saquear os cofres do estado. A confissão do ex-governador não é uma
novidade em si. A notícia está no que ele pode vir a contar.
Cabral governou o Rio por dois mandatos.
Somando o período do sucessor, Luiz Fernando Pezão, comandou a política
fluminense por 12 anos. Apesar de todas as revelações da Lava-Jato, ele
simulava indignação ao ser questionado sobre o esquema. “Que maluquice é
essa?”, reagiu, há oito meses, quando o juiz Marcelo Bretas mencionou a
cobrança de propina em obras.
Ontem o ex-governador adotou um tom
diferente. Mais humilde, disse ter desenvolvido uma relação de “apego”
com o dinheiro e o poder. “Isso é um vício”, afirmou, sem pedir
desculpas às vítimas da roubalheira. A confissão tardia é melhor do que
nada, mas está longe de justificar algum benefício penal. Se a lógica das delações premiadas é
chegar ao topo das quadrilhas, Cabral tem pouco a acrescentar sobre a
corrupção no Executivo fluminense. Ele era o chefe da organização
criminosa que se instalou no Palácio Guanabara. Seus principais
escudeiros já foram presos. O vice, que herdou a cadeira e comando do
esquema, está na cadeia desde dezembro.
O Legislativo também foi depenado. A PF
prendeu dez deputados estaduais, incluindo os últimos dois presidentes
da Assembleia Legislativa. A devassa se estendeu ao Tribunal de Contas
do Estado, que nunca se mexeu para conter os desvios da gangue. Dos sete
conselheiros do órgão, seis foram afastados.
Até aqui, o Judiciário é o único Poder
que não foi atingido em cheio pela Lava-Jato. Isso tende a mudar se o
réu confesso começar a abrir seus arquivos. Em conversas reservadas, Cabral tem
indicado disposição para revelar segredos da magistratura. Além de
influir em decisões do Tribunal de Justiça do Rio, ele apadrinhou a
indicação de ao menos quatro ministros do STJ e um ministro do Supremo.
Uma delação do ex-governador pode ser o ponto de partida para a
aguardada operação Lava-Toga.
Wilson Witzel começou o governo em ritmo de campanha. Na primeira
semana, ele caprichou nas poses militares e na retórica de guerra. Em ao
menos seis ocasiões, repetiu a promessa de liberar o abate de
traficantes.“A polícia vai mirar na cabecinha e... fogo!”, resumiu, em
entrevista recente. No domingo, o governador foi ao enterro de um PM baleado na Linha
Amarela. O funeral virou palanque para novas declarações de impacto. O
ex-juiz anunciou que vai “aniquilar e asfixiar” o crime. Outros
políticos já disseram o mesmo, mas nenhum deles conseguiu derrotar as
quadrilhas com o gogó.
Ontem Witzel tocou seu realejo na posse do novo chefe da Defensoria
Pública. O governador disse que os criminosos serão tratados como
terroristas e “abatidos” pela PM. Depois da solenidade, o defensor
precisou lembrar que a Constituição proíbe a pena de morte. Os agentes
da lei só têm licença para matar em casos de legítima defesa ou para
garantir a vida de terceiros. Fora dessas hipóteses, podem responder por
homicídio.
[Defensoria Pública, em respeito ao próprio nome, deveria priorizar a defesa do interesse público, o que inclui DEFENDER AS PESSOAS DE BEM - o governador exagera um pouco nas palavras de efeito (tudo indica que mais por falta de uma legislação adequada, que torne a prática de crimes uma atividade de risco para o criminoso; atualmente o risco é 100% para a vítima).]
Seria exagero dizer que o tiro ao alvo e a extinção da Secretaria de
Segurança são as únicas propostas de Witzel para o setor. Na
quinta-feira, ele disse que o Rio precisa erguer a “nossa Guantánamo”. O
presídio americano ficou conhecido como centro de torturas e abusos
sexuais. Apresentado como solução contra o terrorismo, virou um problema
para a Casa Branca. [por incompetência, desinteresse, leniência, do ex-presidente Obama.]
O Palácio Guanabara tem sido uma máquina de moer políticos. Os últimos
dois governadores estão presos, e outros dois já passaram temporadas na
cadeia. O ex-juiz se candidatou como um ilustre desconhecido e
conquistou quase 60% dos votos. Agora precisa se cuidar para que essa
confiança não escorra pelo ralo. Na semana de estreia, o eleitor ganhou algumas pistas para entender a
cabeça de Witzel. Na sexta, O GLOBO revelou que ele mandou confeccionar a
faixa que usou na cerimônia de posse. O adereço não fazia parte do
protocolo, mas ajudou a engalaná-lo nas fotos. Em conversas com aliados,
o ex-juiz tem repetido que vai concorrer ao Planalto em 2022. Mal
começou a governar e já está de olho em outro cargo.
Foi a pessoa mais influente no governo do Rio nos últimos anos. No
Palácio Guanabara nunca houve uma mulher clandestina e poderosa como ela
Atendia no
21-9972-33315. Raríssimos sabiam quem era. Atravessou a última década no
circuito Leblon-Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Criou uma rotina de
clandestinidade no Palácio Guanabara e uma rota de fuga para o Galeão,
que usava para escapadas privadas a Paris, na companhia de
amigos-patrocinadores. Nelma, Nelma de Sá Saraca — era a
identidade por trás daquele número telefônico. Foi a pessoa mais
influente no Rio nos últimos anos, com poder real sobre as decisões do
governo estadual. Usou e abusou da capacidade de influir na política e
nos negócios, desde janeiro de 2007, quando o governador Sérgio Cabral
assinou seus primeiros decretos.
No fim de tarde de uma
quarta-feira excepcionalmente seca da primavera de 2007, por exemplo,
recebeu no Guanabara os executivos Rogério Nora e Alberto Quintaes, da construtora Andrade Gutierrez. Era quarta-feira, 4 de outubro.
Estava em jogo um bilionário pacote de obras. Acertaram “compromissos” —
expressão usada na reunião para definir dinheiro, propina, gratificação
pelo favorecimento à empresa nas contratações.
O executivo Nora
designou o adjunto Quintaes para “operacionalizar” os pagamentos. Nelma,
com o poder da intimidade com o governador, indicou Wilson Carlos
Carvalho, secretário de governo, como representante de Cabral. Mais
tarde, ele introduziu o subsecretário de Obras, Hudson Braga, que exigiu
adicional de 1% a mais, sua “taxa de oxigênio”. Os negócios
fluíram. O secretário Carvalho transferiu a cobrança a Carlos Emanuel
Miranda, dono de sólidos laços com o governador: era seu mais antigo
sócio, contador dele e da família, e casado com uma prima de Cabral. Em
sete anos de governo, amealhou pequena fortuna, R$ 13 milhões, na coleta
de propina em apenas duas empreiteiras, Andrade e Carioca.
No
começo deste ano, quando aprofundaram a análise da súbita e suspeita
riqueza do ex-governador, procuradores acionaram o Sistema de
Investigação de Registros Telefônicos e Telemáticos, instalado na
procuradoria-geral, em Brasília. Conhecido como Sittel, esse mecanismo
permite aos investigadores receber, processar e cruzar registros
telefônicos e telemáticos extraídos, via WebService, diretamente dos
computadores das empresas de telecomunicações de todo o país.
Logo
perceberam o mistério do telefone 21-9972-33315. Em amostragem,
identificaram 507 chamadas dos secretários, do coletor de propinas e de
executivos das duas empreiteiras para aquele número. Notaram, também,
intenso fluxo de mensagens eletrônicas criptografadas por programas
(Telegram, Wickr, Confide e Wire) que permitem a destruição programada
do conteúdo.
O enigma começou a ser desvendado numa consulta à
concessionária. O telefone estava cadastrado em nome de Nelma de Sá
Saraca. Porém, os diálogos gravados liquidaram as dúvidas: a linha era
usada exclusivamente pelo governador. Foi a forma que ele escolheu para
ocultar a identidade nas comunicações sobre pagamentos dos
“compromissos”. Nelma, na vida real, era Cabral na clandestinidade.
Nunca houve no Palácio Guanabara uma mulher clandestina e poderosa como
Nelma. Estão morando juntos em Bangu 8.
Acusado de comandar o desvio de R$ 224
milhões, o ex-governador Sérgio Cabral é preso e vira símbolo da
falência de um estado
No início de seu primeiro mandato como governador do Rio de
Janeiro, em 2007, Sérgio Cabral, do PMDB, inovou.Cobrou propina
adiantada por estar “no início de mandato, ainda sem projeto, sem obra”,
em troca de acelerar o pagamento de dívidas do estado com a empreiteira
Andrade Gutierrez. O então presidente da construtora, Rogério Nora de
Sá, estranhou a prática, mas tocou o barco.Cabral queria receber uma
mesada mensal de R$ 350 mil em troca da promessa de acelerar o pagamento
de dívidas do estado com a empresa. As coisas corriam abertamente. Uma
etapa da negociação com representantes da empreiteira se deu no Palácio
Guanabara, a sede do governo fluminense, onde Cabral trabalhava e onde a
princesa Isabel morou com a família há 150 anos. Cabral burlava não só
as leis, como as regras do submundo da corrupção. Exagerava na
ousadia.
O
episódio é acintoso até para os escrachados padrões brasileiros de
corrupção. Por este e muitos outros, descobertos por duas investigações
paralelas decorrentes da Operação Lava Jato, os juízes Sergio Moro, no
Paraná, e Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro, decretaram a prisão
preventiva de Sérgio Cabral. Ele recebeu a muito esperada visita da
Polícia Federal às 6 horas da manhã de quinta-feira, dia 17, em seu
apartamento no bairro do Leblon, na Zona Sul. Caiu com quase todos que,
de acordo com os investigadores, participavam do esquema.
Dois de seus
colaboradores próximos –os ex-secretários Wilson Carlos (de Governo) e
Hudson Braga (de Obras) –, além de outras sete pessoas, também foram
presos.A mulher de Cabral, a advogada Adriana Ancelmo, foi levada a
depor coercitivamente. Cabral e sua turma são acusados pelo Ministério
Público Federal do Rio e do Paraná de corrupção ativa e passiva, lavagem
de dinheiro e evasão de divisas. Ele é apontado como chefe de uma
organização criminosa que desviou R$ 224 milhões dos cofres públicos do
Rio entre 2007 e 2014, período de seus dois mandatos.
(Trecho da reportagem de capa da edição 962 da revista ÉPOCA)
Pela proposta, a partir de 2016 os depósitos no fundo de garantia terão a mesma correção da poupança
A despeito de apelos contrários do governo, a Câmara deverá votar
nesta terça-feira o projeto que muda o índice de correção dos depósitos
do FGTS. O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o
texto será levado a plenário “por bem ou por mal”. Favorável ao projeto,
o peemedebista voltou a repetir do argumento de que as novas regras não
trarão impacto negativo para as contas públicas, já que tratam apenas
dos depósitos futuros. – O projeto do FGTS é o primeiro item da pauta e será apreciado de
qualquer forma, por bem ou por mal. Isso não tem nada a ver com conta de
governo, é dinheiro do trabalhador. É uma tentativa de evitar que passe
um projeto para que o governo não fique daqui a dez anos supostamente
sem margem de manobra – disse Cunha.
Pelo projeto, a partir de janeiro de 2016 os depósitos dos
trabalhadores feitos na conta do FGTS terão a mesma correção da
poupança. Para Cunha, isso poderá dobrar a remuneração em relação ao que
é pago atualmente. Questionado se via possibilidade de o texto prever
uma transição até que as regras fossem totalmente implementadas, o
presidente da Câmara afirmou que o fato de apenas valer a partir de 2016
já seria a transição. –
O relator que vai cuidar da negociação. Se puder fazer uma transição,
ele o fará. Aliás, começar com os depósitos a partir de 2016 já é uma
transição. Se não fosse transição, era para enfrentar todo o estoque –
afirmou Cunha.
O peemedebista ressaltou que há vários processos na Justiça
questionando as regras atuais e que, por isso, o Congresso deve se
manifestar.– É um absurdo, esse assunto vai ter que ser tratado. É palco
de vários assuntos na Justiça, em algum momento o Poder Judiciário pode
decidir por dar essa correção que é direito do trabalhador. Então, pelo
menos, é melhor a gente normatizar para os novos depósitos do que ficar
esperando ter mais um esqueleto nas contas públicas – pontuou.
CUNHA DIZ QUE NÃO FOI PROCURADO POR RENAN Quase
uma semana após o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter
apresentado a Agenda Brasil, um documento que recebeu o aval do Palácio
do Planalto como estratégia para tentar contornar a crise política no
Congresso, Eduardo Cunha afirmou que não foi procurado por nenhum
integrante do governo, nem por Renan, para tratar o tema.O presidente da
Câmara continua refratário ao conteúdo do documento e reafirmou que, se
não for enviado pelo Executivo,não terá prioridade de votação na Casa.– Saiu um monte de supostas propostas que não têm ainda conteúdo
claro definido e o governo tem que assumir a agenda, senão não tem
prioridade de votação. Temos que ser realistas. A pauta, para ser do
interesse de todos, tem que ser colocada pelo Poder Executivo. Não
conheço nenhuma dessas propostas. Vamos ver quando baixar a espuma o que
é que tem – disse.
MANIFESTAÇÕES Ao comentar as manifestações de
ontem, Cunha disse que viu com “tranquilidade” os pedidos de
impeachment contra a presidente Dilma Rousseffe afirmou estar preparado
para pressões nesse sentido.O peemedebista deverá, nos próximos dias,
dar seu parecer a respeito de outros 10 pedidos sobre o tema. – Quem não está preparado para pressão não ocupa cargo público, mas
meu comportamento será o mesmo. A gente está tendo toda a cautela e
fundamento técnico, inclusive já indeferi cinco pedidos por não
cumprirem requisitos formais. Vamos continuar com a cautela –
afirmou.Mais cedo, no Rio, Cunha disse os protestos foram pacíficos e é
normal as pessoas irem às ruas, até se for contra ele, desde que seja de
maneira ordeira. Cunha não quis avaliar os efeitos dos protestos sobre o
governo e "louvou" a democracia: — Acho que ocorreu de maneira ordeira, foram manifestações pacíficas.
Qualquer brasileiro tem sempre que aplaudir as manifestações. A gente
louva a democracia - disse após reunião no Palácio Guanabara com o
governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e com deputados federais e
senadores do estado.
Sobre os efeitos dos protestos no governo, Cunha
afirmou que não cabia a ele falar sobre a questão. — Cada um deve fazer a sua avaliação dentro do seu campo de atuação.
Como presidente da Câmara, eu tenho que tocar a vida como ela tem que
ser. As pessoas têm todo direito de se manifestar, se manifestam e
provavelmente continuarão se manifestando. Acho normal isso. Nosso ponto
de vista é que correu tudo dentro da ordem.O presidente da Câmara
abordou o fato de não ter entrado na pauta principal dos protestos e ter
sido alvo apenas de manifestações pontuais com pedidos para sua saída.
Para ele, não há "alivio e nem preocupação": — Manifestação ordeira pode fazer até contra mim que não tem nenhum problema.
Perguntado sobre a
condenação pela Justiça, nesta segunda-feira, de Nestor Cerveró,
ex-diretor da área internacional da Petrobras, Fernando Soares (o
Fernando Baiano), apontado como operador do PMDB, e do operador
Júlio Camargo por crimes na compra, pela Petrobras, de navios-sondas da
Samsung, Cunha não quis se pronunciar. — Eu não comento. Qualquer coisa sobre esse ponto é o meu advogado que fala - disse.
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba lembrou, na sentença, que o delator Júlio Camargo afirmou em depoimento, já na fase final do processo, que entregou US$ 5 milhões a Cunha.
Moro afirma que caberá ao Supremo Tribunal Federal, no processo já em
curso, decidir se o parlamentar também recebeu parte das propinas dos
contratos de fornecimento dos navios sondas.