Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Pasadena. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pasadena. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de março de 2016

A delação de Delcídio



Delcidio conta tudo
Revelações do senador à força-tarefa da Lava Jato, obtidas por ISTOÉ, complicam de vez a situação da presidente Dilma e comprometem Lula
Pouco antes de deixar a prisão, no dia 19 de fevereiro, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) fez um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato. ISTOÉ teve acesso às revelações feitas pelo senador. Ocupam cerca de 400 páginas e formam o mais explosivo relato até agora revelado sobre o maior esquema de corrupção no Brasile outros escândalos que abalaram a República, como o mensalão.  

Com extraordinária riqueza de detalhes, o senador descreveu a ação decisiva da presidente Dilma Rousseff para manter na estatal os diretores comprometidos com o esquema do Petrolão e demonstrou que, do Palácio do Planalto, a presidente usou seu poder para evitar a punição de corruptos e corruptores, nomeando para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) um ministro que se comprometeu a votar pela soltura de empreiteiros já denunciados pela Lava Jato. 

O senador Delcídio também afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu direta e pessoalmente para barrar as investigações - inclusive sendo o mandante do pagamento de dinheiro para tentar comprar o silêncio de testemunhas. O relato de Delcídio é devastador e complica de vez Dilma e Lula, pois trata-se de uma narrativa de quem não só testemunhou e esteve presente nas reuniões em que decisões nada republicanas foram tomadas, como participou ativamente de ilegalidades ali combinadas –a mando de Dilma e Lula, segundo ele. 

Nos próximos dias, o ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação. O acordo só não foi sacramentado até agora por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio. Apesar de avalizada por procuradores da Lava Jato, a condição imposta pelo petista não foi aceita por Zavascki, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República e concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência. Para o senador, os seis meses eram o tempo necessário para ele conseguir escapar de um processo de cassação no Conselho de Ética do Senado. Agora, seus planos parecem comprometidos. 

As preocupações de Delcídio fazem sentido. Sobretudo porque suas revelações implicaram colegas de Senado, deputados, até da oposição, e têm potencial para apressar o processo de impeachment de Dilma no Congresso. O que ele revelou sobre a presidente é gravíssimo. Segundo Delcídio, Dilma tentou por três ocasiões interferir na Lava Jato, com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, afirmou Delcídio na delação. 

A ação de uma presidente da República no sentido de nomear de um ministro para um tribunal superior em troca do seu compromisso de votar pela soltura de presos envolvidos num esquema de corrupção é inacreditável pela ousadia e presunção da impunidade. E joga por terra todo seu discurso de “liberdade de atuação da Lava Jato”, repetido como um mantra na campanha eleitoral. Só essa atitude tem potencial para ensejar um novo processo de impeachment contra ela por crime de responsabilidade. 


Em delação, Delcídio envolve Dilma e Lula em ações para tentar barrar a Lava-Jato, diz revista



O GLOBO já havia revelado, em 19 de fevereiro, que o senador petista tinha feito acordo com a Procuradoria Geral da República para contar o que sabe e ser libertado. Trechos da delação, ainda não homologada no STF, foram divulgados hoje pela revista ‘IstoÉ’
 
Delcídio delatou envolvimento de Dilma e Lula em tramas da Lava-Jato, diz revista
O GLOBO já havia revelado, em 19 de fevereiro, que o senador petista tinha feito acordo com a PGR; trechos da delação foram divulgadas pela revista ‘IstoÉ’

O acordo de delação premiada feita pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) com a Procuradoria-Geral da República traz detalhes de como a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teriam tentado interferir na condução das investigações da Lava-Jato, segundo reportagem da revista “Isto É” publicada nesta quinta-feira. O senador foi preso no dia 25 de novembro, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) após ser acusado de atrapalhar as investigações da força-tarefa.

O GLOBO já havia revelado no último dia 19 de fevereiro que o petista fez um acordo com a PGR antes de ser solto. Delcídio vai responder as acusações contra ele na Operação Lava-Jato em prisão domiciliar e foi autorizado a trabalhar no Senado, mas com a obrigação de se recolher em casa à noite e em dias de folga. 


Teor explosivo: Depoimento prestado no STF por Delcídio do Amaral (PT-MS) aguarda a homologação.
Na parte inferior, o termo de acordo e os principais tópicos da delação
 

O ministro Teori Zavascki decidirá se homologa ou não a delação, de acordo a 
publicação. O acordo só não teria sido fechado por conta de uma cláusula de confidencialidade de seis meses exigida por Delcídio, condição imposta pelo petista, mas não aceita por Zavascki, que devolveu o processo à Procuradoria-Geral da República. 

Segundo a reportagem, ele concedeu um prazo até a próxima semana para exclusão da exigência.

O governo reagiu às declarações de Delcídio por meio do ex-ministro da Justiça e novo titular da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, empossado nesta quinta-feira. Ele afirmou que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) “não tem credibilidade” e “não tem primado por dizer a verdade”. Segundo Cardozo, a delação do ex-líder do governo no Senado seria uma retaliação. De acordo com a revista, Delcído afirmou que Dilma sabia das irregularidades envolvendo a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e de que Lula comprou o silêncio de Marcos Valério, um dos principais operadores do Mensalão. O ex-presidente também teria, segundo relatos do senador divulgados pela publicação, “pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras” e agido pessoalmente para barrar as investigações.

Ainda de acordo com a reportagem, Delcídio foi detalhista em suas revelações, e afirmou que a Presidente da República teria tido papel decisivo na permanência dos diretores envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras, utilizando sua influência e poder para impedir a punição. Ele mesmo diz, de acordo com a reportagem, ter participado de reuniões em que decisões ilegais foram combinadas a mando de Dilma e Lula.

Segundo o senador petista, Dilma teria tentado por três vezes interferir na Lava Jato, sempre com a ajuda do ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo e da própria presidente Dilma Rousseff no sentido de promover a soltura de réus presos na operação”, teria afirmado Delcídio na delação.

Numa das tentativas, segundo o senador teria afirmado na delação, a presidente Dilma contou com o envolvimento pessoal do petista. A reportagem traz uma cópia do anexo da delação, na qual Delcídio diz que, diante do fracasso das duas manobras anteriores, entre elas o encontro em Portugal com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, “a solução” passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o STJ. “Tal nomeação seria relevante para o governo”, pois o nomeado cuidaria dos “habeas corpus e recursos da Lava Jato no STJ”. Delcídio teria contado que esteve com Dilma no Palácio da Alvorada para uma conversa privada.

O senador relata uma conversa nos jardins do Alvorada na qual Dilma teria solicitado que ele, na condição de líder do governo, “conversasse com o desembargador Marcelo Navarro, a fim de que ele confirmasse o compromisso de soltura de Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo”, da Andrade Gutierrez. Delcídio então teria se encontrado com Navarro “no próprio Palácio do Planalto, no andar térreo, em uma pequena sala de espera”. Ele diz que a reunião pode ser comprovada pelas imagens das câmeras de segurança

Nela, de acordo com a delação de Delcídio, Navarro “ratificou seu compromisso, alegando inclusive que o dr. Falcão (presidente do STJ, Francisco Falcão) já o havia alertado sobre o assunto”.

O acerto, então, teria sido cumprido à risca. Em recente julgamento dos habeas corpus impetrados no STJ, Navarro, na condição de relator, votou pela soltura dos dois executivos, mas foi voto vencido em placar de 4 a 1.

PASADENA
Delcídio afirmou, segundo a publicação, que Dilma tinha "pleno conhecimento do processo de aquisição da refinaria (Pasadena)", fechado quando ela estava à frente do Conselho de Administração da Petrobras. A presidente havia afirmado anteriormente que não tinha conhecimento das cláusulas desfavoráveis à estatal, que trouxeram um prejuízo de US$ 792 milhões, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo Dilma, a decisão do Conselho havia sido tomada com base em um resumo técnico "falho e incompleto". Delcídio disse que "a aquisição foi feita com conhecimento de todos, sem exceção".


O senador afirmou também que Dilma teria tido "ingerência" na nomeação de Nestor Cerveró para uma diretoria da BR Distribuidora, contrariando a versão da presidente. Delcídio diz que Dilma ligou para ele duas vezes para tratar da indicação. Na primeira ocasião, perguntou se Cerveró já havia sido convidado para o cargo. Na segunda vez, telefonou para confirmar a nomeação.

MESADA PARA CERVERÓ
 No depoimento aos procuradores, Delcídio teria afirmado que o pagamento a Cerveró - um dos motivos para a prisão do senador foi a oferta de uma mesada para o ex-diretor da Petrobras - teria sido feito a pedido de Lula. De acordo com a reportagem, Delcídio disse que o ex-presidente pediu "expressamente" para que ele ajudasse o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente e também preso na Lava-Jato, porque Bumlai seria citado nas delações premiadas do lobista Fernando Baiano e de Cerveró. Segundo Delcídio, Bumlai tinha "total intimidade" com Lula e exercia o papel de "consigliere" da família.

De acordo com a revista, Delcídio seria o responsável por intermediar os pagamentos à família de Cerveró. O senador disse ainda que acertou os detalhes com o filho do pecuarista, Maurício Bumlai. Ao todo, teriam sido pagos R$ 250 mil a Cerveró, em remessas de R$ 50 mil, entregues por meio do advogado Edson Ribeiro e por Diogo Ferreira, assessor de Delcídio.

Segundo a reportagem, os procuradores que tomaram o depoimento consideram que a revelação pode justificar um pedido de prisão de Lula.

MARCOS VALÉRIO E PALOCCI
A reportagem diz ainda que Delcídio afirmou que, em 2006, Lula e o ex-ministro Antonio Palocci articularam um pagamento de R$ 220 milhões a Marcos Valério, para evitar que o publicitário se manifestasse sobre o mensalão. Na ocasião, o dinheiro teria sido prometido por Paulo Okamotto, hoje presidente do Instituto Lula. No depoimento, Delcídio relatou o teor de uma conversa em que teria alertado Lula, naquela ocasião: "Acabei de sair do gabinete daquele que o senhor enviou a Belo Horizonte (Okamotto). Corra, presidente, senão as coisas ficarão piores do que já estão".

O senador relatou ainda que, depois, recebeu uma ligação de Palocci, que disse a ele que Lula estava "injuriado" com o teor da conversa. O ex-ministro teria afirmado que "assumiria a responsabilidade pelo pagamento da dívida (com Valério)". Segundo a revista, os procuradores afirmam na delação que "a história mostrou a contrapartida: Marcos Valério silenciou". Delcídio, que presidiu a CPI dos Correios, disse ainda que presenciou "tratativas ilícitas para a retirada do relatório (final da CPI) dos nomes de Lula e do filho Fábio Luís Lula da Silva em um acordão com a oposição". 

CPI DOS BINGOS
Delcídio, de acordo com a "Istoé", relatou que integrantes da CPI dos Bingos, encerrada em 2006, teriam agido para proteger Dilma. O senador afirmou que "uma das maiores operações de caixa dois para a campanha de Dilma em 2010 foi feita através do empresário Adir Assad", condenado por ser um dos operadores do esquema de desvios na Petrobras. Segundo o depoimento, a orientação do tesoureiro da campanha, José Di Filippi, era para que os empresários fizessem contratos de serviços com as empresas de Assad, que repassava os recursos para a campanha. O senador disse que a CPI foi encerrada prematuramente "quando o governo percebeu que as várias quebras de sigilo levariam à campanha de Dilma em 2010".

SÍTIO DE ATIBAIA
O senador afirmou que Bumlai teria contratado um arquiteto e um engenheiro para realizar obras no sítio de Atibaia, usado por Lula e seus familiares. De acordo com Delcídio, a operação foi abortada pelo então presidente da OAS, Léo Pinheiro, que se dispôs a fazer o serviço por meio da empreiteira.

Delcídio disse ainda que os senadores Gim Argello (PTB-DF) e Vital do Rego (PMDB-PB) e os deputados Marco Maia (PT-RS) e Fernando Francischini (SD-PR) cobravam propina de empreiteiros para não serem convocados a depor na CPI da Petrobras. De acordo com a delação premiada, "a CPI obrigava Léo Pinheiro, Júlio Camargo e Ricardo Pessoa a jantarem todas as segundas-feiras em Brasília", com o "objetivo de evitar que os empresários fossem convocados a depor"

Fonte: O Globo

Dilma viu riqueza. Era corrupção

A nossa hipótese: nem o conselho nem ela mandavam. Lula decidia tudo. Mais de uma vez ele se vangloriou disso

Quando deixou a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, em março de 2010, Dilma Rousseff disse que se sentia muito feliz, orgulhosa e grata pelo aprendizado. “Você tem uma nova visão de Brasil, vê a riqueza do Brasil”, afirmou.

[Sardenberg: com todo respeito! essa mulher, que por duas vezes foi eleita presidente pelos idiotas dos brasileiros conseguiu a proeza de levar uma lojinha de R$ 1,99 a falência.
Ela é incompetente e desonesta.] 

Estava, pois, num posto privilegiado, onde ficou sete anos. E como não viu os desastres cometidos na gestão da empresa? Porque não foi apenas roubalheira. A Petrobras foi também destruída por uma administração no mínimo temerária, que deixou prejuízos bilionários para a companhia.

Eis dois exemplos bem atuais. Na última terça, a Petrobras foi condenada no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a pagar impostos e multas no valor de R$ 7,3 bilhões. O Carf considerou irregulares duas operações feitas em 2007 e 2008, nas quais a companhia colocou como despesa operacional os aportes de R$ 6 bilhões que fizera para o Petros, fundo de pensão dos funcionários. A despesa operacional abate do resultado e, pois, reduz o imposto a pagar.

Dirão: mas é uma questão de contabilidade, não passa pelo Conselho de Administração.
Errado. Essa manobra — bilionária — aparece no balanço e tem de chamar a atenção do conselho, pelo menos de um conselho minimamente atento.

Outra: na mesma terça passada, o ValorPro, serviço de informação on-line do jornal “Valor Econômico”, informou que a Petrobras obteve um prejuízo de US$ 1,95 bilhão na compra da refinaria de Okinawa, no Japão, efetuada em 2008. O jornal teve acesso a um relatório da própria companhia. A refinaria foi fechada, por inútil, no ano passado. Está à venda, mas não apareceram compradores.

A compra se deu dois anos depois da aquisição da refinaria de Pasadena, nos EUA — isso mesmo, aquela que deu um prejuízo do mesmo tamanho, sem contar a roubalheira.
Para os dois negócios desastrosos, Dilma Rousseff, já como presidente da República, deu a mesma explicação. O conselho havia autorizado as compras com base em resumos executivos oferecidos pela diretoria.

Dois resuminhos e tudo bem?
A reportagem do ValorPro, assinada por Cláudia Schüffner, jornalista de reconhecida competência nessa área, conta que a compra de Okinawa foi intensamente debatida por quadros técnicos da estatal, muitos levantando dúvidas e restrições. Não devem ter aparecido nos resuminhos.

Quem começou o negócio de Okinawa foi Nestor Cerveró. Quem fechou foi Jorge Zelada, ambos apanhados pela Lava-Jato. Assim como os envolvidos com Pasadena, Paulo Roberto Costa e Renato Duque.

Foi também durante o período de Dilma no Conselho de Administração que a Petrobras decidiu construir quatro refinarias, as de Pernambuco (Abreu e Lima), do Rio (Comperj) e as duas “premium” do Maranhão e Ceará. Estas últimas foram canceladas no ano passado. Os projetos, considerados inviáveis técnica e economicamente, custaram cerca de R$ 3 bilhões.

As outras duas refinarias, em construção, tiveram orçamentos estourados em bilhões de reais, estão incompletas, projetos sendo revistos e com a estatal procurando sócios novos.  Quatro desastres, não é mesmo? De novo, sem contar a roubalheira já demonstrada pela Lava-Jato.

Como tudo isso pode ter passado batido pelo Conselho de Administração? Como Dilma, a gerente, não ficou em cima desses projetos?  A nossa hipótese: nem o conselho nem Dilma mandavam. O então presidente Lula decidia tudo. Mais de uma vez Lula se vangloriou disso, de ter determinado que a Petrobras tivesse mais “ousadia” e mais “patriotismo” nos seus investimentos.

Mas isso apenas explica, não elimina a responsabilidade de Dilma Rousseff como presidente do conselho. Digamos que não fosse possível ou fosse muito difícil apanhar as propinas que rolavam por baixo do pano. Mas certamente era possível, e até fácil, desconfiar dos projetos, dos negócios e dos valores envolvidos. Ou da estratégia: construir quatro grandes refinarias ao mesmo tempo? Ela tinha que saber.

O que leva a outra questão, a do momento: o que Dilma sabia ou devia saber sobre suas duas campanhas eleitorais? Ela foi designada candidata por Lula. A engrenagem de Lula montou as duas campanhas com João Santana. Sim, Dilma escolheu alguns colaboradores seus na campanha e no governo, mas a gestão de tudo foi sempre dividida com Lula e seu entorno.

Com a repetição de denúncias de caixa dois e dinheiro de propina nas campanhas, de duas, uma: ou Dilma sabia e deixou passar, ou não sabia e Lula é o responsável por tudo. Mesmo neste caso, porém, como na Petrobras, nada elimina a responsabilidade da presidente.

Na melhor das hipóteses para ela, Dilma cometeu um equívoco fatal para o país. Ali onde ela teria visto “a riqueza do Brasil” estava a maior corrupção da história do país e uma gestão destruidora.

Por: Carlos Alberto Sardenberg,  jornalista - O Globo

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Conexão Argentina

Ministério Público de São Paulo e procuradores da Lava Jato investigam a relação entre empresários argentinos que se favoreceram de negócios com a Petrobras e imóveis no condomínio onde fica o tríplex de Lula

As investigações do Petrolão desembarcarão, em breve, em países vizinhos. Trata-se da “Conexão Argentina”: a ligação entre empresários próximos aos ex-presidentes daquele país Néstor e Cristina Kirchner e personagens ligados aos desvios na estatal brasileira durante as gestões petistas. Delegados e procuradores da Lava Jato focam principalmente na venda de ativos da Petrobras ao kirchnerista Cristóbal López. 

Em 2010, ele adquiriu uma refinaria, estoques de petróleo e cerca de 350 postos de gasolina da estatal por um terço do valor, numa transação com forte suspeita de irregularidades, entre elas  pagamentos de propina. Dois documentos obtidos por ISTOÉ mostram que Cristóbal López e investigados da Lava Jato utilizaram os mesmos intermediários e rotas para ocultar recursos com origem ilícita. 

No primeiro documento, o juiz Cam Ferenbach, do estado americano de Nevada, além de detalhar a suspeita parceria de López com Lázaro Báez, pivô de um dos principais escândalos de corrupção das gestões Kirchner, sugere também como ele teria aberto a offshore Val de Loire. Num despacho de 27 páginas de uma ação movida pelos credores da dívida argentina, o juiz diz que a companhia-lavanderia de López foi criada pela M.F. Corporate Services, em Nevada. A mesma MF está por trás da offshore Murray, alvo da última fase da Lava Jato. Proprietários de uma dezena de imóveis, inclusive um tríplex vizinho ao atribuído à família do ex-presidente Lula, os sócios da Murray buscaram se beneficiar do anonimato, garantido pela legislação estrangeira, para esconder propina da Petrobras. Há fortes indicativos de que os seus beneficiários, de fato, sejam ligados ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Em outro documento, a ex-responsável pela M.F. Corporate, de Nevada, Patrícia Amunategui confirma que empresas, como a Val de Loire, de Cristóbal López, e a Murray, investigada na Lava Jato, são de fachada. Patrícia diz, no depoimento às autoridades americanas em setembro de 2014, que a MF era um braço em Nevada da panamenha Mossack Fonseca, conhecida mundialmente por auxiliar corruptos e sonegadores. E vai além. Afirma que a MF contava até com empresas de prateleira para atender a demanda. Se um cliente precisasse de uma offshore em menos de um dia, eles já tinham uma para pronta entrega. 
PREJUÍZO
Petrobras assumiu perdas de mais de US$ 50 milhões com a venda da
refinaria de San Lorenzo para empresário argentino

Em 2014, ISTOÉ detalhou os negócios camaradas do empresário kirchnerista Cristóbal López com a estatal brasileira. Como parte do plano de desinvestimento, a Petrobras colocou ativos na Argentina à venda. A refinaria de San Lorenzo, seus estoques de petróleo e 360 postos foram comprados pela Oil Combustibles, do Grupo Indalo - de Cristóbal López - em 2010. A companhia desembolsou US$ 110 milhões. Avaliações de consultoria independentes, como a Ernest  Young, estimaram os bens em aproximadamente US$ 350 milhões. É praticamente uma Pasadena ao contrário. Para adquirir a refinaria americana, a Petrobras pagou elevado sobrepreço. Na venda da argentina, recebeu menos de um terço do valor de mercado. A própria estatal reconheceu os prejuízos em comunicado enviado a Securities and Exchange Commission (SEC), agência americana reguladora do mercado de capitais. Afirmou, em cálculos otimistas, que as perdas alcançaram US$ 55 milhões, o equivalente a R$ 220 milhões. O fato é que, como ficou claro nas investigações do Petrolão, algum apadrinhado recebeu e repassou recursos para que um negócio tão controverso como este pudesse ter ocorrido. Em breve, a Lava Jato poderá responder.  

Integra na Isto É - http://www.istoe.com.br/reportagens/445931_CONEXAO+ARGENTINA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage



 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pasadena utilizada para honrar compromissos políticos de Gabrielli

Delator diz que Pasadena poderia "honrar compromissos políticos" de Gabrielli

O engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho contou que no final de 2004 recebeu determinação para localizar refinarias de petróleo que estivessem à venda nos Estados Unidos para compra pela Petrobras

 Refinaria de Pasadena - ' a 'ruivinha'
 
Novo delator da Operação Lava Jato, o engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho declarou à força-tarefa do Ministério Público Federal que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró lhe disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, poderia "honrar compromissos políticos" do então presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. "De acordo com as informações fornecidas por Nestor Cerveró, este negócio atenderia ao interesse de Gabrielli em realizar o Revamp (Renovação do Parque de Refino) e ao interesse da área internacional em adquirir a Refinaria", declarou Mônaco.
Nesta segunda-feira, 16, a Polícia Federal deflagrou a Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato. A nova etapa da investigação mira Pasadena, caso emblemático da corrupção instalada na Petrobras. Segundo o Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões.
Segundo o delator, Cerveró afirmou que antes mesmo do fechamento do contrato de compra de Pasadena, "o presidente Gabrielli já havia indicado a Construtora Norberto Odebrecht para realizar o Revamp para 200.000 barris/dia".
"O diretor Nestor, em tom de desabafo, disse ao depoente que o presidente Gabrielli estava muito interessado em resolver o assunto e dar a obra do Revamp para a Odebrecht", relatou.

Homem de confiança de Cerveró, o engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho contou que no final de 2004 recebeu determinação do então diretor de Internacional para localizar refinarias de petróleo que estivessem à venda nos Estados Unidos para compra pela Petrobras. Segundo ele, na época era parte do plano estratégico da companhia o escoamento da produção excedente de petróleo para o exterior. 
Agosthilde Mônaco de Carvalho afirmou que em janeiro de 2005, durante um telefonema com o presidente da Astra Oil, Alberto Failhaber, então proprietária de Pasadena, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria e teria interesse em revendê-la. "Nesta ligação o Sr. Alberto Failhaber, perguntado sobre as condições da refinaria, disse que a mesma precisava "tomar um banho de loja" para ficar nos padrões de qualidade técnica da Petrobras, uma vez que ela foi comprada na "bacia da almas", posto que o antigo proprietário (Crown), por problemas financeiros, quase não mais investia em manutenção preventiva, os equipamentos estavam desgastados e mal conservados, tinham problemas de segurança operacional, a mão de obra desmotivada e, principalmente, sem crédito para aquisição de óleo, matéria- prima operacional", declarou.
O delator contou à força-tarefa da Lava Jato que levou essas informações a Cerveró. Segundo ele, o então diretor da Petrobras disse, "abrindo um sorriso": "Nós também podemos comprar esta refinaria na bacia das almas, pois a Astra, sendo uma empresa de trading, não tem estrutura técnica nem capital para fazer um adequado investimento, além do mais, se chegarmos a um acordo com ela (Astra), um Revamp da refinaria deixará bastante satisfeito o presidente da Petrobras, pois sei que ele tem alguns compromissos políticos a saldar, portanto com Pasadena mataremos dois coelhos com uma única cajadada: refinar o óleo de Marlim nos Estados Unidos e o presidente Gabrielli poder honrar seus compromissos políticos".

O braço direito de Cerveró afirmou à força-tarefa da Lava Jato que uma comissão visitou a refinaria de Pasadena para avaliação. "Nesta visita, ocorrida entre os dias 29 a 31 de março de 2005, verificou que a mesma realmente encontrava-se em péssimas condições de conservação, se comparada às refinarias brasileiras, e que seriam necessárias várias reformas na refinaria para que ficasse em boas condições; que todos os membros da comissão observaram que a refinaria não estava em boas condições; que foi elogiada a localização física, mas não a condição operacional da refinaria; que ao retornar ao Brasil comunicou esses fatos ao diretor Nestor e recebeu a mesma informação, 'não se meta, Mônaco, isso é coisa da Presidência'".

Agosthilde Mônaco de Carvalho declarou ainda que Cerveró lhe mostrou um e-mail, datado de 25 de maio de 2006, encaminhado pelo então diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - braço do PT na estatal - no qual "o responsável da Construtora Norberto Odebrecht relata o convite às outras construtoras para dividirem a obra de Revamp da refinaria de Pasadena".

"As outras construtoras convocadas para a rodada eram Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Ultratec; que o sr. Alberto Failhaber contou ao depoente, em uma das visitas que fez à sede da Petrobras, que tentaram 'empurrar goela abaixo' o Revamp de 200.000 barris/dia e a contratação da Construtora Norberto Odebrecht para fazer a obra", relatou o delator.

Defesa Gabrielli afirmou nesta segunda-feira, 16, que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, em 2006, foi "uma operação coerente com o Plano de Negócios da Companhia".
"Reafirmo que a aquisição da Refinaria de Pasadena em 2006 foi uma operação coerente com o Plano de Negócios da Companhia, em vigor desde 1997, com orientações estratégicas para um mercado brasileiro de combustíveis, que não crescia desde aquele ano, mas tinha perspectivas de aumentar a produção do seu petróleo Marlim", disse Gabrielli, em nota. "Nos EUA havia um boom de aquisições de refinarias com baixa capacidade de processamento de petróleo pesado, para que o comprador, geralmente produtor de petróleo pesado, fizesse os investimentos necessários para processar este tipo de petróleo e capturar as margens relevantes. Assim orientava o Plano de Negócios da Petrobras aprovado pelo Conselho de Administração antes de 2003."

CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DIVULGADA PELO EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI
"Reafirmo que a aquisição da Refinaria de Pasadena em 2006 foi uma operação coerente com o Plano de Negócios da Companhia, em vigor desde 1997, com orientações estratégicas para um mercado brasileiro de combustíveis, que não crescia desde aquele ano, mas tinha perspectivas de aumentar a produção do seu petróleo Marlim. Nos EUA havia um boom de aquisições de refinarias com baixa capacidade de processamento de petróleo pesado, para que o comprador, geralmente produtor de petróleo pesado, fizesse os investimentos necessários para processar este tipo de petróleo e capturar as margens relevantes. Assim orientava o Plano de Negócios da Petrobras aprovado pelo Conselho de Administração antes de 2003.

A Refinaria foi adquirida por um valor de cerca de 7900 dólares por barril de capacidade de destilação, no ano em que as 11 operações de aquisições de refinarias no mundo foram transacionadas entre 3 mil e poucos dólares por barril e 18,9 mil dólares, com uma média de 10,9 mil dólares por barril. Pasadena foi adquirida assim por menos do valor médio de aquisições de refinarias daquele ano.

O mercado mudou radicalmente a partir de 2008, com a crise financeira internacional e com a expansão da oferta de petróleo leve nos EUA e a Refinaria enfrentou problemas até 2013, quando passou novamente a ser um bom negócio com a queda dos preços da matéria prima leve no Texas e altas margens de refino que continuam até hoje em 2015. O mercado de refino é cíclico e a Refinaria sofre estas subidas e descidas do mercado.

A partir de 2008 com a intensificação dos conflitos com o sócio belga na refinaria, a Petrobras não realizou qualquer pagamento até que a Justiça americana decidisse o valor da segunda metade, quando, em meados de 2012, a operação foi concluída para cumprir as decisões judiciais.

Se alguém se locupletou com operações fraudulentas relacionadas com a aquisição, que pague por seus erros, depois das investigações policiais e o devido processo legal. Corrupção é um caso de polícia e como tal deve ser tratado, dentro dos marcos legais vigentes na democracia brasileira. Se houve comportamento inadequado de alguns, que se cumpra a Lei.  As delações premiadas destes corruptos confessos não fazem acusações diretas a minha pessoa, sempre se referindo a "ouvir dizer", "fulano comentou", "sicrano disse" e portanto, acredito, as investigações vão concluir pela falsidade das ilações".

Fonte: Estadão - Conteúdo