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domingo, 22 de janeiro de 2023

À espera do CMN - AlonFeuerwerker

Análise Política

O pensamento econômico governamental para o curto prazo está delineado nas medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda e nos discursos pronunciados pelo presidente da República. 
 A dúvida que persiste é quanto das ideias expostas nas palavras de Luiz Inácio Lula da Silva se transformará em providências adotadas pelas pastas econômicas, e quanto reflete apenas desconforto e inconformismo com limitações materiais aos desejos do mandatário.

A charada começará a decifrar-se na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, que dá a largada no último dia deste mês. Ali saberemos se os arrufos do presidente com a meta inflacionária provocarão algum movimento da tríade Fazenda, Planejamento e Banco Central ou se vai ficar por isso mesmo, se vai ser só jogo para a plateia ir se entretendo enquanto a nova administração pega ritmo.

Aparentemente, o nó político está  
- 1) no BC, que mantém a taxa lá em cima (o juro real brasileiro continua fazendo bonito em escala global), pois as projeções dos preços superam o teto da meta e persiste alguma incerteza sobre a estabilização do quociente dívida/PIB; 
- e 2) no governo, que gostaria de ver o BC reduzindo juros para enfrentar outras projeções, que desenham um cenário de desaceleração econômica.
 
Visto que o BC tem autonomia para perseguir a meta de inflação, e só precisa se preocupar com esse objetivo, restam ao governo apenas dois caminhos para “apertar” o BC para além do plano da retórica:  
- 1) comprometer-se com um aperto fiscal crível e/ou 
- 2) elevar a meta de inflação. No caso deste segundo ponto, correria o risco de despertar a ira de parte de sua “frente ampla” na opinião pública e assistir a uma fabricada deterioração de expectativas. 

Foi para enfrentar o primeiro ponto que o governo apresentou um plano de aumento da arrecadação, a fórmula disponível para continuar gastando e ao mesmo tempo realizar um aperto fiscal.
 A dúvida é se a elevação do gasto público à custa do aumento carga tributária, combinado com juro real alto (mesmo que o BC baixe, improvável, ele continuará alto), não agravará a desaceleração econômica já desenhada.
 
A esta altura, um governo mais ortodoxo estaria vendo como cortar gastos e reduzir impostos para estimular o BC a cortar juros e assim abrir espaço ao investimento privado
E estaria acelerando privatizações e concessões, para alavancar investimentos mas também para reunir numerário capaz de fazer frente a ambiciosas metas dos programas sociais. Só que, por enquanto, o governo não admite recuar para a ortodoxia.

Posto que os fatos são teimosos, restará aguardar pelos resultados. Falar mal do governo anterior é recurso válido, porém datado. Ali por meados do ano, a nova administração precisará dizer a que veio na economia, o que é especialmente sensível diante da correlação de forças no Congresso Nacional, onde uma maioria conservadora só aguarda alguma dificuldade governamental para movimentar-se. 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 


sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Em vídeo, as confissões de Adélio, o homem que tentou matar Bolsonaro

Depoimento revela detalhes do atentado nas eleições presidenciais de 2018: o planejamento, a execução e os delírios do ex-garçom

O depoimento de Adélio Bispo, o homem que tentou matar Bolsonaro

Com um uniforme azul e de chinelo preto, o ex-garçom Adélio Bispo de Oliveira, de 42 anos, chega ao depoimento escoltado por três agentes na penitenciária de segurança máxima. Após ter as mãos e os pés algemados em uma cadeira, ele é observado com atenção redobrada, porque é classificado como um detento de alta periculosidade. No dia 6 de setembro de 2018, Adélio tentou matar com uma facada o então candidato a presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral em Juiz de Fora, Minas Gerais. O atentado marcou a história do Brasil e, até hoje, suscita uma série de teorias da conspiração. 

Qual foi, afinal, a motivação do crime? Foi um ataque isolado ou a mando de alguém? Como o agressor escolheu o seu alvo?

Após investigar o caso, a Polícia Federal concluiu que Adélio, preso em flagrante, agiu sozinho e tem problemas mentais . O ex-garçom foi diagnosticado como portador de  transtorno delirante. Em função disso, em maio de 2019, ele foi considerado inimputável pela Justiça. Desde então, está internado no presídio federal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde ele diz sofrer retaliações por ter tentado matar Bolsonaro e onde prestou seus últimos depoimentos gravados em vídeo.

VEJA teve acesso a essas gravações inéditas em que Adélio conta detalhes de como e por que planejou o atentado contra Bolsonaro e confessa que tinha um desejo íntimo de matar o ex-presidente Michel Temer, o que, segundo ele, já passou . “Isso termina aqui”, diz o agressor.

 Veja - Brasil


terça-feira, 20 de março de 2018

Desembargadora Marilia, desta vez a senhora pegou pesado

Nosso mais veemente repúdio a sua atitude preconceituosa e de desrespeito contra os portadores da Síndrome de Down:

Em ''carta aberta'' divulgada nesta segunda-feira, a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down repudiou a manifestação da juíza: “A FBASD considera que mensagem carregada de preconceito ofende, definitivamente, os ditames impostos aos juízes por seu Código de Ética. Textos dessa natureza claramente denigrem a magistratura e, assim, devem ser rigorosamente apurados pelos órgãos competentes, tais quais a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e o Conselho Nacional de Justiça. (leia a íntegra da nota aqui.)
A entidade divulgou também uma carta que a professora Debora Seabra escreveu para a desembargadora. O texto vai reproduzido abaixo:

"19/03/2018.
Recado para a Juíza Marília.

Não quero bater boca com você!
Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças de uma escola de Natal/RN.

Trabalho à tarde, todos os dias, com a minha equipe que tem uma professora titular e outra auxiliar. Eu ensino muitas coisas às crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito às outras. Aceitem as diferenças de cada uma. Ajudem a quem precisa mais.

Eu estudo o planejamento, eu participo das reuniões, eu dou opiniões, eu conto história para as crianças, eu ajudo nas atividades, eu vou para o parque com elas.
Acompanho as crianças nas aulas de inglês, música, educação física e mais um monte de coisas.

O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime.
Quem discrimina é criminoso!


Débora Araújo Seabra de Moura.''

Blog do Josias de Souza
 

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terça-feira, 14 de junho de 2016

Reajuste de servidores: Planejamento eleva impacto a R$ 67,7 bi



Valor de R$ 53 bi não computava parte do efeito das correções de outros anos

O Ministério do Planejamento divulgou nesta terça-feira nota corrigindo os valores de impacto dos reajustes dados aos servidores nos cofres públicos. O valor divulgado anteriormente não havia computado parte do efeito das correções salariais concedidas nos anos anteriores, segundo a pasta, e, portanto, estava subestimado. Dessa forma, o impacto total dos aumentos para o período entre 2016 e 2018 sobe de R$ 52,9 bilhões para R$ 67,7 bilhões.

No fim de maio, o Congresso Nacional aprovou, com o apoio do governo, uma série de projetos de lei que reajustam os salários de servidores de várias carreiras. A medida foi motivo de preocupação entre os técnicos da equipe econômica, que enxergam os aumentos como uma sinalização contraditória em um momento em que o Ministério da Fazenda tenta mostrar ao mercado que está comprometido com o reequilíbrio fiscal.

Só no Executivo, poder com maior número de servidores, o gasto total previsto com a concessão dos aumentos até 2018 foi dos R$ 39,7 bilhões estimados anteriormente para R$ 51,1 bilhões. A previsão de impacto total dos aumentos para o Legislativo e Judiciário é de R$ 3,1 bilhões e R$ 11,5 bilhões, respectivamente. As correções salariais para os servidores do Ministério Público da União e para a Defensoria Pública da União geram um gasto a mais de R$ 2 bilhões e R$ 100 milhões, nesta ordem.

Na nota, o Planejamento destacou que “mesmo com esta correção, o impacto dos reajustes sobre a folha primária projetada para o período 2016-2018, considerados os seus efeitos anualizados, está abaixo da inflação esperada para o mesmo período”. Segundo os cálculos do ministério, o reajuste geraria na folha um crescimento de 4,6% neste ano, 5,1% em 2017 e 4,1% em 2018.

Fonte: O Globo

sábado, 3 de janeiro de 2015

Centrais sindicais pressionam e ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, é desautorizado por Dilma no primeiro dia no cargo. Logo será a vez do Levy

Irritada, Dilma manda ministro recuar de mudança no reajuste do salário mínimo

De praia na Bahia, onde está descansando, presidente ordena que Nelson Barbosa, novo ministro do Planejamento, divulgue nota negando alteração na fórmula de cálculo. 

Na véspera, ele anunciou mudança e garantiu manutenção de ganho real 


Com apenas um dia no cargo de ministro do Planejamento, Nelson Barbosa já levou a primeira bronca da presidente da República. Dilma Rousseff mandou o auxiliar desmentir as manchetes dos jornais sobre uma nova política de reajuste do salário mínimo. Após assumir o cargo, ontem, Barbosa informou que vai mandar ao Congresso Nacional um projeto de lei de alteração do reajuste do rendimento básico do trabalhador. Na manhã deste sábado, depois de ler os jornais na praia, na base naval de Aratu, na Bahia, onde descansa, a presidente ficou irritada. Ela mandou o ministro redigir uma nota para desmentir as notícias.

Já no início da tarde deste sábado, o ministério do Planejamento soltou nota em que Barbosa afirma: “A proposta de valorização do salário mínimo a partir de 2016 seguirá a regra de reajuste atualmente vigente”. A nota diz que a proposta requer um novo projeto de lei, que será enviado ao Congresso este ano.

Com o comunicado, Barbosa volta atrás em relação às declarações que deu há pouco mais de 24 horas, durante a cerimônia de transmissão de cargo. Na ocasião, o ministro deixou claro que proporia uma "nova regra" para o reajuste do salário mínimo, Atualmente, o piso nacional é definido com base na inflação do ano anterior (medida pelo INPC) acrescida da variação do PIB dos dois anos anteriores. A regra expira neste ano e, portanto, precisa ser modificada ou renovada. — Vamos propor uma nova regra para 2016 a 2019 ao Congresso Nacional nos próximos meses. Continuará a haver aumento real do salário mínimo — disse Barbosa na manhã de sexta-feira a jornalistas, garantindo que os rendimentos continuariam a aumentar acima da inflação. — São medidas que corrigem alguns excessos para que outros programas continuem como, por exemplo, a continuação da elevação do salário mínimo. A regra de que o salário mínimo tem de ser corrigido pela inflação mais o crescimento de dois anos anteriores vale apenas para este ano. Por isso, o governo já editou um decreto que eleva o ganho básico para R$ 788.

MUDANÇA FOI CRITICADA POR SINDICALISTAS NA SEXTA
Durante a coletiva de imprensa, no entanto, o ministro não detalhou qual seria a nova fórmula proposta. Em março, quando não estava no governo e atuava como pesquisador da Fundação Getulio Vargas, Barbosa defendeu que o salário mínimo fosse reajustado com base na média salarial nacional.

Ajustes no salário mínimo fazem parte do que é considerado por especialistas o maior desafio da nova equipe econômica: equilibrar as contas públicas. Isso porque o piso nacional serve de base para gastos do governo como a Previdência Social. Na cerimônia de sexta-feira, Barbosa repetiu o discurso que adotou quando foi anunciado oficialmente como sucessor de Miriam Belchior, dizendo que, para continuar a garantir ganhos reais aos trabalhadores, o governo precisa fazer ajustes. Segundo ele, esse processo já começou, com o aumento da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e das restrições às condições de empréstimos por parte do BNDES.

O anúncio de sexta-feira foi recebido com críticas por parte de centrais sindicais. Representantes ouvidos pelo GLOBO ainda na noite de sexta-feira temiam que uma mudança da regra atual afetasse os aumentos reais de salário. A alteração da fórmula também foi criticada por economistas e especialistas em contas públicas. Segundo os analistas, a mudança, dependendo do cálculo proposto, poderia até elevar gastos.


Fonte: O Globo