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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Rússia: “Satã 2” contra sistemas defensivos do Ocidente


A Romênia inaugurou em sua base de Deveselu, no sul do país, um sistema americano antimísseis de alta tecnologia. A cólera do Kremlin explodiu ipso facto, noticiou a Reuters. O novo sistema de defesa instalado em Deveselu, outrora base soviética, inclui radares, interceptores de mísseis e equipamentos ultramodernos de comunicação.
 
Ela é uma primeira etapa para a criação de um escudo que protegerá a Europa de ataques de regimes “bandidos” como o Irã. Mas interpretando isso como sendo dirigido a ela, a Rússia qualificou o sistema defensivo de ameaça para sua segurança, segundo afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Na inauguração, o secretário geral da NATO, Jens Stoltenberg, insistiu que a Rússia nada tinha a temer, pois a base está muito ao sul; e que a próxima será em Redzikowo, na Polônia, em posições que não podem interceptar os mísseis balísticos intercontinentais russos. Acredite quem quiser.

Stoltenberg disse que a NATO propôs repetidas vezes ao Kremlin “transparência, diálogo e cooperação”, mas foi em vão.

“A Rússia não respondeu de maneira positiva aos nossos oferecimentos de diálogo”, disse Stoltenberg. Ele reconheceu que o assunto continua sendo “uma questão perturbadora”.  Uma base análoga já havia sido instalada na Turquia, enquanto navios Aegis, dotados de recursos de defesa antimísseis, que fazem parte do escudo, foram estacionados no porto de Rota, na Espanha.

Em Sochi, Putin prometeu aumentar as despesas nucleares para neutralizar as “ameaças emergentes” contra a Rússia. Falando aos responsáveis pela indústria militar russa, ele disse que “uma parte da capacidade nuclear estratégica americana foi instalada na nossa periferia. A Europa do Leste faz parte de nossa periferia”, acrescentou esse inveterado invasor de países vizinhos. “Agora estamos sendo constrangidos a pensar na maneira de neutralizar as ameaças emergentes contra a Federação da Rússia”, acrescentou Putin.

O discurso pareceu montado para o anúncio feito pouco depois de Putin ter ordenado o início dos testes do novo míssil “RS-28 Sarmat”, também apelidado “Satã 2”, segundo publicou o site 20minutes.fr.

VÍDEO: Rússia considera o escudo defensivo na Romênia “ameaça direta”:


De acordo com fontes russas e americanas, o novo monstro de massacre indiscriminado teria capacidade para destruir em poucos segundos um território “do tamanho de Texas ou da França” sem que sistema de radar algum possa detectá-lo. O “Satã 2” seria operacional em 2020.

Tratar-se-ia de uma versão modernizada do R-36 e seria o mais poderoso foguete assassino já construído.  Com 12 cabeças atômicas, ele poderia alvejar cidades a 10 mil quilômetros, atingindo as capitais europeias e as cidades da costa oeste americanas, noticiou o jornal americano “Daily News”.  Putin explorou o caso de Deveselu para patentear o que ele vinha ruminando sem o menor senso de humanidade e de sentimentos cristãos.

Fonte: http://flagelorusso.blogspot.com/ - Escrito por Luis Dufaur – 14 junho 2016


terça-feira, 14 de abril de 2015

Armênia, o primeiro país cristão do mundo, e o primeiro genocídio do século XX

A Armênia foi a primeira nação a se tornar cristã durante a era romana.
De acordo com a tradição antiga, a Arca de Noé repousou no Monte Ararate na Cordilheira Armênia. O Brasão da Armênia tem o Monte Ararate com a Arca de Noé em cima. O historiador armênio Movses Khorenatsi (410-490 d.C.) relatou a tradição de que Jafé, filho de Noé, tinha um descendente chamado Hayk que atirou uma flecha numa batalha perto do Lago Van cerca de 2.500 a.C., matando Nimrod, construtor da Torre de Babel que foi o primeiro tirano poderoso do mundo antigo.
Hayk é a origem de “Hayastan,” o nome armênio da Armênia. Os armênios antigos podem ter tido relações com os heteus e os hurritas, que habitavam aquela região conhecida como Anatólia no segundo milênio antes de Cristo. Yerevan, a maior cidade da Armênia e fundada em 782 a.C. à sombra do Monte Ararate, é uma das cidades do mundo que é habitada continuamente desde a antiguidade.
A Armênia foi mencionada pela primeira vez por nome em 520 por Dario o Grande da Pérsia. As fronteiras chegaram à sua extensão máxima sob o Rei Tigrane o Grande, 95-55 a.C., da Armênia, alcançando desde o Mar Cáspio até o Mar Mediterrâneo, rechaçando partos, selêucidas e a República Romana.
A Armênia foi a primeira nação no mundo a adotar oficialmente o Cristianismo como sua religião estatal cerca de 301 d.C., com a conversão do Rei Tiridates III. Os milhares de anos de história da Armênia incluem independência intercalada com ocupações de gregos, romanos, persas, bizantinos, mongóis, árabes, turcos otomanos e soviéticos.
Ani, a capital medieval da Armênia, era chamada de “a cidade das mil e uma igrejas,” com uma população de 200.000, rivalizando com Constantinopla, Bagdá e Damasco.
Em 1064, o sultão Alp Arslan e os turcos muçulmanos invadiram e destruíram a cidade de Ani. O historiador árabe Sibt ibn al-Jawzi registrou:
“O exército entrou na cidade, massacrou seus habitantes, pilhou e queimou-a, deixando-a em ruínas… Eram tantos cadáveres que eles bloqueavam as ruas; não se podia ir a lugar algum sem pisar neles. E o número de prisioneiros era não menos de 50 mil almas… Eu estava determinado a entrar na cidade e ver a destruição com meus próprios olhos. Tentei encontrar uma rua em que eu não tivesse de pisar em cadáveres, mas era impossível.”
Os turcos muçulmanos haviam transformado populações cristãs, judias e não muçulmanas conquistadas em cidadãos de segunda categoria chamados “dhimmi” e exigiam que eles pagassem um resgate anual para não serem mortos. O resgate era um imposto exorbitante chamado “jizyah”. O sultão Murat I (1359-1389) começou a prática de “devshirme” pegar meninos das famílias armênias e gregas conquistadas.
Esses meninos cristãos inocentes sofriam traumas e doutrinações sistemáticas para se tornarem guerreiros muçulmanos ferozes chamados “janízaros,” semelhantes aos soldados escravos “mamelucos” do Egito. Os janízaros eram forçados a chamar o sultão de pai e eram proibidos de casar, originando as práticas depravadas e a pederastia abominável dos turcos.
Durante séculos, os turcos fizeram conquistas no Mediterrâneo, Oriente Médio, Europa Oriental, Espanha e Norte da África, levando milhares para a escravidão. Começando no início do século XIX, o Império Otomano Turco começou a declinar. A Grécia, a Sérvia, a Bulgária e a Romênia ganharam sua independência.
Quando os sentimentos da Armênia se inclinaram para a independência, o sultão Abdul Hamid exterminou esses sentimentos massacrando 100.000 cristãos armênios na década de 1890.
Grover Cleveland, presidente dos EUA, declarou em 2 de dezembro de 1895:
“O que está acontecendo na Turquia continua a nos preocupar… Massacres de cristãos na Armênia e o crescimento… de um espírito de hostilidade fanática contra influências cristãs… estão recentemente chocando a civilização.”
O presidente Grover Cleveland disse ao Congresso dos EUA em 7 de dezembro de 1896:
“A situação preocupante na Turquia asiática… fúria de intolerância louca e fanatismo cruel… destruição desumana de lares e a chacina sanguinária de homens, mulheres e crianças, martirizados por sua fé cristã… Revoltas de fúria cega que levam a assassinatos e pilhagem na Turquia ocorrem de repente e sem aviso…
Theodore Roosevelt, presidente dos EUA, declarou ao Congresso em 6 de dezembro de 1904:
“…os armênios têm sido vítimas de… crueldade e opressão sistemática e prolongada… que ganharam do mundo civilizado indignação e piedade.”
Quando o sultão Abdul Hamid II foi deposto em 1908, houve uma breve euforia, com cidadãos inocentemente esperando que a Turquia tivesse um governo constitucional.
O governo foi tomado pelos “Jovens Turcos,” liderados por três líderes ou “paxás”: Mehmed Talaat Pasha, Ismail Enver Pasha e Ahmed Djemal Pasha.
Eles deram a aparência de que estavam planejando sancionar reformas democráticas enquanto estavam, clandestinamente, implementando um plano genocida para exterminar da terra todos os que não eram turcos muçulmanos.
O primeiro passo envolvia recrutar todos os rapazes armênios nas forças armadas. Em seguida, transformaram esses rapazes em soldados “não combatentes,” tirando-lhes as armas. No final, eles receberam ordens de marchar para matas e desertos, onde havia emboscadas aguardando para massacrá-los.
Com o extermínio dos rapazes armênios, as cidades e vilas armênias ficaram indefesas. Cerca de 2 milhões de idosos, mulheres e crianças foram forçados a marchar em direção ao deserto, foram atirados de penhascos ou queimados vivos.
 

sábado, 31 de janeiro de 2015

Um cadáver no poder

Um cadáver no poder (I)

Por que ainda há quem siga a Teologia da Libertação? Aparentemente nenhuma pessoa razoável deveria fazer isso. Do ponto de vista teológico, a  doutrina que o peruano Gustavo Gutierrez e o brasileiro Leonardo Boff espalharam pelo mundo já foi demolida em 1984 pelo então cardeal Joseph Ratzinger (v.“Liberation Theology”, 1984, http://www.christendomawake.org/pages/ratzinger/liberationtheol.htm dois anos depois de condenada pelo Papa João Paulo II (v. Quentin L. Quade, ed.,The Pope and Revolution: John Paul II Confronts Liberation Theology. Washington, D.C., Ethics and Public Policy Center, 1982). Em 1994 o teólogo Edward Lynch afirmava que ela já tinha se reduzido a uma mera curiosidade intelectual (v. “The retreat of Liberation Theology”, The Homiletic & Pastoral Review, 10024, 212-799-2600,https://www.ewtn.com/library/ISSUES/LIBERATE.TXT. 
Em 1996 o historiador espanhol Ricardo de la Cierva, que ninguém diria mal informado, dava-a por morta e enterrada (v. La Hoz y la Cruz. Auge y Caída del Marxismo y la Teología de la Liberación, Toledo, Fénix, 1996.
 
Uma década e meia depois, ela é praticamente doutrina oficial em doze países da América Latina. Que foi que aconteceu? Tal é a pergunta que me faz um grupo de eminentes católicos americanos e que, com certeza, interessa também aos leitores brasileiros.
Para respondê-la é preciso analisar a questão sob três ângulos:
(1) A TL é uma doutrina católica influenciada por idéias marxistas ou é apenas um ardil comunista camuflado em linguagem católica?
(2) Como se articulam entre si a TL enquanto discurso teórico e a TL enquanto organização política militante?
(3) Respondidas essas duas perguntas pode-se então apreender a TL como fenômeno preciso e descrever a especial forma mentis dos seus teóricos por meio da análise estilística dos seus escritos.
À primeira pergunta tanto o prof. Lynch quanto o cardeal Ratzinger, bem como inumeráveis outros autores católicos (por exemplo, Hubert Lepargneur, A Teologia da Libertação. Uma Avaliação, São Paulo, Convívio, 1979, ou Sobral Pinto,Teologia da Libertação. O Materialismo Marxista na Teologia Espiritualista, Rio, Lidador, 1984), dão respostas notavelmente uniformes: partindo do princípio de que a TL se apresenta como doutrina católica, passam a examiná-la sob esse aspecto, louvando suas possíveis intenções justiceiras e humanitárias mas concluindo que, em essência, ela é incompatível com a doutrina tradicional da Igreja, e portanto herética em sentido estrito. Acrescentam a isso a denúncia de algumas contradições internas e a crítica das suas propostas sociais fundadas numa arqui desmoralizada economia marxista.
Daí partem para decretar a sua morte, assegurando, nos termos do prof. Lynch, que
“Embora ainda seja atraente para muitos estudiosos americanos e europeus, ela falhou naquilo que os liberacionistas sempre disseram ser a sua missão principal, a completa renovação do catolicismo latino-americano”.
Todo discurso ideológico revolucionário pode ser compreendido em pelo menos três níveis de significado, que é preciso primeiro distinguir pela análise e depois rearticular hierarquicamente conforme algum desses níveis se revele o mais decisivo na situação política concreta, subordinando os demais.
O primeiro é o nível descritivo, no qual ele apresenta um diagnóstico, descrição ou explicação da realidade ou uma interpretação de alguma doutrina anterior. Neste nível o discurso pode ser julgado pela sua veracidade, adequação ou fidelidade, seja aos fatos, seja ao estado dos conhecimentos disponíveis, seja à doutrina considerada. Quando o discurso traz uma proposta definida de ação, pode ser julgado pela viabilidade ou conveniência dessa ação.
O segundo é o da autodefinição ideológica, em que o teórico ou doutrinador expressa os símbolos nos quais o grupo interessado se reconhece e pelo qual ele distingue os de dentro e os de fora, os amigos e os inimigos. Neste nível ele pode ser julgado pela sua eficácia psicológica ou correspondência com as expectativas e anseios da platéia.
O terceiro é o da desinformação estratégica, que fornece falsas pistas para desorientar o adversário e desviar antecipadamente qualquer tentativa de bloquear a ação proposta ou de neutralizar outros efeitos visados pelo discurso.
No primeiro nível, o discurso dirige-se idealmente ao observador neutro, cuja adesão pretende ganhar pela persuasão. No segundo, ao adepto ou militante atual ou virtual, para reforçar sua adesão ao grupo e obter dele o máximo de colaboração possível. No terceiro, dirige-se ao adversário, ou alvo da operação.
Praticamente todas as críticas de intelectuais católicos à Teologia da Libertação limitaram-se a examiná-la no primeiro nível. Desmoralizaram-na intelectualmente, provaram o seu caráter de heresia e assinalaram nela os velhos vícios que tornam inviável e destrutiva toda proposta de remodelagem socialista da sociedade.
Se os mentores da TL fossem católicos sinceramente empenhados em “renovar o catolicismo latino-americano”, ainda que por meios contaminados de ideologia marxista, isso teria bastado para desativá-la por completo. Uma vez que esse tipo de análise crítica saiu das meras discussões intelectuais para tornar-se palavra oficial da Igreja, com o estudo do Cardeal Ratzinger em 1984, a TL podia considerar-se, sob esse ângulo, extinta e superada.
Leiam agora este depoimento do general Ion Mihai Pacepa, o oficial de mais alta patente da KGB que já desertou para o Ocidente, e começarão a entender por que a desmoralização intelectual e teológica não foi suficiente para dar cabo da TL (v. “Kremlin’s religious Crusade”, em Frontpage Magazine, junho de 2009, http://archive.frontpagemag.com/readArticle.aspx?ARTID=35388 Em 1959, como chefe da espionagem romena na Alemanha Ocidental, o general Pacepa ouviu da própria boca de Nikita Kruschev: “Usaremos Cuba como trampolim para lançar uma religião concebida pela KGB na América Latina.”

O depoimento prossegue:Khrushchev nomeou ‘Teologia da Libertação’ a nova religião criada pela KGB. A inclinação dela para a ‘libertação’ foi herdada da KGB, que mais tarde criou a Organização para a ‘Libertação’ da Palestina (OLP), o Exército de ‘Libertação’ Nacional da Colômbia (ELN), e o Exército de ‘Libertação’ Nacional da Bolívia. A Romênia era um país latino, e Khrushchev queria nossa “visão latina” sobre sua nova guerra de “libertação” religiosa. Ele também nos queria para enviar alguns padres que eram cooptadores ou agentes disfarçados para a América Latina – queria ver como “nós” poderíamos tornar palatável para aquela parte do mundo a sua nova Teologia da Libertação.
“Naquele momento a KGB estava construindo uma nova organização religiosa internacional em Praga, chamada “Christian Peace Conference” (CPC), cujo objetivo seria espalhar a Teologia da Libertação pela América Latina.
“Em 1968, o CPC – criado pela KGB – foi capaz de dirigir um grupo de bispos esquerdistas sul-americanos na realização de uma Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín, na Colômbia. O propósito oficial da Conferência era superar a pobreza. O objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso, que encorajasse o pobre a se rebelar contra a ‘violência da pobreza institucionalizada’, e recomendá-lo ao Conselho Mundial de Igrejas para aprovação oficial. A Conferência de Medellín fez as duas coisas. Também engoliu o nome de batismo dado pela KGB: ‘Teologia da Libertação.’”

Ou seja, em suas linhas essenciais, a idéia da TL veio pronta de Moscou três anos antes de que o jesuíta peruano Gustavo Gutierrez, com o livro Teología de la Liberación(Lima, Centro de Estudios y Publicaciones, 1971), se apresentasse como seu inventor original, decerto com a aprovação de seus verdadeiros criadores, que não tinham o menor interesse num reconhecimento público de paternidade. O tutor da criança, Leonardo Boff, entraria em cena ainda mais tarde, não antes de 1977. Até hoje as fontes populares, como por exemplo a Wikipedia, repetem como papagaios adestrados que o Pe. Gutierrez foi mesmo o gerador da coisa e o sr. Boff seu segundo pai.

Escrito por Olavo de Carvalho e publicado no Diário do Comércio.

http://olavodecarvalho.org

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

O ataque de Moscou ao Vaticano



Corromper a Igreja é uma das prioridades da KGB.

A União Soviética jamais se sentiu à vontade tendo que conviver com o Vaticano neste mundo. Descobertas recentes provam que o Kremlin estava disposto a não medir esforços para neutralizar o forte anticomunismo da Igreja Católica.

Em março de 2006, uma comissão parlamentar italiana concluiu que “além de toda dúvida razoável, os líderes da União Soviética tomaram a iniciativa de eliminar o papa Karol Wojtyla” em retaliação à sua ajuda ao movimento dissidente Solidariedade na Polônia. Em janeiro de 2007, quando documentos mostraram a colaboração do recém-nomeado arcebispo de Warsaw, Stanislaw Wielgus, com a polícia política na época da Polônia comunista, ele admitiu a acusação e se aposentou. No dia seguinte, o prior da Catedral Wawel de Cracóvia, local de sepultamento de reis e rainhas poloneses, se aposentou pela mesma razão. Em seguida, soube-se que Michal Jagosz, um membro do tribunal do Vaticano que estuda a santidade do depois Papa João Paulo II, [nota do Blog Prontidão Total: o papa João Paulo II foi canonizado.] foi acusado de ser um antigo agente da polícia secreta comunista; de acordo com a mídia polonesa, ele foi recrutado em 1984, antes de deixar a Polônia para assumir um cargo no Vaticano. 

Atualmente, está prestes a ser publicado um livro que irá revelar a identidade de outros 39 sacerdotes cujos nomes foram descobertos nos arquivos da polícia secreta de Cracóvia, alguns deles bispos atualmente. Além disso, essas revelações parecem ser apenas a ponta do iceberg. Uma comissão especial em breve iniciará uma investigação sobre a atuação de todos os religiosos durante a era comunista, quando, acredita-se, milhares de sacerdotes católicos daquele país colaboraram com a polícia secreta. Isto apenas na Polônia – os arquivos da KGB e os da polícia política nos demais países do antigo bloco soviético ainda precisam ser abertos para investigar as operações contra o Vaticano.

Na minha outra vida, quando estava no centro das operações de guerra de inteligência estrangeira de Moscou, me vi envolvido em um esforço deliberado do Kremlin para manchar a reputação do Vaticano, retratando o Papa Pio XII como um frio simpatizante do nazismo. No fim das contas, a operação não causou nenhum dano duradouro, mas deixou um amargo sabor residual de difícil eliminação. A história jamais foi contada antes.

O ATAQUE À IGREJA
Em fevereiro de 1960, Nikita Khrushchev aprovou um plano ultrassecreto para destruir a autoridade moral do Vaticano na Europa Ocidental. O plano era um criativo fruto de Aleksandr Shelepin, chefe da KGB, e de Aleksey Kirichenko, membro do Politburo soviético responsável por políticas internacionais. Até aquele momento, a KGB tinha lutado contra o seu “inimigo mortal” na Europa Oriental, onde a Santa Sé havia sido cruelmente atacada como um covil de espiões a soldo do imperialismo americano, e os seus representantes haviam sido sumariamente presos sob acusação de espionagem. Agora, Moscou queria desacreditar o Vaticano imputando-lhe a pecha de bastião do nazismo, usando os seus próprios sacerdotes, em seu próprio território.

Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, foi escolhido como alvo prioritário da KGB – a sua encarnação do demônio – pois havia deixado este mundo em 1958. “Mortos não podem se defender” era o slogan da KGB na época. Moscou acabara de ganhar um soco no olho por ter falsamente incriminado e encarcerado um prelado do Vaticano, o cardeal József Mindszenty, primaz da Hungria, em 1948. Durante a revolução húngara de 1956, ele escapara da prisão e pedira asilo na embaixada americana em Budapeste, onde começou escrever as suas memórias. Quando os detalhes de como ele havia sido condenado se tornaram conhecidos de jornalistas ocidentais, foi visto por todos como um santo herói e mártir.

Como Pio XII havia sido núncio papal em Munique e em Berlim quando os nazistas estavam iniciando a sua tentativa de chegar ao poder, a KGB queria retratá-lo como um anti-semita encorajador do Holocausto. O desafio era realizar a operação sem dar o menor sinal do envolvimento do bloco soviético. Todo o trabalho sujo devia ser feito por mãos ocidentais, usando evidências do próprio Vaticano. Isto corrigiria outro erro cometido no caso de Mindszenty, incriminado com documentos soviéticos e húngaros falsificados. (Em 6 de fevereiro de 1949, alguns dias após o julgamento de Mindszenty, Hanna Sulner, a especialista húngara em caligrafia que havia fabricado a “evidência” usada para incriminar o cardeal, fugiu para Viena e exibiu os microfilmes dos “documentos” em que se baseara o julgamento encenado. Hanna demonstrou, em um testemunho minuciosamente detalhado, que os documentos eram todos forjados, produzidos por ela, “alguns pretensamente escritos pelo cardeal, outras exibindo a sua suposta assinatura”.)

Para evitar outra catástrofe como a de Mindszently, a KGB precisava de alguns documentos originais do Vaticano, mesmo remotamente ligados a Pio XII, os quais os seus especialistas em desinformação poderiam modificar levemente e projetar “na luz apropriada” para provar as “verdadeiras cores” do Papa. A KGB, entretanto, não tinha acesso aos arquivos do Vaticano, e aí entrou o meu DIE, o serviço romeno de inteligência estrangeira. O novo chefe do serviço de inteligência estrangeira soviético, general Aleksandr Sakharovsky, havia criado o DIE em 1949 e havia sido até pouco tempo antes o nosso conselheiro-chefe soviético; o DIE, ele sabia, estava em excelente posição para contatar o Vaticano e obter aprovação para pesquisa em seus arquivos. 




Em 1959, quando fui nomeado para a Alemanha Oriental no disfarçado cargo de representante-chefe da Missão Romena, havia conduzido uma “troca de espiões” na qual dois oficiais do DIE (coronel Gheorghe Horobet e major Nicolae Ciuciulin), pegos  em flagrante na Alemanha Ocidental, foram trocados pelo bispo católico Augustin Pacha, preso pela KGB sob uma espúria acusação de espionagem, e que finalmente retornava ao Vaticano via Alemanha Ocidental.

INFILTRAÇÃO NO VATICANO
“Seat 12” era o codinome dado a essa operação contra Pio XII e eu me tornei o seu ponta-de-lança romeno. Para facilitar o meu trabalho, Sakharovsky me autorizou a informar (falsamente) o Vaticano que a Romênia estava pronta para restabelecer as relações cortadas com a Santa Sé, em troca ao acesso aos seus arquivos e um empréstimo sem juros de um bilhão de dólares por 25 anos. (As relações da Romênia com o Vaticano haviam sido cortadas em 1951, quando Moscou acusou a nunciatura do Vaticano na Romênia de ser um front da CIA disfarçado e fechou os seus escritórios. Os edifícios da nunciatura em Bucareste haviam sido revertidos ao DIE e hoje abrigam uma escola de idioma estrangeiro.) O acesso aos arquivos papais, eu havia dito ao Vaticano, era necessário para encontrar raízes históricas que ajudariam o governo romeno a justificar publicamente a sua mudança de atitude em relação à Santa Sé. O dinheiro – bilhão de dólares (não, isto não é erro de digitação) -, me disseram, havia sido introduzido no jogo para tornar a alegada mudança de opinião romena mais plausível. “Se há uma coisa que estes monges entendem é de dinheiro” disse Sakharovsky.

A minha atuação na troca do bispo Pacha pelos dois oficiais do DIE realmente abriram as portas para mim. Um mês após ter recebido as instruções da KGB, fiz meu primeiro contato com um representante do Vaticano. Por razões de segredo, o encontro – e a maioria das reuniões seguintes – ocorreu em um hotel em Genebra, Suíça. Fui apresentado a um “membro influente do corpo diplomático” que, me disseram, havia começado a carreira trabalhando nos arquivos do Vaticano. O seu nome era Agostino Casaroli, e eu logo perceberia a sua grande influência. Imediatamente, este monsenhor deu-me acesso aos arquivos do Vaticano, e logo três jovens oficiais do DIE disfarçados de sacerdotes romenos estavam mergulhados nos arquivos papais. Casaroli também concordou “em princípio” com o pedido de Bucareste pelo empréstimo sem juros, mas disse que o Vaticano desejava impor certas condições. (Até 1978, quando deixei a Romênia para sempre, eu ainda estava negociando o empréstimo, diminuído então para 200 milhões de dólares.)

Durante os anos 1960-62, o DIE conseguiu furtar dos Arquivos do Vaticano e da Biblioteca Apostólica centenas de documentos ligados, de alguma forma, ao Papa Pio XII. Tudo era imediatamente enviado para a KGB por um correio especial. Na realidade, nenhum material incriminador contra o Pontífice emergiu de todos aqueles documentos secretamente fotografados. A maior parte eram cópias de cartas pessoais e transcrições de reuniões e discursos, tudo formatado na rotineira linguagem diplomática esperada. A KGB, entretanto, continuava pedindo mais documentos. E nós enviávamos mais.

A KGB PRODUZ UMA PEÇA
Em 1963, o general Ivan Agayants, o famoso chefe do departamento de desinformação da KGB, foi a Bucareste para nos agradecer pela ajuda. Disse-nos que a operação “Seat-12” havia se materializado em uma poderosa peça de ataque contra o Papa Pio XII  intitulada The Deputy (O Representante), uma referência indireta ao Papa como representante de Cristo na terra. Agayants levou o crédito pelo formato da peça, e nos disse que ela tinha extensos apêndices de documentos para lhe dar sustentação, anexados pelos seus especialistas com a ajuda de documentos furtados por nós do Vaticano. Agayants também nos disse que o produtor da The Deputy, Erwin Piscator, era um comunista devoto com um relacionamento de longa data com Moscou. Em 1929, ele havia fundado o Teatro do Proletariado em Berlim, e em seguida procurado asilo político na União Soviética quando Hitler chegou ao poder, e, poucos anos depois, “emigrou” para os EUA. Em 1962, Piscator voltou a Berlim Ocidental para produzir The Deputy.

Em todos os meus anos na Romênia, sempre lidei com os meus chefes da KGB com um certo cuidado pois eles costumavam manejar os acontecimentos de forma a fazer a inteligência soviética a mãe e o pai de tudo. Mas eu tinha razões para acreditar na declaração auto-elogiosa de Agayants. Ele era uma lenda viva no campo da desinformação. Em 1943, morando no Irã, Agayants lançara o relatório de desinformação segundo o qual Hitler havia montado uma equipe especial para sequestrar o presidente Franklin Roosevelt da embaixada americana em Teerã durante a Conferência de Cúpula Aliada a ser realizada lá. 

Por isso, Roosevelt concordou em montar o seu quartel-general em uma vila sob a “segurança” do complexo da Embaixada Soviética, protegida por uma grande unidade militar. Todo o pessoal soviético designado para aquela vila era composto por oficiais de inteligência disfarçados, com domínio do idioma inglês, mas, com poucas exceções, eles mantinham isto em segredo para poder escutar as conversas. Mesmo com as capacidades técnicas limitadas da época, Agayants conseguiu proporcionar a Stalin, de hora em hora, relatórios de acompanhamento sobre os hóspedes americanos e britânicos.  

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