Petistas vão transformar reunião em SP,
previsto para as 13h, em ato de desagravo a Lula; para o ex-ministro Jaques Wagner, 'fizeram um
circo'
A reunião
do diretório nacional do PT, em que o ex-presidente Lula fará um pronunciamento
na tarde desta quinta-feira em São Paulo se
transformará num ato de desagravo ao líder petista. Lula já está no local. A
militância do partido foi convocada para acompanhar o encontro. Ao chegar, o
ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner criticou os procuradores da
força-tarefa da Lava-jato pela denúncia de quarta-feira e defendeu que Lula
assuma a presidência do PT. Lula chegou
na reunião, num hotel no centro de São Paulo, por volta das 11h15, por uma entrada secreta.
A fala de
Lula, seguida de entrevista, está prevista para começar às 13h. — Entramos na terra do “deu a louca no
mundo”. Tocaram fogo em tudo. É uma coisa desrespeitosa com um ex-presidente da
República. Não que qualquer autoridade esteja afastada de investigação, mas
essa coisa de chefe de não sei o que é um desserviço. O país é visto lá fora de
forma bastante desconfiada. Eu conheci o Lula na mesma casa que ele continua
morando, no mesmo apartamento de São Bernardo. É estranho porque os alcapones
da vida, o Cunha, por exemplo, vejam onde ele mora — disse Wagner.
O
ex-ministro acredita que o clima no país pode piorar porque o número de pessoas
indignadas com a atuação do MPF tem aumentado: — O espetáculo de ontem foi um espetáculo grotesco e draconiano.
Fizeram um circo. [a
militância petista, ou militontos, são cães desdentados que apenas ladram, não
mordem.]
Para o
ex-ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, o Ministério Público
Federal colocou a sua credibilidade em risco: — Tudo vira uma palhaçada. É isso que está
acontecendo no Brasil. Tenho muito apreço pelo Ministério Público, mas várias
vezes disse a alguns deles: vocês têm que tomar cuidado para não passar de uma
instituição respeitada para uma instituição temida e odiada. A imagem lá fora
vai virando a de um país em que a democracia é um farrapo.
Wagner
afirma que ainda é cedo para considerar Lula carta fora do baralho para eleição
presidencial de 2018. — Se não tiver
nenhum tipo de condenação, e eu creio que não terá, o Lula tende a ser o nosso
candidato — afirmou o ex-ministro.
Cotado
para assumir a presidência do PT, o ex-ministro disse que só aceitaria o posto
caso Lula não aceite — Ele deve aceitar
nem que fosse como uma missão. No fundo, ele é o presidente de honra, mas pelo
peso político, pela experiência, pelo relacionamento dentro e fora do PT, todo
mundo migra para fazer a consulta com ele. Então, acaba sendo um presidente
paralelo. Era melhor ele estar no papel de presidente — argumentou Jaques
Wagner.
O mandato
do presidente do PT, Rui Falcão, acaba em novembro do ano que vem, mas ele
próprio defende que a escolha de um novo comando seja antecipada para maio.
LULA
VAI ELEVAR TOM CONTRA PROCURADORES
Apontado
nesta quarta-feira pela força-tarefa da Lava-Jato como “comandante máximo” do esquema de corrupção, o ex-presidente Lula
aproveitará a reunião do diretório nacional do PT, nesta quinta, para elevar o
tom contra os procuradores e reforçar o discurso de que as ações contra ele na
esfera judicial têm como objetivo afastá-lo da disputa presidencial de 2018. O
próprio ex-presidente alterna seus discursos públicos entre o afastamento
absoluto da ideia de concorrer a uma nova eleição e a tese de que tudo
dependerá do quadro político na ocasião.
Também disposto a bater na tecla
de que vem sofrendo perseguição política, o petista pretende colocar a denúncia apresentada
contra ele no mesmo pacote de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dois
fatos fariam, na versão do Lula, parte de uma reação das elites contra as
conquistas da população mais pobre promovidas pelos governos do PT. [conquistas que a própria população já perdeu; tanto que os que Lula e
Dilma tiraram das classes D e E para C já voltaram às classes originais.]
Fonte: O Globo