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domingo, 27 de fevereiro de 2022

Os limites da ingenuidade - Revista Oeste

O que vamos decidir em outubro é se valorizamos de fato nossa liberdade ou se aceitamos ser escravizados por uma ideologia que só produz igualdade na miséria

Em 13 anos, eles devastaram a economia, a política e a ética. Agora, querem voltar, e seu patético pré-candidato à Presidência sempre rodeado por um séquito de pajens vem revelando o que pretende fazer caso retorne ao poder. 
Se você ainda não prestou atenção em seu lero-lero, é bom ficar esperto, porque são declarações de intenções — recorrentes e explícitas — de que, em nome de sua democracia popular de mão única, completará o serviço sujo que foi interrompido em 2016 e lançará o Brasil em uma aventura socialista. Tratam o país apenas como mais um membro da “Pátria Grande” que povoa seus anseios utópicos, uma fantasia que até hoje só produziu fome, miséria, escassez e escravidão no mundo, mas que mesmo assim insistem em replicar, a exemplo do que alguns países vizinhos vêm fazendo.

Para quem sabe ler e ouvir, as intenções que vêm anunciando são claríssimas — fora as que ainda vão divulgar, ou que simplesmente podem vir — e configuram rejeição de qualquer respeito às liberdades individuais. Se o leitor desconfiar de exagero nessa afirmativa, basta consultar rapidamente a página do partido na internet para certificar-se de que não há dúvida.

Assemelham-se a um bando de aracangas (nome, em tupi-guarani, dado às araras-vermelhas-grandes), aquelas aves barulhentas que emitem grasnados que lembram vagamente gritos humanos; em especial, seu chefe resgatado da gaiola por estranhas manobras políticas travestidas de jurídicas possui um aparelho fonador que reproduz jorros sucessivos de mentiras e ameaças.

Até recentemente, as aves encarnadas vinham despejando suas ideias bizarras uma a uma, assim como quem não quer nada. Entretanto, sob o efeito estimulante das eleições, as criaturas deixaram de lado a vergonha e passaram a exibir sua meta: implantar aqui o socialismo do século 21. Recentemente, divulgaram um documento interno, ainda não oficial, um monstrengo ao mesmo tempo ridículo e assustador, intitulado “plano de quarentena fiscal”, elaborado pela cúpula e pelos economistas do partido, a maioria deles oriunda da Unicamp.

Eis um resumo das intenções declaradas no tal plano:  
(1) revogação “temporária” do teto de gastos; 
(2) decretação de “estado de emergência”, para liberar orçamentos da exigência de licitações; 
(3) recuperação da “capacidade de investimento” do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de empresas estatais; 
(4) criação de um “imposto emergencial sobre grandes fortunas, lucros e dividendos”; 
(5) ampliação do programa Bolsa Família; 
(6) retomada imediata do programa “mais médicos”, 
(7) novos concursos públicos para “recompor” o quadro de servidores federais.
 
Além dessas ameaças, há outras: 
revogação da reforma trabalhista e da autonomia do Banco Central; reestatização de empresas privatizadas; 
extinção do programa de desestatização;
censura da internet e da mídia em geral; 
tentativa de cooptação das Forças Armadas, a exemplo do que foi feito na Venezuela; e, 
 retorno à política externa de alianças com ditaduras de esquerda na América Latina e no resto do mundo. Haja estômago.

Chega a ser espantoso que certos ditos liberais sinalizem a possibilidade de apoiar o candidato das aracangas

Como se todo esse retrocesso fosse pouco, para comemorar os 42 anos de sua fundação, o partido anunciou a criação de 5 mil “comitês populares de luta”. É incrível, mas é isso mesmo: a velha conversa fiada de toda a laia de ditadores
Trata-se de um longo cortejo de bizarrices, em que desfilam ignorância, arrogância, petulância e negação dos mais de cem anos de história de fome, miséria, escassez, assassinatos e apropriação das liberdades individuais, sempre em nome de “interesses populares”.
 
Pelo que vêm apregoando, é plausível supor que, caso voltem ao poder, vão acelerar sua conhecida agenda
entabocar a ideologia de gênero goela abaixo da população; 
acirrar o racismo fantasiado de “resgate histórico”
intensificar o feminismo radical; 
abolir a história e as tradições da nossa nação; 
radicalizar o politicamente correto; 
impor o uso da linguagem neutra; e,
abolir a economia de mercado; e,
ressuscitar as práticas sindicalistas de um passado.
 
A esta altura do campeonato, chega a ser espantoso que certos ditos liberais e conservadores sinalizem a possibilidade de apoiar o candidato das aracangas. Não é difícil detectar os dois principais motivos dessa estranha condescendência:  
o ódio irracional ao presidente Bolsonaro, que os leva a procurar uma “terceira via” tão improvável quanto retrógrada, e a necessidade de recuperar algumas “boquinhas” perdidas com a política econômica liberal do governo.

Por quais motivos, senhores, a carta mensal de uma gestora de fundos de investimento faria uma comparação completamente estapafúrdia em que afirma não haver distinção quanto aos resultados da política econômica dos governos de Bolsonaro e o de Dilma Rousseff? E por quais razões o relatório de um banco suíço asseguraria que existe um “consenso” de que, se Lula for eleito, ele aprovará as reformas, avançará no processo de consolidação fiscal e não governará com medidas populistas?

Como a ingenuidade tem limites, a única explicação possível remete à baixa política. É evidente que todos têm o direito de não gostar do presidente e de buscar outros nomes, porém, devem assumir o dever de respeitar a verdade factual. Equiparar o governo atual aos do PT é como chamar Confúcio de Pafúncio.

Politicamente, o governo atual — que as línguas mal-intencionadas acusam de pretender dar um “golpe” é diametralmente oposto aos anteriores, aqueles sim amantes de várias ditaduras espalhadas pelo mundo. Resumindo, temos um governo de direita, conservador e que defende o livre mercado, a equipe econômica é a mais liberal e, provavelmente, a mais bem preparada tecnicamente da nossa história e propôs todas as reformas estruturais necessárias.

Por fim, do ponto de vista ético, é uma enorme agressão à inteligência alheia fazer qualquer comparação com o governo atual, que até hoje não teve atestado um caso sequer de corrupção. Além disso, são absolutamente diferentes as pautas sobre costumes, família, religião, cultura, comportamento e muitas outras.

Por tudo isso, é necessário enfatizar que, no final deste ano, a escolha não será só entre dois candidatos, um de “direita” e outro de “esquerda”, um “conservador” e outro “progressista”, o buraco é muito mais embaixo. O que vamos decidir em outubro deste ano é se valorizamos de fato nossa liberdade ou se aceitamos ser escravizados por uma ideologia que só produz igualdade na miséria.


Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio

Leia também “O PT quer censurar a imprensa”

Revista Oeste 

 


domingo, 7 de março de 2021

Flávio Bolsonaro desconsiderou Tancredo - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo 

Flávio Bolsonaro desconsiderou Tancredo - Senador descumpriu uma norma, explicitada por Neves em 1963: “É norma ética consabida que o governante não compra nem vende nada”

Filho do presidente comprou mansão de quase R$ 6 milhões com financiamento do Banco de Brasília

Flávio Bolsonaro comprou uma casa de R$ 5,9 milhões, com R$ 3,1 milhões financiados pelo Banco de Brasília, cujo maior acionista é o governo do Distrito Federal. Com uma renda familiar declarada de R$ 37 mil mensais brutos, deverá aguentar uma mensalidade de R$ 18 mil. Poderá viver sem pedir auxílio emergencial.

O doutor ganhou fama de empreendedor com uma casa de chocolates da Kopenhagen e, em 16 anos, fez 20 transações imobiliárias, muitas delas quitando parte dos pagamentos em dinheiro vivo. Filho do capitão Jair Bolsonaro, elegeu-se deputado estadual no Rio em 2002, aos 21 anos, e senador em 2018. Flávio Bolsonaro descumpriu uma norma, explicitada por Tancredo Neves em 1963: “É norma ética consabida que o governante não compra nem vende nada.” Era pura sabedoria. Lula deu-se mal porque usufruiu o sítio de Atibaia e discutiu a compra de um apartamento no Guarujá. Juscelino Kubitschek foi muito mais longe, adquirindo um apartamento na avenida Vieira Souto.

Na “nova política” dos Bolsonaro, faltam os pilares da cultura histórica de Tancredo. Nela, abunda aquilo que o presidente americano Joe Biden acaba de chamar de “pensamento de Neandertal”. Rachadinhas podem ser coisas da Idade da Pedra.

(.....)

Recordar é viver
Em 1969, um comando da Vanguarda Armada Revolucionária roubou um cofre guardado na casa da namorada do ex-governador paulista Adhemar de Barros. Quando o arrombaram, encontraram cerca de US$ 2,5 milhões de dólares (algo como US$ 18 milhões de hoje). Parte do ervanário ainda estava com as cintas de papel de um banco suíço.

A poderosa máquina da ditadura identificou quinze pessoas envolvidas no assalto. Quatro foram mortos e sete foram presos nos meses seguintes. Um deles morreu sob tortura num quartel. Sua autópsia, feita no Hospital Central do Exército, apontou dez costelas quebradas e pelo menos 53 marcas de pancadas.[a 'vítima' era um dos assaltantes; naqueles tempos a profissão de assaltante era perigosa... já hoje.... tem áreas em algumas cidades, sob controle dos criminosos,  que a polícia é proibida por decisão judicial, de ingressar ........ o ingresso só é possível, após atender um demorado protocolo, que demanda tempo suficiente para o sigilo da operação ir para o espaço.] '

Imenso foi o esforço para se descobrir o que foi feito com o dinheiro. Nula foi a curiosidade para saber como ele foi parar no cofre. Adhemar era conhecido por ter uma “caixinha” e apreciava o slogan “rouba, mas faz”. [claro que o slogan não era um modelo a ser seguido - só que nos tempos atuais continua valendo, com ligeira adaptação = roubam e nada fazem.]

Com a ajuda de um amigo militar, a dona da casa sustentou que o cofre estava vazio. Nem em pizza o cofre do Adhemar deu. Deu em nada. A ditadura negava que torturasse presos e orgulhava-se de ter uma Comissão Geral de Investigações para caçar corruptos. À época, era presidida por generais.

Tarcísio está noutra
Tarcísio Freitas, ministro da Infraestrutura, só convive com as moscas de padaria. Não é candidato a nada e não quer ser. Até porque já decidiu: quando sair do governo, irá para a iniciativa privada.
 
(.......)
 
Folha de S. Paulo - Jornal O Globo  - MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista 


sábado, 24 de novembro de 2018

Duro golpe contra o chavismo

A terrível história do saque do país, praticado pelo chavismo, está prestes a ser revelada em detalhes por um dos mais graduados membros do regime

Não se arruína o país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo sem despender imensa quantidade de energia para instalar e manter uma ditadura voltada, antes de tudo, para o enriquecimento de seus próceres. A Venezuela hoje é um país pobre, a ponto de a esmagadora maioria de seu povo amanhecer sem saber se conseguirá alimento para mais um dia.

Milhares de famílias venezuelanas têm sido separadas porque pais se sentem obrigados a entregar seus filhos para orfanatos por não terem mais condições de lhes prover o mínimo para sobrevivência. Muitos também o fazem para se lançarem aos riscos de buscar uma nova vida em outros países, inclusive no Brasil. Este drama humanitário, uma tragédia sem precedentes na história recente da América Latina, é obra do regime instalado por Hugo Chávez e mantido desde sua morte, em 2013, por seu pupilo, Nicolás Maduro, sob condições perversas para o povo.

A terrível história do saque do país, praticado pelo chavismo, está prestes a ser revelada em detalhes por um dos mais graduados membros do regime. Alejandro Andrade, ex-guarda-costas de Chávez, homem que por anos cuidou pessoalmente da segurança do ex-ditador, assinou um acordo de colaboração premiada com as autoridades americanas a fim de manter o regime de prisão domiciliar a que está submetido nos Estados Unidos desde o fim do ano passado.  Sobre Andrade paira a acusação de ter lavado cerca de US$ 1 bilhão por meio de um esquema ilegal de câmbio concebido para esconder as vultosas propinas recebidas por autoridades venezuelanas ligadas ao chavismo. Entre elas o próprio ex-guarda-costas, que, além das informações que tem prestado aos investigadores americanos, teve de entregar às autoridades judiciárias dos EUA um avião, cavalos de raça, relógios de luxo e propriedades.

Para dar conta da “missão” de lavar o dinheiro recebido a título de propina pela camarilha chavista, Alejandro Andrade foi alçado por Chávez de sua posição de guarda-costas à nada menos do que a de chefe do Tesouro Nacional. Estima-se que Andrade teve poder sobre a movimentação de contas bancárias que acumularam a estonteante quantia de US$ 14 bilhões. Não por outra razão, é considerado o “delator n.º 1” pelas autoridades dos EUA que buscam comprovar o enorme esquema de corrupção na Venezuela.

Estado teve acesso a documentos que constam do processo aberto contra Andrade pelas autoridades dos EUA, país onde fixou residência há cinco anos, após a morte do ex-chefe. O processo revela que milhões de dólares foram transferidos pelo banco HSBC, na Suíça, para os EUA com o objetivo de custear uma vida de luxo não só para Andrade, mas também para cerca de 20 diretores e ex-dirigentes da PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo.

Em agosto, a Justiça dos EUA já havia confiscado bens de luxo ─ incluindo imóveis, carros e iates ─ localizados na Flórida, pertencentes a uma casta de ex-funcionários públicos e empresários ligados ao governo de Hugo Chávez. O confisco se deu após a prisão do ex-banqueiro Matthias Krull, alemão que trabalhava no banco suíço Julius Baer. Ao Departamento de Justiça dos EUA, Krull “admitiu culpa em uma denúncia de conspiração para cometer lavagem de dinheiro”. De acordo com os termos de sua colaboração premiada, o ex-banqueiro foi responsável por um esquema que lavou US$ 1,2 bilhão para autoridades e empresários venezuelanos ligados ao chavismo.

O dinheiro movimentado pela quadrilha chavista, ao menos a quantia apurada até agora, é quatro vezes superior ao que a ONU pede para atender aos refugiados venezuelanos espalhados por oito países da América Latina. Isso apenas dá a dimensão do drama humanitário que desafia a compreensão de qualquer um dotado de boa-fé e compaixão.
O acordo de colaboração premiada assinado por um graduado membro do regime chavista, como Alejandro Andrade, representa um duro golpe contra a ditadura venezuelana.



sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Romário mente e diz que não lembra quando teve conta na Suíça - mais um a ser preso e cassado

Romário se contradiz sobre conta na Suíça

Senador havia dito que nunca foi correntista do BSI, mas ao GLOBO reconheceu que já teve vínculo com a instituição

O senador Romário (PSB-RJ) caiu em contradição ao explicar a suposta existência de uma conta no banco suíço BSI. Em entrevista ao GLOBO, publicada nesta sexta-feira, ele afirmou que já foi correntista quando atuou por clubes europeus, entre o fim dos anos 1980 e meados dos anos 1990. Em uma publicação no Facebook, no dia 31 de julho, Romário disse que o banco havia admitido que ele “nunca tivera vínculo com a instituição”. O documento divulgado pelo BSI na ocasião atesta que uma conta citada pela revista “Veja”, em julho, não era sua naquele momento. O BSI não especificou, no entanto, se o senador já fora correntista em outra época. Ao GLOBO, o senador negou que atualmente seja titular de conta no BSI. Em resposta a um comentário no Facebook, o senador afirmou que deseja que o Ministério Público suíço envie “todo o histórico”.

Nesta manhã, Romário solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) que peça ao Ministério Público da Suíça a abertura de uma investigação para apurar se a suposta conta em seu nome no BSI existe ou já existiu algum dia. No ofício, o senador pede ainda que seja averiguado se já houve alguma movimentação na conta citada. A existência de uma suposta conta, ainda em atividade e com saldo equivalente a R$ 7,5 milhões, foi revelada em julho pela revista “Veja”. Após o episódio, o senador foi à Suíça e ironizou a situação, se dizendo "chateado" por não ser o dono da conta.

O assunto voltou à tona após a divulgação do áudio da conversa envolvendo o senador Delcídio Amaral (PT-MS), preso na quarta-feira, e o advogado Edson Ribeiro, detido nesta manhã ao desembarcar no Aeroporto Galeão, no Rio. Na conversa, a existência da suposta conta é citada e há a insinuação de que o encerramento dela estaria relacionado a um acordo para Romário apoiar o candidato de Eduardo Paes (PMDB) à sua sucessão na prefeitura do Rio, o secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo (PMDB). Um dos sócios do Banco BTG Pactual, dono do BSI, é Guilherme Paes, irmão do prefeito. Paes, Delcídio, Romário, Pedro Paulo e o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) se reuniram no dia 4 de novembro para tratar de um projeto de lei sobre a securitização das dívidas de estados e municípios.

Fonte: O Globo