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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Tudo por um Brasil pior - Revista Oeste

J. R. Guzzo

É fundamental para Lula, e para essa gente toda, que a população brasileira permaneça enterrada na ignorância em que está — quanto mais ignorante, melhor para eles

Ministro Alexandre de Moraes | Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE 

Ministro Alexandre de Moraes | Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

É a mesma farsa, em dois atos executados ao mesmo tempo e com dose dupla de veneno. Num ato, o Supremo, o ex-presidente Lula e a paçoca que hoje mistura classes intelectuais, empresários de esquerda e ladrões do erário público gritam que “a democracia está ameaçada” — e, por conta disso, passam a usar a máquina judiciária do Estado para impor ao Brasil, dia após dia, uma ditadura pretensiosa, “progressista” e metida à besta;finge que é iluminada, mas é apenas uma ditadura a mais.  
Em outro ato, prometem mudanças prodigiosas para a “sociedade”, quando a última das coisas que querem é mudar alguma coisa — sua luta de vida ou morte, ao contrário, é deixar tudo como está. Os dois movimentos se juntam. A ditadura está sendo construída em público, já há quatro anos, pela associação do STF com a elite mais subdesenvolvida do Brasil.  
Não se trata de ponto de vista, mas sim da mera observação das decisões tomadas pela “suprema corte” para sabotar o governo, perseguir os seus aliados políticos e interferir grosseiramente no processo eleitoral em favor de Lula.  
O congelamento do país em tudo o que significa atraso, produção continuada de miséria e privatização do Estado em favor de interesses particulares é o único projeto real que a esquerda tem para o Brasil, caso seja declarada pelo TSE como vencedora das eleições de 2022.
 
A ditadura está sendo imposta pelo STF com polícia, censura à imprensa e gente trancada na cadeia como preso político; pode ter tortura a qualquer momento, pois se o ministro Alexandre Moraes, por exemplo, mandar a PF abrir a sua caixa de ferramentas nos interrogatórios de pessoas suspeitas de praticar “atos antidemocráticos”, ninguém, absolutamente ninguém, vai dizer que não pode. 
Ele toma decisões puramente ilegais há quatro anos e ninguém diz nada; não existe nenhum motivo para não continuar fazendo o que faz hoje. 
 
Moraes já prendeu um deputado federal durante nove meses. Mantém aberto um inquérito criminal perpétuo contra os inimigos políticos da esquerda, algo que é rigorosamente proibido por lei. 
 A cada vez que vencem os prazos da sua investigação ilegal, sem que se tenha descoberto nada contra as vítimas, ele prorroga esses prazos e mantém ativa a perseguição. 
Acaba de censurar de novo a imprensa, com a brutalidade de sempre: a Gazeta do Povo, mais uma vez, e a produtora Brasil Paralelo, agora por publicarem notícias verdadeiras, mas que Lula não quer que sejam publicadas. Ele já fez de tudo. Não há nenhum sinal de que vá parar. Uma autoridade que usa o seu cargo para desrespeitar de forma permanente a Constituição, e não está sob controle de nada e de ninguém, é coisa que só existe em ditadura. 
Ou alguém sabe de alguma democracia genuína, em qualquer lugar do planeta, onde haja um Alexandre Moraes e um STF como esse aí?

A relação das violações diretas da lei por parte do ministro e dos seus colegas é pública e indiscutível. O STF anulou as quatro ações penais contra Lula, inclusive sua condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sem qualquer razão séria; alegou erro de endereço no processo, coisa que ninguém notou durante cinco anos e ao longo de três instâncias. 

Permitiu, com essa trapaça, que Lula fosse candidato nas atuais eleições sem a absolvição de nenhuma de suas culpas
Elimina de forma sistemática o direito de livre expressão nas redes sociais. Bloqueia contas bancárias, viola o sigilo de comunicações e “desmonetiza” comunicadores de “direita”.  
Censura a imprensa, em desrespeito direto à Constituição Federal. 
Solta a polícia em cima de apoiadores do presidente da República que mantinham um grupo particular de conversas no WhatsApp; 
suspeita que estejam armando um golpe de Estado porque leu isso no jornal. 
Mantém em prisão domiciliar um aliado político do presidente, sem culpa formada e sem data para julgamento. 
Há mais coisa, ainda — mas será que é preciso continuar falando? Isso tudo está sendo feito, segundo o STF, para “defender a democracia”. 
 
Violam a lei, suprimem direitos individuais e liquidam as liberdades públicas, mas dizem que fazem essas coisas para salvar o Brasil do “autoritarismo”. 
Recebem o apoio excitado de quase toda a mídia, dos advogados de políticos corruptos e de toda essa gente civilizada que assinou a “Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”.  
É um fenômeno nunca antes visto no Brasil ou no mundo: uma carta em favor da democracia que é um manifesto em favor da ditadura.

Este Brasil do atraso, da esmola e da escassez não existe por acaso. Existe porque atende os interesses da pasta geral formada em torno de Lula

Tão hipócrita quanto a ditadura em condomínio do STF e do PT é o conto do vigário segundo o qual Lula tem de voltar à presidência da República para solucionar “os problemas sociais do Brasil”depois de ter passado quase 14 anos no governo sem resolver problema nenhum, social ou de qualquer outro tipo, e deixado como única obra verdadeira o período de corrupção mais espetacular dos 522 anos de história do Brasil, além da pior recessão econômica que este país já viu.  

Lula veio, 40 anos atrás, para deixar tudo igual na política e na sociedade brasileiras; continua hoje, às vésperas de mais uma eleição para presidente, igualzinho ao que sempre foi. Ele finge, desde então, que está ajudando “os pobres” ultimamente enfiou nesse mesmo saco as “mulheres”, os “negros”, os “gays”, os “índios”, o Complexo do Alemão e tudo que acha capaz de lhe render algum proveito. 

No mundo das realidades, este é o melhor jeito de deixar os pobres exatamente como estão, com uns trocados aqui e ali por conta das “políticas sociais”. É o ideal, ao mesmo tempo, para manter intactos os privilégios dos parasitas que querem continuar vivendo do “Estado”. 
 São as castas mais altas do funcionalismo público, a começar pelo Poder Judiciário, os empresários que grudam no aparelho estatal e a companheirada do PT. Este é, basicamente, o mundo de Lula o mundo que se opõe ao trabalho, à ascensão social através do esforço individual e ao progresso do Brasil pela combinação de mérito pessoal, talento e aquisição de conhecimento. É o mundo que não quer mudança. Quer “políticas sociais” — a maneira mais eficaz que se encontrou até hoje para santificar o “gasto público”, essa queima de dinheiro que é feita em nome dos “pobres” e funciona como o maior concentrador de renda do Brasil, ao acabar sempre no bucho dos amigos, e dos amigos dos amigos.

Este Brasil do atraso, da esmola e da escassez não existe por acaso. Existe porque atende os interesses da pasta geral formada em torno de Lula. Sabe-se perfeitamente bem quem compõe essa mistura grossa. São os empreiteiros de obras públicas, os banqueiros e os senadores do Norte-Nordeste que se elegem com meia dúzia de votos, enquanto em São Paulo só se chega ao Senado com o voto de mais de 10 milhões de eleitores

São os chefes políticos que fazem de tudo para manter o Nordeste debaixo de sua sola a começar pelos novos coronéis do PT e da “esquerda”, que usam a sua influência na máquina estatal e o dinheiro público de aberrações como o “Fundo Partidário-Eleitoral” para comprar mandatos e posições de mando
São os advogados criminalistas que ganham milhões defendendo corruptos. 
São os juízes, procuradores, ouvidores, auditores, corregedores, desembargadores etc. que vira e mexe são flagrados ganhando salários mensais de R$ 100.000, ou mais, e sempre têm uma licença legal para fazer isso. 
São os empresários do tipo Eike Batista — ou da empresa que vendia sondas à Petrobras, recebeu em moeda corrente e foi à falência sem entregar sonda nenhuma.  
São os sindicalistas que querem extorquir dos trabalhadores, outra vez, o imposto sindical. 
São os professores, funcionários e alunos de universidades federais de “ciências humanas” onde todo mundo é pago para ficar em greve, não aprender nada de útil para a sociedade e pichar muros escrevendo “Fora Bolsonaro”
São os donos das faculdades particulares — para cujos bolsos vão as bolsas dos estudantes pobres, pagas com dinheiro público. São todos os ladrões, a começar pelos da Lava Jato — que delataram a si próprios, devolveram bilhões em dinheiro roubado e confessaram livremente a sua culpa.
 
É fundamental para Lula, e para essa gente toda, que a população brasileira permaneça enterrada na ignorância em que está — quanto mais ignorante, melhor para eles. 
É exatamente por isso que Lula e o PT falam tanto em “investir na educação”. 
De fato, querem socar aí o máximo que puderem arrancar do pagador de impostos. Mas não é para ensinar nada a ninguém — é apenas para engordar o aparelho da educação, lotar as salas de aula com professores que são militantes políticos e garantir com eles, justamente ao contrário do que dizem, que não haja nenhum risco de alguém aprender alguma coisa no sistema de ensino público. 
Escola que fala de Che Guevara não ensina a fazer conta — um método 100% seguro para impedir que as pessoas adquiram qualquer conhecimento útil na sala de aula. Isso seria uma calamidade. 
Faria os jovens ganharem condições de melhorar de vida por conta própria, por saberem fazer algo, e não por receberem uma miséria qualquer dos “programas sociais”
Nem Lula e nem a esquerda podem admitir nada parecido, é claro: precisam manter o maior número possível de brasileiros na dependência eterna do Estado.

Lula não está minimamente interessado em dar terra a ninguém. O que quer é acampamento de “sem-terra”, onde quem vai mandar é o MST

É a mesma coisa com o processamento que fazem dos pobres. Lula e a esquerda querem exatamente o contrário do que anunciam: sua meta estratégica, acima de todas, é manter e se possível aumentar o número de pobres — é daí que vem a maioria dos votos que os mantém vivos. Quanto menos pobres houver no Brasil, menor será a sua força política.
Ficou provado, mais uma vez, pelos números da eleição. Lula perdeu no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás — e, no Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Triângulo Mineiro e Sul de Minas. Ou seja: perdeu, sem nenhuma exceção, no Brasil onde há mais progresso, mais iniciativa privada e melhor distribuição de renda.  
 
Ganhou onde há mais atraso, mais “Estado”, mais miseráveis e mais miséria. Por que diabo, então, ele iria querer diminuir o número de pobres? Para perder eleição? Da mesma forma, Lula quer o exato oposto do que prega quando fala de “distribuição de terra”. 
Vive ameaçando fazer uma “revolução no campo”, com o “exército do MST” — a quem, aliás, promete dar cargos “importantes” no seu governo. Mas não quer dar terra para ninguém tanto não quer que ficou abertamente contra a distribuição de mais de 400.000 títulos de propriedade rural feita ao longo do governo Bolsonaro. 
Não há nenhum precedente na história — um defensor da reforma agrária que não admite a entrega de terras para o cidadão que quer trabalhar no campo. O que Lula quer é invasão de terra, destruição de propriedade privada e violência — coisas que não resolvem nada, mas garantem o controle do PT sobre os bandos de miseráveis que giram pelo interior do país. Ele não está minimamente interessado em dar terra a ninguém. O que quer é acampamento de “sem-terra”, onde quem vai mandar é o MST.
Entrou nesse embuste gigante, nos últimos tempos, um novo espécime biológico o empresário socialista, ou com preocupações sociais, ou aflito com o futuro da democracia. É um farsante, mais um, mesmo quando se leva a sério e acredita que está fazendo o “bem”. 
O empresário de esquerda quer ter a sua consciência tranquila, ou menos pesada, e continuar ganhando dinheiro — e hoje ninguém oferece essa combinação melhor do que Lula. Ele apoia o PT, diz que está preocupado com a desigualdade e acha que Bolsonaro ameaça a democracia
Em troca ganha de Lula um certificado de boa conduta e se protege de qualquer alteração no seu patrimônio e no seu bem-estar. 
É um arranjo que atende perfeitamente os interesses dos dois lados. 
 
Lula pode dizer que a devoção dos milionários é uma garantia de que ele é um tipo “moderado”, que não vai fazer mal a ninguém. Do seu lado, os milionários garantem que o socialismo petista não vai mexer nos seus bolsos — não para valer. 
Funciona, também, como uma espécie de calmante contra a ansiedade social. Os empresários de esquerda dizem a si próprios que o seu apoio a Lula vai fazer desaparecerem das esquinas, por onde passam em seus SUVs blindados, os mendigos com um cartaz de papelão pedindo ajuda uma coisa tão incômoda, não é mesmo? 
Culpa “do Bolsonaro”, é óbvio, mas com Lula todos eles vão viajar de avião etc. etc. etc. 
Ao mesmo tempo, esse milagre vai acontecer sem custo real nenhum para o seu bolso. Os pobres somem, e somem de graça — o que pode haver de melhor?  
O maior horror, para todos eles, é o povo brasileiro, que polui a sua paisagem, ou pede esmola na rua, ou vai ao culto evangélico, ou não tem gosto”, ou vota em gente de “direita”, e mais do mesmo. 
É onde veio dar o Brasil “progressista”. Seus donos querem mandar para sempre. É o que está realmente em jogo neste segundo turno das eleições de 2022.

Leia também “Ditadura em construção”

J. R. Guzzo, colunista - VOZES - Gazeta do Povo 

 

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Os limites da ingenuidade - Revista Oeste

O que vamos decidir em outubro é se valorizamos de fato nossa liberdade ou se aceitamos ser escravizados por uma ideologia que só produz igualdade na miséria

Em 13 anos, eles devastaram a economia, a política e a ética. Agora, querem voltar, e seu patético pré-candidato à Presidência sempre rodeado por um séquito de pajens vem revelando o que pretende fazer caso retorne ao poder. 
Se você ainda não prestou atenção em seu lero-lero, é bom ficar esperto, porque são declarações de intenções — recorrentes e explícitas — de que, em nome de sua democracia popular de mão única, completará o serviço sujo que foi interrompido em 2016 e lançará o Brasil em uma aventura socialista. Tratam o país apenas como mais um membro da “Pátria Grande” que povoa seus anseios utópicos, uma fantasia que até hoje só produziu fome, miséria, escassez e escravidão no mundo, mas que mesmo assim insistem em replicar, a exemplo do que alguns países vizinhos vêm fazendo.

Para quem sabe ler e ouvir, as intenções que vêm anunciando são claríssimas — fora as que ainda vão divulgar, ou que simplesmente podem vir — e configuram rejeição de qualquer respeito às liberdades individuais. Se o leitor desconfiar de exagero nessa afirmativa, basta consultar rapidamente a página do partido na internet para certificar-se de que não há dúvida.

Assemelham-se a um bando de aracangas (nome, em tupi-guarani, dado às araras-vermelhas-grandes), aquelas aves barulhentas que emitem grasnados que lembram vagamente gritos humanos; em especial, seu chefe resgatado da gaiola por estranhas manobras políticas travestidas de jurídicas possui um aparelho fonador que reproduz jorros sucessivos de mentiras e ameaças.

Até recentemente, as aves encarnadas vinham despejando suas ideias bizarras uma a uma, assim como quem não quer nada. Entretanto, sob o efeito estimulante das eleições, as criaturas deixaram de lado a vergonha e passaram a exibir sua meta: implantar aqui o socialismo do século 21. Recentemente, divulgaram um documento interno, ainda não oficial, um monstrengo ao mesmo tempo ridículo e assustador, intitulado “plano de quarentena fiscal”, elaborado pela cúpula e pelos economistas do partido, a maioria deles oriunda da Unicamp.

Eis um resumo das intenções declaradas no tal plano:  
(1) revogação “temporária” do teto de gastos; 
(2) decretação de “estado de emergência”, para liberar orçamentos da exigência de licitações; 
(3) recuperação da “capacidade de investimento” do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de empresas estatais; 
(4) criação de um “imposto emergencial sobre grandes fortunas, lucros e dividendos”; 
(5) ampliação do programa Bolsa Família; 
(6) retomada imediata do programa “mais médicos”, 
(7) novos concursos públicos para “recompor” o quadro de servidores federais.
 
Além dessas ameaças, há outras: 
revogação da reforma trabalhista e da autonomia do Banco Central; reestatização de empresas privatizadas; 
extinção do programa de desestatização;
censura da internet e da mídia em geral; 
tentativa de cooptação das Forças Armadas, a exemplo do que foi feito na Venezuela; e, 
 retorno à política externa de alianças com ditaduras de esquerda na América Latina e no resto do mundo. Haja estômago.

Chega a ser espantoso que certos ditos liberais sinalizem a possibilidade de apoiar o candidato das aracangas

Como se todo esse retrocesso fosse pouco, para comemorar os 42 anos de sua fundação, o partido anunciou a criação de 5 mil “comitês populares de luta”. É incrível, mas é isso mesmo: a velha conversa fiada de toda a laia de ditadores
Trata-se de um longo cortejo de bizarrices, em que desfilam ignorância, arrogância, petulância e negação dos mais de cem anos de história de fome, miséria, escassez, assassinatos e apropriação das liberdades individuais, sempre em nome de “interesses populares”.
 
Pelo que vêm apregoando, é plausível supor que, caso voltem ao poder, vão acelerar sua conhecida agenda
entabocar a ideologia de gênero goela abaixo da população; 
acirrar o racismo fantasiado de “resgate histórico”
intensificar o feminismo radical; 
abolir a história e as tradições da nossa nação; 
radicalizar o politicamente correto; 
impor o uso da linguagem neutra; e,
abolir a economia de mercado; e,
ressuscitar as práticas sindicalistas de um passado.
 
A esta altura do campeonato, chega a ser espantoso que certos ditos liberais e conservadores sinalizem a possibilidade de apoiar o candidato das aracangas. Não é difícil detectar os dois principais motivos dessa estranha condescendência:  
o ódio irracional ao presidente Bolsonaro, que os leva a procurar uma “terceira via” tão improvável quanto retrógrada, e a necessidade de recuperar algumas “boquinhas” perdidas com a política econômica liberal do governo.

Por quais motivos, senhores, a carta mensal de uma gestora de fundos de investimento faria uma comparação completamente estapafúrdia em que afirma não haver distinção quanto aos resultados da política econômica dos governos de Bolsonaro e o de Dilma Rousseff? E por quais razões o relatório de um banco suíço asseguraria que existe um “consenso” de que, se Lula for eleito, ele aprovará as reformas, avançará no processo de consolidação fiscal e não governará com medidas populistas?

Como a ingenuidade tem limites, a única explicação possível remete à baixa política. É evidente que todos têm o direito de não gostar do presidente e de buscar outros nomes, porém, devem assumir o dever de respeitar a verdade factual. Equiparar o governo atual aos do PT é como chamar Confúcio de Pafúncio.

Politicamente, o governo atual — que as línguas mal-intencionadas acusam de pretender dar um “golpe” é diametralmente oposto aos anteriores, aqueles sim amantes de várias ditaduras espalhadas pelo mundo. Resumindo, temos um governo de direita, conservador e que defende o livre mercado, a equipe econômica é a mais liberal e, provavelmente, a mais bem preparada tecnicamente da nossa história e propôs todas as reformas estruturais necessárias.

Por fim, do ponto de vista ético, é uma enorme agressão à inteligência alheia fazer qualquer comparação com o governo atual, que até hoje não teve atestado um caso sequer de corrupção. Além disso, são absolutamente diferentes as pautas sobre costumes, família, religião, cultura, comportamento e muitas outras.

Por tudo isso, é necessário enfatizar que, no final deste ano, a escolha não será só entre dois candidatos, um de “direita” e outro de “esquerda”, um “conservador” e outro “progressista”, o buraco é muito mais embaixo. O que vamos decidir em outubro deste ano é se valorizamos de fato nossa liberdade ou se aceitamos ser escravizados por uma ideologia que só produz igualdade na miséria.


Ubiratan Jorge Iorio é economista, professor e escritor. Instagram: @ubiratanjorgeiorio

Leia também “O PT quer censurar a imprensa”

Revista Oeste 

 


quinta-feira, 30 de setembro de 2021

“A ECONOMIA A GENTE VÊ DEPOIS” - Percival Puggina

Quando o presidente advertia para as consequências da paralisação da economia com os lockdowns, o “fecha tudo” e o “fique em casa”, a resposta que obtinha da oposição, das demais instituições de Estado e de entes da Federação (na voz de governadores e prefeitos), era a frase que dá título a este artigo: “A economia a gente vê depois”.

Duas perguntas, contudo, ficavam no ar. A gente, quem? Depois, quando? Tenho certeza de que todos os que repetiam essa bobagem, se tivessem botões dos antigos, bons de conversa, confessariam a eles que, no caso, “a gente” seria o Bolsonaro e “o quando” seria o mais tarde possível, para seu maior desgaste político.

O presidente teria que produzir a mágica de que àquilo não se seguisse um corolário de desemprego, queda da atividade econômica, escassez e alta de preços. 
O inesperado dessas estratégias típicas de nossa subpolítica é que o fim do mês chega, inexoravelmente, aos dois lados do tabuleiro. Chega para os prós e para os contras. 
E, com ele, o supermercado, o aluguel, a conta de luz
Aliás, quando me lembro de tudo que foi feito pela esquerda (partidos, ONGs, MP) para impedir o funcionamento na região amazônica de hidrelétricas capazes de atender durante décadas a elevação da demanda nacional, meu único consolo é saber que a conta de energia que escasseia e encarece chega para os autores e para as vítimas daquela imprudência (bilhões de reais foram mumificados lá).

Não existe vacina contra o analfabetismo econômico. Dele só vamos tomando consciência na CTI das crises.

Também o aumento dos preços chega para todos. Como lembrou com precisão o amigo Gilberto Simões Pires em recente artigo, essa é a conta do “fecha tudo e fica em casa”. 
As pessoas pararam de trabalhar, mas continuaram consumindo. 
As vendas pela internet dispararam até a escassez se instalar, pois quem podia e sabia produzir estava em casa. 
Os preços subiram por total desequilíbrio entre a oferta e a demanda. Fenômeno mundial que, agora, se transforma em arma política dos intelectualmente desonestos e tiro no pé dos que imaginavam possível decidir sobre questões nacionais desconhecendo rudimentos de Economia. São vítimas do mal que fizeram.

A alta de preços é, por tais motivos, um problema mundial. Nesse particular, nossa posição é até mesmo privilegiada, pois somos um país fornecedor de commodities, com destaque à produção de alimentos. Lá fora, o aumento de preços de gêneros alimentícios é muito superior ao que temos aqui.

Desde o começo da pandemia, a tônica dos raros bons conselheiros clamava contra o “faça-se de tudo para que as pessoas fiquem em casa” e invertia a perspectiva: “Faça-se de tudo para que as pessoas possam trabalhar com a máxima segurança possível”.

A linha de frente do retrocesso e do analfabetismo funcional, os agentes do desemprego, os promotores de falências, os cientistas de redação, os pensadores de fone de ouvido, os noviços no claustro das narrativas têm que cumprir sua desatinada missão. Agora, apresentam como obra alheia as consequências da miséria a que deram causa.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Recesso? - Alon Feuerwerker

Análise Política
E a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 entrou num teórico recesso, acompanhando a parada parlamentar decorrente da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Mas é possível, ou provável, que continue abastecendo o noticiário com achados a partir de documentos das já aprovadas quebras de sigilo. Que até agora parece não ter rendido muita coisa, mas sem as oitivas (interrogatórios) para ocupar o tempo abre-se a oportunidade de avançar nesse outro caminho.

A sessão de hoje recolheu mais detalhes sobre a suposta negociação, afinal abortada, para a aquisição por meio de atravessadores de centenas de milhões de doses da vacina AstraZeneca. E da Janssen. É uma teia com a participação fulgurante de diversos militares da reserva, que naquele momento estavam em escalões inferiores (do segundo para baixo) da Saúde. Afinal, acabou acontecendo o previsível, e que foi previsto: quem sai na chuva (militares da reserva em cargos civis) corre o risco de de molhar.

[caso a CPI Covidão arranje alguma noção - condição difícil de ser alcançada, com os dirigentes que possui - vai constatar que tem milhões de bytes registrando narrativas fantasiosas e nenhum fiapo de provas. 
Para ferrar de vez com a turma do Aziz, Calheiros, Rodrigues, 'drácula' e Barbalho, os fatos relevantes que ocorreram envolvendo integrantes da CPI foram:
a - indiciamento pela Polícia Federal do relator Calheiros; e,
b - a doença do presidente Bolsonaro e a viagem do vice-presidente Mourão, que trouxeram  à tona, a possibilidade de Arthur Lira não ter condições de assumir a presidência da República. Entendimento do Supremo proíbe que réus em ações penais no STF, possam assumir, ainda que temporariamente, a presidência da República. Imagine quem presidia o Senado, se tornou réu em ação penal, e foi impedido pelo STF de assumir a presidência da República?  o relator Calheiros.
Os fatos apontados em 'a' e 'b' diminuem mais ainda a credibilidade, que é praticamente nenhuma,   da Covidão.]
Há várias lacunas nesta história das vacinas e dos atravessadores, mas uma é mais intrigante.  
Se autoridades tomaram conhecimento de centenas de milhões de doses de vacinas disponíveis para comercialização, num cenário global de escassez de imunizantes, por que não ocorreu a ninguém ligar, ou mandar uma mensagem, ou um ofício, aos fabricantes? 
Para perguntar se, afinal, as vacinas existiam mesmo. Porque se existissem seria então o caso de comprar direto da fábrica.
Sem contar que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é parceira da AstraZeneca, vacina hoje presente, em ordem de grandeza, nos braços de metade dos vacinados no Brasil. Imagina-se que não haveria dificuldade de a Fiocruz negociar diretamente com a AstraZeneca. 
Ou seja, a presença da plêiade de personagens que hoje desfilam pela CPI era absolutamente dispensável no palco político-sanitário montado em torno do tema Covid-19 e vacinas.

Para o governo, a boa notícia é que a CPI, apesar do esforço, quando a pauta é corrupção, ainda sequer resvalou no primeiro escalão ministerial ou na presidência da República. Prorrogada, ela tem agora mais três meses para tentar aproximar-se do verdadeiro objetivo.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sábado, 18 de abril de 2020

Falta um plano para o fim do isolamento – Editorial - O Globo

A volta do país à normalidade, desejo de todos, não pode ser feita sem fundamentação técnica

Uma dedução lógica indica que, se Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta por discordar do isolamento social, Nelson Teich, o substituto, foi nomeado para executar o desejo presidencial. A realidade, no entanto, pode abalar este raciocínio no que ele tem de inflexível. À margem deste conflito, em que política se mistura com saúde pública, a vida real segue sua marcha junto com o avanço da epidemia do coronavírus, responsável até ontem pela morte de mais de 2 mil pessoas no país, marca alcançada no dia da posse de Teich. O Exército, sugestivamente, pede informações a prefeituras fluminenses sobre a capacidade de seus cemitérios.

Menos tenso que na véspera ao anunciar a saída de Mandetta e sua troca pelo oncologista Nelson Teich, o presidente, na posse do novo ministro, explicitou sua preocupação prioritária com os estragos provocados pelo isolamento na economia. Sem circulação de pessoas, o comércio é estrangulado. E abrir o comércio é um risco que o presidente disse que correrá. Voltou a falar da sua preocupação com o desemprego, afirmando que deseja evitar que o custo da terapia, o isolamento, seja maior que o prejuízo da doença.


Bolsonaro sugeriu a Teich fazer uma média aritmética simples: somá-lo com Mandetta e dividir por dois. Numa epidemia em que a rapidez da disseminação do vírus supera a capacidade de os sistemas de saúde no mundo, inclusive o desenvolvido, salvarem a vida de todos os infectados, uma simples média não será capaz de estabelecer uma estratégia para o combate à Covid-19. Neste sentido, a proposta do novo ministro de criar e alimentar bancos de dados para ajudar nas tomadas de decisão é correta. Testar, também, ninguém discute. Mas é preciso saber como, com a escassez de kits de testagem. [a testagem tem sido exitosa como meio de combate ao contágio e, consequentemente, à expansão da Covid-19 - a Coreia do Sul venceu a pandemia, tendo a testagem como arma principal, com índice de letalidade inferior a 0,5%.
O risco é que um testado negativo, pode por uma, digamos, falta de sorte, presente em todas as pandemias, ser contaminado instantes depois ter fornecido o material para testagem.]

Fortalecer as bases técnicas para a definição do que fazer é sempre o melhor caminho. 
A suspensão [também a manutenção] do isolamento não pode depender apenas do desejo de autoridades políticas.
 Nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump também se choca com governadores pelo mesmo motivo — queria apressar a suspensão de quarentenas e distanciamento social —, seu governo acaba de apresentar proposta de um plano com três fases para o retorno do país à vida normal. Cada uma delas com metas objetivas que precisam ser alcançadas para que haja a liberalização. Não é mesmo assunto a ser resolvido numa penada.



Trump deseja que o relaxamento de todo este estado de emergência comece em 1º de maio, mas isso dependerá dos governadores. Cada um deles conhece melhor que a Casa Branca a situação do seu estado. Como no Brasil, também para desgosto de Bolsonaro. Ele lamenta não poder intervir em São Paulo e Rio, por exemplo, para suspender medidas de isolamento. Recente julgamento do Supremo consolidou o poder de estados e municípios sobre a gestão de medidas antiepidemia. [Registre-se que após a decisão citada, tomada pelo Pleno do STF, o ministro Dias Toffoli, em decisão monocrática(íntegra da decisão)desautorizou uma decisão municipal - Prefeitura de Santo André - , e deixou claro no despacho a necessidade de haver uma coordenação, sobre a responsabilidade do Ministério da Saúde, órgão integrante do Poder Executivo federal.]  Evita que decisões importantes fiquem nas mãos de uma única pessoa e ajuda o novo ministro nas suas preocupações em tomar decisões bem fundamentadas.

Editorial -  O Globo