Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador crise mundial. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crise mundial. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

A viagem de Bolsonaro à Rússia e a normalidade burocrática - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Visita do presidente estava marcada há muito tempo. Mas tentaram fazer as pessoas acreditarem nas possibilidades mais extravagantes

Não é a primeira vez em tempos recentes, e nem deve ser a última, que a opinião pública mundial é levada a acreditar, por força de algum repente neurótico de governos em busca de causas, que o mundo vai acabar daqui a quinze minutos. A assombração que levantam é de mais uma “guerra” nos 
Estados Unidos, na Europa e de preferência no planeta inteiro.
Trata-se de uma impossibilidade material; guerra de verdade, no século XXI, é coisa privativa de país subdesenvolvido. Mas nada detém o impulso de criar pânico, e por conta disso temos essa gritaria histérica que se
formou em torno da “invasão” da “Ucrânia” pela “Rússia”.
Alguém invadiu alguém, com tropa, tanque e bomba atômica? Não. Poderia ter invadido? Não. Resultado: quem se preocupou com isso perdeu completamente o seu tempo.

Foi a mesma coisa, tempos atrás, quando a Coreia do Norte ia disparar o seu “arsenal nuclear” em cima de Nova Iorque e Donald Trump ia apertar um botão capaz de detonar não só a Coreia e vizinhanças, como o resto da Terra. Na ocasião, os “analistas internacionais”, esses que a televisão chama para falar depois do horário nobre, garantiam, com caras de agente funerário, que a “guerra mundial” estava ali, batendo na porta. A humanidade, lamentavam, estava à beira de ser destruída por dois débeis mentais que para a nossa desgraça, comandavam sabe lá Deus quantos mísseis e outras armas de “destruição em massa”.  Não aconteceu rigorosamente coisa nenhuma, como não poderia mesmo ter acontecido, e hoje ninguém se lembra mais do assunto. Coreia do Norte? Trump?

Foi a vez da Rússia e da Ucrânia, nesses últimos dias. Os “peritos em política externa” vem prometendo, com toda a seriedade do mundo, uma guerra mundial — mais uma — por divergências militares na Europa. A Ucrânia quer entrar na organização armada que existe para “conter” a Rússia. A Rússia não quer que ela entre; levou tropas para fronteira, exibiu fotos de tanques de guerra andando pelas estradas, e o resto do roteiro que se escreve para esse tipo de ocasião. É óbvio que a Ucrânia se declarou disposta a mudar de ideia, a Rússia deu uma recuada nas tropas e o que sobrou foi o presidente Joe Biden, que passou os últimos dias tentando representar o papel do xerife que vai defender os coitadinhos, dizendo que a invasão “ainda pode acontecer”. Daqui a pouco ele desiste, a mídia vai mudando de assunto e o público em geral fica no prejuízo — ameaçado, mais uma vez, por um monte de nadas.

A excitação nervosa, nesta guerra anunciada e não entregue, ganhou um reforço particularmente cômico, com a visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia. Até uma criança de dez anos de idade sabe que uma viagem dessas não é marcada de véspera, com a intenção expressa de coincidir com um bate boca militar entre governos; tem de ser preparada longamente, e estava marcada há muito tempo. Mas tentaram fazer as pessoas acreditarem nas possibilidades mais extravagantes. Bolsonaro seria um irresponsável, ao “jogar o Brasil” no meio de uma “guerra entre potências estrangeiras”. Ou, ao contrário, seria um demagogo, querendo fingir que sua visita à Rússia segurou a barra geral, e evitou um “conflito armado” — mais ou menos como Lula e o seu “acordo de paz”, anos atrás, entre o Irã e ninguém. Falaram, com todas as letras, que “se” não estourasse a guerra durante a visita — assim mesmo, com esse “se” — o Brasil teria tido muita sorte, e outras bobagens do mesmo tamanho. Como seria possível pensar a sério que a Rússia, ou qualquer outro país, vai se preocupar com Bolsonaro para começar ou não uma guerra?

É óbvio que a visita se passou na normalidade burocrática de sempre. É esperar, agora, pela próxima crise mundial.

J. R.Guzzo,  colunista - O Estado de S.Paulo

 

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Os vários sinais da crise mundial - Míriam Leitão

O Globo

Sinais de risco de crise mundial se acumulam

O economista José Roberto Mendonça de Barros acha que pode estar perto de mudar o ciclo da economia mundial, para uma forte desaceleração ou até recessão. Um dado impressionante: há US$ 16 trilhões aplicados em ativos com rendimentos negativos e isso mostra uma atitude de defesa contra riscos. O economista Marcos Lisboa explica que o dólar, que subiu 10% em pouco mais de um mês no Brasil, está refletindo a soma da fraqueza da economia brasileira e as incertezas internacionais.

O presidente americano Donald Trump tem sido um fator de instabilidade da economia global. Ele cria ondas de especulações. Depois de ter derrubado os mercados com a nova escalada da guerra comercial, no domingo ele disse que deveria ter sido mais duro. A segunda-feira começou com queda nos mercados da Ásia, mas aí ele mudou o tom completamente, e o mercado internacional operou em alta. Postou elogios à China, como se o presidente Xi Jinping tivesse cedido. A China meio que desmentiu. Disse que nada havia acontecido de novo. Enquanto isso, os sinais de risco global se acumulam, segundo José Roberto: — O mundo tem US$ 16 trilhões aplicados em papéis com juros negativos, da Alemanha, do Japão, e de vários outros tesouros. Isso só se explica porque os investidores estão com medo de perda no portfólio. A dívida das empresas americanas está dando 47% do PIB dos Estados Unidos. É recorde. E como se sabe, não existe desalavancagem suave. As empresas de tecnologia que foram a razão da valorização do mercado estão sob risco regulatório. O modelo do Fed de NY mostra que a probabilidade de uma recessão nos EUA já passou de 30%. No passado, quando isso aconteceu, houve recessão. Além da invers
ão da curva de juros, há outro sinal clássico aparecendo que é a alta do ouro.

No Brasil, o dólar disparou 10% em pouco mais de um mês. Saiu de R$ 3,74, no dia 22 de julho, para R$ 4,13 pela taxa Ptax, calculada pelo Banco Central. É a maior cotação desde 18 de setembro do ano passado. Esse choque cambial terá efeito sobre a confiança dos consumidores e dos empresários neste terceiro trimestre. As famílias percebem que há algo errado com a economia e podem adiar decisões de compra. As grandes empresas que têm dívidas em dólares têm piora dos seus balanços. A importação de bens de capital fica mais cara.

O economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, acha que o dólar reflete as pressões ruins de fora e de dentro do país. Várias medidas prometidas pela equipe econômica acabaram não se concretizando, como a de zerar o déficit primário com a venda de estatais, e outras ideias ainda em fase de estudos chegam à imprensa e ao mercado antes de se tornarem propostas concretas: — A reforma da Previdência foi um passo importante, mas ela sozinha não resolve a questão fiscal. Os gastos obrigatórios aumentaram R$ 200 bilhões desde 2016 e isso está paralisando a máquina pública. O governo ainda não tem uma agenda clara para a recuperação, são muitas ideias de projetos ao mesmo tempo, mas várias delas não se sustentam — afirmou.

Ontem o humor do mercado financeiro foi afetado também por mais uma pesquisa de opinião mostrando queda da popularidade do presidente Jair Bolsonaro. [a pesquisa cuidando da popularidade do presidente Bolsonaro é, no presente momento, um mero dado a municiar uma oposição incompetente.] Os que avaliam o governo como ruim ou péssimo chegaram a 39% dos entrevistados pela CNT/MDA, enquanto os que pensam que é ótimo ou bom caíram para 29%. A desaprovação do presidente saltou de 28% para 54% em cerca de seis meses, enquanto a aprovação caiu de 57% para 41%. E o brasileiro está pessimista sobre a economia. A grande maioria, 88%, ainda avalia que o país permanece em crise econômica, 67% conhecem algum parente ou amigo próximo que ficou desempregado, e 28% avaliam que a economia piorou neste governo, contra apenas 23% que acham que ela ficou melhor. O medo de ficar desempregado, em relação há um ano, está maior para 55%, contra apenas 9% que acham que ficou menor.

A economia americana está desacelerando. Ainda cresce e com baixa inflação, mas há riscos. — Até agora não apareceu inflação nos Estados Unidos e isso é bom, mas esta rodada adicional de tarifas pode bater em preço porque atinge bens de consumo. Antes era de bens intermediários e bens de capital — diz Mendonça de Barros.
Trump pode ser atingido pela confusão que ele mesmo está criando na economia mundial.


Blog da Míriam Leitão - com Alvaro Gribel, de São Paulo - O Globo

sábado, 16 de janeiro de 2016

Menos emprego e renda, porém mais impostos = este é o lema de Dilma

Enquanto se discute a volta ou não da CPMF, governos já elevam impostos, mesmo em meio à talvez mais grave recessão desde a da crise mundial de 1929-30

A atual recessão, tudo indica a maior desde a provocada pela crise mundial de 1929/30, tem a particularidade de ter sido causada internamente, por erros de política econômica, cometidos a partir do segundo governo Lula e aprofundados em Dilma 1. Mas seus efeitos sobre a população são os de toda recessão: desemprego e queda de renda.

A crise apanha o Brasil depois de duas décadas da estabilização promovida pelo Plano Real. A inflação esteve contida, foi possível melhorar a distribuição de renda, mas tanto tucanos quanto petistas elevaram ao extremo a carga tributária, até chegar em 36% do PIB, a mais alta entre as economias emergentes. E ainda engessaram e indexaram gastos públicos.

Agora, na crise, os governos, a começar pelo federal, do PT, querem evitar o caminho indicado das reformas e de cortes drásticos no custeio, para não arcar com ônus político, e tentam fazer mais do mesmo: aumento de impostos. A margem para isso, porém, não existe.  Em café da manhã com jornalistas, ontem, a presidente Dilma voltou a defender a volta da CPMF e discorreu sobre a tese mais do que discutível de que reequilibrar o Brasil, num quadro recessivo, implica aumentar impostos. Já quem os paga está perdendo o emprego e sendo asfixiado por uma inflação que continuará, este ano, acima do teto da meta, de 6,5%. Ontem, por sinal, o IBGE divulgou a taxa de desemprego do trimestre de agosto a outubro do ano passado, segundo a Pnad Contínua: 9%, a mais elevada desde o início da série deste índice, em 2012. A tendência continua a ser de alta.

Debate-se muito a CPMF, mas o Planalto, governos estaduais e prefeituras de capitais já começaram a elevar impostos. Mesmo que, como se espera, o Congresso rejeite a equivocada ressurreição do “imposto do cheque”, a carga tributária já começou a subir.


Levantamento feito pelo G-1 relacionou elevação de impostosde alíquotas ou do valor do bem a ser taxado em 20 estados e no Distrito Federal. No plano federal, por MPs, já se passou a taxar, de forma progressiva, os ganhos de capital, elevou-se o gravame sobre os juros do capital próprio das empresas o que reduzirá seu caixa para investimentos —, acabou-se o incentivo tributário a eletrônicos e foi extinta a isenção das remessas ao exterior para turismo, educação e saúde. Há mais, inclusive no âmbito municipal.

Existe, portanto, uma onda de arrocho tributário sobre a população, com destaque para o ICMS, imposto estadual tão iníquo quanto a CPMF: atinge do mesmo jeito pobres e ricos, porém pesa mais, proporcionalmente, sobre a renda dos mais pobres. Que pagam sem saber. Desemprego, inflação e choque tributário formam um coquetel indigesto capaz de desestimular ainda mais o consumo e o investimento. Para Suas Excelências manterem um aparato estatal que abocanha 40% do PIB.

Fonte: Editorial - O Globo