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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Generais pressionam contra inclusão de militares na reforma da Previdência

A equipe do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, trabalha com a inclusão de todas as categorias no projeto

A equipe econômica do governo eleito foi alertada para a possibilidade de não emplacar uma ampla reforma da Previdência. No que depender dos militares, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que está em elaboração sob o comando do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, não atingirá as Forças Armadas. Generais do Exército deram o recado de que não tolerarão a inclusão da categoria na PEC. A equipe do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, no entanto, trabalha com a inclusão de todas as categorias no projeto.

Integrantes das Forças Armadas não querem estar na reforma previdenciária (foto: Ed Alves/CB/D.A. Press)

Se a pressão da caserna for bem sucedida, pode resultar também na exclusão de bombeiros e policiais militares da reforma, o que tornaria o projeto do futuro governo parecido ao encaminhado ao Congresso pelo presidente Michel Temer.   O texto em tramitação na Câmara encontra resistências entre diversos setores. A exclusão de militares, bombeiros e policiais militares foi capaz de amenizar o desgaste com as categorias. Agora, elas se movimentam para cobrar de Guedes o mesmo tratamento. A pressão maior é feita por militares. Com cinco ministros e um vice — general Hamilton Mourão (PRTB) — ligados às Forças Armadas, eles se sentem confortáveis em manter um contato próximo para tentar influenciar a futura equipe econômica, admitem técnicos da transição.

 A pressão não é restrita a Guedes, mas alcança o próprio presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). O deputado eleito Coronel Tadeu (PSL-SP), policial militar de carreira, disse que terá uma conversa com o futuro presidente hoje, após a cerimônia de formatura de sargentos na Escola de Especialistas da Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP). No encontro, do qual deve participar também o atual deputado e senador eleito Major Olímpio (PSL-SP), o assunto principal será a reforma da Previdência.

Eles pretendem levar a Bolsonaro a exigência de parlamentares pesselistas ligados à área de segurança por uma reforma diferenciada para as categorias. “O discurso está pronto. É importante ele tomar cuidado com o que a equipe econômica pretende mandar ao Congresso para não começar perdendo logo de cara”, alertou Coronel Tadeu.


Correio Braziliense
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Quem, paga a conta?

Quando se verifica a situação das contas estaduais, é o caso de perguntar: por que tantos políticos disputam o cargo de governador com tanto empenho? 

O diagnóstico é simples: há pelo menos cinco anos, a despesa com pessoal (ativos e inativos) cresce acima das receitas; há mais tempo ainda, os governos estaduais foram irresponsavelmente estimulados pelo governo federal a tomar empréstimos para tocar obras caras e que não dão retorno, como os estádios da Copa; vários Estados estão simplesmente dando o cano nos clientes e nos seus credores. A coisa chega ao ridículo: o governo de Minas [Fernando Pimentel, petista, não reeleito e o governador das consultorias fantasmas, também  responde a vários processos.] foi processado para devolver à Toyota uns 500 carros que havia comprado e não pagou. Quer dizer, estava na pior e ainda saiu comprando carros novos.

A situação é mais dramática em Minas, Rio e Rio Grande do Sul, mas nada menos que 16 Estados estão gastando com a folha um valor acima dos limites de prudência definidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.  Numa situação assim – despesas crescendo acima das receitas, com endividamento já elevado – não tem outra saída: aumentar impostos, cortar gastos e renegociar dívidas.  E o cara quer se eleger para isso? – pergunta o leitor de bom senso.  Mas bom senso não é exatamente a coisa mais bem distribuída entre políticos. No caso, os pretendentes a governador acham que não vão pagar as contas. Acham que vão empurrar tudo para os credores, em especial o governo federal.

[pergunta de um blogueiro ingênuo e meio lerdo: 
se o cargo de governador já e complicado, não atrativo, cabe estender a pergunta para o Bolsonaro: qual o motivo dele desejar ser presidente da República?  - sabe-se que ele tem como objetivo melhorar o Brasil, melhorar as condições de vida dos brasileiros (saúde, educação, segurança, emprego e outras melhoras imprescindíveis) e sendo eleito muita coisa vai fazer de boa para o Brasil;
mas, com muitas dificuldades?

não faço a mesma pergunta para o Haddad, por dois motivos:
- não converso com poste: e,
- por ser notório que Haddad no governo será a continuidade da ação da quadrilha formada pelo NOMENKLATURA do PT, da organização criminosa constituída pelo 'perda total', no assalto aos cofres públicos e o desmonte do Brasil, transformando-o em Cuzuela = Cuba + Venezuela.]


Considerem o caso do Rio de Janeiro. É o único Estado que está em processo de recuperação fiscal. Com isso, o governo fica dispensado de pagar o serviço da dívida por três anos, enquanto coloca em prática um programa de ajuste que inclui corte de gastos, controle geral de despesas e privatizações para fazer caixa e abater dívidas. Inclui também a proibição de reajustes salariais enquanto durar o programa – o que é uma medida óbvia.
É para esse programa que devem caminhar outros Estados, se o governo federal, patrocinador dos acordos e principal credor, quiser mesmo fazer o ajuste fiscal.

Nenhum candidato a governador se comprometeu com isso, nem os mais atrapalhados. Ao contrário, no Rio, o candidato Witzel acha que o pagamento da dívida deve ser estendido pelo prazo de … 100 anos. Eduardo Paes não gostou da privatização da Cedae, condição necessária para o prosseguimento do programa de recuperação. Em Minas, que necessita urgentemente do programa e tem boas estatais para vender, os dois candidatos colocaram restrições á privatização.

Em resumo, o presidente eleito tem um problema próprio: a reforma da previdência, de longe a maior despesa, e crescente, da União. Só com os aposentados do INSS, o governo federal compromete quase 50% do gasto total. Com pessoal, mais uns 25%. E o Congresso eleito, pelas primeiras análises, não é propriamente reformista. Em compensação, o Congresso é sempre amplamente favorável a medidas que facilitem a vida financeira dos Estados, onde se encontra a clientela de deputados e senadores. O Judiciário também tem uma tendência a espetar contas no orçamento federal, incluindo as suas próprias demandas.

Assim, os governadores aliados do presidente eleito vão tentar negociar na base da conversa, da troca de apoio, aquelas coisas. E os de oposição podem escolher a via do Judiciário. A demanda básica será a mesma: empurrar dívidas para Brasília e arrumar uns trocados a mais. Isso para um governo federal cuja dívida bruta caminha na direção dos 100% do PIB.  Assim, a nova equipe econômica terá que fazer dois ajustes fiscais: o seu, da União, e aqueles dos outros, dos Estados.
E para quem a União pode mandar a conta?

Adivinhou: o contribuinte, que pagará na forma de impostos e cortes na prestação de serviços públicos. Claro, a alternativa responsável está posta: para o governo federal, reforma da previdência, contenção dos gastos com pessoal e muitas, muitas concessões e privatizações para recuperar o investimento. Na relação com os Estados, o governo federal não tem como evitar uma renegociação de dívidas, mas deve exigir contrapartidas efetivas dos governadores;
A ver. Mas os sinais não são bons.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista


Coluna publicada em O Globo - Economia 25 de outubro de 2018

 

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Reajuste de militares em 2019 está garantido, independentemente de equipe econômica

A despeito da proposta da equipe econômica de incluir, no Orçamento de 2019, o adiamento para 2020 dos aumentos dos servidores públicos, os militares ficarão de fora da medida e terão os soldos reajustados. 

Fontes do Palácio do Planalto garantem que o presidente Michel Temer assumiu compromisso com a caserna e não vai voltar atrás. Os militares têm tido papel importante no atual governo.

Na avaliação do Planalto, os militares têm condições diferenciadas de trabalho e isso deve ser levado em conta na hora de se definir a política salarial da categoria. Tanto o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, quanto o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, dizem a proposta de adiamento dos reajustes de salários valerá para os militares. Assessores de Temer garantem que o aumento dos soldos em 2019 está garantido. Pelo acerto feito com o governo, ratificado pelo Congresso, os militares vão receber aumento médio de 27,9% em quatro parcelas. A primeira foi paga em agosto de 2016, a segunda, em janeiro de 2017, e a terceira, em janeiro deste ano. A próxima parcela está prevista para ser paga em janeiro de 2019. Somente no ano que vem, esse reajuste custará quase R$ 5 bilhões.

Quando fechou a correção dos soldos, o governo optou por dar aumentos diferenciados aos militares, dependendo do posto ou da graduação. Os reajustes variam entre 24% e 48% Na Aeronáutica, no Exército e na Marinha, a visão é de que o governo não rasgará o acordo firmado com as Forças. Há, inclusive, uma movimentação para tentar bloquear qualquer proposta de adiamento dos reajustes. “O governo não vai brincar com isso”, diz um representante de uma das Forças.

Veja a tabela dos soldos por posto ou graduação com os reajustes previstos para 2019.

 Postos ou graduação (Em R$)                                                                            2018              2019
Almirante de Esquadra, General de Exército e Tenente-Brigadeiro  12.763,00      13.471,00
Vice-Almirante, General de Divisão e Major-Brigadeiro                    12.233,00      12.912,00
Contra-Almirante, General de Brigada e Brigadeiro                          11.833,00       12.490,00

Capitão de Mar e Guerra e Coronel                                                                              10.832,00      11.451,00
Capitão de Fragata e Tenente-Coronel                                                                        10.642,00      11.250,00
Capitão de Corveta e Major                                                                                            10.472,00      11.088,00

Capitão-Tenente e Capitão                                                                                                8.517,00       9.135,00
Primeiro-Tenente                                                                                                                7.796,00       8.245,00
Segundo-Tenente                                                                                                                 7.082,00      7.490,00

Guarda-Marinha e Aspirante a Oficial                                                                            6.625,00      6.993,00
Aspirante, Cadete (último ano)                                                                                        1.372,00       1.448,00
Aluno do Instituto Militar de Engenharia (último ano)                                                   1.372,00       1.448,00
Aspirante e Cadete (demais anos)                                                                                    1.114,00        1.176,00

Aluno do Centro de Formação de Oficiais da Aeronáutica (demais anos)                   1.114,00         1.176,00
Aluno de Órgão de Formação de Oficiais da Reserva (demais anos)                        1.114,00        1.176,00
Aluno do Colégio Naval (último ano)                                                                              1.010,00       1.066,00
Aluno da Escola Preparatória de Cadetes (último ano)                                              1.010,00        1.066,00
Aluno da Escola de Formação de Sargentos                                                                 1.010,00         1.066,00
Aluno do Colégio Naval                                                                                                        989,00        1.044,00
Aluno da Escola Preparatória de Cadetes (demais anos) e Grumete                          989,00       1.044,00

Aprendiz-Marinheiro                                                                                                            929,00          981,00
Suboficial e Subtenente                                                                                                      5.751,00       6.169,00
Primeiro-Sargento                                                                                                               5.110,00      5.483,00
Segundo-Sargento                                                                                                               4.445,00      4.770,00
Terceiro-Sargento                                                                                                               3.584,00       3.825,00

Cabo (engajado) e Taifeiro-Mor                                                                                       2.449,00      2.627,00
Cabo (não engajado)                                                                                                              886,00         956,00
Taifeiro de Primeira Classe                                                                                                2.203,00      2.325,00
Taifeiro de Segunda Classe                                                                                                2.094,00      2.210,00

Marinheiro, Soldado Fuzileiro Naval                                                                              1.758,00       1.856,00
Soldado de Primeira Classe (especializado, cursado e engajado)                             1.758,00        1.856,00
Soldado-Clarim ou Corneteiro de Primeira Classe                                                      1.758,00         1.856,00
Soldado Paraquedista (engajado)                                                                                    1.758,00         1.856,00
Marinheiro, Soldado Fuzileiro Naval                                                                              1.478,00        1.560,00

Soldado de Primeira Classe (não especializado)                                                          1.478,00         1.560,00
Soldado-Clarim ou Corneteiro de Segunda Classe                                                      1.478,00         1.560,00
Soldado do Exército e Soldado de Segunda Classe (engajado)                                 1.478,00         1.560,00

Marinheiro-Recruta, Recruta, Soldado                                                                            854,00            956,00
Soldado-Recruta, Soldado de Segunda Classe (não engajado)                                   854,00            956,00
Soldado-Clarim ou Corneteiro de Terceira Classe                                                         854,00            956,00

CB 
 

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A ameaça Bolsonaro [ameaça ou salvação?]

O presidenciável se consolida na vice-liderança das pesquisas, mas suas ideias extremistas e seu isolamento político são um alerta para o perigo que oferece

[Bolsonaro é antes de tudo coerente; 

não oferece risco de surpresas durante o seu Governo - quiçá, Governos; 

começa a incomodar e por isso seu nome, suas ideias para um Brasil melhor, seus projetos se tornam mais divulgados e com a divulgação, com as explicações necessárias para esclarecer, sua candidatura se consolidará.] 



Do quartel ao palanque – Em seu casamento com a primeira mulher, Rogéria, em 1978 (//Reprodução)

O deputado Jair Bolsonaro quer ser presidente do Brasil. O deputado Jair Bolsonaro tem chances reais de vir a ser presidente do Brasil. Há alguns anos, essas duas frases juntas fariam a maior parte dos brasileiros rir às escâncaras. Hoje, provocam reações diversas, que vão da celebração ao pavor, mas não incluem mais as antigas gargalhadas. 
Do quartel ao palanque – Os filhos Carlos, Eduardo e Flávio, em agosto de 2017 (Antonio Milena/VEJA)
A mais recente pesquisa do instituto Datafolha mostra que o deputado se consolidou em segundo lugar na corrida eleitoral para a Presidência da República, com 17% das intenções de voto no primeiro turno, atrás apenas do líder de sempre, o ex-­presidente Lula, com 35% [além das dúvidas sobre os números apresentados para Lula, que não combinam com o percentual dos que o querem preso, bandido encarcerado não pode votar nem ser votado - e será isto que ocorrerá com o ex-"Nosso" guia, em menos de seis meses.] Os números significam que, se o petista desistir ou for impedido de concorrer por motivos penais, hipótese cada vez mais provável, Bolsonaro é hoje o candidato com maior chance de assumir a liderança. É uma novidade e tanto — e talvez a maior ameaça que o Brasil já enfrentou no atual ciclo democrático.



Do quartel ao palanque – No Congresso Nacional durante a votação do impeachment, em que homenageou o coronel Brilhante Ustra, conhecido torturador na ditadura militar, [coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, sempre ACUSADO de torturador e nunca condenado - não havia provas a sustentar as acusações - ] em abril de 2016 (Cristiano Mariz/VEJA)

Debulhando-se a pesquisa, constata-­se que Bolsonaro tem um desempenho especialmente favorável entre os jovens, na faixa de 24 a 32 anos, do sexo masculino, com renda acima de cinco salários mínimos, que residem em cidades com mais de 50 000 habitantes das regiões Sudeste e Nordeste. [e os que viveram durante o Governo Militar com certeza votarão em Bolsonaro.
Durante o Governo Militar o Brasil tinha segurança - houve alguma insegurança causada pelos porcos guerrilheiros da esquerda, tipo Lamarca, Diógenes do PT, Clemente, Fernando Pimentel,  e outros marginais que agora estão:
 - roubando os cofres públicos; 
- tentando esconder  o que roubaram;
- tentando não ser encarcerado
- presos cumprindo sentença.
Tinha também SAÚDE PÚBLICA;
EDUCAÇÃO;  
TRANSPORTE.
Hoje está tudo em frangalhos, o povo morrendo nas portas dos hospitais, sendo assassinado por um 'quentinha',  sem condições  de lazer por não poder pagar uma passagem, as  escolas caindo aos pedaços, professores não tendo apoio e sendo vítima da violência gratuita de alunos.
Muitos alunos frequentam a escola apenas pela merenda escolar - que para muitos é o almoço e o jantar.]
 Isso mostra que o grosso do seu público não viveu sob a ditadura militar e pertence a um segmento da classe média. Não é o pedaço mais expressivo do eleitorado brasileiro, mas já reúne entre 20 milhões e 30 milhões de pessoas, dependendo dos nomes que aparecem na cédula.

Do quartel ao palanque – Com a terceira esposa, Michelle, em agosto de 2017 (Antonio Milena/VEJA)

Com esse apoio, Bolsonaro colocou definitivamente a direita radical no jogo eleitoral, num país que, há poucos anos, tinha vergonha de expor ideais dessa tendência. “Eu sempre fui de direita, mesmo quando isso era crime”, orgulha-se. [deputado Bolsonaro, fique certo que muitos não deixaram de ser de direita, mesmo quando era crime - sempre tive orgulho, tenho e continuarei tendo em ser de direita e milhões de brasileiros estarão apoiando sua candidatura e futuro governo.] 

Sua ascensão ganhou um impulso monumental justamente de seu maior inimigo — o PT, que, com a desmoralização provocada pela revelação de seus intestinos criminosos, conseguiu imprimir um estrago histórico à esquerda brasileira. Antes de Bolsonaro, o maior sucesso da direita extremista foi protagonizado por Enéas Carneiro, um cardiologista folclórico e estridente que se celebrizou pelo bordão “Meu nome é Enéas” e teve 7% dos votos na eleição de 1994 — e que, não por acaso, é um dos ídolos de Bolsonaro.

Bolsonaro já é maior que dois Enéas. É recebido com fanfarra nos aeroportos por fãs entusiasmados, é solicitado para selfies até nos corredores do Congresso. Numa noite recente, depois de ser abordado por uma dezena de deputados em sessão da Câmara, comentou com a reportagem de VEJA, que o acompanhava: “Ouviu o que me disseram lá dentro? ‘Vou estar contigo no ano que vem.’ Não tem opção, cara”. Apesar dos rapapés e uivos, Bolsonaro vive em isolamento político. Não tem ligação sólida com nenhum partido. 


 O general – Ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) e ex-comandante militar do Planalto, o general Newton Cruz foi réu na ação penal do atentado do Riocentro. [ACUSADO, nunca apresentaram provas de sua participação em algum crime.] Para Bolsonaro, o militar é uma “inspiração” (Luiz Antonio/Agência o Globo)

Em quase três décadas como deputado, conseguiu aprovar apenas dois projetos e virou um saltimbanco de siglas. Pertenceu ao PDC, PP, PPR, PPB, PTB, PFL, PSC e, agora, está prestes a aderir ao PEN, cujo nome está mudando para Patriotas. No PSC, sua legenda anterior, quem lhe abriu as portas foi o pastor Everaldo Dias Pereira, aquele que a Odebrecht acusou de cobrar 6 milhões de reais para dar apoio ao candidato presidencial Aécio Neves, do PSDB. O pastor, aliás, tornou-se tão íntimo de Bolsonaro que o convenceu a cruzar o Oceano Atlântico pela primeira vez, no ano passado, para visitar Israel e ser batizado no Rio Jordão, junto com seus quatro filhos mais velhos.

Bolsonaro não oferece a seus eleitores um conjunto concatenado de ideias, não articula uma visão de Estado nem se alinha com nenhuma escola econômica. “Sou ignorante em economia”, confessa. Mas, entre suas ideias, observa-se uma tendência conspiratória, comum entre os militares, segundo a qual os estrangeiros estão sempre tramando para afanar as riquezas nacionais . Outro sinal do isolamento está em seu entorno. Seus conselheiros mais próximos são os três filhos mais velhos, do primeiro casamento: o deputado estadual Flávio Bolsonaro, a quem o pai chama de Zero Um; o vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois; e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Zero Três, todos do PSC. [por óbvio, ao oficializar sua candidatura a Presidência da República, Bolsonaro agira de acordo com sua nova condição, buscando assessoria ocmpetente e honesta.

Não tem sentido se exigir de um deputado federal - com vários mandatos - que disponha de uma assessoria do porte da necessária a um presidente da República.] Em tempos de Lava-­Jato, Bolsonaro vende seu isolamento político como um ativo. “Nenhum partido vai querer se coligar comigo porque sabem que não sou ‘piranha’ para receber certas propostas indecorosas”, diz. Apresentar-se como um solitário lírio no lodo pode parecer positivo, mas esconde um perigo. “Não ter uma base ampla e organizada não é novidade em uma eleição. Outros candidatos menos asquerosos disputarão as eleições de 2018 também sem amplas bases. Isso tudo coloca um problema: como conseguirão maioria parlamentar que dê sustentação às decisões? Todos os isolados teriam de responder a isso”, diz o sociólogo Demétrio Magnoli, da Universidade de São Paulo, que, em seguida, toca no ponto fulcral: “Agora, no campo da especulação, um presidente isolado com o perfil de Bolsonaro pode tentar apelar diretamente ao povo, por cima das instituições de mediação democráticas, como já vimos acontecer em outros países. Isso é uma ameaça à democracia porque põe em risco não a relação direta entre o presidente e o povo, mas sim as mediações entre o poder e o povo, que são fundamentais em um Estado democrático”. [a medida que a candidatura Bolsonaro se consolide e se constate uma ampla preferência do eleitorado por ele, o deputado escolherá os apoios que lhe convém e sempre em consonância com os interesses do Brasil e do povo brasileiro.]
O torturador – O coronel Carlos Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi, foi responsabilizado por torturas cometidas durante a ditadura. Bolsonaro o considera “herói” (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo) [responsabilização não sustentada por provas válidas em juízo.]
O mesmo isolamento se verifica no ambiente em que Bolsonaro passou a juventude e parte da idade adulta, as Forças Armadas. Ali, o capitão da reserva faz sucesso entre as baixas patentes, mas é visto com desconfiança pelo comando, que não apoia sua candidatura presidencial, tampouco enxerga com bons olhos o empenho do capitão da reserva em personificar a imagem da corporação. Há dois meses, na cerimônia de entrega do espadim de Duque de Caxias, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Bolsonaro ganhou tratamento de celebridade por parte dos 450 cadetes e seus familiares, mas teve recepção fria entre quem tinha mais estrelas no peito. Generais fingiam ignorar sua presença. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, sentou-se o mais distante possível dele. Com esse clima de indiferença, na mesa que Bolsonaro dividiu com a terceira mulher, Michelle, alguém comentou: “As Forças Armadas estão cheias de comunistas. Só por isso os militares permitiram que o PT ficasse tanto tempo no poder”. [sendo o assunto decidido no voto, vale lembrar que um quatro estrelas tem um voto igual a qualquer outro eleitor - e a meta de Bolsonaro é ganhar a eleição no voto;
em caso de necessidade de uma intervenção militar, o número de estrelas tem grande peso, desde que o estrelado tenha comando de tropas.]
 
Na corporação — na qual Bolsonaro é chamado de “bunda-suja”, termo usado pelos militares de alta patente para designar os que não galgaram posições na carreira —, o presidenciável deixou um passado de insubordinação que a alta hierarquia não esquece. Em 1986, Bolsonaro escreveu um artigo em VEJA reclamando dos salários e benefícios dos militares. No ano seguinte, uma reportagem, também de VEJA, revelou que ele urdira um plano para explodir bombas em locais públicos e chamar a atenção do Exército para seu pleito de aumento do soldo militar (fato que ele nega até hoje [e que não foi provado]). Um processo foi aberto para investigar o caso e Bolsonaro foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar, numa decisão que ainda é contestada. Mas as marcas do episódio ficaram nos arquivos do Exército, onde Bolsonaro é tido como um militar dado a “proselitismos políticos”.


O patriota – Morto em 2007, Enéas Carneiro especializou-se em discursos de teor nacionalista. Bolsonaro quer o ex-deputado no Livro dos Heróis da Pátria (Rosane Marinho/Folhapress)

A ilha política em que se transformou, no mundo civil ou militar, convive bem com suas posições extremadas. Em nome delas, Bolsonaro já foi classificado de quase tudo: homofóbico, racista, xenófobo, misógino, fascista. Ele atribuiu tudo a acusações distorcidas ou a pura armação promovida por inimigos da esquerda — ou, para usar sua definição predileta, “os imbecis”. Sua artilharia verbal insultuosa, que mira quase sempre as minorias, tem lhe rendido dissabores na medida em que sua popularidade cresce. Na semana passada, ele foi condenado por mais uma ofensa — nesse caso, contra os quilombolas. Em abril, em palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, rememorou uma visita a um quilombo e disse que “afrodescendente mais leve lá pesava 7 arrobas”. E acrescentou: “Não fazem nada. Eu acho que nem para procriadores eles servem mais”. A juíza Frana Elizabeth Mendes, da 26ª Vara Federal do Rio, que o condenou a pagar indenização de 50 000 reais, deu-­lhe um pito público: “Política não é piada, não é brincadeira”. E acrescentou que um parlamentar tem “o dever de assumir uma postura mais respeitosa com relação aos cidadãos”.

As intervenções provocadoras, destinadas mais a ofender opositores do que a clarear ideias, são uma marca de Bolsonaro. Na votação do impeachment de Dilma Rousseff, ele fez questão de dedicar seu voto a Carlos Alberto Brilhante Ustra, o famoso “doutor Tibiriçá” dos porões da tortura do regime militar. [Ustra foi acusado de muitas coisas, mas NUNCA foi condenado - lembrando que uma condenação só tem força efetiva quando transita em julgado e nunca uma sentença condenando o coronel Ustra se tornou definitiva.
Os que tiveram a honra de conviver com Ustra, sempre o consideraram um militar íntegro, dedicado aos seus deveres e pronto a fazer o necessário pelo Brasil. Isto é crime?] Embora Ustra esteja entre seus mentores intelectuais, Bolsonaro, ao mencioná-lo, queria apenas ofender os adversários políticos, sobretudo a própria presidente Dilma, que sofreu o suplício da tortura durante a ditadura. Dilma construiu todos os motivos para ser apeada do Palácio do Planalto, mas ter sido torturada não é um deles.

O discurso agressivo de Bolsonaro encaixa-se no clima politicamente polarizado do Brasil atual e faz sucesso entre uma camada de eleitores, mas talvez só ajude a radicalizar ainda mais o ambiente político. Diz Maurício Santoro, cientista político da Universidade do Estado do Rio de Janeiro: “Assim como ocorre com Trump e Marine Le Pen, muitas das declarações de Bolsonaro extrapolam a legalidade e são explicitamente racistas, discriminatórias ou de incitação ao crime. Só em 2017 ele já foi condenado duas vezes por incentivar o estupro e por agressões verbais contra negros. Agora, o que aconteceria se ele estivesse numa posição forte no Poder Executivo, como a Presidência da República? Ele provavelmente não hesitaria em promover discursos de ódio contra adversários ideológicos, o que pode ter consequências nefastas num país que já é muito violento”. A hostilidade ao diálogo não é novidade para Bolsonaro. Ele tem por hábito fugir de situações que não domina para evitar ser confrontado. Só viaja a locais onde é convidado por grupos de seguidores que defendem suas ideias. Os convites costumam partir de deputados estaduais e federais e de empresários locais.


Viva o golpe – O general Mourão, que defendeu uma intervenção militar, é apenas “um brasileiro indignado com esse estado de putrefação da política brasileira”, escreveu o deputado (FS 2015/Divulgação)

OS MENTORES INTELECTUAIS

Entre os ídolos declarados do Bolsonaro estão expoentes da ditadura e ativistas de extrema direita que acreditam que o Brasil está prestes a ser tomado por comunistas 
Entretanto, há um ambiente o digital — em que Bolsonaro reina soberano. Tem 5,5 milhões de seguidores nas redes sociais, muito mais do que o ex-presidente Lula, por exemplo, que tem 3,2 milhões. Na companhia permanente de um celular, ele mesmo fica praticamente todo o tempo on-line. Quem comanda seu núcleo virtual é o filho Flávio, o Zero Um. Ele criou um repertório de vídeos, memes e gritos de guerra de fácil assimilação e viés radical (com pequenas variações, são as seguintes as frases preferidas dos seguidores do deputado: “Bandido bom é bandido morto”, “Comunista tem que morrer, gay e feminazis também”, “Não gostou? Vai pra Cuba”). Recentemente, fez sucesso nas redes o tuíte em que o “Mito”, como o deputado é chamado por apoiadores, elogia o vídeo do general Hamilton Mourão, que defendeu uma intervenção militar no Brasil. “Ele (refere-se a Mourão) falou como um brasileiro qualquer que está indignado com esse estado de putrefação da política brasileira”, disse. Urros e vivas espoucaram no Facebook.

Atento à importância das redes sociais, Bolsonaro é zeloso com sua imagem digital. Na Câmara, ele percorre a passos largos e rápidos a distância de 400 metros que separa o Salão Verde de seu gabinete, no Anexo III (a “favela da Câmara”, diz ele). O gabinete de seu filho Eduardo, onde costuma receber visitas, é decorado com distintivos da Polícia Federal e da NRA, a poderosa associação que faz o lobby pró-­armas nos Estados Unidos. No percurso, um entusiasta o parou para pedir que gravasse em vídeo palavras de apoio a uma campanha de sua cidade pela renovação das armas da Polícia Civil. Outro quis uma selfie para mostrar à mulher, “fã” do deputado, segundo disse. Minutos depois, jovens da Universidade Federal da Integração Latino-­Americana (Unila) abordaram o parlamentar. Queriam seu apoio para “desmistificar a ideia de que a universidade é bolivariana”. Esses, o deputado nem parou para ouvir. “Imagine se assino alguma coisa desse lugar. Depois sou esculhambado.”

Nascido em Glicério, no interior de São Paulo, Bolsonaro criou-se em Eldorado, no Vale do Ribeira, um lugarejo de 20 000 habitantes. Ali, o grosso dos moradores atribui o atraso da cidade à demarcação de reservas ambientais, que impediriam a exploração agrícola. De família modesta (seu pai fabricava próteses dentárias, a mãe é dona de casa), ele frequentava a escola pública, era goleiro do time de futebol local e aturava a gozação dos colegas por causa do jeito desengonçado com que apanhava a bola. Seus passatempos eram caçar passarinhos com espingarda de chumbo, pescar no Rio Ribeira, ouvir no rádio o programa de Tonico e Tinoco, assistir aos filmes de Mazzaropi e — desde cedo, garante quem conviveu com ele — falar mal de comunistas. Segundo o professor Olavo Amado Ribeiro, hoje com 85 anos, de quem Bolsonaro foi aluno de português e educação moral e cívica, ele já era na adolescência um dos mais ácidos críticos de João Goulart, presidente derrubado no golpe de 1964. Mas o jovem Bolsonaro não era uma voz dissonante na cidade. “Eldorado não tinha esquerdistas”, diz o professor.

O episódio que mais moldou a forma de Bolsonaro, porém, deu-se com a chegada à região da trupe de Carlos Lamarca, o líder da VPR, organização guerrilheira de extrema esquerda. Em 8 de maio de 1970, um enfrentamento com soldados locais terminou com troca de tiros na praça de Eldorado. Bolsonaro, então com 15 anos, estava na escola no momento dos ataques. Ele lembra que os professores, amedrontados pelos tiros, esvaziaram as salas de aula e mandaram as crianças atravessar a praça rastejando para se proteger das balas. Seis soldados e uma moradora foram feridos, mas ninguém morreu. O episódio marcou para sempre a cidade e fez com que o Exército direcionasse tropas para o Vale do Ribeira. Os soldados que se confrontaram com Lamarca e a VPR, vistos como heróis, passaram a receber visitas constantes do jovem Bolsonaro, a quem estimularam a entrar na carreira militar. 


Na década de 70, coube ao seu pai, Percy Bolsonaro, trazer a política para dentro da família. Ele foi candidato a prefeito em Eldorado pelo MDB, que fazia oposição ao regime militar, mas não se elegeu. Gostava de “uma cervejinha” e não era “muito rígido” com os filhos. Algumas de suas características contrastavam com as de Bolsonaro desde cedo. “O Jair sempre foi mais radical e conservador que o pai”, diz o professor Ribeiro. Tanto que, em algumas oca­siões, seu Percy julgava que o filho se excedia no “anticomunismo”. Soltava um “o Jair é doido, é um exagerado”. A família, contudo, sempre se entusiasmou com a entrada do filho nas Forças Armadas. A prova disso é que, quando Bolsonaro decidiu abandonar o Exército para se dedicar à política, o pai foi até o Rio de Janeiro para demovê-lo da ideia. Fracassou. Agora, o filho está em segundo lugar nas pesquisas — e passou a levar a sério suas chances de chegar lá.

 O professor – Radicado nos Estados Unidos, o filósofo Olavo de Carvalho é o guru dos ultraconservadores e diz que não houve ditadura no Brasil. É consultor informal de Bolsonaro para assuntos externos (//Reprodução)

Tanto que, neste 7 de outubro, Bolsonaro embarca para sua primeira visita como político aos Estados Unidos. Seu cicerone será o filósofo ultraconservador Olavo de Carvalho, que mora lá e convidou o candidato para um road show no país. “Vamos conversar com investidores, membros do Partido Republicano e do governo de Donald Trump”, revela o deputado. Será a segunda viagem de Bolsonaro aos EUA. A primeira foi nos anos 2000, quando levou os filhos a Orlando. O político afirma que não gosta muito de viajar. Prefere passar o tempo livre no condomínio em que mora — com 100 casas de frente para o mar, na Barra da Tijuca. Ultimamente, anda cismado com segurança. Conta que, outro dia, viu um assalto em que o ladrão disparou um tiro para cima. Pensou que o episódio poderia ser “um alerta” para ele. Bolsonaro suspeita da existência de um “sistema” interessado em eliminá-lo “pelo fato de ser um outsider”. “O patinho horroroso está ficando bonito. Por isso querem me tirar. Mas vão ter de tirar na mão grande”, desafia, supondo que, mesmo que saia vitorioso, não estará imune a investidas para apeá-lo do cargo. “O sistema não me quer ali. Não quer que eu escolha ministros do Supremo”, diz.

Como todo populista, Bolsonaro tem uma solução simples para cada problema complexo. Contra a violência, propõe “dar armas ao cidadão de bem”. Ele também quer o fim do regime de progressão de pena e, para abrigar o número crescente de condenados, sugere “construir presídios agrícolas, para o preso produzir alguma coisa e trabalhar, e não ser um fardo para o Estado”. Em suas entrevistas, ele aceita discorrer apenas sobre temas que “domina”, como a exploração de metais por estrangeiros. Vencer o desemprego e fomentar o crescimento econômico, para Bolsonaro, é uma equação que se resolve com “segurança pública”. “Que empresário estrangeiro vai investir no Brasil se não podemos nem andar na rua?”, questiona. Contudo, se o empresário for chinês, ele não quer. “Os chineses estão se apropriando de nosso subsolo e, em breve, de nosso solo”, reclama. “Vamos virar inquilinos da China”, profetiza. Para o deputado, a exploração chinesa do nióbio (metal usado como liga na produção de aços especiais), em Goiás, é “um crime de lesa-­pátria”. Numa mistura de nacionalismo e nostalgia, ele apregoa que as riquezas minerais deveriam ser liberadas para extração pelos brasileiros. “O que seria do Brasil sem os bandeirantes que exploraram os diamantes? Teríamos um terço do território atual se não fossem eles. É preciso parar de tratar o garimpeiro como bandido no Brasil.”

Entre os especialistas ouvidos por VEJA, nenhum se arrisca a apostar que o deputado saia vitorioso de um pleito presidencial. Mas o fato de um grande grupo de brasileiros se engajar na campanha precoce de um candidato como ele causa preocupação. “Bolsonaro é contra todo o ideário que edifica uma democracia sólida, o que inclui a defesa dos direitos humanos e o combate à desigualdade”, diz Ricardo Sennes, da consultoria política Prospectiva. “Ele opta sistematicamente por partidos cada vez menores e cria um cenário que remete ao do ex-presidente Fernando Collor quando se filiou ao PRN. Essa falta de coalizão resultaria numa dificuldade de governar tamanha que um impeachment poderia se tornar inevitável.” Caminhando sozinho, um candidato pode até vencer a eleição, mas governar sozinho ninguém governa.


“Sou ignorante em economia”
Mesmo assim, Bolsonaro se declara contrário à política de aumento de juros para combater a inflação e votou contra o pacote fiscal de resgate do Rio

TAXA SELIC
Bolsonaro critica a política de aumentar juros para conter a inflação — o baluarte do pensamento liberal. Para ele, o Banco Central só cortou a Selic no último ano para “beneficiar banqueiros”, que temiam que os juros altos tornassem a dívida pública impagável, pondo em risco a rentabilidade de títulos públicos nos quais os bancos investem. “Banqueiro não quer levar calote”, diz. Bolsonaro afirma que defende a queda da Selic “há muito tempo”. Mas diz ser criticado por essa convicção porque o mercado acredita que “é pecado” o governo intervir na política de juros.

PRIVATIZAÇÕES
Sobre as privatizações anunciadas por Temer, ele se esquiva de dizer se manterá o plano caso seja eleito. “Tem coisa que dá para privatizar para acabar com o loteamento político. Mas setor estratégico não se privatiza. Nos Estados Unidos, é o Exército americano que cuida das hidrelétricas. Algumas coisas não podem sair da tutela do Estado. Chamam os militares de estatizantes, mas como fazer Itaipu com dinheiro privado?” Contudo, Bolsonaro votou a favor de desobrigar a Petrobras de participar dos leilões do pré-sal e discordou quando o governo Dilma determinou que a empresa tivesse participação obrigatória de 30% nos consórcios.

AJUSTE FISCAL
Bolsonaro nunca esteve alinhado à agenda de corte de gastos públicos nos seus sete mandatos como deputado. Sempre defendeu corporações do funcionalismo, em especial os militares, sua base eleitoral, votando a favor de reajustes salariais e de pensões. Neste ano, opôs-se ao pacote fiscal de resgate do Rio de Janeiro, que previa a venda de estatais fluminenses e a redução de benefícios de servidores. Mas, numa flagrante contradição, causou revolta nos próprios eleitores ao votar a favor da proposta que estabelece um teto de gastos para o governo em 2016, apesar de ter discursado contra a medida.

EQUIPE ECONÔMICA
Bolsonaro diz receber conselhos de um economista do setor financeiro cuja identidade não revela. Afirma ainda não ter pensado em um nome para assumir a Fazenda, caso ganhe. Costuma dizer que os generais não eram economistas e fizeram o Brasil crescer como nunca nos anos 1970. “Sou ignorante em economia, mas foram os especialistas que levaram o país para o buraco”, declara, deixando de lado o fato de que foram os especialistas que venceram o ciclo de hiperinflação.

CHINA
Ele faz críticas à China, país ao qual o Brasil “está entregando o seu solo e subsolo”, segundo diz. Tem obsessão pela ideia de que o Brasil possui riquezas geológicas pouco exploradas, como o nióbio e o grafeno, que, um dia, serão tomadas pelos chineses. “O chinês não tem coração. Não manda seus homens para o Afeganistão nem para lutar no Iraque. Manda homens de negócios para comprar tudo. A China está garantindo sua segurança alimentar com as nossas terras, e vamos nos tornar inquilinos dela”, diz.


 Fonte: Revista VEJA

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Bolsonaro na Veja: uma rápida nota -

... a jornalista que assina a peça de propaganda contra o deputado Jair Bolsonaro para a Veja desta semana, é uma daquelas figuras típicas do jornalismo tucano: formada na Wharton Business School, ela não é ignorante o suficiente para acreditar em economia marxista ou keynesiana, mas subscreve toda a agenda cultural da esquerda, venera o lumpemproletariado (o povo oficial, formado pelas “minorias”) e sente nojo do povo real, que se preocupa com segurança pública, está farto da roubalheira da classe política e repudia a corrosão dos valores tradicionais simbolizada em exposições como a do MAM e do Queermuseu.

Não surpreende, portanto, que ela tenha se colocado a serviço de figuras como o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Dória (a quem ela parece ser mais simpática nas redes sociais) e esteja trabalhando, ativamente, contra o candidato que dará mais trabalho aos dois.

Não há nenhuma grande novidade em nada disso, mas a capa da revista é um tanto curiosa. Apostando em uma chamada em letras vermelhas e com um subtítulo repleto de adjetivos — insultuoso, extremista e outras platitudes do tipo –, a Veja tenta alertar seus leitores (em número cada vez menor) de que o deputado federal representa uma grande ameaça. No interior da revista, o conteúdo da matéria segue a mesma linha, com o agravante de dizer algumas bobagens sobre o professor Olavo de Carvalho, mas o que mais chama a atenção é mesmo a capa, que em um certo sentido, mais profundo do que a turminha do André Petry poderia imaginar, acerta o alvo.

O deputado Jair Bolsonaro representa mesmo uma ameaça. Ele ameaça os arranjos do establishment brasileiro, de que fazem parte a Veja e o tucanato em geral; a hegemonia da tríade PT-PMDB-PSDB e a sobrevivência de seus esquemas de corrupção; a instrumentalização das instituições de ensino para a formação de idiotas úteis como os que assinam a edição da revista; e a cultura do banditismo que, todos os anos, vitima centenas de milhares de brasileiros. 

O deputado ameaça, ainda, todos aqueles que abominam a idéia de serem governados por alguém que pensa, fala e age como a maior parte do povo brasileiro e que, no mínimo, atrapalha um bocado os mais diversos esquemas de poder conduzidos por grupelhos iluminados que desejam ditar os rumos do país. (...)


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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Governo muda meta e pode congelar reajuste de servidor

Governo anuncia hoje mudança nas metas fiscais de 2017 e 2018

O presidente Michel Temer concordou e o governo vai anunciar hoje, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, as mudanças das metas fiscais deste ano e de 2018. O anúncio será feiro após reunião de Temer com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira, e com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira. O rombo deste ano deve passar de R$ 139 bilhões para algo entre R$ 155 bilhões e R$ 159 bilhões. Para 2018, com buraco previsto de R$ 129 bilhões, fala-se em rombo em torno de R$ 170 bilhões. O anúncio da meta nesta semana foi antecipado pelo Blog e pelo Correio em edição de 2 de agosto.


É possível que o governo suspenda o pagamento dos reajustes de 2018 acertados com os servidores. A parcela só deve ser paga em 2019, gerando uma economia próxima de R$ 11 bilhões. A polêmica sobre esse ponto, porém, é grande, uma vez que todos os aumentos foram aprovados pelo Congresso e envolve categorias muito mobilizadas, como a dos auditores fiscais da Receita Federal. O governo também deve anunciar o corte de uma série de benefícios aos servidores, que custam R$ 16 bilhões por ano.

O governo decidiu anunciar logo as novas metas fiscais para evitar mais desgaste sobre o assunto. O embate na equipe econômica está grande. Por Henrique Meirelles, as mudanças só sairiam no fim do mês, depois de todos os acertos com o Congresso sobre projetos que podem incrementar as receitas, como o do Refis. Mas Dyogo Oliveira e os ministros da área política brigaram para que o anúncio fosse feito logo para tirar o tema de pauta.

Se dependesse só da área política, o deficit fiscal deste ano e de 2018 seria de R$ 170 bilhões. Segundo o presidente do PMDB, senador Romero Jucá, esse seria o número ideal para acomodar todas as despesas. Mas a equipe econômica acabou batendo o martelo para que o rombo deste ano ficasse, no máximo, em R$ 139 bilhões, e o de 2018, em até R$ 129 bilhões. O problema é que o governo apostou demais em receitas extraordinárias para cobrir o aumento de gastos. A arrecadação extra não se confirmou.

Fonte: Blog do Vicente - CB

 

domingo, 30 de julho de 2017

União se estende por toda a capital, gastando R$ 1,66 bilhão em aluguéis

Se, por um lado, a equipe econômica tem dificuldades para impor limites ao deficit fiscal, por outro, a União Federal se estende por toda a capital, gastando R$ 1,66 bilhão em aluguéis, equivalente a 25% do corte que o governo fará para reduzir o rombo

Da mesma forma que os gastos públicos extrapolam o Orçamento, os principais órgãos da Administração não cabem mais na Esplanada dos Ministérios. Com dezenas de prédios importantes espalhados pela cidade, o Eixo Monumental se torna, em muitas situações, uma via dispensável para boa parte dos brasilienses, inclusive servidores da União. Os custos dessa descentralização, no entanto, são altos. Ao mesmo tempo em que o governo se desdobra para cortar R$ 5,9 bilhões do Orçamento para a dívida caber na meta fiscal do ano, gasta milhões em aluguel de imóveis para alocar os servidores que não se contentam mais com as sedes, despesa que chegou a R$ 1,66 bilhão em 2016, praticamente um quarto do corte de gastos que o governo anunciou na semana passada. Esse valor equivale a quase o dobro dos R$ 785 milhões que foram gastos em 2011 com o mesmo tipo de despesa.

Apesar das contas em vermelho, 2017 tem mantido o ritmo da gastança. Até 19 de julho, já se foram R$ 817,6 milhões em aluguéis, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, com base em dados do Ministério do Planejamento. R$ 215 milhões foram para pagar imóveis no Distrito Federal, onde ficam as sedes. Mesmo que a justificativa oficial seja que não tem como alocar todos os 656 mil servidores civis federais (sem contar os terceirizados e estagiários) apenas nos ministérios, os especialistas não encontram explicação aceitável para o crescimento na ordem de centenas de milhões de reais de um ano para o outro.

É uma conta complicada de se digerir, ainda mais em tempos de recessão. “Enquanto o governo está aumentando impostos, não consegue diminuir gastos que seriam mais simples, como com aluguéis. A União tem milhares de imóveis ociosos, que poderiam ser usados por esses ministérios, mas dá prioridade para prédios mais luxuosos ou mais modernos”, criticou o presidente da ONG, Gil Castello Branco, especialista em contas públicas.

O ministério que mais gastou com aluguéis este ano foi o dos Transportes, que, até 19 de julho, desembolsou R$ 20,9 milhões, sendo que R$ 2,8 milhões foram só com um prédio no Setor de Autarquias Sul. A pasta da Saúde não fica muito distante. Destinou R$ 20,7 milhões até agora ao pagamento de aluguéis de cinco prédios. Para diminuir esses gastos, quatro unidades serão unificadas em um só ponto, afirmou a pasta. “Além da extinção de contratos de aluguel, a medida racionaliza custos com deslocamentos e manutenção predial, como elevadores, recepção, vigilância, limpeza e energia elétrica”, explicou, em nota, a assessoria de imprensa.

A medalha de bronze de órgão do Executivo mais gastador de 2017 foi para o Ministério da Educação, com R$ 17,5 milhões em contratos. Vale lembrar que a conta inclui autarquias, como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entre outras. Só para manter o prédio da Capes, por exemplo, que fica no Setor Bancário Norte, o governo gastou R$ 6,3 milhões este ano. A sede do Inep, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), foi responsável pela despesa de R$ 6,9 milhões, quase metade do valor total que o ministério gastou com aluguéis ao longo do ano. “Em vez de os órgãos se adaptarem ao que a União tem, o contribuinte precisa pagar mais para que eles se instalem em prédios mais modernos e de última geração”, explica o cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice.

A divisão também é comum no Ministério da Cultura. Desde o ano passado, seis secretarias da pasta dividem os 9,5 mil m² da torre B do edifício Parque Cidade Corporate, no Setor Comercial Sul.  O ministério considera o espaço “adequado para a quantidade de colaboradores”, apesar de gerar um custo milionário, de R$ 6,9 milhões com aluguel, condomínio e tributos da torre no primeiro semestre do ano. “O Ministério da Cultura está, em conjunto com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), buscando um imóvel próprio da União ou uma permuta para alocar todos os colaboradores, com o objetivo de acabar com os custos de aluguel”, garantiu.
 
Fonte: Correio Braziliense
 
 
 

domingo, 22 de maio de 2016

Caos e armadilhas, a herança de Dilma

Como se não bastassem o rombo bilionário nas contas públicas e a desordem na economia, o governo Dilma ainda promoveu uma baderna administrativa com o objetivo de constranger o sucessor e animar a militância

No momento em que o ministro Henrique Meirelles anunciava os nomes de sua equipe, na última terça-feira, em Brasília, a economia real expunha uma de suas facetas mais cruéis a uns poucos quilômetros da sede do Ministério da Fazenda. Desde as 6 horas da manhã, jovens, muitos deles com diploma universitário, formavam uma fila quilométrica para candidatar-se a uma vaga de trabalho numa rede de restaurantes. Foram mais de doze horas de espera debaixo de sol, depois de chuva, apenas para entregar um currículo que os habilitaria a um salário que varia de 800 a 1 500 reais, dependendo da qualificação, mais plano de saúde. É um microexemplo da grave situação que o Brasil atravessa. Os jovens são parte de um contingente de 11 milhões de desempregados, vítimas de erros em série na economia, uma dose cavalar de incompetência e muita corrupção nos governos comandados pelo Partido dos Trabalhadores. Na cerimônia, o novo ministro disse que tem pressa. Há realmente muito que fazer e, antes disso, muito a ser desfeito. As primeiras auditorias oficiais mostram que o descontrole e a falta de transparência na governança da presidente afastada Dilma Rous­seff não eram lendas criadas pela oposição, mas realidades amargas.

O exemplo mais evidente é o tamanho do rombo previsto para este ano nas contas públicas. Em apenas uma semana de inspeção, o buraco dobrou de tamanho. O governo Dilma pediu autorização ao Congresso para fechar o ano de 2016 com um rombo de 97 bilhões de reais. Esse descompasso assustador está na origem do caos econômico. A situação, porém, é muito pior. Primeiro, o governo estimou o rombo em 160 bilhões de reais. Na sexta-feira, depois de novo cálculo, o rombo subiu para 170 bilhões de reais.

Como se vê, Meirelles e sua equipe terão pela frente um desafio maiúsculo. O ministro já anunciou que pretende sanear as contas enfrentando as resistências a reformas importantes, como a da Previdência. As projeções do próprio governo mostram que, em trinta anos, o rombo do INSS, hoje de 133 bilhões de reais, vai aumentar quase vinte vezes, e deve superar a barreira dos 200 bilhões de reais já em 2020. Se nada for feito, os jovens de hoje, incluindo os 3 000 que disputam o emprego no restaurante em Brasília, poderão ficar sem os benefícios num futuro próximo.

Exemplos de má gestão estão emergindo em praticamente todos os órgãos federais. No Ministério das Relações Exteriores, a dívida ultrapassa os 800 milhões de reais. A conta inclui os repasses aos consulados, a ajuda de custo dos diplomatas (muitos tiveram de contrair dívidas para pagar aluguéis) e os pagamentos de organismos internacionais aos quais o Brasil é associado. Nos ministérios dos Transportes e das Cidades há bilhões de reais em despesas autorizadas sem os recursos em caixa para quitá-las. O governo petista também deixou bombas armadas nas principais empresas estatais. Dá-se como certo entre os analistas do mercado financeiro que as estatais precisarão receber uma injeção de dinheiro público. Do contrário, não terão condições de honrar suas dívidas. A agência de classificação de risco Moody's calcula que será necessário cobrir um rombo monumental, de valor estimado entre 300 bilhões e 600 bilhões de reais. Na semana passada, já como consequência do descontrole, a Bolsa de Valores de Nova York impediu a negociação de ações da Eletrobras. O balanço da estatal é tão nebuloso que a empresa contratada para auditá-lo se recusou a fazê-lo.

Há outros problemas a enfrentar a curtíssimo prazo. Ao perceber que o processo de impeachment era inevitável, Dilma Rousseff, a Afastadaresolveu dar uma última contribuição à irresponsabilidade administrativa: demarcou terras indígenas em áreas de conflito, concedeu reajustes salariais impagáveis, nomeou aliados para cargos de confiança, liberou verbas a aliados do governo e anunciou medidas que ela própria sabia carecerem de financiamento. Ministros encontraram a contabilidade quebrada, com milhões de reais em dívidas com fornecedores, obras atrasadas e um emaranhado de nomeações de militantes petistas para cargos de terceiro escalão. "Estamos suspendendo um número absurdo de empenhos e de liberações que foram feitas nas últimas semanas. Há um punhado de nomeações que beiram a irresponsabilidade e uma série de outras coisas", diz o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que, depois de vasculhar os arquivos da sua pasta, descobriu quase 1 000 cargos de confiança abertos pelo antecessor, o petista Ricardo Berzoini - metade dos quais, segundo ele, ocupada por fantasmas.

Num espaço de dez dias que antecedeu o seu afastamento, a presidente anunciou o aumento do benefício do programa Bolsa Família, a construção de 11 000 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida -Entidades e o reajuste salarial em massa para quase 75 000 servidores. A bandalheira é justificada pelos petistas como uma inteligente estratégia política - forçar os novos ministros a cancelar as medidas generosas e alimentar uma agenda negativa.

O deputado tucano Bruno Araújo teve de desarmar a armadilha. Assumiu o Ministério das Cidades tendo como primeiro ato a suspensão da construção de milhares de moradias populares anunciada - sem previsão orçamentária - por Dilma. No dia seguinte, os movimentos de sem-teto divulgaram protestos contra o governo. A mesma casca de banana foi deixada no caminho do ministro do Planejamento, Romero Jucá. Ele foi obrigado a comunicar a revisão de reajustes salariais concedidos por Dilma. Algumas categorias já planejam greves.

No Ministério da Justiça, Alexandre de Moraes, o novo ministro, assumiu o cargo enfrentando protestos de índios contra a revisão da demarcação de terras realizada pela Funai um dia depois do afastamento de Dilma. As arapucas também se estendem à desapropriação de fazendas para a reforma agrária decretada no apagar das luzes, o que, evidentemente, deu ao Movimento dos Trabalhadores Sem ­Terra (MST) argumentos para acusar o governo de ter se rendido aos latifundiários. As lideranças já organizam protestos e invasões. O amplo pacote de "bondades" também incluiu o reajuste na tabela do imposto de renda, algo que até pode ser considerado justo, mas, neste momento de arrocho, terá o efeito de sugar mais 5 bilhões de reais do combalido Tesouro Nacional. O presidente interino Michel Temer deve apresentar nesta semana a primeira radiografia do governo. Vai denunciar o que ele considera uma operação de sabotagem e anunciar as medidas que serão implementadas para reverter o caos.

A nova equipe econômica terá alguns dos maiores especialistas em finanças públicas do país - e, até recentemente, críticos impiedosos dos descaminhos do governo. Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central na administração Lula, já deixou evidente logo nos primeiros atos que fará uma assepsia nas empresas estatais. Para chefiar a Petrobras, o epicentro do maior escândalo de corrupção da história, o ministro nomeou o economista Pedro Parente, que ocupou o cargo de ministro do Planejamento e depois chefiou a Casa Civil no governo FHC. Ao aceitar o cargo na Petrobras, Parente reforçou a necessidade de uma gestão técnica e disse que não haverá mais indicações políticas para a diretoria da estatal. Foi a exigência do ex-ministro para aceitar o posto. O BNDES, um dos responsáveis pelo rombo nas contas públicas, será comandado por Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A executiva tem experiência em privatizações - e a venda de ativos do setor público, além do indesejado aumento de impostos, é uma das saídas estudadas para levantar recursos e abater a dívida pública.

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