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quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Prepare-se que alguém terá de bancar o teto de gastos furado - Alexandre Garcia

VOZES - Gazeta do Povo

Impostos

Uma má notícia para o contribuinte, para os pagadores de impostos – que somos todos nós. 
Você pode achar que não paga imposto de renda, mas quando você vai na esquina comprar óleo de soja, macarrão, feijão e arroz, você está pagando imposto sim.  
Talvez você tenha de pagar mais imposto e o produto vai ficar mais caro pra suprir toda essa despesa que agora está nos esperando.
 
Aprovaram esse teto de gastos furado. São 200 bilhões a mais de gastos. Agora, todo esse dinheiro não vai cair do céu. 
Tem de sair de algum lugar.  
Se emitir moeda, vão tirar o dinheiro do nosso bolso direto pela inflação; se emitirem papeis, terão de pagar mais juros, e nós vamos pagar mais juros também quando comprarmos qualquer coisa no crediário, que vai ficar mais caro. Vamos comprar menos, e o varejo vai vender menos, menos imposto será recolhido e entraremos no círculo vicioso que causou a recessão no governo Dilma. [onde está a surpresa? afinal, eles querem impor o apedeuta eleito, isso ocorrendo teremos uma Dilma mais incompetente, piorada.]

Aumento para os “cidadãos de primeira classe”
Essa volta ao passado que a gente começa a antever o mercado já percebe, assim como os investidores, os industriais. 
Eu vejo pesquisas entre as indústrias, mostrando que o pessoal já está com um pé atrás, reduzindo a confiança. 
O agro está parando de investir e, enquanto isso, os deputados e senadores aprovaram aumento geral para esses cidadãos de primeira classe, esse pessoal que fica pendurado na folha de pagamento pública, sendo sustentado pelos que estão trabalhando com aposentadoria bem menor, com menos férias, menos regalias. 
Esse pessoal da primeira classe vai ter aumento de 18%. 
São quase 30 mil funcionários da câmara e do senado, 513 deputados, 81 senadores, os ministros do Supremo, o futuro presidente da Republica, todo mundo recebendo aumento. [o efeito cascata será inevitável, desejado e, por incrível que pareça, justo.]


A arrecadação recorde do governo
Que delicia! Parece que vamos desfrutar porque, afinal, o atual governo está com recorde de arrecadação. E um recorde muito saudável. A arrecadação subiu sobre a renda, sobre o rendimento, e caiu sobre a produção, estimulando o setor produtivo. Enfim, vão ter de sustentar também 37 ministérios.

Meu Deus do céu, é muito ministério! Agora, o último anunciado é o Ministério da Igualdade Racial. Eu acho que esse termo já é racista, porque usa raça como referência, mas, enfim, esse ministério será para a irmã da Marielle Franco. Vocês vão perguntar “mas o quê que ela faz?”. Ela é a presidente do Instituto Marielle Franco.                                 Aliás, a Marielle se chamava Marielle Francisco da Silva, e adotou o “Franco”. 
A irmã dela também adotou o nome e agora é Anielle Franco. 
A Janja não conseguiu emplacar uma colega dela de Itaipu para o Ministério da Igualdade Racial e quem foi escolhida foi a Anielle.
 
Os velhos ministros de sempre e a volta ao governo de Dilma
E a Marina Silva vai paro o Meio Ambiente porque a Simone Tebet não aceitou. 
Tebet só quer o Ministério do Desenvolvimento Social, que tem o Auxílio Brasil, mas esse o PT não vai dar para ela, está dando para o Wellington Dias. 
A Marina Silva se junta ao velho Ministério de Todo Mundo Que Já Foi.  
Tem o Alexandre Padilha, que foi da Saúde, o Zé Múcio, que foi de Assuntos Institucionais, o Mauro Vieira que foi do Itamaraty, o Luiz Marinho que foi do Trabalho, o Haddad que foi da Educação, o Mercadante que foi também alguma coisa no governo.[que nem ele lembra.]

É uma volta do passado. Está voltando, pela gastança e pelos erros, para o governo Dilma e não para aquele primeiro governo Lula, mesmo porque a conjuntura mundial no primeiro governo Lula era altamente favorável, transbordava investimento para o Brasil. O mundo ia bem, agora não; o mundo está afetado pela pandemia e pela guerra lá na Europa.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do  Povo - VOZES

 

quarta-feira, 13 de abril de 2022

O Brasil não precisa importar trigo - Evaristo de Miranda

Revista Oeste

A Embrapa Territorial identificou quase 3 milhões de hectares com condições favoráveis para a triticultura nos cerrados brasileiros

Plantação de trigo | Foto: Shutterstock 

 Plantação de trigo | Foto: Shutterstock

Companheiro! Hoje, essa expressão possui tons políticos. Seu significado literal evoca aquele com quem compartilhamos o pão (cum panis). O pão é um dos maiores símbolos da alimentação humana. É alimento material e espiritual. Como na metonímia, o pão nosso de cada dia. O Cristianismo considera Jesus Cristo o Pão da Vida (Jo 6,48) e associa Pai Nosso (ORAÇÃO) e Pão Nosso (EUCARISTIA). A fabricação do pão é simples: farinha de trigo amassada com água e um pouco de sal. A massa com levedura descansa, cresce e vai a um forno com temperaturas altas. Quando falta trigo, falta pão. E não só. A farinha de trigo é a base de macarrões, bolachas, bolos, pizzas, pastéis, pudins, bolinhos…

O trigo é o segundo cereal mais cultivado e produzido no mundo, depois do milho. E é também o segundo cereal em consumo humano, depois do arroz. Mais de 70% do trigo é destinado à alimentação humana, enquanto boa parte do milho é usada na produção de etanol, ração animal e outras finalidades não alimentares. O trigo é a principal fonte de calorias em mais de 80 países. O Brasil, grande produtor e exportador de alimentos, depende de importações de trigo.

Em 2021, houve uma exportação recorde de mais de 2 milhões de toneladas de trigo brasileiro

O Brasil é o sétimo importador mundial de trigo e compra na ordem de 7 milhões de toneladas por ano, essencialmente da Argentina (85%). Foram quase US$ 3 bilhões, apenas em 2021, enviados ao exterior para não faltar pão nem macarrão. Em 2021, o país plantou 2,74 milhões de hectares de trigo e colheu 7,7 milhões de toneladas. Uma safra recorde. O consumo interno foi de 12,5 milhões. A atual produção brasileira atende mais da metade da demanda interna.

Os cinco principais exportadores de trigo são Rússia, Estados Unidos, União Europeia, Ucrânia e Argentina. A produção mundial em 2020 foi da ordem de 770 milhões de toneladas, cultivados em cerca de 219 milhões de hectares. Rússia e Ucrânia representam juntas cerca de um terço do trigo exportado no mundo e são os grandes fornecedores da África do Norte. A Ucrânia é o quarto exportador de trigo. A guerra elevou o preço internacional do trigo em mais de 30%.

Moinhos, indústria agroalimentar e de rações relutam em pagar por aqui as valorizações refletidas do mercado internacional pela guerra para os cereais. O milho está em patamares próximos das máximas históricas no Brasil. As cotações do trigo atingiram o maior valor em 14 anos. O mercado interno anda devagar, à espera de alguma pouco provável acomodação nos preços.

O Brasil também exporta trigo. Milhões de toneladas. Todo santo ano. Em 2021, por razões logísticas e econômicas, houve uma exportação recorde de mais de 2 milhões de toneladas de trigo brasileiro. E a exportação prossegue em 2022. Razões de mercado não faltam, e a guerra na Ucrânia ajuda.

Com câmbio favorável e um mercado interno em marcha lenta, a exportação de trigo atingiu volumes nunca vistos. A estimativa de exportação de trigo do Brasil no período 2021/22 (de agosto a julho) foi revisada de 2,5 para 2,7 milhões de toneladas. De dezembro de 2021 a fevereiro de 2022, os embarques de trigo somaram cerca de 2 milhões de toneladas, o dobro do volume de todo o ano passado. Em todo o mundo, a guerra ampliou a exportação de trigo em 25%.

Isso comprometeu a disponibilidade interna e as margens dos moinhos. Logo, o Brasil só contará com as importações para atender à demanda interna, até a nova safra, em setembro. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, o Brasil vive o livre mercado. Isso proporciona exportações na conjuntura atual e estimula a ampliação do plantio na nova safra. Em 2022, o Brasil semeará 3,6 milhões de hectares, a maior área dos últimos 36 anos. Se o clima ajudar e a produtividade média atingir 3 toneladas por hectare, a produção nacional se aproximará de 10 milhões de toneladas.

O trigo pode seguir o caminho da soja e do milho nas últimas décadas. Em 20 anos, o Brasil passou de 35 milhões de toneladas de milho por ano para cerca de 120 milhões. Para a Embrapa Trigo, limitados unicamente ao mercado interno, os triticultores tinham poucos incentivos. Agora, os preços externos elevados dão sustentação aos preços internos. A demanda da indústria brasileira é boa e oferece garantias aos produtores. A Argentina, principal exportador para o Brasil, está diversificando seus mercados. O Brasil tem boas oportunidades para ampliar a exportação ao mercado africano.

Plantação de trigo em Cascavel, Paraná - Foto: Shutterstock

As regiões tradicionais no Paraná enfrentam dificuldades para expandir a área de trigo. Os cultivos de inverno ocupam apenas 20% das áreas cultivadas no verão. Já no Rio Grande do Sul, a área poderá crescer em até 30% em 2022. A Embrapa, junto com o setor privado, lidera a expansão de área e o aumento da produtividade do trigo tropical. Minas Gerais e Goiás expandiram em mais de três vezes a área cultivada entre 2012 e 2020, e ultrapassaram 100 mil hectares.

Experimentos da Embrapa e parceiros comprovam o potencial de produção de trigo tropical de sequeiro no Norte e no Nordeste, como em Roraima, Piauí, Maranhão, Alagoas e Ceará. Algo inimaginável tempos atrás. É a capacidade científica de adaptar o trigo às condições tropicais, como foi feito para a soja, com variedades adaptadas até ao clima equatorial. E essa expansão poderá ocorrer sem implicar novos desmatamentos, em áreas já utilizadas nos cerrados com a produção de grãos. A Embrapa Territorial identificou 2,7 milhões de hectares com condições favoráveis para a triticultura nos cerrados brasileiros.

A produtividade do trigo aumenta constantemente. Na década de 1990, a média era de 1,5 tonelada/hectare (ton/ha). Na de 2000, chegou a 2,5 ton/ha, quase 70% a mais. Hoje, as melhores lavouras já superam 5 ton/ha nas regiões produtoras. No Cerrado, sob irrigação, com variedades da Embrapa, como a BRS 264, produtores atingem mais de 9 ton/ha. Paulo Bonato, de Cristalina (GO), colheu 9,63 ton/ha em 2021, um recorde mundial de produtividade. O trigo avança, graças às melhores tecnologias de produção, ao empreendedorismo e à competência dos agricultores.

A conhecida expressão “pão e circo” (panem et circenses) foi usada pelo poeta satírico romano Juvenal (Decimus Iunius Iuvenalis) para denunciar a distribuição de pão e a organização de jogos pelos imperadores romanos para desviar a atenção dos cidadãos de outras preocupações importantes. No circo político atual do Brasil, o pão tem sido usado para desviar a atenção dos legítimos problemas e de suas verdadeiras soluções. A falta de trigo derivada da guerra neste momento é estimada em menos de 1% do cultivo global. E a  produção de trigo no Brasil já é grande e pode avançar mais e rapidamente. Isso é relevante.

Para o presidente da Embrapa, Celso Moretti, tempos de guerra relembram a importância da segurança nacional, e isso inclui a segurança alimentar e a necessária autossuficiência brasileira na produção de trigo. O país deve adotar as políticas e os mecanismos necessários para expandir a produção tritícola. Não há solução mágica. O Ministério da Agricultura aprovou um plano da Embrapa Trigo para expansão da produção da triticultura no Cerrado. Os recursos previstos de R$ 2,9 milhões fomentarão ações por 36 meses. Os objetivos são: aumentar a área cultivada em 40% até 2025, de 252.000 hectares, em 2021, para 353.000 hectares; capacitar 70 assistentes técnicos; produzir 1.760 toneladas de sementes no período; apoiar dias de campo, unidades demonstrativas, lavouras expositivas e visitas técnicas, além de fóruns e reuniões de pesquisa.

As ações de pesquisa e transferência de tecnologia serão em São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, além do Distrito Federal. Deveriam complementar essas ações, melhorias na logística, impostos equilibrados e incentivos aos setores envolvidos, da produção à pós-colheita.

Pão de hoje, carne de ontem e vinho de outro verão fazem o homem são, diz o adágio latino. Carnem hesternam, panem hodiernum, annotina vina, sume libens dicto tempore, sanus eris. A sanidade alimentar está ao alcance de tratores e mãos dos produtores brasileiros. Sus! A Embrapa estima ser possível produzir até 22 milhões de toneladas/ano de trigo no Brasil. Isso triplicará a produção atual e tornará o país um dos dez maiores exportadores de trigo. Sus! O Brasil tem tecnologia e produtores preparados. Precisa subir no barco certo. Já dizia Gil Vicente no Auto da Barca do Inferno: “Companheiro… Sus, sus! Demos à vela!”.

Leia também “Gigante no açúcar, anão no mel”

Evaristo de Miranda, colunista - Revista Oeste

 

sábado, 18 de novembro de 2017

Na cadeia, Picciani conversou com Cabral e desabafou: 'sistema é muito degradante'



Peemedebista fica 24 horas em presídio e não tem o cabelo raspado

Preso na quinta-feira por determinação do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, teve um dia intenso na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica:  — Eu não posso dizer que foi tudo bem. Não é uma situação agradável. É muito triste. O sistema carcerário é muito degradante — desabafou Picciani, logo depois de deixar o presídio.
‘"É um corredor. Não tinha como não encontrar com o ex-governador (Cabral)"’
- Jorge Picciani - Presidente da Alerj

Ele ficou 24 horas detido na companhia de seus colegas de parlamento Edson Albertassi e Paulo Melo. Na sexta-feira, Picciani e os dois parlamentares foram soltos após decisão da Alerj.
Aos 62 anos e há mais de 27 anos na política, o mais poderoso cacique do estado dividiu a cela com mais cinco presos, conversou com o ex-governador Sérgio Cabral e experimentou o sabor do cardápio do dia: arroz, macarrão, feijão, uma porção de proteína (carne, frango ou peixe); salada, fruta ou doce de sobremesa, além de refresco.
— Eu nunca tinha sido preso e só quem já foi sabe como é. A prisão não é uma situação confortável, mas eu fiquei com dignidade. Fui tratado com respeito pelos funcionários, que foram duros, mas serenos no cumprimento de suas funções. Me trataram com todo respeito, sem nenhum privilégio — afirmou Picciani.
O deputado ficou na mesma galeria onde o ex-governador Sérgio Cabral cumpre pena.

— Eu encontrei com todo mundo que está preso lá. É um corredor. Não tinha como não encontrar com o ex-governador. Quando cheguei, as celas já estavam fechadas. Elas fecham às 18h. Mas, de dia, depois das 8h, os guardas abrem. E todos ficam no corredor. Todos se encontram. Todos conversam — revelou Picciani, sem detalhar o que conversou com Cabral.

Picciani diz ter ouvido muitas reclamações de presos:
— O sistema carcerário é muito degradante. As pessoas sofrem muito. A Justiça mantém as pessoas presas e não revisam seus casos.
Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi integram a cúpula do PMDB no estado e são investigados pela Operação Cadeia Velha.
— Houve uma decisão judicial, e eu respeito. Me apresentei imediatamente. Agora, eu não concordo. São palavras (de delatores) mentirosas — afirmou Picciani.
‘Houve uma decisão judicial, e eu respeito. Agora, eu não concordo’
- Jorge Picciani - Presidente da Alerj

Os três políticos podem ter sido favorecidos por não terem os cabelos cortados e nem usaram os uniformes padrão dos presos: o conjunto de camisa verde e calça azul. As medidas constam dos protocolos de quem ingressa no sistema penitenciário fluminense. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que não cumpriu a regra porque os três têm prerrogativas por ainda serem deputados estaduais.
Para o advogado e professor da PUC Manoel Messias Peixinho, eles deveriam ter sido submetidos às regras:
— O foro privilegiado não autoriza que as autoridades administrativas descumpram as regras.

O Globo

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Bruno, ex-goleiro do Flamengo, é solto por ordem de ministro do STF; Justiça começa a ser feita; agora é punir com severidade todos os que acusaram Bruno injustamente, começando por aquele delegado que se tornou deputado as custas do Bruno

"Bruno chorou e ficou muito emocionado" ao saber de soltura, diz advogado

O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza, 32, "ficou muito emocionado e chorou" ao saber da liminar assinada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), garantindo a soltura dele.

A afirmação é do advogado do ex-goleiro, Lúcio Adolfo, na entrada da Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado) onde Bruno está preso, desde 2015, na cidade de Santa Luzia (região metropolitana de Belo Horizonte). Bruno aguarda o alvará de soltura que deve chegar à unidade prisional por meio de um oficial de Justiça.

A decisão de Mello é da última terça (21), mas só foi divulgada pelo Supremo na manhã desta sexta-feira (24).  "Ele ficou muito emocionado e chorou quando soube da liminar. Agora está calmo e esperando a soltura", afirmou o advogado, ao UOL, na entrada da Apac. A estimativa de Adolfo é que o ex-goleiro seja liberado "nas próximas horas" –uma vez que a VEP (Vara de Execuções Penais) de Santa Luzia precisa ser notificada da decisão do STF para lavrar o alvará de soltura.

Bruno estava preso desde 2010. Ele foi condenado em 2013 a 22 anos e 3 meses de prisão, em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver contra a ex-amante, Eliza Samudio, além de sequestro e cárcere privado do filho que ele teve com Eliza. A decisão de Mello é da última terça (21), mas só foi divulgada pelo Supremo na manhã desta sexta-feira (24).  Na decisão, o ministro do STF advertiu que Bruno não pode se ausentar da localidade que definir como residência sem autorização do juízo. Também terá de atender "aos chamamentos judiciais" e "informar eventual transferência e adotar a postura que se aguarda do cidadão integrado à sociedade."

O advogado informou que o ex-goleiro ficará em Minas, mas, por questões de segurança, não especificou onde. Ele também informou que vai trabalhar para que o ex-goleiro tenha outro julgamento. Sobre isso, Adolfo argumentou que Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a uma pena de 12 anos pelo mesmo crime. O defensor avisou que defenderá a tese do princípio da isonomia para pedir o mesmo tempo de pena para o cliente.

Para o advogado, o fato de a acusação apontar que Bruno teria sido o mandante dos crimes --e Macarrão, o comparsa --não deverá interferir nessa linha de defesa pretendida. "Eles têm a mesma tipificação de acusação", resumiu.  Questionado sobre o que o ex-goleiro vai fazer quando sair a prisão, o advogado disse que ele tem propostas de times de futebol, além de "projetos pessoais", que ele não quis adiantar quais são. " Não me sinto habilitado a falar sobre isso", desconversou, sem revelar, também, quais times seriam os interessados.

Defesa havia apelado de decisão do Tribunal do Júri

A defesa do ex-goleiro havia apresentado apelação à Justiça após a decisão do Tribunal do Júri da Comarca de Contagem, que havia determinado que Bruno cumprisse regime inicial fechado e negado o direito de ele recorrer em liberdade --ao afirmar que estavam presentes os requisitos da prisão preventiva, determinada em 4 de agosto de 2010.

Depois de não ser admitido pelo relator, no STJ (Superior Tribunal de Justiça), o recurso foi apresentado ao STF, onde seria relatado pelo ministro Teori Zavascki. Com a morte de Teori em acidente aéreo, mês passado, a apelação foi redistribuída a outro relator, por determinação da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Com isso, Mello assumiu a relatoria no último dia 13.

Ao Supremo, os advogados do ex-goleiro argumentaram que houve "excesso de prazo da constrição cautelar, uma vez transcorridos mais de 3 anos desde o julgamento, sem análise da apelação" e definiram que isso se tratava de antecipação de pena. Eles ainda observaram "as condições pessoais favoráveis do paciente –primariedade, bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita" e requereram a revogação da prisão.

Preso tem "bons antecedentes", diz ministro do STF

Na decisão divulgada hoje, Mello ponderou que os fundamentos da preventiva "não resistem a exame" e definiu que "o clamor social" é "insuficiente" para respaldá-la.  "Inexiste, no arcabouço normativo, a segregação automática tendo em conta o delito possivelmente cometido, levando à inversão da ordem do processo-crime, que direciona, presente o princípio da não culpabilidade, a apurar-se para, selada a culpa, prender-se, em verdadeira execução da pena. O Juízo, ao negar o direito de recorrer em liberdade, considerou a gravidade concreta da imputação. Reiterados são os pronunciamentos do Supremo sobre a impossibilidade de potencializar-se a infração versada no processo", escreveu Mello, no despacho datado do último dia 21.

"O clamor social surge como elemento neutro, insuficiente a respaldar a preventiva. Por fim, colocou-se em segundo plano o fato de o paciente ser primário e possuir bons antecedentes. Tem-se a insubsistência das premissas lançadas. A esta altura, sem culpa formada, o paciente está preso há 6 anos e 7 meses. Nada, absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade do processo pode conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à projeção, no tempo, de custódia que se tem com a natureza de provisória", afirmou. 
O ministro do Supremo ainda advertiu que Bruno não pode se ausentar da localidade que definir como residência sem autorização do juízo. Também terá de atender "aos chamamentos judiciais" e "informar eventual transferência e adotar a postura que se aguarda do cidadão integrado à sociedade."

Pena havia sido ampliada pelo STJ

Em 2015, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) havia acatado parcialmente recurso do Ministério Público do Rio de Janeiro e aumentou a pena aplicada ao ex-goleiro Bruno Fernandes pelo sequestro, lesão corporal e constrangimento ilegal de Eliza, sua ex-amante.
Ex-braço-direito de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, havia sido condenado apenas pelo cárcere privado. Os crimes, segundo a denúncia do MP, ocorreram no Rio de Janeiro, em 2009, antes de a ex-modelo ser morta, já em Minas Gerais, no ano seguinte.

O STJ havia passado o regime dos dois para o semiaberto e majorou a condenação de Bruno para dois anos e três meses. Já Macarrão viu sua sentença aumentar em mais dois meses. Conforme a assessoria do órgão, a decisão não será somada à condenação que o goleiro e Macarrão cumprem pelo homicídio de Eliza (22 anos de prisão e 15 anos, respectivamente), imposta pela Justiça de Minas Gerais, por se tratarem de processos distintos.

 Fonte: UOL/Notícias