Peemedebista fica 24 horas em presídio e não tem o cabelo raspado
Preso na quinta-feira por
determinação do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), o
presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani,
teve um dia intenso na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica: — Eu não
posso dizer que foi tudo bem. Não é uma situação agradável. É muito triste. O
sistema carcerário é muito degradante — desabafou Picciani, logo depois de deixar o presídio.
‘"É
um corredor. Não tinha como não encontrar com o ex-governador (Cabral)"’
- Jorge
Picciani - Presidente
da Alerj
Ele ficou
24 horas detido na companhia de seus colegas de parlamento Edson Albertassi e
Paulo Melo. Na sexta-feira, Picciani e os dois parlamentares foram soltos após decisão da Alerj.
Aos 62
anos e há mais de 27 anos na política, o mais poderoso cacique do estado
dividiu a cela com mais cinco presos, conversou com o ex-governador Sérgio
Cabral e experimentou o sabor do cardápio do dia: arroz, macarrão, feijão, uma
porção de proteína (carne, frango ou peixe); salada, fruta ou doce de sobremesa,
além de refresco.
— Eu
nunca tinha sido preso e só quem já foi sabe como é. A prisão não é uma
situação confortável, mas eu fiquei com dignidade. Fui tratado com respeito
pelos funcionários, que foram duros, mas serenos no cumprimento de suas
funções. Me trataram com todo respeito, sem nenhum privilégio — afirmou
Picciani.
O
deputado ficou na mesma galeria onde o ex-governador Sérgio Cabral cumpre pena.
— Eu
encontrei com todo mundo que está preso lá. É um corredor. Não tinha como não
encontrar com o ex-governador. Quando cheguei, as celas já estavam fechadas.
Elas fecham às 18h. Mas, de dia, depois das 8h, os guardas abrem. E todos ficam
no corredor. Todos se encontram. Todos conversam — revelou Picciani, sem
detalhar o que conversou com Cabral.
Picciani
diz ter ouvido muitas reclamações de presos:
— O
sistema carcerário é muito degradante. As pessoas sofrem muito. A Justiça
mantém as pessoas presas e não revisam seus casos.
Picciani,
Paulo Melo e Edson Albertassi integram a cúpula do PMDB no estado e são
investigados pela Operação Cadeia Velha.
— Houve
uma decisão judicial, e eu respeito. Me apresentei imediatamente. Agora, eu não
concordo. São palavras (de delatores) mentirosas — afirmou Picciani.
‘Houve
uma decisão judicial, e eu respeito. Agora, eu não concordo’
- Jorge
Picciani - Presidente
da Alerj
Os três
políticos podem ter sido favorecidos por não terem os cabelos cortados e nem
usaram os uniformes padrão dos presos: o conjunto de camisa verde e calça azul.
As medidas constam dos protocolos de quem ingressa no sistema penitenciário
fluminense. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) afirmou que não
cumpriu a regra porque os três têm prerrogativas por ainda serem deputados
estaduais.
Para o
advogado e professor da PUC Manoel Messias Peixinho, eles deveriam ter sido
submetidos às regras:
— O foro
privilegiado não autoriza que as autoridades administrativas descumpram as
regras.
O Globo
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