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sexta-feira, 7 de abril de 2023

Polícia divulga imagem do monstro de Blumenau

Criminoso matou quatro crianças e deixou cinco feridas em creche catarinense 

 Crime aconteceu na manhã desta quarta-feira, 5, em Blumenau

 Crime aconteceu na manhã desta quarta-feira, 5, em Blumenau | Foto: Reprodução/Redes sociais

A polícia divulgou imagens do assassino que matou crianças com uma machadinha em uma creche de Blumenau, em Santa Catarina.

De acordo com a NSC TV, afiliada da Globo no Estado, o criminoso é Luiz Henrique de Lima, 25 anos. Ele já tinha passagens na polícia, por outros crimes.

assassino blumenau
L. H. de L.se entregou no Batalhão da PM logo depois do crime | Foto: Reprodução/NSC

O assassino invadiu a creche Bom Pastor, que fica no bairro da Velha, em Blumenau, na manhã desta quarta-feira, 5. De acordo com a Polícia Militar, o criminoso chegou ao local de moto. Ele pulou um muro e atacou com uma machadinha as crianças que estavam num parque nos fundos da escola.

Segundo os Bombeiros, quatro crianças foram mortas — três meninos e uma menina, com idades entre 4 e 7 anos —, outras cinco crianças ficaram feridas. As vítimas foram encaminhadas ao Hospital Santo Antônio. [com algum atraso estamos divulgando foto e iniciais do nome do monstro de Blumenau; o atraso foi proposital, por ser política do Blog Prontidão Total, não conceder holofotes a bandidos. Publicamos mais para mostrar a hipocrisia daquela Rede de TV que já foi a maior do país - que em  nota oficial (lida pelo inocentador-geral de bandidos) disse não fornecer nome, nem fotos, de autores de massacres, só que suas afiliadas divulgam.]

Conforme o delegado-geral da Polícia Civil, Ulisses Gabriel, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) também foi acionada, assim como outros órgãos de segurança pública. “O pessoal da Deic está se deslocando para lá. A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, que tem expertise na extração de dados de telefone e computadores. A gente quer identificar se tem mais algum participante. Se mais alguém participou. Como ele tramou esse plano. Onde ele obteve informações”, disse o delegado-geral.

Redação - Revista Oeste


quarta-feira, 29 de junho de 2022

Mulheres que abusam de crianças e adolescentes: o caso de Ghislaine - Mundialista

Vinte anos de prisão é o castigo reservado para a mulher que era apaixonada pelo pedófilo Jeffrey Epstein - e se tornou seu instrumento

“Eu não era nada além de um brinquedo sexual com pulso e alma para entreter Epstein, Maxwell e outros”.

“Depois de atraírem a mim e a outras com uma falsa sensação de segurança e conforto, eles nos enredavam em seu mundo pervertido de estupro, estupro e mais estupro”.

Cúmplice: Ghislaine Maxwell não só aliciava meninas como participava de sessões de sexo coletivo - Mathieu Polak/Getty Images

Estes são alguns trechos do depoimento dado por Sarah Ransome nas audiências que precederam a sentença de Ghislaine Maxwell – serão vinte anos de prisão para a socialite inglesa que se tornou cúmplice no aliciamento de adolescentes para servir sexualmente o pedófilo milionário Jeffrey Epstein, que se suicidou na cadeia em 2019, num caso escandaloso que até hoje provoca suspeitas.

Sarah, hoje com 37 anos, foi uma das centenas de adolescentes, em muitos casos inseguras ou com problemas familiares, manipuladas por Ghislaine para manter o constante suprimento de meninas lindas convencidas a fazer massagens e prestar outros serviços sexuais para Maxwell e sua rede de amigos importantes. No caso dela, um dos argumentos usados foi que era “excepcionalmente inteligente” e poderia se tornar uma pessoa destacada; bastava seguir suas orientações.

Além de “caçar” e atrair as meninas, até em portas de escolas, Ghislaine ensinava-as a fazer as massagens como “Jeff gosta” e participava de sessões de sexo coletivo, usando vibradores.

Virginia Roberts Giuffre, promovida a “primeira namorada” na época dos abusos, disse que Ghislaine a violentou dessa maneira em inúmeras ocasiões. Ela é a mais conhecida das vítimas do casal maligno por causa da denúncia de ter sido “emprestada” ao príncipe Andrews, amigo de Epstein, em três ocasiões. O filho da rainha Elizabeth II resolveu a ação indenizatória com um pagamento de 15 milhões de dólares antes que o caso fosse a julgamento.

Por que uma mulher adulta, com experiência nas mais altas esferas da sociedade, adere ao mundo de degradação e crime criado  por Epstein – e protegido pelas barreiras que só o dinheiro pode propiciar? Obviamente, amor. Ela era totalmente apaixonada por ele e acreditava que um dia iriam se casar, segundo uma amiga. “No começo, tiveram um envolvimento romântico”, depôs Lawrence Paul Visoski, um dos pilotos do avião particular de Epstein, apelidado de “Expresso Lolita”.

Pois é, Epstein queria as Lolitas, não uma mulher adulta como Ghislaine. Circulava com ela como se fossem um casal, aproveitando as portas que lhe abria – inclusive para o príncipe Andrew, de quem Ghislaine tinha sido amiga de juventude. Um milionário sedutor e abusivo era exatamente o mesmo perfil do pai dela, Robert Maxwell, que também se suicidou em circunstâncias suspeitas depois de perder seu império de mídia.

Amor ou paixão são os sentimentos que movem um fenômeno relativamente novo, o de mulheres que se transformam elas mesmas em abusadoras de crianças e adolescentes, seguindo os caprichos perversos do homem a quem querem agradar. Ou da mulher. Na Inglaterra, um dos casos recentes é o de Frankie Smith, condenada a doze anos de prisão por ter sido cúmplice no assassinato de sua própria filhinha, Star, de apenas um ano e quatro meses. 

Sua companheira Savannah Brockhill, boxeadora amadora que trabalhava como guarda de segurança, matou a menininha a murros ou chutes, depois de meses de abusos bárbaros. Os ferimentos sofridos pela criança foram comparados aos de um acidente de automóvel. Nesse período, às vezes a vestiam de menino. A assassina pegou 25 anos de prisão. A pena inicial da mãe, de oito anos, foi considerada branda demais e ampliada.

Vanessa George tinha um homem com quem nunca havia se encontrado fisicamente a quem queria agradar. Tinham se conhecido pelo Facebook. Vanessa usou sua posição como funcionária de uma creche Plymouth para aceder aos desejos de Colin Blanchard, que tinha outra mulher na rede de perversidades.

Tirou mais de cem fotografias enquanto abusava de criancinhas na hora da troca de fraldas. 
Usava vibradores e outros objetos, incluindo até um brinquedo. 
Dezenas de pais assistiram seu julgamento, em prantos – e atormentados por uma dúvida que nunca irão elucidar: 
- nas fotos, os rostos das crianças não apareciam, impossibilitando sua identificação. Foram pelo menos trinta pequenas vítimas, embora se suspeitasse que até 300 pudessem ter sido abusadas durante os dois anos em que Vanessa trabalhou na creche.“Eu culpava a mim mesma por ter acreditado que aqueles predadores queriam realmente me ajudar”,  disse Annie Farmer, uma das vítima de Epstein e Ghislaine. A irmã dela, Maria, também foi abusada, com “efeitos devastadores para ela e nossa família”. Entre outros tormentos, Ghislaine convenceu Maria que podia ser morta andando em qualquer rua de Nova York.

“De maneira simplificada, Ghislaine Maxwell é um monstro”, desabafou outra vítima, Juliette Bryant. Mais uma: “Eu testemunhei o impulso incansável e insaciável que ela tinha de atender as necessidades sexuais de Epstein a qualquer custo para as meninas e mulheres vulneráveis que caçava e dava a Epstein e outros homens poderosos, a quem queria agradar”.

“Para mim e para tantas outras, você abriu as portas do inferno”, resumiu Virginia Giuffre, que foi “caçada” por Ghislaine quando tinha apenas quinze anos. “Como mulher, eu acho que você entendia o mal que estava causando – o preço que estava fazendo que nós, as vítimas, pagássemos”.

Mesmo no mundo de cafetinas experientes, existem regras sobre a exploração de menores. Como Ghislaine fechou tanto os olhos não só aos abusos, mas a suas consequências na justiça? Existem ainda outras perguntas: como nenhum dos outros homens, mais ou menos importantes, que desfrutavam dos “presentes” de Epstein, foi levado à justiça criminal? 
E onde estão os vídeos que, segundo convicção generalizada, o pedófilo fazia dos encontros sexuais dos poderosos a quem cultivava?

Aos 60 anos, com duas décadas de cadeia garantida pela frente, Ghislaine Maxwell continuará em silêncio sobre eles?

Blog Mundialista - Vilma Gryzinski, coluna em VEJA


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Esportes femininos dominados por homens biológicos - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Depois que a integrante da equipe de natação feminina da Universidade da Pensilvânia, Lia Thomas, anteriormente conhecida como Will Thomas, venceu mais duas disputas contra nadadoras no sábado, uma colega de equipe que preferiu permanecer anônima se manifestou, dizendo: “As mulheres agora são cidadãs de terceira classe”. Lia Thomas venceu as disputas de estilo livre de 100 e 200 jardas contra a Universidade de Harvard.


A colega de equipe anônima disse ao The Washington Examiner: Lia não estava nem perto de ser competitiva como homem nas 50 e 100 jardas. Mas só porque Lia é biologicamente um homem, [Lia] é naturalmente melhor do que muitas mulheres nas 50 e 100 jardas ou qualquer coisa que [Lia] não fosse boa como homem.”

A companheira de equipe continuou: “As principais pessoas da NCAA, que estão no conselho de administração… não estão protegendo os direitos das mulheres. Imagine se houvesse esse tipo de desigualdade nos esportes masculinos. Ou alguém descobriu sobre doping em um esporte masculino. Seria consertado em um piscar de olhos. Todo mundo estaria em cima disso. Mas porque são mulheres, elas não se importam.”

“As pessoas vieram até mim e disseram que isso é tão errado”, disse ela. “Eu sou tipicamente liberal, mas isso já passou dessa questão. Isto é tão errado. Isso não faz nenhum sentido. Estou tentando fazer tudo o que posso sem prejudicar meu futuro para impedir que isso aconteça. Eu não posso simplesmente sentar e deixar algo assim acontecer. Não vou apenas sentar e dizer: 'Meus direitos estão sendo retirados, uma pena'. É embaraçoso que as pessoas não estejam se manifestando mais."

"Não consigo ver como alguém se sente bem sobre isso", desabafou. O The Examiner apontou os dados: Para a equipe de natação feminina da Universidade da Pensilvânia de 2021-2022, o melhor tempo para as 50 jardas livres é de 22,78 segundos, realizado por Thomas. Comparativamente, o melhor tempo masculino no mesmo evento durante esta temporada é de 20,32 segundos. O tempo recorde de Thomas para as mulheres teria sido o 17º melhor tempo para os homens este ano. Além disso, o desempenho de Thomas foi o terceiro tempo mais rápido para a equipe feminina da universidade nas últimas 13 temporadas.

Numa coluna de opinião na Fox News, escrita pela nadadora Sandra Bucha, o título já deixa claro o tamanho do problema: "Homens devolvendo as mulheres à margem dos esportes". No subtítulo, ela diz: "Quase todas as organizações em posição de proteger as mulheres atletas estão deixando a bola cair". Ela conta um pouco da luta que travou no passado dentro do esporte: "Em 1972, a American Civil Liberties Union me representou em um processo contra a Illinois High School Association, argumentando que, se não houvesse time feminino em uma escola, uma menina deveria poder competir por uma vaga no time masculino. Na decisão do juiz distrital contra nós, ele concordou que deveriam existir equipes separadas para meninas, mas também descobriu que permitir meninas em equipes masculinas não seria justo devido às gritantes diferenças biológicas entre os sexos".

O esporte feminino floresceu com a divisão, mas hoje a ex-nadadora lamenta a situação das meninas: "Mas agora, quase meio século depois, uma nova geração de mulheres e meninas está enfrentando os mesmos desafios que eu, só que com uma reviravolta: elas estão perdendo suas melhores oportunidades atléticas para homens que se identificam como mulheres". Ela continua: "Alguns atletas do sexo masculino estão pressionando muito pelo que consideram sua melhor oportunidade para o sucesso atlético, mesmo que isso signifique eliminar as condições equitativas para as mulheres, mesmo que isso signifique que anos de tempo, esforço e sacrifícios de atletas do sexo feminino não valem nada".

É a volta dos anos 60, e as mulheres ficam do lado de fora torcendo para homens, ou fingindo que estão torcendo. "Se os ideólogos 'woke' não estão do lado das mulheres, a ciência está. Os grupos que fiscalizam o atletismo feminino estão tendo que ignorar muita realidade física para justificar essas competições desequilibradas. Como o juiz do meu caso observou, os homens têm maior capacidade pulmonar, massa muscular, estrutura óssea e até mesmo comprimento do braço do que as mulheres. Nenhuma quantidade de supressão de testosterona pode mudar esses fatos", conclui.

A ideologia de gênero declarou guerra à ciência, matou a biologia, parte da premissa absurda de que homens e mulheres não são diferentes, ou sequer existem do ponto de vista objetivo. O resultado disso para o esporte feminino tem sido catastrófico. Homens biológicos que se identificam como mulheres têm ocupado os espaços e colocado as mulheres de verdade para escanteio
Cada vez mais mulheres - e homens decentes - se revoltam contra tamanha injustiça, mas muitos ainda sentem medo de confrontar a patrulha 'woke'. Se continuar essa tendência, porém, será o fim dos esportes femininos.
 
 

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Dia do Orgulho Hétero é aprovado, em 1º turno, pela Câmara de Cuiabá

POLÊMICA

De 16 vereadores presentes na sessão, apenas uma não foi a favor do projeto. Edna Sampaio (PT-MT) criticou a prioridade dos colegas em meio a fome da população, que faz fila por ossos 


 O autor da proposta, Marcos Paccola (Cidadania), diz que a lei irá evitar "ataques" de grupos "de ativismo homossexual" que obrigam um "comportamento bissexual" - (crédito: Câmara Municipal de Cuiabá)

Enquanto os moradores de Cuiabá dormem em fila para receber doações de “ossinhos”, a Câmara Municipal da cidade decidiu dedicar a última sessão da Casa a aprovar, entre outros, um projeto de caráter conservador. O projeto de lei que cria o Dia do Orgulho Hétero foi aprovado em primeiro turno pelos vereadores, nesta terça-feira (1/12). Se passar pelo 2º turno, os moradores do município poderão “celebrar” o dia todo terceiro domingo de dezembro.

Dos 16 parlamentares presentes, 15 foram favoráveis ao PL — oito não estavam na Casa na hora da votação. Eles apoiaram a justificativa do autor do projeto, o vereador bolsonarista tenente coronel Marcos Paccola (Cidadania), que afirma que a legislação evitará “ataques” de grupos de “ativismo homossexual”, que trazem “uma clara obrigatoriedade para que jovens e crianças tenham um comportamento bissexual”. “O que me fez propor essa lei foi uma conversa que tive com meu filho e sobrinhos, e fui revelado a algo que eu achei realmente assustador, de que na escola, para participar de determinados grupos, eles tinham que beijar meninos e meninas”, declarou ao defender o projeto no plenário da Câmara.

Foi quando o vereador percebeu que era preciso se opor à essa “desestruturação” do modelo tradicional de família.Falamos sobre o Dia do Orgulho Gay e não da existência do orgulho hétero. Então acabamos assistindo uma desestruturação que é algo que sabemos que faz parte de um marxismo cultural e do modelo tradicional de família”, pontuou. Apesar disso, ele afirma que tem amigos gays e que os direitos deles devem ser respeitados. 

A votação final — 2º turno — seria feita nesta quinta-feira (23/12), mas foi adiada para o próximo ano, após o recesso dos parlamentares. 

Única parlamentar contrária ao PL
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Edna também afirma que o projeto é uma forma de “sobrevalorizar quem já é valorizado, quem não tem problema nenhum de ser aceito e de se organizar no mundo”.

“Nós tivemos a capacidade de aprovar o Dia do Orgulho Hétero. O dia do orgulho daqueles que deveriam ter responsabilidade sobre os corpos daqueles que são vitimados por ser LGBTQIA+. Não é só feio, é vergonhoso. Eu não posso dizer que tenho orgulho de ser hetero quando as pessoas que não são estão sendo mortas justamente pelo fato de não serem”, declarou. [o complicador não é o fato de ser ou não ser gay - cada um é livre para fazer opções - e sim dos que são gays terem a pretensão absurda e ilegal de impor sua preferência sobre os demais, "o direito de cada um, termina onde começa o do outro".]

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA


sábado, 23 de fevereiro de 2019

A autossabotagem do governo

É surpreendente que em meros 50 dias à frente do comando do País o governo Bolsonaro tenha conseguido produzir, sozinho, por geração espontânea, de maneira a mais atabalhoada possível, tantas e seguidas crises capazes de macularem perigosamente o seu já incipiente capital político que, de mais a mais, deveria estar sendo usado para os assuntos que de fato interessam aos brasileiros – eleitores ou não, simpatizantes ou não, que dependem de suas ações. 

Nos últimos dias em especial, uma montanha-russa de emoções e achincalhe em rede aberta do mandatário polarizaram as atenções. Filhos com poderes plenipotenciários, tais quais membros de uma família real, pintaram o sete. Um deles, o “Zero Dois”, o “pitbull”, como também é conhecido, brincou de fritar ministro, com o aval, estímulo e posterior reforço paterno, que replicou as traquinagens do rebento. A mistura do público e do privado, de assuntos familiares com os de interesse de Estado, esteve em voga, sem limites ou fronteiras. 

A presepada se deu, fundamentalmente, via Twitter, meio de comunicação preferido do presidente, que vai se mostrando uma armadilha das grandes contra seus próprios planos de angariar o respeito público – pela fragilidade, óbvia, de segurança nas redes digitais. Bolsonaro pai e filho chamaram o então ministro, agora demitido, Gustavo Bebianno, de “mentiroso”. Fizeram-no arder na fogueira por dias a fio, num interregno pavoroso que parecia insinuar que o mandatário temia rebotes do antes fiel depositário de suas confidências, articulações e mesmo perrengues na Justiça (Bebianno seguia até a semana passada como advogado pessoal de Jair Messias, ao menos em uma ação de queixa-crime do adversário político Ciro Gomes). Ferido na autoestima, humilhado publicamente, o alvo, de fato, não tardou a dar sinais de vingança, numa mal velada chantagem que começou por recados atravessados. 

Disse coisas do tipo: “o presidente está com medo de receber algum respingo”. Ou assim: “sou homem, não sou moleque”, “o presidente não morrerá presidente”. E sacramentou com um “eu só fiz o bem, capitão. Até aqui.” Mesmo para quem não tem o dom de decifrar sinais, a mensagem ficou clara. A turma dos panos quentes buscou amenizar. Negociou, apelou, mas o estrago estava feito. O que se seguiu foi ainda mais constrangedor. O presidente, que pareceu acusar o golpe, ofereceu ao novo desafeto o posto de diretor numa estatal que lhe renderia, pelas informações do próprio Bebianno, mais de R$ 1,1 milhão em salário anual, ou, a sua escolha, uma embaixada na Europa. Não fosse suficiente, o chefe da Nação ainda se submeteu a gravar um vídeo no qual, visivelmente desconcertado, e também despertando vergonha alheia a quem o assistia em transmissão nacional, teceu elogios ao subordinado afastado. Para que tudo Isso? Talvez o estoque de munição do contendedor não tivesse se esgotado. A autoridade executiva saiu chamuscada. 

Qualquer mandatário que perde a confiança em um dos seus ministros pode, e deve, despachá-lo de imediato com uma canetada no Diário Oficial. Simples assim. Não precisava montar tamanho escarcéu e arrastar a Nação nesse show de inabilidade. Bolsonaro parece enxergar fantasmas na própria sombra. Imaginou que Bebianno estava urdindo na surdina a sua desestabilização, como “agente infiltrado”. Não havia gostado nada de alguns dos movimentos do ex-ministro. Veio o bate-boca por mensagens. O filho entrou no meio e botou mais lenha na fogueira. Ao negar que havia ocorrido três conversas com o subordinado e tachá-lo de mentiroso, Bolsonaro pai se colocou na situação de ser, ele próprio, desmentido pelos fatos e gravações e saiu como o Pinóquio da história. Não foi a primeira vez. Já no início do mandato foi desautorizado por um assessor, quando falou que iria baixar a alíquota do Imposto de Renda. 

Ao lado dele, o elenco de ministros, cada um a sua maneira, vem praticando escorregões dignos de assombro. A ministra Damares, dos Direitos Humanos, depois do “meninos vestem azul, meninas, rosa”, sugeriu aos pais de meninas que fossem embora do País. O ministro da Educação disse que o brasileiro é canibal e rouba em viagens, o do Meio Ambiente destratou o ícone ambientalista morto Chico Mendes, o chanceler segue a brigar com parceiros externos enquanto o ministro do Turismo, envolto no mesmo laranjal de Bebianno, é mantido no posto e o ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sofre acusação de caixa dois, tal qual o escolhido da pasta da Saúde, Luiz Mandetta, que foi denunciado por fraude em licitação e tráfico de influência. 

Ao menos sete titulares do primeiro escalão do presidente estão hoje sob suspeição e no rol ainda se encontra outro dos filhos, o senador Flavio Bolsonaro, que entrou na mira por ter montado uma espécie de “mensalinho” quando dava expediente no seu gabinete na Assembleia do Rio. Isso tudo em um governo que prometeu uma revolução ética. Das palavras às ações, vai se verificando uma larga distância. O amadorismo e a falta de traquejo para lidar com os afazeres e rotina do Planalto têm despertado a desconfiança dos próprios aliados. Militares falam em tutelar Bolsonaro.

Políticos e partidos estão organizando resistência a sua atuação e já lhe brindaram com uma fragorosa derrota na votação de seu primeiro projeto, sobre uma lei que limitaria o acesso à informação. Não é pouca coisa a debilidade de articulação do Planalto no momento. No período inicial, tradicionalmente de lua de mel, com o alto capital de popularidade angariado nas urnas, governantes normalmente apostam esse arsenal para fazer valer no Congresso suas pautas mais amargas e complexas. Bolsonaro, ao contrário, desprezou a liturgia do cargo, vestiu-se de camiseta pirata, chinelo e calça moletom, e dedicou-se à sanha tuiteira de ataques e despachos informais, como quem ainda não desceu do palanque. Estão todos à espera de que ele perceba a real dimensão do posto que assumiu. E desista dessa prática da autossabotagem.

Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três