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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Muita conversa para pouca ação - Carlos Alberto Sardenberg

Com a devida licença poética, foi mais ou menos assim.— Tem bandido cobrando 500 mil de empreiteira que toca obra pública.

Ministro, também no X:

— Tô sabendo. Seu colega de Nova Iguaçu também alertou. Vamo pra cima.

Não foram. Ficaram ocupados consigo mesmos, com as trocas no Ministério da Justiça e Segurança Pública.  
O então ministro interino, Ricardo Cappelli, continua secretário executivo da pasta, mas entrou em férias, depois deixará o cargo
Também se dá como certo que o atual secretário de Segurança Pública, Francisco Tadeu Barbosa de Alencar, será substituído, provavelmente por Benedito Mariano, quadro do PT que participou da transição nas questões de segurança.

As propostas da transição não foram aproveitadas na gestão do ministro Flávio Dino. A julgar pelos resultados, nenhuma outra proposta foi aproveitada, nem sequer formulada no detalhe. Agora, confirmadas as mudanças, Mariano deverá imprimir “nova política”.

Pelo jeito, demorará para o governo federal ir para cima da milícia e do narcotráfico. A Polícia Civil do Rio tentou. Descobriu o nome do bandido que cobrou os R$ 500 mil da empreiteira que toca a obra do Parque da Piedade. Trata-se de Jean Carlos Nascimento dos Santos, o Jean do 18. O Ministério Público apresentou denúncia por extorsão, a polícia foi atrás do sujeito. Não encontrou.

Nada, portanto. Para prender Jean do 18, não era preciso denúncia alguma. Ele está condenado a 66 anos de prisão, é réu em 20 crimes, incluindo homicídios, foi preso em 2017, mas fugiu no começo do ano passado. E voltou às atividades.

O tuíte do prefeito Eduardo Paes trouxe à tona toda essa história. Com mais detalhes. Tinha ocorrido, em novembro passado, uma reunião de Dino e Cappelli com empreiteiros do Rio, que reclamaram justamente das extorsões. Todo mundo que deveria saber, portanto, estava sabendo. Vai ver foi por isso que o prefeito do Rio recorreu ao X. Boca no trombone.

Agora, todos sabemos — nada foi feito, nem ao menos se tem a tal política nacional de segurança. Parece mais fácil formular do que colocar para funcionar o que já existe. Em todas as áreas.

Um ano depois de iniciada a gestão Lula e depois de o presidente ter ido a Roraima para denunciar a tragédia do povo ianomâmi com a titular da nova pasta dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a situação dos ianomâmis continua uma tragédia.

Repórteres e fotógrafos que foram até lá há uma semana encontraram crianças desnutridas com os ossos à mostra. Explosão de casos de malária e virose. Centenas de mortes. Rios poluídos tomados pela lama. O garimpo ilegal, que nunca saiu totalmente, de volta com força no interior da Floresta Amazônica — como descrevem reportagens e declarações de lideranças locais. Em janeiro de 2023, Lula decretou emergência de saúde pública. Neste mês, revelada a tragédia persistente, fez uma reunião com vários ministros e decretou questão de Estado. A Casa Civil anunciou que tomará “ações estruturantes”.

De novo, não seria mais eficiente levar comida e remédios para lá? Há 27 mil indígenas na Terra Yanomami. [em nosso opinião a causa da tragédia ianomâmi é o excesso de terra pertencente aos indios e que não são adequadamente aproveitadas, em proveito do Brasil e dos brasileiros = o que inclui os indios, que não são mais brasileiros que os milhões e milhões de brasileiros, digamos, comuns.
O absurdo é tamanho que a Terra do Povo Ianomâmi tem 9,5 milhões de hectares = equivalente a 4,36% das terras indígenas do Brasil,  correspondendo, aproximadamente, à área dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo somados.
Tal imensidão de terra  para apenas 27.152 índios (censo de 2022) o que resulta em 349 hectares para cada índio ianomâmi. 
Um hectare equivale a um campo de futebol.
É terra demais, gerando incompreensão das razões que levam  poucos a  terem tanto, enquanto  muitos (a maioria dos brasileiros) nada tem ou tem muito pouco??? ]  -  Não pode ser tão difícil entregar lá comida e remédios. Em janeiro do ano passado, a ministra Sonia Guajajara dizia exatamente isso, que a ação imediata seria levar suprimentos. Combater o garimpo ilegal, um tipo de crime organizado, e tocar o saneamento de rios e matas é mais difícil, claro. Mas levar alimentos?

O governo diz que o desastre foi causado pela gestão Bolsonaro — é verdade — e que conseguiu alguns resultados, como redução no número de mortos. Não foi o que os jornalistas encontraram. Não é o que dizem lideranças indígenas. Além disso, até quando continuarão culpando o governo anterior?

A ministra Sonia Guajajara orgulha-se de ter levado cem indígenas brasileiros em sua delegação para a COP28, em Dubai. Um marco histórico, como ela diz. 
Mas que vale isso diante da tragédia continuada dos ianomâmis?
[o que trouxe de prático, para o povo indígena,  a ida dos 100 indígenas brasileiros  para passear em Dubai?] 
 
 

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista - Jornal O Globo - Coluna 13 jan 2024

 

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Proibir menção a PT e PCC só ajuda a espalhar a história - Alexandre Garcia

VOZES
 

O ministro Alexandre de Moraes, atendendo a um pedido do PT, está proibindo que nas redes sociais se diga que há ligações entre o PCC e o PT, ou ligação entre o assassinato do prefeito Celso Daniel e o PT, PCC etc. Isso vai atingir o senador Flavio Bolsonaro, os deputados Carla Zambelli e Otoni de Paula, e mais uma dúzia de canais.

A deputada Carla Zambelli reagiu dizendo que se baseou em uma denúncia do Marcos Valério homologada pelo próprio Supremo, e que acha estranha essa decisão. 
O ministro Alexandre de Moraes, que deu essa determinação, disse que é mentira e que o caso Celso Daniel está encerrado. 
Parece que nessa decisão ele está emitindo mais julgamento, além de tudo. 
Mas o fato é que em um caso desses, se é mentira, o caminho é processar por calúnia. 
Afinal, a Constituição, no artigo 220, veda a censura; e o problema aqui é a censura.
 
A consequência disso acaba sendo ruim para o PT, que tomou a iniciativa. É como no caso da bandeira; a juíza do Rio Grande do Sul que queria proibir a bandeira a tornou muito mais popular. 
Agora, todos estão noticiando o caso, as pessoas que não sabiam dessa história de Celso Daniel e PCC ficaram sabendo, não creio que tenha sido bom, só tornou o assunto mais popular.

Do boi tudo se aproveita
Acaba de voltar da Rússia uma delegação da Apex Brasil e da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), com 13 empresas brasileiras de reciclagem para vender farinha animal para a Rússia. Vai ser um negócio de dezenas de milhões de dólares.

Lembro que, quando era menino, dizia-se que em frigorífico até o berro do boi era aproveitado. E é isso mesmo, não tem nada que vá fora. Ossos, sangue, tudo isso é transformado em farinha e tem utilidade. Só para conheceremos mais esse ramo da indústria brasileira e da pecuária.

Bolsonaro e os embaixadores no Alvorada
Por fim, eu queria falar do encontro entre embaixadores e o presidente Bolsonaro na residência oficial do presidente, o Palácio da Alvorada. O presidente, não acreditando nas notícias brasileiras, acreditando que tudo o que vai para o exterior é deturpado, distorcido, resolveu ser a fonte primária dos embaixadores.  
Falou a eles sobre um inquérito da Polícia Federal referente à invasão de um hacker que ficou oito meses circulando pelos computadores do TSE, pegando senhas e chaves. 
Ele relata que o TSE não contribuiu para a Polícia Federal investigar porque, sete meses depois do pedido, apagou tudo. Alegou que estavam apagadas as digitais, ou seja, as marcas do hacker, que facilitariam a identificação.

Então, Bolsonaro quis explicar que está querendo transparência e segurança na eleição; disse que o resultado tem de ser respeitado, mas que também é preciso evitar discussões posteriores, dúvidas.           Os militares foram convidados a participar pelo próprio TSE, mas o TSE não aceitou as sugestões, que ainda há tempo de aceitar.               O presidente até ofereceu o inquérito aos embaixadores, se quiserem, porque ele não está marcado como sigiloso.                                           E terminou com uma frase muito significativa, que o ministro da Defesa já usou outro dia, encaminhando um documento ao TSE: eleição é questão de segurança nacional.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

 


sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Dia do Orgulho Hétero é aprovado, em 1º turno, pela Câmara de Cuiabá

POLÊMICA

De 16 vereadores presentes na sessão, apenas uma não foi a favor do projeto. Edna Sampaio (PT-MT) criticou a prioridade dos colegas em meio a fome da população, que faz fila por ossos 


 O autor da proposta, Marcos Paccola (Cidadania), diz que a lei irá evitar "ataques" de grupos "de ativismo homossexual" que obrigam um "comportamento bissexual" - (crédito: Câmara Municipal de Cuiabá)

Enquanto os moradores de Cuiabá dormem em fila para receber doações de “ossinhos”, a Câmara Municipal da cidade decidiu dedicar a última sessão da Casa a aprovar, entre outros, um projeto de caráter conservador. O projeto de lei que cria o Dia do Orgulho Hétero foi aprovado em primeiro turno pelos vereadores, nesta terça-feira (1/12). Se passar pelo 2º turno, os moradores do município poderão “celebrar” o dia todo terceiro domingo de dezembro.

Dos 16 parlamentares presentes, 15 foram favoráveis ao PL — oito não estavam na Casa na hora da votação. Eles apoiaram a justificativa do autor do projeto, o vereador bolsonarista tenente coronel Marcos Paccola (Cidadania), que afirma que a legislação evitará “ataques” de grupos de “ativismo homossexual”, que trazem “uma clara obrigatoriedade para que jovens e crianças tenham um comportamento bissexual”. “O que me fez propor essa lei foi uma conversa que tive com meu filho e sobrinhos, e fui revelado a algo que eu achei realmente assustador, de que na escola, para participar de determinados grupos, eles tinham que beijar meninos e meninas”, declarou ao defender o projeto no plenário da Câmara.

Foi quando o vereador percebeu que era preciso se opor à essa “desestruturação” do modelo tradicional de família.Falamos sobre o Dia do Orgulho Gay e não da existência do orgulho hétero. Então acabamos assistindo uma desestruturação que é algo que sabemos que faz parte de um marxismo cultural e do modelo tradicional de família”, pontuou. Apesar disso, ele afirma que tem amigos gays e que os direitos deles devem ser respeitados. 

A votação final — 2º turno — seria feita nesta quinta-feira (23/12), mas foi adiada para o próximo ano, após o recesso dos parlamentares. 

Única parlamentar contrária ao PL
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Edna também afirma que o projeto é uma forma de “sobrevalorizar quem já é valorizado, quem não tem problema nenhum de ser aceito e de se organizar no mundo”.

“Nós tivemos a capacidade de aprovar o Dia do Orgulho Hétero. O dia do orgulho daqueles que deveriam ter responsabilidade sobre os corpos daqueles que são vitimados por ser LGBTQIA+. Não é só feio, é vergonhoso. Eu não posso dizer que tenho orgulho de ser hetero quando as pessoas que não são estão sendo mortas justamente pelo fato de não serem”, declarou. [o complicador não é o fato de ser ou não ser gay - cada um é livre para fazer opções - e sim dos que são gays terem a pretensão absurda e ilegal de impor sua preferência sobre os demais, "o direito de cada um, termina onde começa o do outro".]

Correio Braziliense - MATÉRIA COMPLETA


sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Suplementos de colágeno realmente impactam pele, cabelo, unhas e articulações?

O Globo

Alice Callahan, do New York Times

Benefícios da suplementação parecem ser limitados, explicam especialistas, que não a indicam para pacientes com problemas de osteoartrite

Suplemento de colágeno está longe de ser uma unanimidade Foto: Reprodução
Suplemento de colágeno está longe de ser uma unanimidade Foto: Reprodução

"Consuma mais colágeno animal na forma desses suplementos, e você terá pele, cabelo e unhas mais saudáveis, além de acalmar as articulações e apoiar a função digestiva", prometem os rótulos.

Tais suplementos são feitos de tecidos animais ricos em colágeno que poderiam ser descartados pelos processadores de carne, como pele e ossos de bovinos e suínos, bem como escamas e pele de peixe. As proteínas são primeiro desnaturadas para formar gelatina e depois quebradas em fragmentos menores antes de serem incorporadas em produtos como pós, gomas, cápsulas e barras de proteína.

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Suplementos comercializados como "colágeno à base de plantas" não contêm realmente colágeno; eles afirmam apoiar a produção de colágeno com uma mistura de aminoácidos, vitaminas e minerais.

Pesquisas inconclusivas
Qualquer benefício possível de um suplemento como o colágeno depende de como ele é digerido e absorvido no trato gastrointestinal e se os produtos da digestão podem chegar aos tecidos-alvo e ter um efeito terapêutico. Algumas pesquisas analisaram partes dessa sequência e indicaram alguns possíveis benefícios, mas a história está longe de estar completa.

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Veja a pele, por exemplo. O colágeno é uma das principais proteínas da derme, contribuindo para sua firmeza e elasticidade, explica Diane S. Berson, professora associada de dermatologia no Weill Cornell Medical College, em Nova York. A partir dos 20 anos, começamos a perder colágeno da pele, e ele pode ser ainda mais danificado pela exposição a fatores ambientais, como luz solar, fumaça de cigarro e poluição. Tudo isso leva a flacidez, enrugamento e secura, disse Berson.

Mas ela não está convencida de que comer colágeno pode atenuar esses efeitos. Alguns estudos mostram que tomar suplementos de colágeno por vários meses pode melhorar a elasticidade, a umidade e a densidade do colágeno da pele, mas Berson observa que são estudos pequenos e patrocinados pelas fabricantes dos produtos, aumentando a chance de vieses na pesquisa. — Não acho que esteja em posição de ridicularizá-los e dizer que isso definitivamente não funciona. Mas, como médica, gostaria de ver mais ciência baseada em evidências — disse ela.

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Em vez disso, Berson enfatiza a importância de usar proteção solar, manter uma dieta saudável, beber muita água, evitar a fumaça do cigarro e dormir o suficiente — todas formas de "cuidar do colágeno que você já tem, em vez de tentar reabastecê-lo com suplementos", concluiu.

Existem poucas pesquisas sobre os efeitos do consumo de colágeno no cabelo e nas unhas. Um pequeno estudo descobriu que diminuiu a quebra da unha, mas faltou um grupo de controle para comparação. Outro produto que inclui colágeno como um dos muitos ingredientes parece melhorar o crescimento do cabelo, mas é impossível dizer que papel ele pode desempenhar nessa mistura.

Sem indicação para osteoartrite
Letícia Deveza, bolsista de reumatologia da Sydney Medical School, na Austrália, não recomenda de forma rotineira suplementos de colágeno para pacientes com osteoartrite. — A melhor evidência disponível sugere que eles têm apenas pequenos efeitos sobre a dor nas articulações, que provavelmente não são significativos para os pacientes — disse ela, acrescentando: — Minha preocupação é as pessoas confiarem demais em suplementos que não têm benefícios claramente demonstrados e negligenciar outros componentes importantes do tratamento da osteoartrite, como exercícios e controle de peso.

Suplementos de colágeno também são comercializados para atletas, mas "não há evidências que mostrem que tomar proteína de colágeno melhore sua capacidade de reconstruir ou curar", disse Stuart Phillips, professor de cinesiologia da Universidade McMaster em Ontário, Canadá, e autor de um recente estudo internacional sobre suplementos dietéticos. As alegações são “em grande parte lixo”, disse ele, acrescentando que a indústria de suplementos não é bem regulamentada.

O Globo - Saúde/Bem-estar


sábado, 9 de outubro de 2021

Câncer: novos medicamentos reduzem necessidade de quimioterapia

Entre os tumores mais beneficiados com a nova abordagem estão os de mama e o de pulmão

 A chegada de medicamentos capazes de atacar apenas as células tumorais promove uma guinada no jeito de tratar o câncer e reduz a necessidade de uso da quimioterapia


 MUDANÇA - Novos ares: após químio, Fátima usa remédios menos agressivos - Egberto Nogueira/Ímãfotogaleria/VEJA

O semblante tranquilo, o sorriso no rosto, o cabelo mais longo, nada faz supor que a aposentada paulista Fátima Aparecida Guerra, de 57 anos, ex-secretária, enfrente um câncer de mama há treze anos. Mais difícil ainda seria imaginar que, desde julho de 2019, ela trate metástases desse mesmo tumor nos pulmões, nos ossos e na região próxima à traqueia. Em 2008, quando a doença foi diagnosticada e o tumor extraído por meio de cirurgia, Fátima era outra mulher. Submetida à quimioterapia, a cada sessão seguiam-se oito dias na cama de intenso desconforto. “Não tinha forças para me levantar”, ela lembra. “Além das náuseas, do cansaço, sentia dores horríveis.” Dez anos depois, quando soube que células tumorais haviam se alojado em outras partes de seu corpo, o filme voltou a sua cabeça. Que angústia pensar naquilo tudo de novo. Felizmente, a história não se repetiu. Em pouco mais de dois anos de tratamento, os tumores diminuíram e Fátima segue forte, sem tanto sofrimento quanto da primeira vez.

Fátima é o retrato feliz de uma guinada espetacular na forma de tratar o câncer, que pouco a pouco tira de cena a quimioterapia para dar lugar a medicações bem menos agressivas e muito mais eficazes. É uma revolução que acontece gradualmente, como em geral são as transformações produzidas pela ciência, e que tem beneficiado milhares de pacientes em todo o mundo. Nessa segunda rodada de tratamento, Fátima, por exemplo, não precisou de quimioterápicos porque está sendo medicada com uma droga que atua de forma seletiva sobre as células doentes, sem danificar tanto tecidos saudáveis. Por isso a redução dos tumores — o ataque é preciso — e a menor ocorrência de efeitos colaterais sobre o organismo da ex-secretária. “Eles nem se comparam ao que acontecia quando eu fazia químio”, diz. De fato, enquanto os remédios modernos têm atuação bem definida, a quimioterapia atinge o corpo todo, matando o câncer mas destruindo também células normais.

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Não surpreende, portanto, que só na semana passada tenham sido aprovados no Brasil dois medicamentos contra ambos. O primeiro é o amivantamabe, da farmacêutica Janssen, indicado contra um tipo raro de câncer de pulmão. O segundo é o trastuzumabe deruxtecan, da Daiichi Sankyo e AstraZeneca, feito contra um tipo específico de câncer de mama. Ele faz parte da classe conhecida como químio inteligente. Isso porque a droga leva até a célula tumoral uma concentração elevada de quimioterápico. Faz isso graças a um anticorpo desenhado para chegar às células desejadas, como um trem com destino certo. Os resultados do remédio foram tão expressivos que a Food and Drug Administration, a agência americana responsável pela aprovação de remédios, decidiu pela liberação depois de analisar as conclusões da primeira fase dos estudos clínicos com a droga. Isso só acontece quando os benefícios são tão espetaculares que não deixam dúvida sobre a pertinência em liberar a medicação. “A altíssima eficácia do remédio pode revolucionar o tratamento do tumor para o qual foi criado”, diz o oncologista Marcelo Cruz, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. A estratégia evoca a busca do alemão Paul Ehrlich, prêmio Nobel de Medicina em 1908, por aquilo que ele chamava de “bala mágica”: uma substância tóxica que matasse apenas tecidos doentes.

Quando drogas assim começaram a chegar, não eram consideradas a primeira escolha de tratamento. Isso também está mudando, como disse a VEJA o oncologista Robert Vonderheide, diretor do Penn Medicine’s Abramson Cancer Center, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, reputado centro de pesquisa e tratamento. “Para muitos pacientes com câncer de pulmão, a quimioterapia não é mais a primeira opção”, diz ele. “Preferimos ir com as terapias-alvo ou com a imunoterapia, abordagens que têm ajudado a revolucionar o cuidado com nossos pacientes nos últimos anos.” A imunoterapia é um tratamento biológico que potencializa a atuação do sistema de defesa do corpo contra os tumores. No câncer de mama, a quimioterapia também é menos usada. Um estudo da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, retratou bem o fenômeno. Depois de analisar as respostas de 504 oncologistas e de 5 080 pacientes com determinados tipos da doença em estágios iniciais, o time de Stanford concluiu que o declínio no uso da quimioterapia entre as mulheres foi de 34%, em 2013, para 22%, em 2015. Entre os especialistas, a indicação caiu de 44% para 31% no mesmo período. Um dos desafios dos médicos é saber quando ela é cabível. O que ajuda a esclarecer dúvidas são painéis genéticos que apontam quem se beneficiará da terapia. Uma avaliação desse tipo evitou que 70% de mulheres com câncer de mama em estágio inicial recebessem quimioterapia sem necessidade no Hospital Pérola Bying­ton, em São Paulo.

(............)

Publicado em VEJA, edição nº 2759, de 13 de outubro de 2021

Saúde - VEJA - MATÉRIA COMPLETA


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Brasil é um país pobre e não pode ficar desperdiçando recursos caçando ossos



Comissão de Mortos e Desaparecidos critica descaso do Estado na busca dos desaparecidos políticos.
[Já passa da hora de encerrar as atividades dessa Comissão que caça defunto e ossos; afinal, os que morreram mortos estão, condição  que encerra o assunto e os que ainda constam como desaparecidos ou já morreram de velhice ou optaram pela comodidade covarde de permanecer desaparecido e assim propiciar aos familiares, e a si próprio,  vultosas pensões.]
Presidente da entidade, Eugênia Gonzaga reclama que não tem equipe para fazer exumação do corpo de Stuart Angel
Herdeira natural das atribuições da Comissão Nacional da Verdade de tentar localizar e identificar restos mortais de vítimas da ditadura, a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos do governo, criada em 1995, está à míngua e sem condições de dar sequência a esse trabalho. Sem qualquer estrutura, a comissão quer mais servidores, recursos e poder. A precariedade das condições do trabalho da comissão impede a identificação de 27 ossadas colhidas na região da Guerrilha do Araguaia nos últimos anos e também a localização e exumação, no Rio, de restos mortais que se suspeitam ser do militante Stuart Angel, desaparecido em maio de 1971.

Essa situação de penúria foi revelada pela própria presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, a procuradora da República Eugênia Gonzaga. Ela está no cargo desde junho de 2014 e tem um histórico na atuação em temas que envolvam os anos de chumbo, como exumações de vítimas do regime e ações para punição de militares daquela época [desperdício de recursos públicos desenterrando ossos que nada revelam (caso da ossada do ex-presidente Jango que foi desenterrada como base em uma notícia mentirosa de que havia sido envenenado) e  movendo ações contra militares cujo destino é o arquivamento por determinação das instâncias superiores.] - A busca pelos corpos sempre foi uma iniciativa isolada dos familiares. Há uma total omissão do Estado nesse sentido. É uma situação dramática. Só em Perus (onde foi localizada uma vala com restos mortais de ex-militantes, em São Paulo) são 1.400 ossadas. A busca na região da Guerrilha do Araguaia ainda é incipiente - disse Eugênia Gonzaga.

Antes de encerrar seus trabalhos, a Comissão da Verdade localizou, em arquivos do Rio, foto de uma ossada na qual estudos preliminares apontam ser de Stuart Angel. Mas esses restos mortais ainda precisam ser localizados e depois identificados. Essa incumbência está a cargo da Comissão de Mortos e Desaparecidos, que já foi procurada por procuradores do Rio e pela Comissão da Verdade do estado para cuidar desse caso. - Nossa comissão foi criada absolutamente sem qualquer estrutura. Chegou o pedido para fazermos a exumação do Stuart Angel, mas não temos equipe para fazer. O governo criou a comissão, mas dá com uma mão e tira com outra.

Eugênia Gonzaga contou que já participou de várias exumações, mas que não foram feitas de maneira correta. - Exumação não é chamar um médico e um policial e abrir uma sepultura. Precisa ter um arqueólogo, um geólogo, que se tome cuidado com posição do corpo.

AVANÇO NA IDENTIFICAÇÃO DE PERUS
A procuradora ressalta um avanço este ano em relação ao trabalho da tentativa de identificação de Perus. Em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos, um grupo de antropólogos forenses da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisou 112 das 1049 caixas de ossos que correspondem a 139 pessoas.

Gonzaga reivindica do governo o mesmo tratamento dado à Comissão Nacional da Verdade, que teve ao seu dispor toda estrutura, com os mais variados profissionais, em número suficiente e toda logística para funcionar. E que foi instalada num amplo espaço físico em Brasília. Sua comissão está alojada numa única sala na SDH, com apenas cinco baias com computadores. Composta por sete integrantes, a comissão está desfalcada de dois, ainda não indicados. - Estamos bem na estaca zero.

A presidente requer a contratação de 25 funcionários - arqueólogos, antropólogos, peritos e advogados - e pede um orçamento anual de R$ 4 milhões.  - É extremamente urgente que a comissão seja dotada de estrutura material, humana e financeira.

Outro desejo de Eugênia Gonzaga é que a comissão tenha também poderes de convocar militares e civis que possam dar esclarecimentos e contribuir com localização de restos mortais desses militantes. Sua comissão chegou a elaborar a minuta de um projeto de lei para enviar ao Congresso Nacional e prevê também a revisão do conceito de desaparecido político, hoje restrito aqueles que participaram de organizações de esquerda e que foram perseguidos ou participaram de guerrilhas. [Desejo, que nada mais é do que uma das denominações de vontade, é algo que dá e passa.] - O conceito de desaparecido político é muito restrito e não inclui aqueles desaparecidos que não possuíam envolvimento direto com movimentos ou organizações de resistência à ditadura, como os índios, os camponeses e as minorias étnicas e sexuais - disse Gonzaga. [em que pese o respeito que merece a ilustre procuradora, convenhamos que suas idéias só contribuem para desperdiçar mais dinheiro público, com coisas que não valem a pena.
Afinal as ossadas não vão reclamar do local em que forem enterradas.] 

Fonte: O Globo