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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Dino precisa de uma GLO = Dino incomoda muita gente - Episódio da 'dama do tráfico'... - O Globo

Opinião / Elio Gaspari 

Na segunda-feira, os repórteres André Shalders e Tácio Lorran revelaram que Luciane Barbosa Farias, mulher do traficante Tio Patinhas, do Comando Vermelho, esteve duas vezes no Ministério da Justiça reunindo-se com servidores. 

 Horas depois, o ministro Flávio Dino correu a explicar-se: Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa ou esposa.

 'Dama do tráfico': Doze deputados da base pedem impeachment de Dino

Ninguém havia dito que Dino havia recebido “a dama do tráfico amazonense”, condenada a dez anos de prisão.

Quem recebeu a Madame Tio Patinhas foram o secretário de Assuntos Legislativos do ministério, o secretário nacional de Políticas Penais, o diretor de inteligência penitenciária e a ouvidora nacional de serviços penais. Em todos os casos, a senhora acompanhava um grupo recomendado por uma ex-deputada estadual fluminense que é vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Associação Nacional da Advocacia Criminal do Rio de Janeiro (Anacrim-RJ).

Pela fala do ministro, receber no ministério uma senhora condenada, casada com um traficante também condenado a 31 anos de prisão, foi coisa dos subordinados. Segundo um dos responsáveis, a entrada do grupo atendeu à ex-deputada estadual. Tratava-se de discutir casos de jovens assassinados.

A reação de Dino e de seus servidores foi típica das organizações fracassadas.  
Seja qual for o problema, a responsabilidade não é minha, pois é dele, e assim sucessivamente, até que o assunto seja esquecido.
A anomalia só foi discutida, e corrigida no mesmo dia, porque o caso foi divulgado. Afinal, as visitas ocorreram há meses, sem registro da presença de Madame Tio Patinhas no grupo. Se os dois repórteres estivessem cuidando das virtudes das GLOs do Rio, a ex-deputada teria mostrado seu prestígio, a Anacrim-RJ teria exibido sua importância, e Madame Tio Patinhas teria documentado seu trânsito. 
 
O episódio mostrou que se entrava no Ministério da Justiça e nos seus ilustres gabinetes sem qualquer checagem. 
Seria absurdo checar? 
Vale lembrar que os cidadãos comuns passam horas em voos internacionais, e seus passaportes são checados pela Polícia Federal. 
 
Outro dia o ministro Flávio Dino festejou o decreto de Garantia da Lei e da Ordem parcial que usa efetivos das Forças Armadas para fiscalizar as entradas no Rio de Janeiro. 
Iria bem pedir a um pelotão que verificasse a porosidade de seu ministério. Seria uma GLO de alto nível.
Dino explicou que diversos sistemas de informação relacionados com a segurança pública não se falam. 
Há algum tempo, os sistemas do Ministério da Justiça também não se falavam. 
Isso não acontece porque a inteligência artificial seja coisa complexa, mas porque a esperteza natural é simples: o negócio é vender equipamentos e os subsequentes serviços de manutenção. 
Se padronizar, acabam as boquinhas. 
 
Madame Tio Patinhas circulou pelo Ministério da Justiça pelo mesmo motivo que milicianos e traficantes são libertados. 
Às vezes isso acontece porque se pode jogar a culpa nos sistemas. Quando esse golpe não funciona, um desembargador baiano entra num plantão e solta o Dadá do Bonde do Maluco.  
A denúncia desse absurdo partiu do ministério de Dino, e em poucos dias o Conselho Nacional de Justiça afastou o magistrado. 
Não se passou adiante a responsabilidade.

Elio Gaspari, colunista - O Globo

O ministro Flávio Dino (Justiça) tem um espírito brincalhão e costuma fazer graça quando questionado a respeito das várias arestas que coleciona desde que assumiu uma das pastas mais empepinadas da Esplanada sob Lula. Até tentou submergir nos últimos meses, quando percebeu que o fogo que o atingia vinha de todos os lados, e não apenas da oposição bolsonarista com que manteve enfrentamento sobre a democracia ainda na transição e mais fortemente depois do 8 de Janeiro, episódio em que teve, com sua pasta, papel central. Mas as controvérsias parecem ir a seu encontro, o que não é nada circunstancial. Afinal, se fatos de março ou maio têm vindo à tona agora, é porque há gente buscando e municiando a imprensa de informações.

O episódio da “dama do tráfico Amazonense”, alcunha pela qual Luciane Barbosa Farias é conhecida, é o mais recente a servir para fustigar tanto a capacidade de Dino de conduzir a política de segurança pública do país quanto a possibilidade de Lula indicá-lo para a cadeira vaga desde outubro no Supremo Tribunal Federal.

É inadmissível que uma pasta responsável por lidar com extremismo, contraterrorismo, combate ao crime organizado e outros temas explosivos seja tão displicente com quem entra no prédio onde o ministro despacha para se reunir com seus auxiliares diretos — ou quiçá mesmo com ele. 
É perfeitamente possível que não tenha sido checada a ficha de alguém condenado e incluído em inúmeras investigações por ser elo financeiro de uma das principais facções criminosas que atuam no Brasil. Mas é assustador que assim seja.

Precisou ser noticiado pela imprensa para que alguns filtros fossem estabelecidos, não sem que antes os responsáveis tenham tentado minimizar a revelação. Não se trata de insinuar qualquer ligação ou complacência dos integrantes da pasta com o crime organizado. Mas a vulnerabilidade que essas autoridades demonstram é um grande trunfo para aqueles que apontam a incompetência do governo Lula para lidar com o assunto, um dos que mais desgastam a imagem do presidente e da esquerda perante a sociedade.

Por tudo isso, e também pelo que o caso, de fácil disseminação nas redes sociais e nas rodas de conversa, traz de desgaste à imagem do ministro, é grave que se tenha comido essa bola. E pode haver mais minhoca à espera de enxadadas nesse terreno.
A maioria das brigas que Dino enfrentou era necessária, e ele o fez com coragem rara em ocupantes de cargos de confiança. Ex-governador do Maranhão e senador eleito pelo estado, Dino costuma dizer que age sabendo que, se tudo o mais der errado, tem seu mandato para exercer. Mas é conhecido em Brasília seu desejo de integrar o Supremo Tribunal Federal, o que seria a coroação da carreira de magistrado de que abriu mão para se lançar na política. 
Acontece que é essa característica uma das mais usadas contra ele, inclusive pelos que tentam fazer a cabeça de Lula. 
Dizem que seria político demais e nem a ida ao STF o faria se despir de suas ambições eleitorais.

Nem tudo que se diz do ministro em Brasília é justo ou verdadeiro. Mas nem Fernando Haddad hoje atrai tanto fogo, amigo e inimigo, quanto o titular da Justiça. Ainda dentro de seu jeito folgazão, ele diz que sua prioridade é emagrecer 32kg e ter uma vida saudável. Está empenhado nisso.

Mas a demora de Lula em definir a vaga no STF, deixando dois de seus ministros numa arena pública em que esse tipo de ataque atinge mais a um que a outro, faz com que, nem que deseje, Dino não consiga sair dos holofotes. A facilidade com que uma dama do tráfico foi recebida e tirou fotos sorridentes no ministério mostra o tamanho do nó que é combater o crime organizado, tão entranhado que está nas estruturas institucionais brasileiras. Para Dino, a tarefa é essa, mas também evitar que a guerra termine com ele como alvo principal.

Próxima Israel e reação a Dino reaglutinam oposição a Lula

 Coluna Vera Magalhães - O Globo

 

quinta-feira, 2 de março de 2023

Literatura infantil“A Fantástica Fábrica de Chocolate” é submetido a censura por recomendação de “leitores sensíveis” - Gazeta do Povo

Ideias

A Fantástica Fábrica de Censura - Censura a Roald Dahl

Puffin Books, editora original do famoso livro infantil, alterou o conteúdo das obras do escritor já falecido por orientação de “leitores sensíveis”.| Foto: Reprodução/Martins Fontes

Roald Dahl, britânico autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, falecido aos 74 anos em 1990, está tendo seu texto submetido pela editora à interferência póstuma por causa de críticas de “leitores sensíveis” profissionais — que querem alterações que muitos chamariam de politicamente corretas. 
A Puffin Books, selo editorial da gigante Penguin para títulos infantis, fundado em 1940, publicou uma nota discreta em sua página de copyright declarando que seus livros “foram escritos há muitos anos, portanto, nós fazemos revisão regular da linguagem para assegurar que continuem a ser desfrutados por todos hoje”. 
O autor já vendeu mais de 250 milhões de cópias de suas obras no mundo.

Seis outros livros do autor foram afetados pela edição “sensível” além de “A Fantástica Fábrica”, livro publicado originalmente em 1964, com primeira adaptação em filme de 1971 e edições diferentes em português — a reportagem usou a tradução de 2016, da Martins Fontes. O jornal britânico The Telegraph encontrou a nota e publicou uma investigação preliminar das mudanças na última segunda-feira (20). “A linguagem relacionada ao peso, saúde mental, violência, gênero e raça foi cortada e reescrita”, resumiu o jornal. Uma das mais importantes foi no livro “Matilda”(1988): uma menção a outro autor infantil britânico, Rudyard Kipling, uma clara homenagem de Dahl, foi cortada e substituída pela respeitada autora Jane Austen, em nome da diversidade de gênero.

Entre outras mudanças, Augusto Glupe, menino gordo que cai em um rio de chocolate da fábrica porque “só ouvia a voz do seu enorme estômago” e se debruçara na grama “lambendo o chocolate como se fosse um cachorro”, não pode mais ser chamado de “gordo como um balão inflado, tinha o corpo cheio de dobras de banha e seu rosto era uma bola de massa com dois olhinhos espremidos”, como diz a edição original. Agora, em vez de gordo, Augusto é apenas “enorme”. Outra personagem, Violeta Chataclete, que os umpa-lumpas, funcionários da fábrica, chamam em canção de “irritante, feia e nojenta” por mascar chiclete o tempo todo, na nova edição não é chamada de “feia” mais.

O livro “As Bruxas” (1983), que virou filme com Anjelica Huston em 1990 e com Anne Hathaway em 2020, também sofreu alterações. “Grande rebanho de damas” virou “grande grupo de damas”. “Você deve estar louca, mulher!” virou “Você deve ter perdido a cabeça!”. Na edição de 2001, o narrador explica que “Uma bruxa é sempre uma mulher. Não quero falar mal das mulheres. A maioria delas é amável. Mas fato é que todas as bruxas são mulheres. Não existe bruxo homem”. Toda a ressalva a favor das mulheres foi cortada e substituída por “Uma bruxa é sempre mulher. Não existe bruxo homem”.

Quando um menino é transformado em rato pelas bruxas, mais uma vez cortaram o adjetivo “gordo” — e também uma fala dizendo que ele precisa de dieta. Uma descrição da aparência grotesca das bruxas foi completamente eliminada: “Simplesmente não consigo contar o quão horrendas elas eram, de alguma forma a visão era ainda mais grotesca porque por baixo daquelas carecas cheias de feridas os corpos estavam vestidos com roupas da moda e bonitas. Era monstruoso. Era anormal”. O jornal britânico encontrou 59 dessas mudanças na obra.

Em “Matilda”, a censura não gostou que um personagem ficava branco de susto, e trocou por pálido. Também cortou a comparação do rosto de uma mulher ao de um cavalo. Em “James e o Pêssego Gigante” (1961), os “homens das nuvens” tornaram-se “pessoas das nuvens”, a cabeça da Senhorita Aranha não é mais descrita como “preta” a pele de uma minhoca não é mais “de uma linda cor de rosa”, mas “lindamente lisa”. Ao todo, são centenas de mudanças na obra completa.

Os “leitores sensíveis” são de uma organização chamada Inclusive Minds (“mentes inclusivas”), que se descreve como “um coletivo para pessoas que são apaixonadas pela inclusão, diversidade, igualdade e acessibilidade na literatura infantil e estão comprometidas com mudar a cara dos livros infantis”.

Não é a primeira vez que o politicamente correto, especialmente motivado por novas crenças dos movimentos identitários, interfere na publicação de livros.

Como alertou a Gazeta do Povo, trata-se de uma nova onda de censura e já há alvos equivalentes brasileiros, como a obra de Monteiro Lobato.
 

Reações
O escritor Salman Rushdie, ativista da liberdade de expressão que recentemente perdeu a visão de um olho após ser atacado a facadas por um fundamentalista islâmico, condenou a interferência editorial da Puffin: “Roald Dahl não era um anjo, mas isso é uma censura absurda”, tuitou o autor. “A Puffin Books e os administradores do legado de Dahl deveriam ter vergonha”.

(...)

Roald Dahl também foi piloto da aeronáutica britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Suas histórias, lembrou o Telegraph, são marcadas por um humor negro apropriado para crianças e reviravoltas surpreendentes, com doses de Schadenfreude (o prazer em ver alguém se dar mal) contra personagens por seu mau comportamento dar em maus resultados.

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Gazeta do Povo - Ideias


terça-feira, 15 de junho de 2021

Variantes do coronavírus: quem são e como se comportam - Medicina

Apesar de terem mutações diferentes, elas guardam semelhanças, como maior capacidade de transmissão da Covid-19. Por enquanto, as vacinas funcionam 

Toda vez que um vírus faz suas cópias nas células humanas, está sujeito a erros que levam a mutações no código genético. No caso do coronavírus, essas mudanças estão sendo acompanhadas praticamente em tempo real. Quando um grupo de descendentes (ou uma linhagem, em termos técnicos) do Sars-CoV-2 reúne mutações distintas em comum, passa a ser chamado de variante.

É natural que isso aconteça, mas as notícias de novas variantes preocupam, deixando dúvidas sobre seu real impacto no curso da pandemia de Covid-19. A mais recente é a Delta, detectada pela primeira vez na Índia, mas já disseminada em outros países. incluindo o Brasil. Para ter ideia, ela foi responsável por um aumento de casos no Reino Unido.

Antes de entrar em detalhes sobre as principais variantes, vale esclarecer que a Organização Mundial de Saúde (OMS) mudou a nomenclatura para facilitar a identificação e reduzir estigmas geográficos. Agora elas se chamam assim:
Variante Alfa: a antiga B.1.1.7, identificada no Reino Unido.
Variante Beta: a antiga B.1.351, identificada na África do Sul.
Variante Gama: a antiga P.1, identificada no Brasil.
Variante Delta: a antiga B.1.617.2, identificada na Índia.

A ideia é seguir o alfabeto grego conforme novas cepas sejam identificadas. Essas que destacamos são as chamadas variantes de preocupação (VOCs, na sigla para o termo em inglês variants of concern), assim classificadas pela OMS porque há evidências de que são mais transmissíveis, podem escapar da imunidade adquirida (via vacina ou infecção natural) e/ou provocar versões mais graves da Covid-19.

Existem ainda as variantes de interesse, que são observadas de perto, mas ainda não ganharam o status de alarmantes. Nessa lista, por enquanto, há seis tipos. Mas vamos a um perfil das variantes de preocupação:
Alfa (antiga B.1.1.7)
Quem é:
A primeira variante de preocupação, anteriormente chamada de B.1.1.7. Surgiu no Reino Unido em setembro de 2020. Mutações: São 22 ao todo, entre as que alteram ou não a estrutura do vírus. As principais estão na espícula, a proteína que recobre o vírus. Uma das mais famosas é a mutação N501Y, que intensifica a ligação entre o vírus e as células humanas.
Comportamento: Transmissibilidade entre 30 e 50% maior do que as linhagens anteriores. Alguns trabalhos apontam para possível aumento no risco de hospitalização e maior mortalidade, mas isso ainda não está confirmado.
Resposta às vacinas: Vacinas funcionam normalmente contra ela. Isso é evidenciado por estudos de neutralização de anticorpos e, principalmente, por meio da observação do que houve nos países onde ela se tornou predominante. Os casos seguem caindo com o avanço da imunização a despeito de sua presença.
Situação epidemiológica: Ela foi a responsável pela segunda onda da pandemia que atacou os países do Reino Unido e boa parte da Europa no início do ano, até atravessar o Atlântico e virar a maior responsável por novos casos nos Estados Unidos. Chegou ao Brasil, mas encontrou aqui uma concorrente e tanto, a variante Gama. Chegaremos lá.

Beta (antiga B.1.351)

Quem é: A variante identificada em dezembro de 2020 na África do Sul.
Mutações: Têm alterações em comum com a Alfa, com destaque para a N501Y. Ainda carrega outras duas, na ponta da espícula, que chamam atenção: K417N, com o mesmo efeito de estimular a ligação nas células humanas, e E484K, que poderia ajudar o vírus a escapar dos anticorpos.

Comportamento: Mais transmissível, mas não tanto quanto a Alfa. É investigada por um aumento de mortalidade em indivíduos já hospitalizados, fato ainda não confirmado. A principal preocupação em relação a ela é o escape da resposta imune, que pode elevar a possibilidade de reinfecção e prejudicar a ação das vacinas.

Resposta às vacinas: As vacinas Ad26.COV 2.5, da Janssen, e Comirnaty, da Pfizer, mantêm sua proteção, em especial para casos severos e moderados de Covid-19 causada pela Beta. Mas há indícios de que a Covishield, da AstraZeneca, não funcione frente a essa variante, o que fez a África do Sul suspender seu uso.

Situação epidemiológica: Alcançou Estados Unidos, Canadá e outros 58 países. O primeiro caso brasileiro foi detectado em abril, graças à rede de vigilância genômica instalada no interior paulista, coordenada pelo Instituto Butantan.

Gama (a famosa P.1)
Quem é: Trata-se da variante descoberta no fim do ano passado em japoneses que voltavam do Amazonas.

Mutações: É muito parecida com a Beta, carregando as mesmas mutações principais na espícula do vírus.

Comportamento: Mais transmissível, tanto que devastou o país entre março e abril e ainda está fazendo estragos. Estudos apontam uma taxa de ataque (quantas pessoas um indivíduo doente infecta) semelhante à da variante Alfa, entre 1,6 e 1,4, ante 0,8 do Sars-CoV-2 “original”. Pode escapar dos anticorpos adquiridos em contatos anteriores com outras linhagens do vírus. A redução da ação deles é considerada moderada, mas já abre caminho para a reinfecção.

Agora, a questão da severidade é um mistério. Dados até apontam que ela pode, sim, ser mais letal e aumentar o risco de internação, mas não dá para saber se é culpa da variante ou de outros fatores.  “Tivemos 70% dos óbitos da pandemia no país nos últimos meses, com a predominância da Gama, mas isso pode ter acontecido mais por conta da combinação de alta transmissibilidade e baixa adesão às medidas restritivas, que permite que mais gente se contamine”, aponta o virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona Ômica, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).

Resposta às vacinas: Pesquisas indicam que a Coronavac, do Butantan, manteve sua capacidade de proteção em locais onde a Gama já estava disseminada. A Fiocruz anunciou que a Covishield (AstraZeneca) também faz frente à mutante. Ensaios de neutralização (quando os anticorpos são testados in vitro), trazem ainda resultados positivos da Comirnaty (Pfizer), que devem se confirmar no mundo real.

Situação epidemiológica: Calcula-se que seja responsável por nove em cada dez casos de Covid-19 no país. Suas características fazem com que ela até agora vença a concorrência, tanto que ainda não tivemos uma grande penetração das variantes importadas.

Delta (anteriormente B.1.617.2)
Quem é: Detectada em outubro de 2020 na Índia, foi rotulada como variante de preocupação recentemente, em maio.

Mutações: Mais de uma dúzia, mas duas estão no centro das atenções. A E484Q, alteração semelhante à notada nas variantes Beta e Gama, que poderia ajudar o vírus a escapar dos anticorpos; e a L452R, também ligada à resposta imune.

Comportamento: Parece ser a mais contagiosa até agora. Estima-se que ela seja entre 40 e 60% mais transmissível do que a Alfa, tanto que acabou provocando surtos onde esta já era predominante, como o Reino Unido, o que motivou alertas do governo britânico. Um possível risco maior de hospitalizações está em investigação, mas ainda não foi confirmado.

Resposta às vacinas: Estudos mostram redução importante na ação de anticorpos neutralizantes com apenas uma dose das vacinas de Pfizer e AstraZeneca. Com duas doses, porém, a proteção se mantém. Outra pesquisa, do governo do Reino Unido, mostra que elas são altamente eficazes em reduzir hospitalizações mesmo frente a essa nova inimiga: 96% de proteção para Pfizer e 92% para AstraZeneca.

Situação epidemiológica: Se tornou a mais prevalente da Índia enquanto o país vivia uma devastadora segunda onda. Está sendo associada a um aumento de casos no Reino Unido, que já estava em plena reabertura de comércios e serviços. No Brasil, foram confirmados casos no Maranhão e no Paraná.

O que as variantes nos dizem
Primeiro, que as mutações são relativamente poucas, considerando o tamanho do código genético do vírus. “Ele possui uma enzima que corrige erros na hora da replicação. As variantes mais diferentes apresentam 22 nucleotídeos [pares de bases moleculares que formam o RNA viral] alterados entre 30 mil”, ensina Spilki.

O virologista gaúcho vê semelhanças entre a situação atual e a pandemia de influenza, o causador da gripe, em 2009. Primeiro, tivemos o surgimento da nova cepa H1N1, com um primeiro ano de disseminação de um vírus com genoma praticamente inalterado, seguido por um segundo ano com maior diversidade, e depois uma estabilização dos novos casos em um patamar mais aceitável”, comenta.

Outro achado interessante é que as variantes, apesar de surgirem em vários cantos do mundo, guardam semelhanças em comportamento, sugerindo uma tendência de convergência evolutiva. As mutações mais importantes ocorrem nas mesmas regiões da espícula e, na prática, parecem ter os mesmos efeitos.

Para explicar o que isso significa, Spilki faz uma analogia com pássaros que vivem em ilhas diferentes, mas se alimentam da mesma minhoca. “É como se todos fossem se adaptando para ficarem com o bico cada vez mais parecido e melhor, embora possam haver pequenas mudanças na plumagem ou no tamanho dos animais”, compara.

A convergência traz más e boas notícias. Por um lado, sugere que de fato pode ocorrer uma pequena diminuição na resposta à vacina. Por outro, mostra que é possível identificar as mutações mais consistentes e adaptar as doses a todas de uma vez. Para isso, é fundamental manter a vigilância genômica.

E vale um último recado. Embora os imunizantes ainda funcionem, quando o vírus segue em livre circulação, como no Brasil, corremos o risco de ver novas mutações surgirem, não só atingindo com mais gravidade quem ainda está suscetível, como colocando em risco inclusive os vacinados. Estamos correndo contra o tempo.

Saúde - Chloé Pinheiro - VEJA


sábado, 5 de novembro de 2016

Lula pode criar um grave problema internacional para o Brasil

O círculo mais próximo de Lula, conforme VEJA divulgou em março passado, já debateu a ideia de levar a família do ex-presidente para a Itália

[a Itália não concede asilo a criminosos - o exemplo mais recente é o do Henrique Pizzolato, que foi extraditado e cumpre pena no Brasil.
Marisa Letícia, filhos e Lula, respondem a processos e caso fujam para a Itália - algo dificil de ocorrer, já que estão sendo monitorados - serão extraditados e logo que cheguem ao Brasil encarcerados.
São todos criminosos.
o Brasil concedeu asilo politico a dois terroristas italianos, Achiles Lollo e o Battisti, o que é mais um motivo para a Itália negar asilo a qualquer bandido brasileiros.]  
 
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, se mostrou recentemente preocupado com um suposto plano de asilo de Lula para safar-se das investigações da Operação Lava Jato. Durante cerca de cinquenta minutos, o ministro fez uma análise pormenorizada de uma estratégia de fuga do ex-­pre­sidente. Ao recorrer à ONU, Lula estaria criando as condições para pedir asilo a algum país amigo — uma incursão que, se bem-sucedida, poderia se transformar num desastre diplomático para o governo. [Lula recorreu a ONU em uma tentativa desesperada de se manter visível, só que seu apelo não recebeu grande consideração.
Lula é um bandido e a própria ONU agradece ter se livrado do risco que correu que foi o do Brasil petista ter assento permanente no Conselho de Segurança - risco definitivamente eliminado.]

O círculo mais próximo de Lula, conforme VEJA divulgou em março passado, já debateu a ideia de levar a família do ex-presidente para a Itália, uma vez que Marisa e os filhos têm passaporte italiano. Na avaliação que Serra fez a Temer, Lula ainda dispõe de capacidade de fazer barulho no exterior, caso resolva assumir o papel de asilado político. [Lula está mais desmoralizado no exterior do que no Brasil, embora sempre valha o ditado: a cobra só está morta quando além de ter a cabeça esmagada está cortada em pedaços -  aliás, ditado lembrado por Lula, quando se considerava uma jararaca, só que agora ele é uma reles minhoca.
De qualquer forma, quanto mais rápido Lula e familiares forem encarcerados melhor para o Brasil.]
 
Para ler a reportagem na íntegra, compre a edição desta semana de VEJA no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no iba clube.

 

sexta-feira, 11 de março de 2016

Lulinha que venceu em 2002 com o ‘Lulinha, paz e amor’ quer vencer em 2018 como jararaca – mas será uma minhoca



De paz e amor a jararaca
A crise brasileira é tão asfixiante que às vezes preciso de uma pausa, ouvir música, ler algumas páginas de romance. Em síntese, recuperar o fôlego. As crises assumem ritmos mais rápidos no seu final. A reação de Lula na entrevista coletiva, ao sair da PF, não me pareceu a de um candidato.

Em 2002 foi difícil vencer com o “Lulinha paz e amor”. Em 2018 será impossível vencer como jararaca. Um candidato não se identifica com uma cobra peçonhenta. Nem se considera a alma mais honesta do Brasil. Verdade que seu marqueteiro está na cadeia. Mas onde está a intuição política que sempre lhe atribuem?

Ele perdeu a cabeça e, com ela, a chance de representar a serenidade do inocente. Seu marqueteiro representou. Não evitou a cadeia, mas, pelo menos, era um script mais elaborado.  Lula queria ser algemado. O marqueteiro e a mulher, também. Eles colocaram as mãos para trás, incomoda menos que as algemas reais, mas não tem o mesmo efeito. No fundo, um tremendo esforço para se fazer de vítima, conquistar pela emoção a simpatia que os fatos liquidaram.

Na Justiça, a decisão vai trabalhar com os fatos. Se alguém, realmente, quer contestar sua provas, precisa argumentar também com evidências. Nem sempre as decisões na esfera do crime são bem recebidas. Em muitos pontos do Rio, prisões resultam em protestos, queima de pneus e bloqueios. Alguns líderes religiosos, quando presos, também emocionam seu rebanho.  No campo da política, há sempre o cuidado com os conflitos sociais. 

Para quem viu conflitos sociais, o que aconteceu na sexta passada foi apenas uma briga de torcidas e, na verdade, mais pacíficas que as de futebol. Leio num jornal brasileiro que iriam buscar, entre outros, um gesto de solidariedade de Nicolas Sarkozy. Leio num jornal francês que Sarkozy também está às voltas com a polícia. Apesar de seu ritmo, os últimos dias têm trazido uma ponta de otimismo, mesmo nos mercados, que são tão voláteis. 

Esse otimismo está baseado na queda de Dilma, mas deve ser estendido também a Eduardo Cunha. Os dois são rejeitados pela maioria. Não se trata apenas de festejar uma queda, desfazer-se de uma pedra no caminho. É criar uma chance de, superando o impasse político, recuperar a economia.

O que move as pessoas no domingo não é só a unânime luta contra a corrupção, mas também a clareza sobre as dificuldades cotidianas. Elas podem não ter uma noção clara do que deva ser feito. Mas sabem que algo precisa ser feito. E urgente.  Sempre que foi preciso, a sociedade brasileira manifestou-se claramente. Será assim no domingo e, para dizer a verdade, não acredito em conflitos, como algumas vozes do PT sugerem e Dilma confirma, a seu modo, pedindo paz.

As coisas vão se resolver de forma tranquila e o bicho-papão não tem como amedrontar ninguém. Escaramuças pode haver, mas seriam mais um caso de polícia: mais gente presa e neutralizada. É ingênuo supor que as pessoas, dando-se conta de que o país está à deriva, com um governo que se elegeu com grana da Petrobras, numa enorme crise econômica, vão ficar em casa só porque uns caras de camisa vermelha fazem cara feia ou gestos obscenos com o dedo.

Quando as pessoas denunciam a corrupção estão baseadas em fatos reais, documentados, investigados com rigor. Sabem que a Petrobras foi saqueada, sabem dos milhões de dólares que foram repatriados. Não adianta cara feia. Se isso fosse uma saída histórica, bastava saquear o país e dizer: não me prendam porque senão vamos para as ruas gritar; não apareçam para protestar porque estou bravo, viro uma jararaca.

Outro dia, o bispo auxiliar de Aparecida recomendou aos seus fiéis pisarem na cabeça da jararaca. E um juiz condenou um adversário do PT a pagar multa de R$ 1,00 por ter criticado o partido. E ironizou que é um partido que tem a pessoa mais honesta de todas.  O bispo via a luta contra a jararaca como a luta entre o bem e o mal. Quem se colocou como cobra venenosa foi o próprio Lula. E o fez num recado para a Justiça. É uma declaração subconsciente de culpa: jararaca eu sou, acontece que vocês não atingiram minhas funções vitais, sigo sendo uma cobra venenosa.

Dilma reclamou de injustiça, mas até hoje não defendeu Lula no mérito. Colaborou na forma: protestou pelo fato de a Lava Jato tê-lo levado a depor debaixo de vara. 

Inconscientemente, Lula pediu para ser destruído. O bispo levou-o ao pé da letra. A Lava Jato certamente entendeu de outra forma. E optou pela pesquisa. São os fatos que já existem e os que ainda não foram divulgados que vão definir o destino do governo e de Lula.

Tanto parlamentares como juízes precisam saber claramente o que a sociedade pensa. Não trabalham com pesquisa e, de qualquer forma, não se antecipam nunca. São viciados no único estímulo: um sopro na nuca, de preferência um vento bem forte, 100 km por hora. Em outras palavras, a manifestação de domingo pode ser o sopro que falta para romper o impasse político. Mas, de qualquer maneira, a vaca já foi pro brejo. Não há horizonte com o governo Dilma, exceto empobrecer mais, enquanto ela luta por se agarrar no cargo.

No domingo há, ainda, a chance de uma aproximação maior de todos os que querem mudança. É fundamental que estejam próximos durante a travessia até 2018. Esta, sim, já me preocupa mais que as bravatas de Lula. Precisa de um mapa do caminho para recomeçar em 2018 com a economia recuperada e um grau de consciência nacional que não deixe jamais o Brasil chegar ao ponto a que chegou.Essa é minha esperança. Por ela vou às ruas. Não para me expressar, pois isso posso fazê-lo com liberdade na imprensa. Nem para flertar com a política, interesses partidários ou eleitorais. Vou para a rua porque acho que é o lugar onde devem estar todos os que queiram tirar o Brasil do buraco e encerrar este triste episódio histórico.

Fonte: Estadão – Fernando Gabeira