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quinta-feira, 1 de junho de 2023

Lula, capacho de ditador - Marcel van Hattem

Vozes - Gazeta do Povo


Lula e Maduro se reuniram em Brasília.| Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

É impossível a qualquer democrata, de direita ou de esquerda, assistir às indecentes imagens do ditador Nicolás Maduro em visita ao Brasil, refestelando-se na companhia de Lula, sem indignação e nojo. 
Nojo dos crimes de seu regime, da tortura que pratica contra opositores; indignação com o maltrato ao próprio povo, com a fome que assola o país e já fez mais de 7 milhões de venezuelanos emigrarem, inclusive para o Brasil, fugitivos e refugiados do “Socialismo do Século XXI". 
Lula conseguiu, nos últimos dias apenas, consolidar-se como um pária internacional de primeira ordem.  
O mundo está em choque; o Brasil está envergonhado.
 
Como a dar conselhos a um velho amigo, porém, constrangedoramente em público durante coletiva de imprensa, Lula sugeriu ao ditador Maduro que criasse sua própria narrativa sobre seu regime, pois seria “infinitamente melhor” do que a narrativa que estaria sendo disseminada. Lacalle Pou, presidente do Uruguai também presente à cúpula no Brasil e de direita, não aceitou o revisionismo histórico macabro pretendido por Lula. 
Durante a reunião fechada realizada no Itamaraty com os demais presidentes sul-americanos presentes, ligou a câmera de seu celular e transmitiu sua fala ao vivo pelas redes sociais: “Não temos a mesma definição sobre direitos humanos, respeito às instituições e democracia”. E acrescentou, sobre as supostas “narrativas” a respeito da crueldade do regime bolivariano: ”Não se pode tapar o sol com o dedo!”.

    Direita ou esquerda, não importa: se houver um mínimo de honestidade intelectual é impossível ignorar as atrocidades que acontecem em solo venezuelano.

Também o presidente chileno, dessa vez um esquerdista, Gabriel Boric, fez questão de se manifestar: “Não é uma construção narrativa, é a realidade”. E reforçou que a viu com os próprios olhos, ninguém o ludibriou com uma falsa narrativa: “É [uma realidade] séria, e tive a oportunidade de vê-la nos olhos e na dor de centenas de milhares de venezuelanos que vêm à nossa pátria e que exigem, também, uma posição firme e clara para que os direitos humanos sejam respeitados sempre e em todos lugares, independentemente da cor política do governante de turno”. 
Direita ou esquerda, não importa: se houver um mínimo de honestidade intelectual é impossível ignorar as atrocidades que acontecem em solo venezuelano, pois elas transbordam para o resto do continente – inclusive, para o Chile, país geograficamente mais distante na América do Sul da ditadura de Maduro e, ainda assim, impactado por massas de refugiados vindos, a milhares de quilômetros de distância, do norte.
 
Roraima, no norte brasileiro e limítrofe à Venezuela, é o estado brasileiro que mais tem sofrido com a calamidade gerada e agravada diariamente por Maduro. 
São dezenas de milhares de cidadãos que já cruzaram a fronteira em Pacaraima, muitos dos quais lotam as ruas e praças de Boa Vista, capital do estado. Eu poderia tentar descrever tudo o que se passa por lá, mas me faltariam palavras para retratar o que este vídeo produzido por empreendedores locais revela com exatidão e compaixão: o sofrimento profundo desse povo, incluindo crianças desalentadas e mulheres violentadas. Onde está a narrativa, Lula? 
Confirma-se, apenas, que narrativa é apenas um eufemismo do petista para esconder verdades cruéis e inoportunas e disseminar mentiras deslavadas que lhe sejam convenientes.
 
Para encerrar o segundo dia dessa trágica e vergonhosa visita de Maduro ao Brasil, agressões físicas a jornalistas revoltaram a imprensa internacional
Capangas do ditador e funcionários do GSI de Lula revezaram-se nas grosserias, no empurra-empurra que resultou até mesmo num inadmissível e violento soco no peito de uma jornalista da Rede Globo, Delis Ortiz. Além de toda solidariedade que precisa ser prestada aos profissionais de imprensa agredidos, é forçoso acrescentar: na Venezuela sequer imprensa livre existe
Não à toa a revolta e o repúdio a essa visita, inoportuna e vexaminosa, têm sido unânimes por parte dos meios sérios de comunicação brasileiros.
 
É lamentável assistirmos à derrocada brasileira no cenário internacional. 
 A ONU e seus órgãos multilaterais, bem como ONGs de defesa dos direitos humanos e da democracia não hesitam em condenar o regime ditatorial venezuelano
Todo o mundo democrático rechaça a liderança sanguinária de Nicolás Maduro, mas Lula parece viver uma realidade paralela. 
O presidente do Brasil dá sinais de estar vivendo uma fantasia obscena, um frenesi mirabolante de fazer do nosso país líder do que há de pior na face da Terra
Essa dança da morte precisa ser interrompida; os brasileiros não merecem tamanha humilhação, pois o máximo que Lula está conseguindo passar ao mundo é que está se dispondo a servir de capacho a um ditador.


Marcel van Hattem, deputado  federal - coluna na Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 20 de abril de 2021

DESABAFO = nojo, repugnância, vergonha

Aos nossos dois estimados e honrados leitores: 'nínguém' e 'todo mundo'

Admitimos que foi dificil pensar, começar a considerar a ideia de por fim nossas atividades de uma batalha sem compromisso com a esquerda, com a mentira, com a canalhice. 

Aqui temos que citar o discurso magistral do grande Ruy Barbosa - pronunciamento que divide a liderança com uma outra que se tornou voz corrente.  

Discurso das nulidades:  

Facebook

Rui Barbosa - texto completo de famoso discurso

Este é o texto completo das famosas considerações de Rui Barbosa sobre a crise moral, que, infelizmente, não é apresentado ao público. Pelas palavras de Rui Barbosa, fica bem claro que a ruína moral do Brasil começou com a proclamação da república. É só ler o texto para conferir.

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...”.

Essa foi a obra da República nos últimos anos.

No outro regime (monarquia) o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhe estavam fechadas.

Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais.

Na República os tarados são os taludos. 
Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando.

Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.

E nessa destruição geral de nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. 
E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem..."
 
 

Prezados leitores, poderíamos ter expressado nosso protesto, gastando milhões de 'byte', reproduzindo manchetes do tipo:

´'Renan Calheiros, comandará investigações sobre mau uso do dinheiro público durante a  pandemias da covid-19;

- Barroso informa antes de sessão virtual do STF, que consultou seus pares no 'olimpo dos deuses'; 

- Partideco quer que Supremo exija explicações do presidente Bolsonaro por alterações ocorridas no quarto escalão do 'meio ambiente'; 

- Zé Guimarães, aquele petista que  criou o hábito de transportar dólares no entrepernas, cuidará na CPI da covid-19, sobre o transporte de dólares por meios não convencionais. 

Teríamos milhares de manchetes desse tipo a transcrever. Para que? 
nos enojar? nos causar asco?

O discurso do Rui diz tudo com a classe, a fineza, a correção que sempre norteou suas manifestações.

Entristece-nos que por razões outras, o nosso presidente não está conseguindo governar e cumprir a missão por nós conferida.

Fechando: todos, sem exceções, que em algum momento da vida pública confundiram o adjetivo 'imortal' com o substantivo 'imortal', fracassaram.

A primeira condição para pleitear alcançar eventual imortalidade é exatamente a de aceitar que é mortal.

Aos que expressaram seu repúdio ao nosso sumiço,nossa gratidão.

Editores do Blog Prontidão Total


sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A esperança de nada ser como antes

Bolsonaro depende mais de Moro do que de Guedes


Desde Deodoro da Fonseca, não houve presidente assim. Jair Bolsonaro ganhou sem alianças e montou um ministério excludente. Exceção ao titular da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, de origem cearense, não há nordestinos em um primeiro escalão com quatro paranaenses, quatro gaúchos, quatro fluminenses, dois políticos do Mato Grosso do Sul e um colombiano.
[a Constituição Federal determina:
"... Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente da República:
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;..."


"...Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. ..]

[as exigências constitucionais para ser nomeado ministro de Estado foram rigorosamente cumpridas.

O fato de não ser exigido que os brasileiros sejam 'natos' permite a nomeação do colombiano.]
 
Mesmo que se desconte a falta de equilíbrio regional, é uma pasta que não lança pontes para quem não votou em sua chapa no segundo turno. [não há razão para oferecer amizade aos que não votaram; 
se estes, fazendo o seu 'mea culpa', procurarem os vencedores poderão até ser recebidos e se merecerem, por competência, poderão até serem agraciados com um cargo.]
 
Bolsonaro é visto por alguns como um presidente tutelado, mas a rigor cedeu pouco. Arquitetou o governo como se propôs, atendendo fartamente aos setores que sustentaram sua campanha: militares da reserva, com vínculos importantes na caserna, e radicais da internet. Foi obrigado [será que foi???] a manter o Ministério de Direitos Humanos, e o entregou a uma pastora pentecostal. Teve que deixar o Ministério do Meio Ambiente e o destinou para um aliado da bancada ruralista.

Paulo Guedes é fiador de um contrato estabelecido quase um ano antes da eleição, mas há aí uma relação de interdependência. Uma agenda como a que o futuro ministro da Economia pretende engatar necessita de um presidente popular que consiga administrar expectativas. Não há outro modo de implantar um ajuste fiscal amargo sem explosão social.  O principal gesto de Bolsonaro para o mundo exterior, não irrelevante, frise-se, foi convidar Sergio Moro. Bolsonaro não poderá ter o anticomunismo, ou mesmo o antipetismo, como seu principal lastro, à medida que Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni forem gerando agendas negativas com reformas econômicas amargas e pactuações no Congresso.
É Moro que sinaliza para a esperança de nada ser como antes. Da sua capacidade de gerar fatos positivos dependerá parte do sucesso de Bolsonaro e do próprio Paulo Guedes.

Fim de ciclo
“A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram”, disse Ulysses Guimarães no discurso de promulgação da Constituição de 1988, já no final de sua fala, na hora dos agradecimentos. Era um discurso que procurava situar a importância daquele momento histórico como um dos últimos atos de encerramento de um ciclo, o do regime militar. Ulysses proclamou que a elite política de então, reunida na Assembleia Nacional Constituinte, tinha “ódio da ditadura, ódio e nojo”.

A releitura deste discurso em um dia como o de ontem, quando se completou 50 anos do AI-5 e se divulgou a notícia da morte da viúva de Paiva, tem um sabor arqueológico indisfarçável. Estamos em outra era. Ulysses desmoralizava a era passada do ponto de vista objetivo e moral. O país hoje está cheio de ódio e nojo, e o grupo político que soube empalmar o poder aproveitou-se disso, mas claramente não é à ditadura. O manifesto de Ulysses em 1988 era abrangente como o é a Constituição em vigor, luz de estrela já extinta. No mesmo discurso em que bateu o prego no caixão de 1964, o deputado falecido em 1992 afirmou que “a corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos que, a pretexto de salvá-la, a tiranizam. Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública”.

Primeiro mandamento. Ulysses parecia perceber onde claudicava a nova ordem que se abria, produto de uma transição rara na América Latina, em que os militares se retiraram sob o manto de uma anistia que liberou a todos de qualquer autocrítica sobre o que havia se passado nas décadas anteriores. A corrupção e o asco que ela desperta nunca foram um fator irrelevante no jogo político brasileiro. É preciso lembrar que a imagem do regime militar em seu encerramento neste aspecto também estava comprometida. A do regime democrático que se encerrou em 1964 também.  Toda ruptura foi marcada pela esperança do saneamento, invariavelmente frustrada.

Ao tomar o poder com a revolução de 1930, lá estava esta semente plantada no discurso de Getúlio Vargas: “Comecemos por desmontar a máquina do filhotismo parasitário, com toda a sua descendência espúria. Para o exercício das funções públicas, não deve mais prevalecer o critério puramente político. Confiemo-las aos homens capazes e de reconhecida idoneidade moral”, afirma, em uma fala onde prometeu extirpar ou inutilizar os agentes da corrupção “por todos os meios adequados”.  Getúlio é um exemplo longínquo, os mais recentes dispensam maiores apresentações, como o de Janio Quadros e Collor.

Ódio e nojo em relação ao que passou sempre marcam os fins de ciclo, seja a uma elite que não entregou o que prometeu, seja a uma ditadura brutal, que provocou e mascarou assassínios em seus porões, como foi a de algumas décadas atrás. Jair Bolsonaro está às vésperas de tomar posse esforçando-se para explicar as nebulosas movimentações que aconteciam no gabinete do filho na Assembleia Legislativa, mas portador de uma grande esperança, como mostrou a pesquisa de ontem do Ibope.

Um contingente poderoso de eleitores acha que Bolsonaro não vai roubar e não vai deixar roubar e pensa que este deveria ser de fato o primeiro mandamento. No levantamento encomendado pela CNI, 64% dos entrevistados acham que Bolsonaro será um bom ou ótimo presidente e 37% pensam que a corrupção é um problema que será atenuado sob seu governo.

Saúde e o desemprego vêm na frente da corrupção como o problema mais citado, mas o conjunto dos dados induz a pensar que o eleitor intui que Bolsonaro terá desempenho melhor em outras áreas. Os eleitores que acham que os males da saúde serão suavizados é de 31%.

Cesar Felicio - Valor Econômico