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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Vergonha mundial para o Brasil: impunidade e decisão de Toffoli preocupam OCDE - Deltan Dallagnol

Gazeta do Povo - VOZES

Justiça, política e fé

O Grupo de Trabalho Antissuborno da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a qual é conhecida também como “clube dos países ricos”, divulgou ontem (19) um relatório que envergonha o Brasil perante a comunidade internacional e pode dificultar o ingresso do Brasil nesse clube, o que poderia trazer grandes benefícios ao país e era uma das prioridades do último governo. Destacarei três pontos do extenso relatório de 117 páginas que pode ser lido na íntegra aqui.

Primeiro, a OCDE concluiu que o Brasil falhou no combate à corrupção ao fomentar um clima de impunidade, em que não há punição efetiva nos grandes casos de suborno internacional e de corrupção revelados e comprovados pela Lava Jato, além de outras grandes operações. Todos já sabiam disso por aqui, mas agora a força e a resiliência da corrupção brasileira são expostas para o mundo. É constrangedor.

A OCDE repetiu uma das nossas maiores críticas ao STF, ao afirmar que a decisão do Supremo de 2019 que proibiu a prisão em segunda instância é um dos principais motivos da impunidade brasileira. Para a OCDE, a prisão apenas após o trânsito em julgado, “combinado com as regras de prescrição no Brasil, cria um risco de gerar impunidade na prática para a corrupção internacional”.

O exemplo trazido pela OCDE foi o famoso caso dos executivos da Embraer, condenados pelo pagamento de mais de 3,5 milhões de dólares em propinas em negociações para a venda de aeronaves para a Força Aérea da República Dominicana. Os executivos foram acusados dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em 2014.

Todos já sabiam disso por aqui, mas agora a força e a resiliência da corrupção brasileira são expostas para o mundo. É constrangedor

Apesar de terem sido condenados em 2018, quase dez anos depois, os executivos apresentaram recurso atrás de recurso e o processo nunca transitou em julgado, o que causou a prescrição dos crimes em 2022 para 8 entre 9 dos condenados. Ou seja: apesar de terem sido condenados, 88% dos acusados escaparam sem punição em razão do insano sistema prescricional brasileiro - algo que já apontávamos quando propusemos as 10 medidas contra a corrupção, que poderiam corrigir esse problema, mas foram destruídas pelo Congresso.

A conclusão da OCDE espelha a estatística cruel de que 97% dos casos de corrupção e de colarinho branco não são punidos no Brasil. No STF essa realidade talvez seja até pior, afinal, em toda a Lava Jato, apenas dois políticos dentre as dezenas daqueles que tinham foro privilegiado, os ex-deputados Nelson Meurer e Aníbal Gomes, foram condenados pelo tribunal. Enquanto isso, mais de 174 pessoas foram condenadas em Curitiba nos esquemas que, todos sabem, eram comandados por caciques de Brasília que seguem impunes.

O segundo ponto que gostaria de destacar é que a OCDE atestou o que sempre dizemos: a independência efetiva dos agentes da lei para combater a corrupção está em cheque no Brasil. Por aqui, os corruptos buscam não só impunidade dos crimes passados, mas retaliar os agentes da lei que os investigaram e assegurar sua impunidade para os crimes futuros.

De fato, a OCDE apontou “sérias preocupações com um efeito inibidor (chilling effect) decorrente da combinação entre a ampliação da Lei de Abuso de Autoridade e recentes ações disciplinares - ou mesmo cíveis e criminais - contra procuradores atuando em casos importantes de corrupção”. 

Nesse particular, a OCDE faz referência direta à decisão ilegal do TCU que me condenou a devolver mais de 2,8 milhões de reais em razão dos custos operacionais da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba: “Tanto a comissão de investigação técnica quanto o Ministério Público junto ao TCU concluíram que nenhuma irregularidade ocorreu. Apesar desses relatos, o Plenário do TCU [ministros indicados politicamente] condenou todos os três procuradores”. 

Outro caso lembrado pela OCDE foi a punição de procuradores da força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em razão da divulgação de uma denúncia contra políticos do MDB. Sem que nada de grave tivesse ocorrido, procuradores com carreiras exemplares foram submetidos a rigorosas punições por um órgão com forte ingerência política.

Durante as visitas ao Brasil, procuradores confirmaram aos examinadores da OCDE sua percepção de que as punições foram uma forma de retaliação pelo trabalho contra a corrupção. Representantes da sociedade civil também expressaram a mesma preocupação com a necessidade de proteger a independência de procuradores que atuam em grandes casos de corrupção de quaisquer interferências.

O terceiro ponto que destacarei é o mais importante do relatório: a análise extremamente crítica da OCDE da esdrúxula decisão do ministro Dias Toffoli de anular as provas do acordo de leniência da Odebrecht, as quais apontam a corrupção de centenas de políticos brasileiros. A decisão foi vista com assombro e preocupação pela OCDE. Aliás, o relatório da OCDE já estava pronto para publicação quando a decisão do STF veio à tona e, diante de sua gravidade, os examinadores decidiram reabrir o relatório. 

Com efeito, a decisão de Toffoli que anulou as provas do acordo da Odebrecht é o ponto central de todo o relatório da OCDE e é mencionada diversas vezes ao longo do texto. A decisão consta como preocupação e recomendação nº 1 dos examinadores na lista de questões que serão acompanhadas com atenção pela OCDE nos próximos anos. 

Segundo o relatório, a OCDE está preocupada com as consequências da decisão de Toffoli, especialmente sobre os demais “acordos de leniência do Brasil nas questões antissuborno, em particular em que extensão isso vai afetar a habilidade do Brasil de prover e obter assistência mútua em casos de suborno internacional”.

A preocupação da OCDE não é para menos, já que o relatório elogia e destaca o trabalho realizado pela operação Lava Jato como o momento de maior eficiência no combate à corrupção do Brasil em vários anos, especialmente em relação ao caso Odebrecht. A OCDE lembra que o acordo de leniência da Odebrecht, firmado simultaneamente com Estados Unidos e Suíça, foi reconhecido na época como “o maior caso de suborno internacional da história”.

A Odebrecht admitiu ter pago mais de 788 milhões de dólares em subornos para agentes públicos, políticos, partidos políticos e candidatos no Brasil e outros 11 países, da América Latina à África. No Brasil, os acordos firmados pela Odebrecht com o MPF, AGU e CGU renderam cerca de 2,5 bilhões de dólares aos cofres públicos, mais de 10 bilhões de reais. 

A decisão do ministro preocupou os examinadores da OCDE não só porque pôs em xeque a efetividade e a segurança jurídica dos acordos de leniência firmados no Brasil, em especial os da Odebrecht, como também porque pode impedir que o Brasil coopere internacionalmente com outros países para investigar e punir a corrupção, o que é uma obrigação dos países signatários da Convenção Antissuborno. Isso porque Dias Toffoli tratou como se fossem ilegais as tratativas diretas e contatos informais entre procuradores brasileiros e autoridades estrangeiras, quando são legais. 

Ao contrário do que decidiu o ministro, a OCDE avaliou de maneira positiva que “todas as autoridades competentes, incluindo CGU, o MPF e a PF, promoveram laços e contatos informais, através do envolvimento com suas contrapartes estrangeiras, bem como da participação em iniciativas regionais ou outras redes de agentes da lei”. Para coroar, a OCDE também afirmou que “desenvolver e manter esses laços e essa cooperação informal é reconhecido como uma boa prática, crucial e internacionalmente aceita”. 

Assim, a OCDE põe o último prego do caixão das críticas que se avolumaram na imprensa contra a absurda decisão do ministro Dias Toffoli. Expõe como uma ferida aberta o fato de que a decisão do ministro não teve como base a lei. Mostra que a falsa preocupação do ministro com a regularidade da cooperação internacional era apenas um pretexto para anular as provas, já que a conduta da Lava Jato foi regular.

Decisões como a de Toffoli causam efeitos reais na imagem, credibilidade e capacidade de atuação do Brasil. Um exemplo disso é a informação trazida no relatório de que os países-membros da OCDE relataram “maior dificuldade para cooperações internacionais com o Brasil” após a Lava Jato, além de excessiva demora na obtenção de autorizações judiciais para compartilhamento de dados. 

O que se constata é que passamos de um padrão ouro de combate à corrupção, aplicado durante a Lava Jato e que satisfazia os critérios da Convenção e da própria OCDE, para um padrão lixo, um padrão impunidade. A decisão de Toffoli é uma das decisões de Brasília responsáveis por essa mudança. Passamos a ser um país mal-visto pela comunidade internacional e em que não se pode mais confiar quando o tema é cooperação internacional. Parabéns, Toffoli.

Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 24 de junho de 2021

Imprensa brasileira tem sua ineficácia comprovada - Gazeta do Povo

Sir Karl Popper. Ilustre liberal, grande pensador, homem da ciência. Fico pensando em como Popper estaria perplexo com a quantidade de bobagem repetida em nome da ciência atualmente. Aqueles que desejam politizar tudo, até remédios, insistem na falácia de que o tratamento imediato teve sua ineficácia comprovada. É pura ignorância ou má-fé, coisa de quem não faz a menor ideia do que seja o processo científico.

Testa-se uma hipótese, buscando sempre refuta-la, nunca comprova-la. Isso para impedir o viés de confirmação, a seletividade dos dados, o
"cherry picking". Se você só viu cisnes brancos até hoje, isso não lhe dá o direito de repetir, em nome da ciência, que cisnes negros não existem. Sua afirmação, cientificamente falando, deveria ser a de que hoje ainda não há provas da existência de cisnes negros. Até o dia que eles foram encontrados...

Vejo em tudo que é veículo de comunicação a chamada de que a hidroxicloroquina e a ivermectina tiveram sua ineficácia comprovada. Isso é simplesmente falso, fake news. Há inúmeros estudos que apontam para sua eficácia, há a observação médica de quem está na ponta cuidando de pacientes, não lacrando entre uma música e outra. O que não há, ainda, é o tal teste padrão ouro, que não existe para cerca de 90% dos medicamentos que utilizamos para várias outras doenças.

Pode ser que o troço seja placebo?
Até pode, mas há indícios de que não é este o caso. Não obstante, jornalistas arrogantes e ignorantes adotam narrativas imbecis, tudo para atingir Bolsonaro, e o fazem em nome da ciência. É de arrepiar! Aí nos deparamos com a notícia de que Oxford está realizando testes para a ivermectina. A revista Exame deu a notícia de forma normal antes, depois apagou e passou pelo filtro do lacre:

Reparem na torcida do contra, na distorção e manipulação na nova chamada. O "corpo da matéria", porém, não esconde a expectativa de sucesso com o remédio para parasita: Coronalovers e pandeminions não conseguem mais esconder que torcem contra o tratamento, tudo por ódio ao presidente. É doentio! Mas deixando o resultado de lado por enquanto, cabe perguntar: ué, mas se há "ineficácia comprovada, então por que Oxford vai realizar testes para averiguar a eficácia? Isso quer dizer, pasmem!, que ainda não há uma tal ineficácia comprovada?! Isso quer dizer que a nossa imprensa em peso mente para seu público? Tudo por fins políticos?! Que coisa feia!

O duplo padrão também tem sido a marca registrada da mídia nacional.  
Bolsonaro sem máscara já vira genocida, enquanto isolacionistas que são vistos sem máscara longe das câmaras são protegidos em sua hipocrisia, e o fato de que a maioria deles contraiu o vírus é algo que passa batido pela imprensa. 
Enquanto isso, o Papa, sem máscara, toca em seus fiéis. Seria o Papa um genocida negacionista? O presidente Bolsonaro, com sutileza, passou o recado aos jornalistas: Uma liderança verdadeira precisa demonstrar coragem e fé. O Papa, sem máscara, toca nas pessoas, pois “se proteger” não pode ser a única meta de um líder. Mas vai explicar isso para quem acha que o ícone da liderança na pandemia é um governador hipócrita, que diante das câmeras aparece até com duas máscaras, mas depois vai para Miami relaxar da afetação de falsa virtude!
Por falar no tal governador... uma coisa ele faz bem: persuadir jornalistas a nunca o criticarem! Não se sabe que tipo de "argumento" ele usa para tanto. Minha colega de bancada gagueja muito quando o tema é a gestão doriana. O Brasil tem péssimo resultado pois tem mais de 500 mil mortes, mas São Paulo não está ruim pois é o décimo estado em termos relativos, sendo que tem mais de 120 mil mortes? 
Isso sem levar em conta que São Paulo tem mais mortes do que sua população representa do total brasileiro. 
O governador tem mérito por ouvir a ciência, mas a turma repete que não houve lockdown em São Paulo verdadeiro, como na Europa? Eu fico sem saber se Dória é parte do problema ou da solução!

Quando falamos do Papa, lembramos da Argentina também, outro incômodo enorme para a narrativa da mídia. A Argentina, que terminou de destruir sua economia com o lockdown mais longo da América Latina, registrou 792 óbitos ontem e chega a 90 mil mortos por coronavírus. Isso com uma população que é um quarto da nossa, ou seja, em termos relativos já tem quase a mesma quantidade de óbitos, e deve nos passar. O presidente lulista não fechou a compra da vacina da Pfizer por "cláusulas leoninas", mas Bolsonaro é culpado pela "falta" de vacina, no país que é o quarto que mais vacinou no mundo. Dura a vida de um militante disfarçado de jornalista, não?

A Argentina tem a moeda mais desvalorizada no momento, pois segue ladeira abaixo rumo ao destino venezuelano. Enquanto isso, o dólar cai abaixo de cinco reais, por otimismo dos investidores com as reformas aprovadas pelo governo Bolsonaro: 
Mas a Argentina não escutou a voz da ciência, não fez lockdown? 
Que pasa? 
Aliás, vocês se lembram de quando o lockdown era defendido como uma medida emergencial por 15 dias apenas para "achatar a curva" e ganhar tempo? Hoje é o Santo Graal da Seita dos da Terra Parada, dos isolacionistas gourmet que não pararam de trabalhar um só dia na pandemia, mas defenderam o desemprego em massa para os pobres, já que a economia fica para depois. Hipocrisia pura...

Essa mídia não está preocupada em fazer as perguntas certas da ciência. Leandro Ruschel fez no lugar da patota: no Chile, mesmo com 70% da população recebendo uma dose e 50% das pessoas completando a vacinação com duas doses, as mortes seguem em patamar elevado, numa média de 120 por dia, o que equivaleria a uma taxa de 1300 por dia no Brasil. Afinal, qual é a eficácia da vacina chinesa? Ele continua: já na Indonésia, centenas de casos de médicos que tomaram Coronavac e foram infectados pela última onda da pandemia que varre o país, segundo a Reuters. E o que falar de Seychelles, uma pequena ilha com o maior índice de vacinação do mundo, com 60% da população vacinada ainda em maio? Apresentou uma explosão de casos...

Já no insuspeito New York Times, jornal esquerdista, há uma reportagem mostrando que vários países apostaram na vacina chinesa e agora enfrentam surtos de Covid: Pois é, precisamos falar sobre a eficácia das vacinas, lembrando que Costa Rica rejeitou a Coronavac, que tampouco é aplicada nos Estados Unidos ou na Europa. O autor de novelas Aguinaldo Silva ficou decepcionado ao chegar no continente e escutar em todo lugar que sua vacinação de nada valia ali. Doria apostou no cavalo errado? A imprensa vai tratar do assunto com objetividade, imparcialidade e postura científica?

Não sabemos direito sobre a real eficácia das vacinas, e não temos as respostas definitivas sobre o tratamento precoce. O que sabemos, com um alto grau de certeza científica, é que nossa imprensa tem sua ineficácia comprovada. É muita militância e pouca seriedade.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

Fux tentou dar um truque para preservar Moro da suspeição. Perdeu por 7 a 4 ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/06/23/fux-tentou-dar-um-truque-para-preservar-moro-da-suspeicao-perdeu-por-7-a-4.htm?cmpid=copiaecola

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Bretton Woods - Hora de reconstruir - O Estado de S. Paulo

Celso Ming 

Cenário pós-pandemia exige um novo Bretton Woods, diz a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional

Tempo de reconstrução
No pronunciamento desta quinta-feira, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a búlgara Kristalina Georgieva, pediu que a comunidade internacional encare os problemas da hora com o espírito da Conferência de Bretton Woods. Esse foi o grande acordo costurado em 1946 nessa minúscula localidade do Estado de New Hampshire, nos Estados Unidos, em que 44 representantes dos principais países liderados pelos Estados Unidos definiram as bases econômicas da reconstrução.

Em 1944, a economia mundial estava prostrada em consequência de duas enormes devastações: a da Grande Depressão dos anos 1930 e a da 2.ª Grande Guerra, de 1939 a 1945. Bretton Woods restabeleceu a ordem monetária global, ainda baseada no padrão ouro. Também criou o Fundo Monetário Internacional, para socorrer os países nos casos de incapacidade de pagamento no mercado internacional, e o Banco Mundial, para ajudar a financiar o desenvolvimento econômico dos países pobres.

O momento, disse Georgieva, é de um novo Bretton Woods. E ela enumera os estragos de um ano de pandemia: “Mais de 1 milhão de mortos, encolhimento de 4,4% no PIB global e nova queda de US$ 11 trilhões na produção no ano que vem”. E acrescenta que, neste ano, a pobreza aumentou pela primeira vez em décadas. Apesar das proporções do desastre, as tarefas de reconstrução são incomensuravelmente menores do que as que existiam na segunda metade dos anos 1940, quando grande extensão da infraestrutura e da capacidade de produção foi destruída pelos bombardeios na Europa e na Ásia. 

Não dá para dizer que vem faltando ajuda. A própria Georgieva comemora a injeção de US$ 12 trilhões em recursos fiscais por parte dos Tesouros nacionais e de mais US$ 7,5 trilhões pelos grandes bancos centrais. Se o momento é de ampla reconstrução, não vai ser preciso reerguer fábricas, portos, ferrovias e estradas e recuperar tantos campos devastados. Mas é preciso mais investimento, cuja função será ajudar a aumentar a produção de riquezas e a criar postos de trabalho.

Se o momento é de um novo Bretton Woods, também é o de uma mensagem, que na ocasião foi proferida pelo maior economista do século 20, John Maynard Keynes. Em 1944, ele pediu um grande esforço de cooperação global, capaz de assentar as bases para uma nova irmandade entre os povos. Um dos campos que podem alavancar os novos tempos é o encaminhamento de projetos de substituição de energia fóssil por energia renovável. O mundo enfrenta hoje um desastre econômico de natureza ambiental da ordem de US$ 1,3 trilhão. Mas “podemos chegar a 2050 com zero de emissões de gás carbônico e ajudar a criar milhões de empregos”, sugere Georgieva.

As maiores limitações estão no campo fiscal. Em 2021, os países avançados terão uma dívida acumulada de 125% do PIB e os países emergentes, de 65% do PIB. A dívida bruta do Brasil se encaminha rapidamente para os 100% do PIB. Mas é preciso enfrentar esses apertos não como problema incontornável, mas como obstáculos adicionais a superar. O tempo dirá se esses apelos encontram algum eco.

Celso Ming, jornalista - O Estado de S. Paulo