Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Em
meu primeiro emprego, recém-graduado pela Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da UFRGS, tive que redigir proposta técnica para um
determinado projeto com impacto urbano. Pouco depois de entregar o
trabalho, o diretor, um engenheiro experiente, me chamou para conversar e
me disse: “Você escreve muito bem, mas trabalhos técnicos não comportam
adjetivação. Retire os adjetivos e retorne”. Aprendi a lição e durante
quase duas décadas nenhum texto saiu do escritório sem passar por mim.
Lembrei-me
dela ao ler trechos da decisão com que o ministro Dias Toffoli anulou,
monocraticamente, o acordo de leniência (delação premiada) da Odebrecht.
A abundância dos adjetivos, as analogias e o tom de discurso político
gritam sua incompatibilidade com o que a sociedade pode esperar de uma
decisão judicial de tal gravidade.
Palavras e expressões como
conspiração, armação, conluio, ovo da serpente, pau de arara do século
XXI cabem em certas colunas de O Globo ou da Folha, mas preocupam os
cidadãos atentos, principalmente quando usadas por um ministro do
Supremo para atribuir à Lava Jato o “objetivo de colocar um inocente
como tendo cometido crimes jamais por ele praticados”. Nem mesmo o
ministro Fachin foi tão longe.
As pessoas
com quem falo sobre nosso amado país expressam sentimentos semelhantes
aos meus.
Ora o Brasil parece um carro sem freio e ali adiante haverá
uma catástrofe, ora parece descer a cada dia um degrau da escada
sinistra do infortúnio.Na primeira situação, haverá um ponto final; na
segunda, talvez não, porque sempre será possível piorar um pouco.
Esta é
a sensação mais frequente pois o noticiário de cada dia nos informa
que, de fato, descemos ou desceremos mais um degrau do impensável
destino. Algo de que não podíamos sequer cogitar aconteceu.
Tem sido
tão vertiginosa a velocidade com que o país se deteriora que a memória
dos acontecimentos some com a poeira que levantam, mas ao final de cada
dia, no balanço dos fatos, vemos crescer o abismo entre a sociedade e o
Estado.
A assim
chamada tribuna de honra do desfile do dia 7 proporcionou imagem viva e
colorida desse isolamento.
Ali estava a “democracia” pela qual se
empenharam com tanto ardor os ministros do STF e do TSE.
Ali estavam
estampadas as consequências do intenso trabalho das redações e de seus
digitadores a soldo.
Ali se concentravam os frutos omissão de uns e da
intromissão de outros, da censura e do cerceamento à liberdade de
expressão jurado desde 2019. Ali também estavam representados os
contemplados pela anulação das provas dos crimes cometidos.
E a
cidadania, a lesada de sempre? Ausente, como vem sendo mantida, mas por
vontade própria.
Dos males possíveis, o maior será aquele em que a nação facultar a si mesma o abandono à própria sorte. Resistir sempre.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
Determinação do CNJ pode deixar doentes mentais criminosos abandonados à própria sorte
Foto: Shutterstock
Estação de metrô Sé, uma das mais movimentadas da capital paulista. Terça-feira, 25 de fevereiro de 2014, por volta das 7 horas. Um homem olhava atentamente os usuários esperando o próximo trem na plataforma de embarque. Quando a composição chegou, ele furtivamente se aproximou de uma desconhecida e a empurrou sobre os trilhos. Na queda, Maria da Conceição de Oliveira, de 27 anos, perdeu o braço e, por sorte, sobreviveu. Segundo testemunhas, o homem saiu “correndo e sorrindo”.Naquele momento, Eduardo Rodrigues da Silva Camargo, 36 anos, estava feliz. Ele havia atendido ao pedido de uma voz em sua mente que dizia: “Você tem que matar alguém hoje”.
Eduardo tem esquizofrenia, o mesmo diagnóstico da mãe, e, antes de
ser preso, teve nove registros de agressão, quatro deles no metrô.
Hoje,
está internado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP)
Professor André Teixeira de Lima, em Franco da Rocha, na Grande São
Paulo, uma das três unidades de custódia do Estado. Em maio de 2024,
Eduardo pode estar novamente nas ruas, caso se concretize a resolução do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que determina o fechamento de todos
os 28 hospitais do tipo existentes no país. [DÚVIDA ATROZ - perguntar, não ofende: o CNJ é o supremo do Supremo? ou o Legislativo SUPREMO? AFINAL, o CNJ interfere nas mais diversas áreas e todos cumprem o que manda - de forma mais submissa do que quando a decisão emana da Suprema Corte.]HCTP Professor André Teixeira de Lima, fundado em 1933 | Foto: Reprodução Internet
Ao lado do Parque Estadual do Juquery, numa área cercada por verde, o
hospital se divide em oito pavilhões, com dormitórios, refeitório,
enfermaria e área de lazer. Os leitos de emergência estão vazios, os
pacientes estão ocupados com outros afazeres.
(...)
Em abril deste ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou,
por meio da Resolução 487/2023, o fechamento das 28 unidades de custódia
no Brasil até maio de 2024. As instituições abrigam mais de 4.600
doentes mentais, segundo o Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias (Infopen)
(...)
O aposentado Luciano Gomes da Silva, de 57 anos, conhecido como “Zé
Marreta”, foi posto em liberdade depois de ficar 18 anos no HCTP de
Franco da Rocha por ter matado a noiva, em 1993. Na época da prisão,
testes indicaram em Luciano “deficiência mental, consistente em
esquizofrenia paranoide, doença congênita, permanente e irreversível”.
Em 2018, contudo, sua pena foi extinta por decisão judicial. Solto, ele
voltou a atacar. Em 2021, Luciano matou a marretadas a auxiliar de
limpeza Roseli Dias Bispo, de 46 anos, dentro de um dos trens da Linha
1-Azul do Metrô de São Paulo.
Segundo os seguranças que o detiveram, Luciano alegou ter ouvido “vozes”
e achou que a auxiliar de limpeza, que ia para o trabalho, o havia
chamado de “mulher ou gay”. Em liberdade, Zé Marreta deveria ter sido
amparado pela Rede de Atenção Psicossocial (Raps) ou pelo Centro de
Atenção Psicossocial (Caps), órgãos indicados na resolução do CNJ para
acompanhar os doentes mentais criminosos que forem soltos.
“Esses órgãos não vão ficar 24 horas por dia com o paciente para
saber se ele está tomando a medicação, diferentemente das casas de
custódia, onde o medicamento é vigiado pelo profissional para não correr
o risco de o interno jogá-lo fora”, afirma Calvo. “Se o Caps e o Raps
tivessem capacidade, isso não teria acontecido.”
Outro caso bastante conhecido é o de Francisco da Costa Rocha, o
Chico Picadinho, agora com 81 anos, condenado por matar e esquartejar
duas mulheres.
O primeiro assassinato foi em 1966, aos 24 anos, no
centro de São Paulo. A vítima foi a bailarina austríaca Margareth Suida,
de 38 anos, que fazia programas.
Depois de uma noite de muita bebida,
drogas e sexo, ele se tornou violento e a estrangulou, primeiro com a
mão e, depois, com o cinto. Para se livrar do corpo, Chico Picadinho
esquartejou a mulher e a colocou em uma sacola.
Dez anos depois do crime, liberado por bom comportamento, voltou a
estuprar, matar e estrangular outra mulher. A cena se repetiu em 1976
com a prostituta Ângela Silva, conhecida como “Moça da Peruca”, 34.
Depois de espancá-la e estrangulá-la, ele a esquartejou e tentou jogar
os pedaços do corpo pelo vaso sanitário. Picadinho fugiu para o Rio de
Janeiro e foi preso 28 dias depois.
(...)
É comum, no momento da prisão, o suspeito dizer que não é responsável
por seus atos, porque é usuário de drogas ou tem transtorno mental, mas
o psiquiatra tem a capacidade de identificar cada caso. “É muito
complexo”, afirma Palomba. “Juízes e psicólogos não têm noção, mas o
psiquiatra sabe. Quando a pessoa pode ficar internada dois meses só para
medicação, por exemplo, a gente indica um hospital comum. Quando é
crônico, não tem respaldo familiar ou social e não adere à medicação,
indica-se uma internação mais prolongada.”
A média de tempo de permanência dos pacientes no HCTP de Franco da
Rocha é de três anos. Quando saem, o hospital aciona a Raps ou o Caps e
faz acompanhamento fora dos muros por seis meses. No período de
internação, além do tratamento clínico e psiquiátrico, os internos têm
assistência odontológica e complementar, com núcleo de educação,
recreação e terapia ocupacional. Os detentos ainda trabalham no ateliê
de costura, em reforma de móveis escolares, conservação e jardinagem.
Entidades médicas contra o fim
A resolução do CNJ regulamenta a Lei Antimanicomial (2001), que já
previa o atendimento desses pacientes na rede pública de saúde, como
Raps e Caps. Mas é preciso entender que há uma diferença entre o doente
mental e o doente mental criminoso. O primeiro pode conviver com a
família, em sociedade e ser tratado. O segundo precisa de internação por
tempo indeterminado.
Guido Palomba explica que a maioria dos doentes mentais não é
portadora de periculosidade. “Estamos falando de uma minoria, da mesma
forma que a maioria das pessoas não é criminosa”, garante. “Essa turma
acaba estigmatizando o doente.”
Enquanto associações de psiquiatria e de direitos humanos defendem a
aplicação da política antimanicomial, até como forma de pôr em prática o
que hoje diz a lei, entidades médicas lançaram uma nota contra a
resolução. Um texto assinado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a Associação Médica
Brasileira (AMB), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e a Federação
Médica Brasileira (FMB) diz que a medida não foi debatida com médicos e
que haveria risco para a segurança pública.
“O sistema público de saúde e o sistema prisional comum não estão
preparados para receber todas essas pessoas, por isso haverá abandono do
tratamento médico, aumento da violência, aumento de criminosos com
doenças mentais em prisões comuns, recidiva criminal, dentre outros
prejuízos sociais”, informa a nota.
“É uma irresponsabilidade acabar com a instituição de custódia que
está habituada com o paciente que comete crimes, que é muito diferente
da psiquiatria comum”, afirma Paulo Sérgio Calvo. “Tanto as terapêuticas
quanto o tratamento são diferentes.”
(...)
Champinha: o caso do criminoso não se enquadra na resolução do CNJ Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha, é autor de um dos crimes mais aterradores já cometidos no Brasil. Aos 16 anos, ele torturou e matou o casal de namorados Liana Friedenbach, de 16 anos, e Felipe Caffé, de 19, em Embu-Guaçu, na Região Metropolitana de São Paulo.
Era novembro de 2003. Liana e Felipe planejavam passar o fim de
semana acampados perto de um sítio abandonado em Embu-Guaçu quando foram
surpreendidos por Champinha e Paulo César da Silva Alves, o Pernambuco.
Quando a dupla de criminosos percebeu que os adolescentes tinham pouco
dinheiro, resolveram sequestrar Liana e Felipe.
Os quatro foram para a casa de Antônio Matias de Barros, outro
comparsa, que serviu de primeiro cativeiro para o crime. Na primeira
noite, Liana foi violentada sexualmente por Pernambuco, enquanto Felipe
permanecia no quarto ao lado. No dia seguinte, Pernambuco percebeu que
Felipe não seria útil e o matou com um tiro na nuca. O corpo foi
abandonado na mata e o criminoso fugiu para São Paulo.
Liana foi levada para a casa de outro comparsa, Antônio Caetano da
Silva. No primeiro dia, Champinha a estuprou e, nos dias seguintes, o
estupro passou a ser coletivo, com a participação de Antônio Caetano da
Silva e Aguinaldo Pires.
Na madrugada do dia 5 de novembro, Champinha levou a vítima para o
mesmo matagal em que Felipe havia sido morto. Ele tentou degolá-la e, ao
falhar, desferiu golpes de faca nas costas e no tórax. Liana morreu de
traumatismo craniano, quando Champinha golpeou sua cabeça com o lado
cego da faca. Os corpos das vítimas foram encontrados cinco dias depois.
Os assassinos foram localizados e presos em 10 de novembro.
Aguinaldo Pires foi condenado a 47 anos e três meses de reclusão por
estupro.
Antônio Caetano da Silva recebeu 124 anos de reclusão por
diversos estupros, eAntônio Matias de Barros foi sentenciado a seis
anos de prisão e um ano, nove meses e 15 dias de detenção por cárcere
privado, favorecimento pessoal, ajuda à fuga dos outros acusados e
ocultação da arma do crime.
Pernambuco pegou 110 anos e 18 dias por
homicídio qualificado, sequestro, estupro e cárcere privado.
Mesmo sendo menor de idade, Champinha era o líder do bando. Ele foi
condenado a três anos na Fundação Casa. Ao completar 21 anos, no
entanto, o Ministério Público requereu sua interdição civil depois que
um laudo psiquiátrico apontou que ele tem doenças mentais graves, como
transtorno de personalidade antissocial e leve retardo mental, sendo que
pode apresentar risco à sociedade.
O governo dos Estados Unidos acaba de declarar, neste momento em que o
presidente Jair Bolsonaro tanto fala das suas dúvidas sobre a segurança
do sistema eletrônico a ser utilizado na eleição presidencial, que
chegou à conclusão exatamente contrária.
O sistema, avisou a Casa
Branca, não tem falhas,como juram os ministros do STF que vão cuidar da
votação e da apuração dos votos;- os americanos garantem que as eleições
brasileiras serão um modelo de limpeza para o mundo.
Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS
O presidente Joe
Biden deve saber o que está falando. Ele tem a seu serviço a CIA, o FBI,
a NASA e sabe Deus o que mais; seus sistemas de informação são os mais
avançados que existem sobre a face da Terra. Mas só pode dizer o que
disse porque é Bolsonaro quem está na presidência do Brasil. Se as
queixas em relação ao sistema eleitoral viessem de algum outro candidato
– Lula, por exemplo – o mundo político brasileiro estaria vindo abaixo
neste momento. “Intervenção inaceitável em questões internas do Brasil”, estaria protestando o PT, a esquerda e mais tudo o que existe em nosso Brasil “progressista” e nos seus subúrbios.
“Agressão à soberania brasileira”, “tentativa clara de intervir no resultado da eleição”, etc. etc. etc. – é melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que iriam desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse, dissessem uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula.
Mas, para sorte da paz, concórdia e amizade entre os povos, os Estados Unidos de hoje têm um governo de “esquerda”, que combate o “fascismo”, luta pela “igualdade” e defende a causa operária.
Biden gosta de Lula, do PT e do STF.
Pode, então, dizer o que bem entende sobre o Brasil, as eleições e o que mais vier – qual seria o problema?
É melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que iriam desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse, dissessem uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula
É curioso, hoje em dia, que os amigos reais dos Estados Unidos sejam tratados como inimigos pelo governo americano – e os inimigos como amigos.
Há no mundo de hoje poucos presidentes tão a favor dos Estados Unidos como Bolsonaro - a favor da liberdade econômica, dos valores da democracia americana, do estilo de vida da América e de tudo o mais que tem a ver com o conservadorismo, o capitalismo e a ideia de “ocidente”.
Mas ele, por ser amigo dos Estados Unidos, é um inimigo para a Casa Branca. Para ser amigo do governo americano, hoje, é preciso fazer o contrário: ser um inimigo dos Estados Unidos.
Lula é inimigo há 40 anos- e continuará a ser, por tudo o que promete em sua campanha eleitoral.
Ele diz que a miséria de Cuba é culpa dos Estados Unidos.
Diz que a miséria da Venezuela é culpa dos Estados Unidos.
Diz que a guerra da Ucrânia é culpa dos Estados Unidos.
Pense num problema qualquer do mundo, da fome na África ao aquecimento da calota polar – para Lula,a culpa é dos Estados Unidos. É isso tudo, pelo jeito, que faz dele o mais querido do presidente Biden.
Temer
conhecia seus ministros suficientemente bem para saber dos riscos das
nomeações. Ainda assim os alojou no primeiro escalão do governo
Michel Temer é habilidoso, bem treinado nas artes e nas manhas, conforme
atestam seus anos a fio na presidência do embornal de felinos chamado
PMDB e o maneirismo sinuoso exibido na construção do caminho de Dilma
Rousseff para o ostracismo. Fala sem dizer, atua se se comprometer. Um
político vestido em figurino ao jeito antigo.
Tudo certo, caso tal estilo não tivesse passado da moda. O
presidente da República é um homem referido numa época anterior à
influência das redes sociais, à independência dos jornalistas em relação
às “fontes”, ao noticiário em tempo real, à consolidação do preceito
constitucional da liberdade de imprensa, ao peso da opinião do público. De onde, o presidente segue alheio ao compromisso assumido
na substituição ao PT no poder, achando que possíveis consequências
acabam por cair no esquecimento. O acordo não escrito, porém implícito,
previa mudança radical de procedimentos. Não apenas na condução da
economia, mas no critério de mérito e reputação na escolha de ministros,
além da recusa a expedientes escusos tais como o abrigo de amigos no
foro especial de Justiça.
Distante na forma, Temer se aproxima de Dilma no conteúdo
quando não presta atenção à folha corrida de auxiliares, cria
ministérios para abrigar afilhados e considera a Presidência da
República maior que o país. Nessa trilha, caminha desconectado das
prioridades postas no contrato firmado com a maioria favorável ao
impeachment. A expectativa não inclui nomeação de ministros cuja
reputação os tornasse passíveis de demissão – como ocorreu em menos de
seis meses – nem escolhas questionáveis do ponto de vista político ou
atos que poderiam sugerir interferência indevida no andar da carruagem
jurídico-policial que busca conduzir o Brasil aos trilhos.
Temer conhecia seus ministros detonados suficientemente bem
para saber dos riscos das nomeações. Ainda assim os alojou no primeiro
escalão do governo. Sabia da semelhança entre a nomeação de Moreira
Franco e a tentativa de Dilma de dar foro privilegiado a Luiz Inácio da
Silva. Ainda assim repetiu o gesto. O presidente dispunha de inúmeras possibilidades
juridicamente consistentes para ocupar a vaga do ministro Teori Zavascki
no Supremo Tribunal Federal. Ainda assim optou por aquela que mais
suscitava questionamentos sólidos. Mais fortes que as críticas às
relações petistas de Ricardo Lewandowski e Antonio Dias Toffoli, pelo
fato de Alexandre de Moraes ser um político.
Anteontem filiado ao PMDB
de Michel Temer, até ontem registrado no PSDB de Aécio Neves. No contexto de uma operação como a Lava-Jato é de se perguntar porque um governante daria tanta sorte para o azar. Provavelmente por razões de DNA. Características que o fazem
habilidoso, mas, de outro lado, o colocam na condição de político à
moda antiga. Estilo superado e popularmente rejeitado.
Por: Dora Kramer - Publicado na edição impressa de VEJA